Família Lissner

A história brasileira da família Lissner, a qual emigrou da Alemanha no final de 1800 para a Colônia Santo Ângelo (atual município de Agudo e Paraíso do Sul, estado do Rio Grande do Sul), começa com o casal Friedrich Theodor Lissner e Juliana Emília Oertel e seus 3 filhos.

Friedrich Theodor Lissner (*26/09/1858, Oberwiesa, Saxônia, + 19.07.1941, Agudo, Rio Grande do Sul) e Juliana Emília Oertel (*12/09/1861, + 14.07.1944, Agudo, Rio Grande do Sul) :


  • 1 – Emil Bruno (* 20.01.1879 Saxônia, + 11.10.1936, Agudo, Rio Grande do Sul);
  • 2 – Emil Alfred Theodor (Alfred Theodor) (* 03.11.1880 Saxônia, +05.03.1932, em Agudo, Rio Grande do Sul);
  • 3 – Elsa Frieda, (09/08/1892, Saxônia, +03/03/1961, Agudo, Rio Grande do Sul).
Foto da família, provavelmente ainda na Alemanha. (Fonte: Darlei Lissner)

Na história oral contada pelos hoje ainda vivos, os dois filhos homens, ainda adolescentes, vieram da Alemanha ao Brasil antes dos pais e da irmã. Vieram na tentativa de escapar do serviço militar obrigatório. Posteriormente, vieram os pais e a irmã, Elsa Frieda.

Os atos civis e religiosos da vida da família no Brasil estão, em sua maioria, acessíveis no FamillySearch nos registros do cartório de Agudo/RS e região. Maiores detalhes podem ser consultados no link no FamillySearch. Mas a entrada desse pessoal no país é um mistério. Até o momento, não foram encontrados os registros da entrada em Porto Alegre, nem na colônia Santo Ângelo, local onde se estabeleceram.

A hipótese mais provável é que tenham ingressado no Brasil entre os anos de 1894 a 1897, pois o filho mais velho, nesse tempo, estaria com 16 anos e, assim, na iminência do alistamento militar. O que dificulta a pesquisa é que há uma chance de terem ingressado com nomes distintos para driblar eventual fiscalização.

FREDERICO THEODORO LISSNER

WERLANG, William. A História da Colônia Santo Ângelo. Editora Palloti, Santa Maria: 1995.



Segundo o trabalho de Werlang (Livro “A História da Colônia Santo Ângelo”, 1995), a família Lissner tinha tradição com ofícios de escultura em pedra, o que se manteve por algumas gerações também no Brasil. A família também tinha recursos financeiros, tendo emigrado da Alemanha, provavelmente, para escapar do cenário de guerras constantes que exigia a entrega dos filhos ao serviço militar.


Há relatos no trabalho de Werlang de que alguns familiares teriam fotografias da família Lissner em viagens de férias ainda na Alemanha. Infelizmente, não localizei até hoje esses descendentes, sequer o autor daquele livro recorda o nome da fonte. Talvez os encontre depois dessa publicação.

A entrada desses imigrantes no Brasil é um mistério, pois vieram para a Colônia Santo Ângelo, atual região de Agudo e Paraíso do Sul, em um período que os fluxos migratórios de colonos reduzia naquela colônia. Iniciava, então, o fluxo de imigrantes italianos e poloneses no RS, mas para outras colônias. Nos registros do Acervo Histórico do Rio Grande do Sul (AHRS) digitalizados pelo FamillySearch, até o momento da redação do presente artigo, não houve sucesso nessa busca. Na pesquisa da hemeroteca da Biblioteca Nacional, os únicos registros de Lissner são de sua vida já estabelecida no Brasil em 1906-1915, em concessões de obras (algum licenciamento de exploração talvez, sendo citados os nomes de Theodoro Lissner e Emílio Lissner).

O ano de chegada de Lissner ao Brasil, portanto, ainda é incerto, mas com certeza é depois de 1892 (nascimento da caçula na Alemanha) e antes de 1900 (casamento do primogênito no Brasil).

Outra fonte explorada foi o registro de imigrantes chegados à Colônia Santo Ângelo feito pelo Barão Von Kahlden (aquele que fora Brummer antes de chegar à condição de diretor de colônia, ser influente na vida política do RS, ser senhor de posses, inclusive escravos. Ainda, como curiosidade, Von Kahlden sucedeu Florian Zurowski na direção da colônia, este que fora comandante da marinha de Buenos Aires nos primeiros anos de 1850).

O último registro de imigrantes da colônia Santo Ângelo data de 1894 e, curiosamente, refere o ingresso de 6 pessoas, dentre elas, um adolescente de 16 anos com o nome de Emil Liesmann vindo de Porto Alegre no paquete Satellite e chegando à colônia em 28/11/1895. O primogênito Lissner (Emil Alfred), nesse ano de 1894, contava com 16 anos. Talvez tenha ocorrido algum erro de transcrição ou comunicação, e Lissner virou Liesmann. Mas isso se daria somente em relação a 1 irmão. O outro, 1 ano mais jovem, não possui nenhum equivalente nos registros, assim como os pais e irmã.

Último página do registro de entrada de colonos na Colônia Santo Ângelo

Referência à Emi Liesmann - Vindo no Paquete Satellite - Saída de Porto Alegre em 15/11/1895, chegada à Colônia em 28/11/1895.

Fonte: Registro de colonos - Colônia Santo Ângelo - Barão Von Kahlden - Disponível em FamillySearch

Enfim, deixo relatado um pequeno histórico dessa família para, quem sabe um dia, alguém encontre o registro e auxilie na adição de mais uma peça nesse quebra-cabeças genealógico.


06/2020 - Em pesquisa à árvore genealógica dessa família, verifica-se que Helena Lissner casou em 2º núpcia, em 1932, com Carl Heinz Krumbholz, o qual era nascido em 1908 em Dresden, na Alemanha, e filho de Alfred Bruno Krumbholz e Anna Frieda Oertel, ambos residentes na Alemanha em 1932. Disso, há indícios de que Anna Frieda seja irmã de Juliana Emília Oertel (esposa do primeiro imigrante Lissner), confirmando mais um relacionamento próximo entre as famílias. Também há indícios de que Carl Krumbholz chegou ao Brasil depois de 1910 sem os pais.


Porto Alegre, 31/05/2020.