Se eu fosse a Amber provavelmente estaria escrevendo algo assim no meu testamento, e talves por conhece-la melhor do que ninguem seja exatamente isso que talvez ela estaria sentindo:
Gostaria de expressar minha gratidão pelo tipo de vida que levei a partir dos 2 anos de idade com meu novo dono. Não gosto de lembrar de minha vida antes dos dois anos pois acabei sendo abandonada, e apanhava muito tambem. Achava que jamais poderia confiar em alguem novamente, ou acreditar que o pesadelo de ser abandonada não aconteceria novamente. Quando tudo parecia perdido, já estava agendado minha eutanasia para apenas dali alguns dias, um linda moça me tirou do shelter e me levou para casa, foi nesse exato momento que minha vida mudaria para sempre como eu jamais poderia imaginar. O marido dessa moça, conhecido como "Dad" não queria me adotar, tivemos alguns atritos no começo, mas era ele que me levava para passear..., ele me ensinou a importância de ser obediente, levei umas boas broncas no começo, mas logo percebi a grande a vantagem de ser obediente e ter a confiaça daquele que tambem conquistou meu amor, mas acima disso conquistou a minha confiança tambem., para nunca mais quebra-la.
O primeiro teste dessa confiança foi quando fomos para o Brasil, me deixaram num hotel de cachorros por uns 15 dias, meus fantasmas voltaram do passado para me assombrar, pensei que tudo estava acontecendo novamente, seria possivel que ele, que nunca me espancou muito pelo contrario, sempre demonstrava carinho, amor, cuidado pudesse agora me abandonar como ja tinha acontecido uma vez....depois disso logo em seguida me colocaram numa espaçonave que chamavam de avião, sofri de mais com o barulho das turbinas sem contar o medo e tambem sem saber para onde estava indo. Fiquei um pouco chateada com meu Dad. Até evitei ele um pouco logo que chegamos no Brasil, mas foi por uns dias só, alem de não aguentar de ficar fazendo isso por muito tempo. Mais tarde eu teria que passar novamente por exeperiências semelhantes na viagem de ida e depois volta do Canada. Somente vim compreender algum tempo depois que ele estava providenciando para que eu sempre pudesse estar junto com ele, a onde quer que ele fosse. Portanto depois dessa experiencia e compreensão dos fatos minha confiança foi total, tanto é que mesmo não querendo embarcar no aviaão para o Canada, minha segunda vez não foi tão traumática, apenas cansativa pela viagem e distancia do meu Dad.
Minha vida foi repleta de passeios, onde muitas vezes tinha lagos para eu nadar, no canada eu perseguia os patos no lago Ontario, meu Dad entrou uma vez na agua, depois disso nunca mais.....O lago Ontario era muito frio, eu tentei avisar, mas parece que ele só entendeu depois que entrou na agua.
Depois do Canada, Brazil novamente, cheguei a morar em Minas Gerais, quando o Dad trabalhou numa fazenda, eu ia de vez enquando trabalhar com ele, ele só me deixava ir porque eu era obediente, dava para perceber que eu era o orgulho do Dad mas em Unai moramos pouco tambem, quando finalmente voltamos para Londrina para não mais sair...
Falando em Obediencia quero dizer foi muito legal poder correr atras do Dad na moto sem coleira por uma certa época da minha vida. Agente ia para casa da Vovó Glaucia e eu correndo atras dele, agente parava em todas as esquina eu eu esperava o sinal dele para poder prosseguir, por eu obedecer estritamente seus comandos ele preservava minha segurança e nos podiamos continuar com estes passeios maravilhosos. É que meu Dad sempre cansava antes de mim, mas a idéia da moto foi sensacional, mas confesso que quando agente brincava de bolinha as vezes eu cansava antes dele.
Aqui em Londrina eu morei uns 3 anos com eles antes de vir definitivamente para casa da vovó Glaucia, a casa que eles compraram não tinha quintal e eu teria que ficar sozinha a maior parte do dia, aqui na casa da vovó eu eu tenho meus primos que me fazem companhia... Já estou bem velha, meu faro já não é tão bom, tambem não posso acompanha-lo nas caminhadas como costumava fazer, já nem consigo andar direito mais....em outras palavras acho que estou caducando, faço coco e xixi no meio do caminho, é que doi muito as vezes para ir ate a grama.
Outro dia dei um susto nele, não levantava mais, ele me levou no veterinario foi minha coluna que deu uma pinçada, demorei para recuperar mas acabei melhorando, mas não ficou a mesma coisa, na verdade cada vez pior.... Meu Dad nessa situação quis fazer um negocio que eu não gostei muito ..... ele pediu ao veterinario para me colocar para dormir,.... eu ainda achava que não era minha hora, mas ele ja conversou comigo sobre isso, ele disse que não vai me deixar sofrer até morrer....reconheço que morro de medo de ficar sofrendo e sentindo dor.... mas felizmente não foi dessa vez.....mas não o culpo por isso, sei que essa é uma das demonstrações de amor que ele tem por mim, mas é uma das mais dificeis de entender... mas ele sempre foi diferente em tudo mesmo,..... mas sem duvida um excelente Dad.
Não posso reclamar da minha vida, meu testamento como ja se podia supor não tinha bem nenhum para deixar para ninguem, deixo apenas meu amor e gratidão por ter vivido uma vida plena com pessoas que me amavam. Sou muito feliz por ter certeza que o Dad jamais me abandonará. Prefere me matar para que eu pare de sofrer minha dores nesse corpo que já não aguenta nem andar direito do que me abandonar. Como eu disse no começo parece um pouco duro de entender, mas depois de 16 anos vivendo junto com ele eu posso entende-lo perfeitamente.
Espero que um dia possamos nos encontrar novamente do outro lado.... escrevi isso agora porque nunca se sabe, eu estou indo para o outro lado a qualquer momento, estou com um tumorzão na barriga, não deve demorar muito para isso piorar rapidamente, pelo menos já sei que alguem não vai me deixar ficar sofrendo por ai até morrer, talves seja melhor assim mesmo....
Amber Algarte Gameiro (Fosa)