Guia Conferencista do Ministério do Turismo, da Cultura e Comunicação da França
PARIS, A ETERNA CAPITAL DA MODA
Foi na cidade luz que surgiu a haute couture e o prêt-à-porter, as temporadas de desfiles, os nomes mais estrelados e as criações mais ousadas, luxuosas e irreverentes de que se tem notícia.
Paris, je t'aime. É fácil entender a declaração quando se pisa na cidade luz, destino que conquista admiradores do mundo inteiro, seja por sua arquitetura, museus impressionantes, ruas charmosas, monumentos inesquecíveis e, claro, sua importância singular para a história da moda.
No clássico O Império do Efêmero (Companhia das Letras, 1989), o filósofo francês Gilles Lipovetsky diz que, por duzentos anos, Paris era considerada a capital da moda, ponto de partida para as tendências que conquistariam o mundo inteiro. Afinal, a cidade foi o berço dos dois conceitos mais importantes na história da moda: a haute couture e o prêt-à-porter.
As belas artes no século 19
É no século 19 – "o século da moda por excelência" que a moda se consolida como uma indústria. Antes, a produção das peças era um trabalho artesanal dos alfaiates. No entanto, no fin de siècle, as máquinas de costura aqueceram a força produtiva dos pequenos ateliês, e a moda começou a conquistar cada vez mais espaço na sociedade francesa.
Nessa época, se inicia um dos momentos mais importantes da história da moda: o costureiro inglês Charles Frederick Worth inaugura sua maison em Paris, em 1846, tornando-se o "pai" da alta-costura.
Data de 1868 a fundação do Syndicale de la Couture Parisienne, um indício de que a moda francesa estava se transformando em uma indústria, pautada pela originalidade e pelo luxo, com direito a certos devaneios criativos, mas, agora, com um elemento inédito: organização. A criação de um calendário foi um dos primeiros passos para essa consolidação, pois determinava épocas certas para os desfiles, incorporando à moda a uma lógica sazonal - as famosas temporadas, presentes até hoje. Em 1911, a entidade foi batizada como Chambre Syndical de la Haute Couture.
Enquanto os tecidos luxuosos da alta-costura faziam a alegria da aristocracia e a moda ganhava disciplina, surgia um dos principais símbolos da moda moderna: a figura do estilista. Se antes os costureiros teciam roupas despretensiosamente, com poucas inovações estéticas, com a ascensão da alta-costura eles conquistaram novo status: tornaram-se criadores artísticos, com liberdade para elaborar modelos inéditos, novas formas e acabamentos exclusivos. E, assim, nascia a ideia da moda como uma das "belas artes".
O prêt-à-porter no século 20
No fim da Segunda Guerra Mundial, a alta-costura passa a dividir as atenções com um novo estilo: o prêt-à-porter, expressão inaugurada pelo estilista francês J. C. Weill, em 1949. "Pronto para vestir". Nada mais simples e, ao mesmo tempo, mais revolucionário para a indústria da moda.
Para além dos deslumbrantes vestidos de gala couture, o prêt-à-porter fez uma reviravolta na lógica da produção industrial de moda. A sociedade passou a privilegiar um lifestyle mais jovial, em que o novo impera sobre o clássico.
As galerias parisienses Printemps e Lafayette (fundadas em 1883 e 1893) foram importantes difusores desse novo estilo de roupa durante a década de 1950. De olho nesse mercado, estilistas ilustres passaram a desenhar peças prêt-à-porter, adicionando a elas seu estilo e sofisticação. Assim, a moda parisiense consolidou mais uma conquista simbólica: a ideia de griffe.
Não é de se admirar que estilistas franceses como Coco Chanel (1883-1971),Christian Dior (1905-1957) e Yves Saint-Laurent (1936-2008) tenham ancorado suas maisons em Paris, além das tradicionalíssimas grifes Louis Vuitton e Hermès. Atualmente, nomes contemporâneos como Hubert de Givenchy (1927), Christian Lacroix (1951), Jean Paul Gaultier (1952) e Christian Louboutin (1964) continuam a fazer jus à fama francesa. A grife imprime valor simbólico à marca - no caso da alta-costura, é o glamour da maison; no prêt-à-porter, é a assinatura do estilista.
Graças ao prêt-à-porter, a moda se difundiu por diversas escalas sociais. Revolucionando a produção industrial da moda, as marcas criavam coleções diferentes a cada temporada, ilustradas sazonalmente nas passarelas, nas vitrines e nas principais revistas de moda do mundo.
No século 21
Ao longo do século 20, o prêt-à-porter conquistou o mundo. Assim, Paris perdeu o posto de capital artística da moda. Cidades cosmopolitas como Londres, Milão e Nova York despontam como novos palcos para as coleções criativas, fantasias fashion e eventuais revivals da alta-costura. Atualmente, a semana de moda de Paris divide o calendário com outras fashion weeks, também consideradas lançadoras de tendências e com a mesma capacidade de atrair os olhares do mundo.
Ainda hoje, as galerias Lafayette e Printemps continuam a produzir vitrines impressionantes, flertando com o frisson das tendências contemporâneas e, ao mesmo tempo, preservando um toque de nostalgia. Ali costumam estar reunidas as principais grifes mundiais em ambientações históricas.
Além das galerias, Paris preserva ainda uma avenida especial para o universo fashion, ao lado da Champs-Élysées. É a Avenue Montaigne, onde estão concentradas as principais maisons e grifes internacionais, tais como as francesas Chanel, Chloé e Dior, as italianas Armani, Bulgari, Dolce & Gabbana, Emilio Pucci, Fendi, Gianfranco Ferre,Gucci, Prada, Salvatore Ferragamo, Valentino, Versace, as americanas Calvin Klein e Ralph Lauren, entre outras. Foi na Avenue Montaigne que Christian Diorfez história com seus artigos de luxo, abrindo espaço para outros designers instalarem-se na região.
Símbolo da cultura francesa, Paris é a referência maior quando o assunto é moda. É verdade que atualmente divide atenções com Londres, Milão e Nova York. Mas, definitivamente, quem foi rainha, jamais perde a majestade.
Paris não para
Enquanto estava em Paris, a repórter presenciou a produção de um ensaio de moda às margens do Sena. A cena diz tudo: ainda que em um dia comum, em um simples passeio pelos arredores do rio, em uma tarde tranquila, Paris transpira moda.
Publicado por Redação – 24/12/2010
Fonte : ELLE
CHANEL DIOR
CHRISTOPHE JOSSE GIVENCHY