Império Napoleônico

Império Napoleônico

Império estabelecido por Napoleão Bonaparte (1769-1821) na França, entre 1804 e 1815. Fruto da Revolução Francesa, dissemina os ideais da burguesia em ascensão pela Europa . Com política expansionista, o Império se estende por todo o continente em seu apogeu, por volta de 1810. Chega ao fim com a derrota francesa na batalha de Waterloo.

Líder militar de sucesso, Napoleão ganha prestígio e apoio popular nas guerras da França contra a Itália e a Áustria (1796-1797) e na do Egito (1798). Por isso, é escolhido pela burguesia francesa para solucionar a grave crise que havia-se instalado no governo revolucionário. Em 1799, Napoleão dá um golpe de Estado, suprime a constituição republicana e a substitui por outra, autoritária, concentrando todo o poder nas mãos do primeiro-cônsul, cargo que passa a ocupar. Nesse período, chamado de Consulado, realiza obras de pacificação e de organização dos territórios franceses. Assina com o papa Pio VII concordata que restaura a Igreja Católica na França, submetida ao controle do Estado (ver Catolicismo). Dota a França de novas instituições administrativas, jurídicas e financeiras. Participa ativamente da redação do código civil, promulgado em 1804, que confirma a vitória da revolução burguesa. O Code Napoléon, como é conhecido, influencia profundamente a legislação de todos os países europeus no século XIX. Institui os princípios de igualdade entre as pessoas, de propriedade das terras, das heranças, a tolerância religiosa, a laicização do estado civil e o divórcio. No exterior, Napoleão assina tratados de paz com a Áustria, em Lunéville (1801), e com a Inglaterra, em Amiens (1802).

Expansão do império – O Império Napoleônico nasce de forma oficial em 1804, quando um plebiscito referenda o primeiro-cônsul como imperador da França. Napoleão é sagrado pelo papa Pio VII na catedral de Notre Dame, em dezembro do mesmo ano. Coroado sob o nome de Napoleão I, preocupa-se em consolidar seu poder, modernizar a França e retomar a tradição do despotismo esclarecido.

A convivência com as potências européias torna-se insustentável devido à política de guerra permanente do Império, levando à formação de coalizões dessas nações contra os franceses. Napoleão I tenta invadir a Inglaterra, mas é derrotado na batalha de Trafalgar (1805). Volta-se, então, para a Europa central. Vence a Áustria na batalha de Austerlitz. Por meio de guerras e acordos, torna-se imperador da Alemanha, Itália e Holanda. Após invadir a Prússia oriental e a Polônia (1806), obriga a Rússia a aliar-se à França contra os ingleses. Com o objetivo de arruinar a Inglaterra, Napoleão estabelece um bloqueio continental, que impede o comércio de mercadorias inglesas na Europa. Para viabilizar essa estratégia, põe em prática uma política exterior de usurpações, como a conquista de Portugal (1807), que provoca a vinda da Corte portuguesa ao Brasil, e a invasão da Espanha (1808).

O expansionismo gera novas dificuldades: em 1809, o Exército imperial enfrenta rebeliões militares na Espanha e assiste à formação de uma quinta coalizão. Mas, no mesmo ano, Napoleão derrota a Áustria, novamente em Wagram, e assina a paz de Viena. A aproximação dos dois Estados é reforçada pelo casamento do imperador com a arquiduquesa Maria Luísa da Áustria. Em 1810, o Império Napoleônico atinge o máximo de seu poder, com a anexação da Holanda e do litoral alemão. Nessa época, o império tem 71 milhões de habitantes, dos quais apenas 27 milhões são franceses. Seus domínios abrangem quase toda a Europa, estendendo-se por uma área de 750 mil km², divididos em 130 departamentos.

Decadência – Em 1812, a aliança franco-russa é quebrada pelo czar Alexandre, que rompe o bloqueio contra os ingleses. Napoleão empreende então a campanha contra a Rússia. Entra em Moscou, mas não consegue negociar com o czar. Durante a retirada, o frio e a fome dizimam grande parte do exército francês. Enquanto isso, na França, o general Malet, apoiado por setores descontentes da burguesia e da antiga nobreza francesas, arma uma conspiração para dar um golpe de Estado contra o imperador. Este retorna imediatamente a Paris e controla a situação. Mas, no exterior, o império começa a perder terreno. A Prússia muda de campo. A Alemanha insubordina-se. Napoleão aceita o armistício de Pleswitz (1813), mas recusa as condições do Congresso de Praga. Seu exército perde a Espanha (1813).

Começa então a luta da coalizão contra a França. Com a capitulação de Paris, o imperador é obrigado a abdicar. O tratado de Fontainebleau, de 1814, exila Napoleão na ilha de Elba, de onde foge no ano seguinte. Desembarca na França com um exército e reconquista o poder. Inicia então o Governo dos Cem Dias, quando promulga o ato adicional às Constituições do império. A Europa coligada retoma sua luta, agora com a vantagem de 2 soldados para 1 sobre o exército francês. Napoleão entra na Bélgica em junho de 1815, mas é derrotado pelos ingleses na Batalha de Waterloo e abdica pela segunda vez, pondo fim ao Império Napoleônico. Então, entrega-se aos vencedores, que o prendem na ilha de Santa Helena até sua morte.