Mapa da Colônia Santo Ângelo

Ao longo de alguns meses de 2018, dediquei-me a digitalizar e georrefenciar os mapas da colônia Santo Ângelo, conforme os limites indicados pela planta transcrita por Werlang (1997). A principal motivação foi identificar antigos cemitérios particulares, identificados pela numeração dos lotes nos registros de óbito dos primeiros imigrantes e descendentes instalados na Colônia Santo Ângelo.

O trabalho tentou aproximar as divisas dos lotes com indícios de limites visíveis nas imagens de satélite disponibilizadas pelo Bing Mapas e Google Mapas. Tratou-se de um trabalho lento, relativamente minucioso, mas sem grande precisão, dado que os desmembramentos e fusões de terras contíguas, desde a metade do século XIX, descaracterizaram as confrontações inicialmente planejadas. Apesar disso, foi surpreendente constatar que muitas áreas possuíam incrível identidade com os limites extraídos do mapa de lotes, o que se revelou nas imagens de satélite pelo contraste entre usos de solo (vizinhos com diferentes culturas agrícolas, por exemplo) e rastros de vegetação em linha, característicos na delimitação de propriedades.

Trabalho bem mais abrangente, incluindo diferentes colônias de imigração, encontra-se no domínio http://colonias.heuser.pro.br/. Esse estudo abrange o trabalho de Otávio Boni Licht e de alunos orientados pelo Prof. Carlos A. Heuser. Quando iniciei a digitalização dos lotes aqui publicada, não tinha ciência que o trabalho compilado por Heuser abrangia também a colônia Santo Ângelo.

Enfim, os resultados da digitalização diferem sensivelmente em algumas regiões. A metodologia de georreferenciamento foi distinta em ambos os trabalhos e talvez um dia as qualidades desses mapas digitais possam se complementar.


Relação dos lotes e seus respectivos proprietários listados.

Fontes:

1 - WERLANG, William., História da Colônia Santo Ângelo, Vol. I, Editora Werlang, 1995.

2 - Dados códices F1221 e F1224 do AHRS. Digitalização realizada pelo historiador Alejandro Jesus Fenker GIMENO.

Relação dos lotes e seus respectivos proprietários listados em planilha eletrônica.


Agosto/2018

Mapa dos lotes da Colônia Santo Ângelo no Município de Agudo, "georreferenciados", para visualização no Google Earth.

Como utilizar:

1 - Realize o download do arquivo zip do link; 2 - Descompacte os arquivos com extensão kml e jpg para a mesma pasta; 3 - Abra o arquivo kml com o Google Earth.

FONTES

1 - Planta da Colônia Santo Ângelo de 1878, Barão von Kahlden, Acervo Histórico do Rio Grande do Sul (AHRS). Transcrição WERLANG, William (1997), História da Colônia Santo Ângelo.

2 - Mapa da Colônia Santo Ângelo, Prefeitura Municipal de Agudo, transcrito em 08/2000, escala 1:50.000.

METODOLOGIA

Abordarei um pouco sobre a metodologia de digitalização empregada para talvez encorajar outros trabalhos semelhantes.

  1. De posse das imagens dos mapas/plantas em formato jpg ou equivalente, foi realizado o tratamento do arquivo a fim de realçar os detalhes dos limites.

  2. Com o uso do software MapWindow, as imagens foram registradas, processo no qual pontos notáveis da planta (cruzamento de rios, estradas, lotes, divisas...) são identificados na imagem de satélite. Nessa etapa é estabelecida a relação entre cada pixel da imagem da planta com uma coordenada geográfica, processo no qual a imagem pode sofrer diferentes transformações (rotações, alargamentos, contrações...) a fim de minimizar o erro entre a localização dos pontos.

  3. Georreferenciada a planta/mapa, parte-se para a digitalização dos limites. Para isso, é realizado o desenho das linhas, vetorização, de modo manual. O MapWindow segue a lógica dos programas GIS, no qual o formato shapefile (shp) permite a associação de vetores georreferenciados (tipologia ponto, multilinha ou polígono) com tabelas de dados. No caso, cada lote passou a ser um polígono georreferenciado associado a um banco de dados com a identificação do lote, linha, município e proprietário.

  4. A digitalização dos lotes é um trabalho lento e minucioso, no qual os limites da planta/mapa georreferenciado precisam ser adequados aos indícios de confrontação visíveis na imagem de satélite. Esse é o processo mais sensível, pois os limites hoje visíveis podem não ter identidade com as confrontações pensadas quando da elaboração das plantas/mapas. Além disso, as limitações relativas à ciência cartográfica do século XIX também introduzem ruídos na qualidade do trabalho, especialmente nas áreas de relevo mais acidentado e que são maioria na colônia Santo Ângelo.

  5. A identificação dos lotes e respectivos proprietários foi extraída de Werlang (1997) e dos registros do Barão Von Kalden digitalizados no link.

  6. O resultado da vetorização realizada no MapWindow (arquivo shapefile de polígonos) é importada para o Google Earth. Neste software, o arquivo é exportado para o formato KML/KMZ que, por sua vez, é importado para o Google MyMaps e disponibilizado na presente página.

Para a geração da planta georreferenciada para o Google Earth, após o processo de registro da imagem no MapWindow, as coordenadas geográficas das arestas da imagem foram empregadas para georreferenciar tal imagem no Google Earth (função superposição de imagem). No Google Earth, as transformações da imagem da planta são bem mais limitadas, pois partem de apenas 4 pontos (arestas), sendo lineares, portanto. O registro realizado no MapWindow permite a indicação de diversos pontos, em diferentes posições da imagem, os quais servem de referência para o ajuste linear ou não da planta. Assim, os erros da imagem visualizada no Google Earth são maiores.

MapWINDOW

A chave do processo de georreferenciamento é utilizar um software que permita a comunicação entre os serviços online de mapas como Google Maps e Bing Maps. Com essa funcionalidade garantida, a imagem de satélite já estará georreferenciada, bastando a indicação dos pontos notáveis (registro) na planta/mapa e na imagem. Um dos poucos softwares freeware que realiza a tarefa é o MapWindow.

Limitações e Observações

O georreferenciamento realizado não conta com o rigor técnico necessário para garantir a precisão da localização dos lotes. O erro, potencialmente, extrapola 500 metros em muitos pontos. O trabalho, contudo, permite uma noção aproximada dos primeiros lotes distribuídos aos imigrantes e baliza a pesquisa genealógica. Muito do erro do georreferenciamento é derivado da fonte do mapa original, o qual foi elaborado em período que não contava com ferramentas precisas.

AGRADECIMENTO

  • Registro o auxílio de Fernando Schultz Aldado e de Alejandro Gimeno, que colaboraram com o envio dos mapas salvos/acumulados de pesquisas por eles realizadas.

  • À ajuda de Ildo Beling, Luci Odete Schütz Beling e Fernanda Dione Kemmerich na localização atual de algumas linhas/localidades no interior dos municípios de Agudo e Paraíso do Sul.