Estabilidade da Flauta

por Michel Debost

Tradução Moises Enrico Mascolo

Estabilidade é a base para tocar Flauta. Não há qualquer flexibilidade sem uma fundação sonora. Quanto mais forte um músculo é, menos tensão é necessária para realizar uma ação. “Dê-me um ponto de apoio e levantarei o mundo”.

Estabilidade, para um flautista, implica em:

    • Uma flexibilidade porém com uma firmeza nos pés, ou uma maneira de sentar bem centralizada repousando sobre toda a superfície do assento, e não sobre a beira da cadeira.

    • O centro de gravidade colocado o menos possível um pouco para frente, ombros e cotovelos baixos. Não se posicionar de pé em atenção ao seu redor (exceto em bandas militares).

    • Solidariedade entre a flauta e o queixo, o qual facilita a flexibilidade dos lábios. Se não há estabilidade no porta-lábio (embouchure plate), não conseguirá haver confiabilidade na articulação. Uma rápida sequência de notas pode ameaçar o equilíbrio na embocadura, fazendo com que a pronúncia das notas seja incerta, e o staccato problemático em se realizar.

    • Entonação previsível. Não têm como a flauta estar PERFEITAMENTE afinada; até mesmo Albert Cooper diz isso. Mas com uma flauta construída sobre uma escala razoável e um ouvido bem treinado com práticas diárias, é possível, com flexibilidade e estabilidade, adaptar-se dessa maneira. Um deveria tocar afinado com a chave da flauta mais do que com um afinador. Um Bb (Sí bemol) não é um A# (Lá sustenido), nem mesmo um Eb (Mi bemol) é um D# (Ré sustenido), nem um Db (Ré bemol) é um C# (Dó sustenido).

Feliz é o flautista que cedo entende o conceito da estabilidade do queixo. Lábios deveriam estar relaxados, porém não soltos. O queixo não deve ressaltar sobre o porta-lábio. Ao invés disso, é a flauta que é sustentada pelo queixo por meio dos pontos de sustentação.

SUSTENTAÇÃO

A flauta, de várias maneiras, esteve presente na maior parte das civilizações, desde a Idade da Pedra até a Era dos Computadores. Milhares de imagens mostram a presença da flauta transversal: Vasos Gregos, Baixos-Relevos Hindus, Templos Khmers, Gravuras Japonesas, Paredes de Tumbas Egípcias, Mulheres da Renascença, Curandeiros Africanos, Senhores de Perucas empoeiradas, Bandas de Pífaros revolucionárias, Reis e bobos da corte, e vai até à Odisseia do Espaço (Space Odyssey).

Independentemente do nível de sofisticação, essas flautas têm uma coisa em comum. Elas são seguradas da mesma maneira:

    1. Pela primeira junta do dedo indicador da mão esquerda.

    2. Repousando a flauta sobre o queixo.

    3. Pelo polegar direito.

Esses três pontos eu chamo de sustentáculos (ou Fulcrums). Eles são os pivôs do tocar da flauta e a base da estabilidade.

Estabilidade Fulcrums – Figura 1

A partir dessa figura, podemos ver que o principal agente da estabilidade é a primeira junta do indicador esquerdo (fulcrum 1). Funciona numa direção (trazendo a flauta para “dentro”). O polegar direito (fulcrum 3) contrabalanceia, levando para “fora” a flauta, criando um ponto isométrico de equilíbrio até o porta-lábio (fulcrum 2).

O dedo mindinho direito, no meu ponto de vista, conta como um pequeno ponto de estabilidade e realmente ajuda na estabilidade com exceção de seis notas: Três D# (Ré sustenido), Dois E (Mí), e um A agudo (Lá).

Duas coisas devem ser notadas:

    • Os três fulcrums principais não servem para digitação das notas.

    • Suas ações são geradas num plano horizontal ou transversal, não na direção vertical.

Se você não criar estabilidade com os pontos que não há digitação das notas, então irá compensar segurando mais fortemente com os dedos que fazem notas, sendo assim abaixe a velocidade da sua técnica.

Estabilidade é muito importante. Mas estável não significa firmeza. Há algumas vezes um desentendimento sobre minha ênfase sobre estabilidade. Algumas pessoas sentem medo que elas estejam segurando de maneira apertada ou firme. É mais o contrário, eu acredito que sustentáculos mais soltos tendem a criar instabilidade e sensação de angústia. Eventualmente firmeza aparece nos momentos errados. Os movimentos dos dedos firmam a flauta. A embocadura aperta-se mais nos momentos de staccato e intervalos longos.

É possível variar a estabilidade do Fulcrum 1. Este ponto é vital para a produção de notas mais graves com f-ff staccato, para pronúncias em intervalos p-pp na terceira oitava, e geralmente para ataques astutos. Num alcance médio, nenhuma tensão é necessária.

Estabilidade realmente ajuda a relaxar a face, os lábios e os dedos, e providencia uma sensação de segurança sobre o estresse. Adeptos de estabilidade algumas vezes experimentam um tipo de adormecimento ou formigamento no fulcrum 1 depois de um certo tempo ao tocar. Isto é um sério problema. Pode ser que o nervo está sendo comprimido no ponto de contato. Pode ser resultado de uma mudança brusca no tempo praticado, como prática de dez horas em dois dias, ao invés de praticar cinco dias por duas horas por dia. Se a pele não tem tempo para secretar lentamente sua própria proteção, então um descanso para o dedo feito de espuma ou borracha, ao estilo Bopep, pode ser testado. Eu geralmente não sou a favor de acessórios e engenhocas, mas se eles ajudam, use-os, especialmente se eles previnem a dor durante o tocar. Esforço, sim; Dor, nunca.

Se adormecimento ou dor está acontecendo com você, definitivamente diminua a firmeza ao segurar a flauta, fique mais solto, mesmo se isso significar menos estabilidade. Contudo uma passagem inconveniente no seu dedo esquerdo é um preço a pagar pela eficiência, confiabilidade, e liberdade adquirido pelos princípios da estabilidade.

Autor: Michel. Debost - DEBOST, Michel. Une simple flûte. Editions Van de Velde, Paris, 1996.

Tradução: Moises Enrico Mascolo - Especiais agradecimento a Stefano por essa tradução.

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