O exercício de vosso livre arbítrio vai muito além do que pensais, porquanto já é uma vontade espiritual definida, e superior ao próprio Mundo que habitais; a diferença principal para com Carma do planeta está em que deveis assumir a responsabilidade de todos os vossos atos, sejam bons ou maus. O corpo material do planeta Terra representa a vestimenta exterior do seu Anjo Planetário, que em espírito o ali- menta desde a sua intimidade mental e astral. A sua vontade poderosa significa a própria Lei atuando em harmonia com o Carma dos demais planetas do sistema e agindo de comum acordo com o Anjo Constelatório, que é o responsável pelo progresso de toda a constelação solar.
Aquilo que considerais um determinismo implacável, a tolher o vosso livre arbítrio, é apenas o equipo de leis que emanam do espírito planetário do Mundo terráqueo e lhe regulam tanto o ajuste planetário como o crescimento harmonioso de sua humanidade. Quando vos ajustardes a essas leis evolutivas e só souberdes operar em vosso benefício espiritual, sem entrardes em conflito com a coletividade, ser-vos-á facultado o exercício do livre arbítrio de modo ilimitado. Por enquanto, o homem terrícola não pode usufruir o direito de exercer a sua vontade absoluta, pois até nas suas relações genésicas ainda se mostra inferior aos próprios animais, que as respeitam e praticam só em épocas adequadas e exclusivamente com a finalidade de procriar.
Em face do extremo egoísmo, cupidez e crueldade do atual cidadão terreno, a vossa vida seria de contínua desordem e conflito, se os poderes humanos pudessem gozar impunemente do seu livre arbítrio!
É Jesus quem, melhor responde, quando estabelece a regra: "Procurai a Verdade e a Verdade vos libertará". Quando ele nos advertiu de que o seu reino não era o do mundo material de César, mas sim o reino do espírito eterno, também induziu-nos a crer que o livre arbítrio humano aumenta à medida que o homem se liberta da escravidão das formas e vive mais devotado ao mundo espiritual, onde a sua vontade angelizada pode-se exercer de modo ilimitado.
O determinismo cármico da Terra, limitado pelo determinismo cármico de sua constelação solar, reduz também o livre arbítrio e a plena ação da vontade humana; o mundo material, com sua substância letárgica, significa o cárcere que aprisiona o espírito, cuja natureza essencial é a de liberdade no Além. Em conseqüência, esse livre arbítrio, só pode ser exercido mais amplamente desde que também vos libertes cada vez mais da substância material que compõe e limita o corpo exterior do planeta.
À medida que mais vos integrarem ao Cristo planetário, que é o espírito excelso que nutre o vosso Mundo, sem dúvida também crescerá o vosso livre arbítrio em relação aos demais seres e coisas, pois, angelizando-vos, também sereis mais conscientes da Verdade Eterna. A fim de que despertem a consciência de sua individualidade espiritual, Deus lança as almas virgens na corrente da evolução planetária dos mundos físicos. Então, curtindo as lições da vida humana e sofrendo as injunções da própria morada material, elas terminam consolidando suas linhas demarcativa, de "ser" e "existir" no seio da própria Consciência Cósmica.
O Carma da Terra impõe-vos um determinismo resultante de suas próprias modificações cármicas decorrentes dos demais Mundos do sistema solar. Então ficais também sujeitos às movimentações e às alterações cármicas terráqueas, e os vossos ideais, projetos e interesses individuais só podem ser realizados ou satisfeitos até onde não colidam com os proveitos da coletividade. A Lei Cármica, pois, na sua função de ativar o progresso do Cosmo, tanto regula e limita o movimento do indivíduo para harmonizá-lo com a sua comunidade, como também ajusta os movimentos desta de acordo com as modificações e a estabilidade do próprio campo planetário.
O principal é o controle dos vossos pensamentos, palavras e obras, pois, à medida que reduzis ou modificais para melhor vosso Carma do passado, é certo que também criais um novo Carma para o futuro, e este vos será tão amargo ou venturoso de conformidade com o Carma restante, das encarnações passadas, e as causas que criardes no presente. O Carma, em seu sentido específico, registra as ações da alma desde o momento em que ela principia a sentir-se "algo" existente dentro do seio da Divindade e, embora sem poder desprender-se do Espírito criador da vida cósmica, donde proveio já se distingue como uma consciência individual existente à parte.
Na Consciência Total de Deus, vão-se constituindo ou se fragmentando novos grupos de consciências espirituais coletivas, que então abrangem e coordenam de modo instintivo todas as espécies de animais e demais seres, disciplinando-lhes o progresso em grupos ligados pela mesma afinidade. Assim é que permanece sempre ativa, uma "consciência-grupo" que dirige cada raça animal ai no mundo físico, seja a espécie bovina, a cavalar ou a do peixe no Oceano. Entretanto, no seio dessas espécies ou raças, que são o prolongamento instintivo de uma consciência diretora, nos seus próprios componentes vão-se destacando certas características psíquicas isoladas, que pouco a pouco passam a constituir novas consciências menores movendo-se na corrente da vida e assumindo os deveres e as responsabilidades compatíveis com o seu entendimento já desperto.
Assim é que a espécie de cães selvagens é um conjunto animal mais fácil de ser coordenado e dirigido pela sua consciência psíquica diretora, porque, embora formando um agrupamento instintivo de vários milhares ou milhões de cães, ainda funciona e só reage como uma só peça homogênea, sem apresentar quaisquer distinções isoladamente entre os seus componentes. No entanto, quando se trata da espécie "cão domesticado" e dispersa pelos lares humanos, verifica-se que os seus descendentes já reagem consciencialmente entre si, quer ainda estejam submetidos ao mesmo espírito-grupo e sejam oriundos da mesma prole. No selo do mesmo psiquismo-coletivo da espécie a que pertencem os exemplares já prenunciam um entendimento racional à parte, e em alguns até se observam os primeiros bruxuleies do sentimento humano. Enquanto os cães selvagens manifestam uma só índole instintiva, feroz e idêntica em toda a sua espécie racial, os cães domésticos, sob a influência do homem, diferenciam-se de modo notável; há desde o cão heróico, o covarde, o valente, o fleumático e o jovial, assim como o animal ressentido que não olvida os maus tratos, até aquele que a dor inesquecível faz morrer junto à sepultura do dono a quem se afeiçoou incondicionalmente.
À medida que, na mesma espécie animal, os seus componentes vão-se distinguindo pela formação de uma consciência individual destacada do seu espírito-grupo diretor, também a lei cármica que dirige o conjunto passa a atuar com mais particularidade para acelerar-lhes o progresso psíquico. Ela os impulsiona para objetivos mais inteligentes e elevados sob a visão do homem e, quando preciso, providencia até a transferência do animal para outros Mundos onde encontra condições mais favoráveis para apressar a sua formação consciencial.
O que rege as espécies inferiores e coordena-lhes os movimentos evolutivos é o próprio determinismo evolutivo, pois que orienta todo o conjunto ou espécie animal pelo qual é responsável, a fim de induzi-lo a agir de modo mais acertado e proveitoso. Mas, com o decorrer do tempo e a intervenção do homem, não tardam a se processar as fragmentações psíquicas, que logo fazem distinguir as reações dos exemplares entre si e os destacam individualmente no seio do psiquismo instintivo e uniforme do "espírito-grupo" dirigente. Independentemente do controle geral da espécie ou raça, a Lei se desdobra orientando cada exemplar para que consiga a sua emancipação individual.
Eis por que dizemos que a mesma Lei sábia que rege o mecanismo do Universo também se amolda e se ramifica gradativamente para regular o movimento dos elétrons no seio dos átomos. Os astrônomos conhecem a infalibilidade de certas leis que disciplinam o curso dos astros; os químicos sabem quais são os fatores reagentes, exatos e indiscutíveis, que orientam a afinidade de suas combinações costumeiras; os matemáticos reconhecem a precisão dos cálculos que geometrizam o Universo, enquanto a humanidade já principia a compreender que o homem também é o plano matemático do futuro anjo!
Há uma lei indesviável, uma lei cármica reguladora da causa e do efeito, que tanto transforma a bolota em carvalho, a lagarta em libélula, como o celerado no ungido do Pai! Na verdade, uma Vontade Diretora espraia-se por tudo e sobre todos, como um imperativo de segurança e harmonia cósmica, tendo por único fim a Beleza e a Perfeição. O Carma, como um ritmo submisso dessa vontade superior, é a própria pulsação do Criador atuando em ciclos disciplinados, desde as órbitas dos elétrons até as órbitas dos sistemas solares. É por isso que, em face do equilíbrio e da ordem absoluta na manifestação criadora do Universo, o conhecimento iniciático desde os tempos pré-históricos afiança que "o que está em cima também está embaixo", e "o que está no átomo também está no Universo".
O Carma, para um sentido de compreensão geral, é a própria Lei do Progresso Espiritual, pois, embora seja implacável na sua ação disciplinadora, é lei que só se aplica sob a decorrência de nossa própria vontade. Tanto apressa como imobiliza temporariamente a nossa ventura espiritual, mas sempre o faz de acordo com o nosso entendimento e grau de consciência desperta. A sua finalidade precípua é a de promover o progresso e a retificação dos Mundos e suas humanidades, ajustando as causas boas ou más aos seus efeitos correspondentes.
Eis por que o próximo acontecimento profético do "Juízo Final" ou "Fim de Tempos", que já se desenrola a superfície de vosso Mundo, ainda é um efeito de ação irredutível da lei cármica, que tanto procura reajustar a massa planetária para melhores condições astrofísicas, no tráfego sideral, como encaminhar as almas rebeldes para objetivos superiores. O Carma, pois, como lei atuando ininterruptamente nos eventos progressistas entre seres e Mundos, age tanto no macro como no microcosmo, mas tem por único fim impelir todas as formas de vida para expressões cada vez mais altas e requintadas.