Quanto custa um gestor?

O artigo defende que a recente polémica em torno da compensação paga a um dos administradores da TAP é uma boa oportunidade para revisitar o debate sobre as disparidades salariais nas empresas. Os enormes salários da maioria dos gerentes, administradores e CEOs, sem relação convincente com mérito ou produtividade, estão por trás das grandes remunerações. O problema também pode ser resolvido a montante, abordando as grandes disparidades salariais entre altos executivos e trabalhadores. O artigo cita estatísticas que mostram que, entre 2010 e 2017, o rendimento dos altos executivos aumentou 49,7%, enquanto o rendimento médio dos trabalhadores diminuiu 6,2%. O rácio médio entre os salários dos dirigentes e dos trabalhadores passou de 24:1 para 33:1. A pandemia do COVID-19 não mudou este cenário. Em 2021, os CEO das grandes empresas cotadas na bolsa portuguesa continuaram a receber, em média, 32 vezes mais do que os trabalhadores. O artigo argumenta que é difícil justificar essa enorme desigualdade com o “mérito” dos gestores, até porque ela também existe em empresas com resultados negativos. O artigo também argumenta que, ao contrário do que a economia convencional nos diz, há evidências crescentes de que a desigualdade é um obstáculo ao desenvolvimento económico de um país. A OCDE reconhece isso há quase uma década. O artigo sugere que o Estado dispõe de instrumentos para combater o problema, como a tributação progressiva do rendimento e do património, o fortalecimento do poder negocial dos trabalhadores por meio da legislação laboral, a fixação de leques salariais máximos e a exclusão das empresas incumpridoras de acesso a benefícios fiscais, apoios públicos e concursos do Estado.

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