Manifestação das doenças Cármica
É a Lei Cármica que se encarrega de retificar no devido tempo os desvios perigosos cometidos pelo espírito, quando de suas excursões pelo mundo material, procedendo à limpeza do perispírito contaminado pela aderência dos venenos, que são frutos dos grandes danos e imprudências de vidas passadas. O corpo carnal, então, como se fora um alambique encarregado de drenar esses resíduos perniciosos da vestimenta perispiritual para o seio da terra, provoca na alma, em sua operação de expurgo, a sensação de dor e de sofrimento. Trata-se de toxinas que lesam e massacram a carne durante a sua expurgação para o inundo exterior, por cujo motivo a velha tradição espiritual considera a Terra como um "vale de lágrimas", onde as almas lavam e purificam os seus trajes perispirituais, para depois participarem das núpcias do Céu!
A túnica nupcial, que a alma deve envergar para tomar parte no banquete do Rei, citado na parábola contada por Jesus (Mateus 22-1 a 14; Lucas 14: 16 a 24), em verdade significa o resultado da lavagem dolorosa do perispírito no tanque das lágrimas purificadoras do mundo carnal, de onde ele sai com as suas vestes limpas. A dor aquebranta a rudeza e humilha o orgulho da personalidade humana; obriga o espírito a centralizar-se em si mesmo e a procurar compreender o sofrimento. Na introspecção dolorosa pela ansiedade de solver o seu problema aflitivo, ele tem de reconhecer a precariedade, a presunção e a vaidade de sua figura transitória no mundo das formas
Assim como o calor vaporiza as gorduras, ou o fogo apura a fusão do ferro para a têmpera do aço, a dor é como a energia que aquece a intimidade do espírito e o ajuda a volatizar as aderências ruinosas do seu perispírito. É concentração de forças que desintegram as toxinas psíquicas no selo da alma, e que sob a ação natural do magnetismo do mundo físico transferem-se para a carne, até que a morte do corpo, depois, as deposite na terra do cemitério, através do cadáver em decomposição.É por isso que, em geral, os espíritos desencarnados louvam os seus padecimentos na carne, pois os consideram tão-somente como processo que os ajudou a aliviar de si os resíduos deletérios.
Quando o espírito encarna, necessita primeiramente diminuir ou "encolher" o seu perispírito, até alcançar a forma etérica fetal e em seguida adaptar-se ou "encaixar-se" satisfatoriamente à contraparte etérica do útero feminino. Após o êxito genésico da gravidez ele se desata pouco a pouco, à medida que também se desenvolve o feto carnal sob a direção dos ascendentes biológicos do tipo hereditário em gestação. E os tóxicos psíquicos desde muito, cedo vertem do perispírito para o novo corpo carnal em formação, causando-lhe moléstias ou lesões tão graves quanto o sejam a sua intensidade e virulência. É por isso que, mesmo na fase da infância, o espírito efetua proveitoso exercício quando, pela eclosão das doenças comuns da idade, ele se habilita para resistir melhor às dores futuras mais acerbas, que depois hão de advir devido ao expurgo mais intenso da carga deletéria.
Mais tarde, então, a moléstia invisível incrustado no perispírito transfere-se com mais intensidade para a carne; desagrega-se e flui primeiramente pelo duplo-etérico em formação junto ao corpo físico, e de início, afeta o trabalho delicado dos "chacras", perturbando-lhes as funções e as relações vitais. Depois, o fluido tóxico perispiritual tange o conjunto nervoso, infiltra-se pelas glândulas endocrínicas, afeta o sistema subterrâneo linfático, insinua-se pela circulação sangüínea e produz a proliferação microbiana ou as lesões orgânicas.
Ramificando-se por todos os órgãos e sistemas do corpo carnal, as toxinas que são vertidas pelo psiquismo mórbido ferem as zonas mais delicadas e vulneráveis, prejudicando-as conforme a própria deficiência hereditária do tipo biológico a que ataca. Acumulam-se nos órgãos mais débeis e produzem doenças isoladas mais amplas, que mais tarde podem imobilizar o organismo físico. Enquanto isso, a Medicina alinha as suas denominações tradicionais classificando as doenças, mas quase sempre sem lograr identificar o doente! É a hepatite, a úlcera gástrica ou péptica, a colite, a nefrite, a cirrose, a amebíase, a asma, o reumatismo, a tuberculose, a diabete, ou a esplenite; são as atrofias, as insuficiências cardíacas, as lesões insuperáveis, a anemia perniciosa ou os quadros modernos de alergia inespecífica.
Em alguns casos, as toxinas, ao descerem do psiquismo enfermo para o metabolismo físico, acomodam-se na região cerebral e produzem as alienações mentais, os delírios, ou a hidrocefalia; ou então se acumulam nos plexos nervosos, causando as paralisias, as atrofias nervosas ou as síndromes parkinsonianas; doutra feita, disturbam o funcionamento glandular produzindo insuficiências ou hiperproduções graves de secreções hormonais, influindo no crescimento, na reprodução e no metabolismo vital da mulher ou do homem. Quando se concentram mais fortemente nos pulmões, para ali convergem os bacilos de Koch, produzindo a tuberculose pulmonar; caso se localizem na região intestinal, tanto podem provocar ás colites, como estabelecer o terreno para nutrir a giárdia, o estrongilóide ou as amebas-coli e histolítica.
Justamente porque existe íntima relação psíquica entre a enfermidade e a natureza física da criatura, é que se observa em certos tipos enfermos um círculo vicioso, que os mantém sob contínua perturbação mórbida. Quando ficam irritados ou aflitos, vêem aumentadas as crises amebisíacas; cresce o açúcar na urina, aceleram-se as funções desarmônicas da tireóide, agravam-se as dispnéias nervosas ou proliferam os eczemas. Inúmeras criaturas vivem algemadas aos mais terríveis padecimentos gerados na sua região abdominal, tentando frenar o vago-simpático à custa de drogas antiespasmódicas, reduzirem suas crises de colite ou disenterias amebianas à custa de medicamentos tóxicos, esquecendo-se, no entanto, de que, antes da prescrição médica, é imprescindível controlar a mente e a emoção, pois dessa desarmonia é que resulta o bombardeio incessante ao doente psíquico, já acumulado na região do abdômen e superexcitado por novos fluxos doentios. Algumas criaturas confessam a seus médicos que, diante do menor receio de êxito em seus negócios ou mesmo devido a qualquer surpresa emotiva, recrudescem-lhes os fluxos disentéricos, exacerbam-se as coletividades parasitárias do intestino, ou aumenta-se-lhes o açúcar na urina.
Os indivíduos atacados pelo estrongilóide, oxiúros, giardas, amebas histolítica e outras espécies de vermes microscópicos, são inquietos, pessimistas, remoendo idéias e vivendo antecipadamente os problemas do dia seguinte, devido à profunda influência que esses germes parasitários exercem no seu psiquismo adoentado, pois que se excitam, provocando surtos de virulência no organismo.
Há uma variação, tanto na resistência biológica e hereditária de cada ser, como também na sua força mental. As criaturas mental ou espiritualmente fortes superam com mais eficiência os efeitos mórbidos das enfermidades em desenvolvimento em seu organismo; elas são mais resistentes à descida das toxinas psíquicas em sua circulação. Durante o processo drenador, mantêm-se em nível vibratório mais elevado, resignadas e sem se deixar abater subjetivamente, do que lhes resultam imensos benefícios. No entanto, as criaturas espiritualmente mais débeis, que dum ligeiro resfriado fazem um melodrama com faro de broncopneumonia, cuja mente pessimista é campo favorável para as forças negativas, agravam o evento da moléstia cármica com o acréscimo mórbido do seu próprio desânimo e rebeldia.
A mente doentia aumenta o ensejo para maior penetração do tóxico vertido pelo psiquismo, pois também acumula os próprios miasmas do ambiente onde vive, uma vez que, de conformidade com a Lei das atrações magnéticas, o pensamento enfermiço também atrai e condensa maior dose de fluidos enfermos. Daí a grande sabedoria de Jesus, quando sempre exaltava a resignação, a humildade, o pacifismo e a renúncia como estados de espírito que conduzem à bem-aventurança eterna!
O espírito capaz de elevar-se às frequências vibratórias espirituais mais altas, que aceita o seu sofrimento como oportunidade de retificação espiritual, e ajusta-se à bem-aventurança da resignação, também eleva o seu "quantum" de luz interior e volatiza grande parte dos venenos aderidos ao seu perispírito. Expurga-os para o meio ambiente, num processo de sublimação psíquica, em vez de fluí-los completamente pela carne mortificada. Além do ensejo de renovação espiritual, por não acrescer nova carga nociva, a atitude evangélica de conformação não perturba a descida das toxinas mórbidas e asseia mais breve o perispírito.
Todos os agentes enfermiços do mundo psíquico, tais como germes, bacilos, vírus, miasmas, elementais ou tóxicos cruciantes, não resistem à força desintegradora da luz íntima que se projeta do espírito elevado. É por isso que certas criaturas permanecem imunizadas, mesmo quando atuam no meio das enfermidades epidêmicas ou contagiosas, pois, tendo eliminado grande parte da doença psíquica que lhes adensava o perispírito, já puderam libertar em sua intimidade a quantidade de luz suficiente para evitar a proliferação dos agentes perigosos.
Desde que o sofrimento e a dor são resultantes do desequilíbrio da ordem moral e do mau uso dos direitos espirituais, é óbvio que só o reajustamento espiritual poderia eliminá-los definitivamente da fase de vida na Terra. A dor física ou moral também se manifesta em sentido de advertência ou mesmo corretivo, para manter a vida e garantir o funcionamento normal do corpo humano, a fim de que o espírito descontrolado não se aniquile pelo excesso de desmandos. Em sua função advertiva, a dor é a bússola de segurança biológica e psíquica; ela assinala a fronteira perigosa que deve ser abandonada e convida o imprudente a reajustar o seu equilíbrio perturbado e tomar o caminho do dever.
Apesar de todas as providências dolorosas que a Lei Divina estabeleceu para evitar que o homem se afaste do dever, há milênios que a humanidade terrena vem cultivando hábitos dos mais nocivos! Não opomos contestação e achamos justo, mesmo, que as instituições humanas lutem para vencer a dor e o sofrimento. Mas é evidente que apenas estão lutando contra aquilo que vós mesmos semeasses nos vossos destinos, pois são dores c enfermidades geradas pela negligência humana e não devidas a castigo de Deus.
A dor e o sofrimento resultam do desequilíbrio entre a alma e o sentido benfeitor e educativo do mundo e não de imposição draconiana do Criador. É através da dor provocada pelo próprio homem que a alma é conduzida ao cumprimento dos seus sublimes deveres no seio da vida cósmica; que o animal despoja-se de sua bagagem instintiva inferior para se transformar no anjo refulgente.
Assim, embora sejam a dor e o sofrimento processos de aperfeiçoamento espiritual, não vos aconselhamos nenhuma deliberação radical contra as instituições terapêuticas do mundo, porquanto a Ciência Médica, como responsável pela cura e alívio do corpo físico, é fruto das mais sábias e elevadas inspirações do Alto, pois cumpre a missão de atender ao homem de acordo com as suas necessidades biológicas de adaptação e relações com o meio em que vive e progride.