Carma é palavra que deriva do sânscrito (kri), ou seja, "fazer”. Os hindus são os que mais a empregam, considerando-a como vocábulo técnico mais apropriado para designar a ação e o seu efeito correspondente nas encarnações sucessivas dos espíritos na Terra. Para eles, toda ação é Carma; qualquer trabalho ou pensamento que produzir algum efeito posterior é Carma.
É a lei de Causa e Efeito, como a chamais, com seu saldo credor ou devedor para com o espírito encarnado. Os atos praticados por pensamentos, palavras ou obras, nas vidas anteriores, ou seja, em vidas subseqüentes, devem trazer venturas ou acarretar desgraças aos seus próprios autores, na proporção entre o bem e o mal que deles resultou. Os seus efeitos, por tanto, atuam posteriormente sobre a felicidade, à vontade, o caráter e os desejos do homem em suas vidas futuras. Embora pareçam anular o livre arbítrio, são forças que resultam sempre dos próprios atos individuais do pretérito. É o efeito agindo e dominando a própria vontade do ser, mas reagindo exatamente de acordo com as próprias causas que ele engendrou. A lei de Causa e Efeito registra as ações boas ou más; a lei do cármica procede ao balanço das ações registradas e dá a cada espírito o "saldo" que lhe cabe em resultados bons ou maus.
Metafisicamente, a palavra "Carma" refere-se ao destino traçado e imponderável, que atua tanto nas coisas animadas como nas inanimadas, pois rege e disciplina todos os ciclos da vida, que vão desde o finito ao infinito, do átomo à estrela e do homem ao Universo! Há, pois, o Carma do homem, o da família, o da nação, o do continente e o da humanidade. E, assim como se engendram destinos futuros fundamentados nos atos ou pensamentos do homem - que serão regidos e disciplinados pelo seu Carma - também os Mundos que balouçam no espaço obedecem a um determinismo cósmico, de reajustamento de sua massa planetária, em concomitância com o efeito das causas coletivas de suas próprias humanidades.
Há que considerar, portanto, desde o Carma atômico que rege o princípio de vida microscópica no Cosmo, para a formação da matéria, até o Carma do Universo, que então já é a Lei Cósmica manifestada fora do tempo e do espaço.
Com referência ao Carma do homem, convém lembrar que Jesus muitas vezes advertiu sobre a existência de uma lei disciplinadora do mecanismo de relações entre os seres, e que liga as causas aos seus eleitos correspondentes, quando afirmou: "Quem com ferro fere com ferro será ferido" ou "Cada um há de colher conforme for à semeadura". Esses conceitos de Jesus não deixam dúvida de que o espírito há de sempre sofrer os efeitos na esteira das reencarnações físicas, submetido implacavelmente ao determinismo das causas que gerou.
Tais conceitos vêm a ser os mesmos da Lei de Causa e Efeito, isto é, de que todas as causas engendram efeitos futuros de igual intensidade e responsabilidade, com a diferença, porém, de que é Lei imutável e severa, que tanto disciplina os fenômenos da vida planetária, o amor entre os seres e a afinidade entre as substâncias, como governa a coesão entre os astros dispersos pelo Cosmo.
Nenhum acaso rege o destino das coisas; é a lei do Carma que tudo coordena, ajusta e opera intervindo tanto nos fenômenos sutis do mundo microscópico, como na vastidão imensurável do macrocosmo. Ela tem por único objetivo dirigir o aperfeiçoamento incessante de todas as coisas e seres, de há muito já previsto nos grandes planos que fundamentam a harmonia da Criação.
As vossas condições psíquicas ou físicas, aí na Terra, decorrem exatamente do engendramento das causas cármicas que já efetuasses noutras vidas; se atualmente usufruís alegria, paz e ventura, apenas gozais o efeito cármico das boas sementes lançadas alhures; se vos domina a dor, a amargura, e as vicissitudes repontam em vossa existência, não culpeis a Deus, nem a qualquer "destino" injusto e fatídico inventado por alguém, pois, de qualquer modo, só estareis ceifando o resultado do plantio descuidoso do passado! As regras inflexíveis de que "a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", e a de que "a cada um será dado conforme as suas obras", não abrem exceções a quem quer que seja, mas ajustam todas as criaturas a disciplinas coletiva tão necessário ao equilíbrio e harmonia da humanidade do vosso Mundo.
Reajuste
Em frases anteriores, já vos temos explicado que a Lei do Carma não pune, mas reajusta. Malgrado ela vos pareça uma lei draconiana ou processo corretivo severo demais, em que a causa equívoca mais diminuta também gera um eleito milimetricamente responsável, tudo isto se sucede sempre objetivando a felicidade do espírito e o mais breve desenvolvimento de sua consciência angélica. O Carma é a lei benfeitora que indica o caminho certo ao viajante despreocupado ou teimoso, corrigindo-lhe os passos titubeantes e os desvios perigosos, a fim de ajustá-lo mais depressa à sua ventura imortal. A humanidade terrena já se encontra suficientemente esclarecida para compreender que o seu sofrimento decorre, em particular, das suas infrações contra a Lei que justamente opera em seu favor!
Uma vez que Jesus já deixou elevados ensinamentos que marcam o roteiro para o homem viver em perfeita harmonia com a Lei Cármica, e que regulam o equilíbrio da Vida e da ascensão angélica, jamais se justificam as reclamações humanas sob o pretexto de qualquer injustiça divina! Mesmo entre a vossa humanidade, a ignorância da Lei não é motivo para o infrator se eximir de sua responsabilidade! Deus não é um Cérbero atento e implacável que intervenha punitivamente em cada momento em que vos equivocais; o pagamento do "ceitil por ceitil" é efetuado automaticamente pelo próprio espírito faltoso e, se a isso ele se sujeita, é porque costuma entrar em conflito com as regras que dirigem a sua ascensão espiritual. Então há de sofrer a ação contrária, da Lei, assim como a criança que queima a mão no fogo, não porque este seja vingativo e a castigue, mas apenas porque é um elemento comburente. Deus não cataloga ofensas praticadas por seus filhos, assim como não concede condecorações àqueles que o lisonjeiam constantemente. Ele apenas estabeleceu leis equânimes e sábias, que agem sob a égide do próprio bem. Elas arrebanham os retardatários, os rebeldes e os teimosos, que ainda estacionam a margem dos carinhos da vida ilusória da forma, ajustando-os novamente ao curso exato de sua ventura espiritual.
A própria criatura é que se coloca diante de sua obra, devendo auferir-lhe os benefícios ou sofrer os prejuízos conforme disponha de sua vontade no sentido do bem ou do mal. Mesmo considerando-se como severa e condenável a lei do "olho por olho e dente por dente", que citais, é bem de ver que o sentido exato dessa sentença punitiva só se entende com a responsabilidade da própria alma para consigo mesma, pois, se o conceito é draconiano, nada mais estabelece senão que qualquer ação boa ou má, praticada pela alma, haja de produzir-lhe uma reação ou efeito perfeitamente correspondente à sua causa! Praticai, pois, só ações benéficas e, sem dúvida, será inócua para vós essa lei tão severa que, semelhante à de que "quem com ferro fere com ferro será ferido", também só diz respeito ao cuidado da alma para consigo mesma, e não para com o próximo.