- Os ciganos têm suas leis morais muito rígidas:
Há panos que separam a cama dos casais, os jovens se casam cedo, não existe poligamia nem adultério.
Os laços tribais são tão fortes que eles se tratam entre si por parentes, primos e tios.
Um cigano mentir a outro cigano é falta bastante condenável.
Os cargos de chefia de tribo não são hereditários são adquiridos pela sua competência, prestígio e idade.
- Cargos importantes da tribo:
Kaku ou Kakum: Homens escolhidos e marcados. São os chamados feiticeiros da tribo.
A Phuri (Mãe da tribo) é consultada antes de qualquer decisão tomada pela tribo, orienta em assuntos práticos e lidera os rituais ciganos.
A Bibi (Tia) atua mais em questões relativa às mulheres e às crianças.
O cigano só terá verdadeira importância para a tribo quando se casar e tiver filhos.
- O Nascimento do Filho
A mulher estéril é considerada inútil. A esterelidade é um fato que desagrada muito ao cigano.
O nascimento de uma criança é muito importante para a tribo, quanto mais filhos tiverem mais a tribo se torna poderosa, já que os filhos servirão de defesa dos pais e amparo às mulheres.
A criança não deve nascer dentro da tenda. Se isto acontecer todos os objetos que tiveram contato com ele, ficarão fora de uso, pois ela está marimé ou merimé (pagã).
A mulher grávida não poderá ver pessoas defeituosas, ouvir conversas sobre morte, cemitério, violência etc., pois poderá afetar o bebê.
Só depois do 6º mês é que poderá armar a cama do ciganinho e arrumar as suas coisas, pois antes disso traz azar.
Quando a criança nasce a Phuri prepara o alimento para a Fada do Destino que virá visitar a criança.
Quando nasce a criança, o seu primeiro banho é dado numa bacia de cobre, e dentro é colocado vinho com água de rio, flor branca, moedas de ouro e jóias – que servirão para trazer riqueza e sorte para a criança.
O cigano a princípio tem 3 nomes:
- O nome secreto só de conhecimento da mãe.
- O nome de batismo que só é do conhecimento da tribo.
- O nome de batismo católico que é conhecido dos gadje.
Costumam escolher como padrinhos para batizar o bebê os gadje, os ricos comerciantes, pessoas influentes com o objetivo de obterem dinheiro, favores, aceitação e proteção na sociedade não cigana.
- O Casamento
É ponto de honra entre os ciganos, tanto que o solteiro tem uma posição menos privilegiada. Os ciganos não aceitam poligamia, e se o casamento não der certo poderá ser desfeito, e neste caso tanto o homem quanto a mulher poderão se casar outras vezes, e o dote (daró) recebido será dividido.
Em outras épocas, o pedido de casamento era feito em volta da fogueira, onde se resolviam os dotes e tudo mais sobre o casamento.
Os ciganos sempre procuram casar pessoas do mesmo grupo, ou da mesma tribo, porque assim este se fortalecerá muito mais.
- Uma cigana só não poderá casar por 3 motivos:
Quando o Pai tiver uma filha mais velha para casar, ou
Quando tiver uma filha que arque com o sustento do grupo.
Quando há incompatibilidade entre as duas famílias (a dela e do noivo escolhido).
Não aceitar um pedido de casamento por outros motivos que não sejam os acima citados, é ferir o código de honra dos ciganos, e isto trás discórdia entre as famílias.
O noivado durará no máximo 4 meses, e com pouca intimidade. Enquanto se prepara o casamento, a família do noivo conseguirá mais dinheiro para custear a festa que durará de 3 a 5 dias. A festa de casamento chama-se abiéu. O dote, o traje de casamento e o enxoval serão custeados pelo pai do noivo.
Antigamente quem presidia o casamento era o chefe da tribo, hoje é o pai do noivo, e será ele ou o padrinho de casamento quem pegará um pedaço de pão e misturará ao sal, repartirará o pão e dará aos noivos dizendo:
“Cana burri tiça olondi, au murrô cadé vurri tinrromê”, que quer dizer: “Quando o pão e o sal perderem o sabor, vocês não terão mais amor um pelo outro.”
No outro pedaço será feito à mesma coisa, só acrescentando uma moeda de ouro para simbolizar riqueza e sorte.
Em algumas tribos os parentes da noiva carregam durante a cerimônia, um lenço vermelho que simboliza a pureza da noiva, e quando for comprovada a virgindade, este mesmo lenço será usado na sua cabeça (diklô).
Em outras tribos são feitos os laços de sangue. Após o casamento são depositados no Darrô, jóias, dinheiro, presentes para os noivos.
Alguns ciganos dizem que a prova da lacha (virgindade) é usada como uma forma de preservar as tradições ciganas, outros afirmam que este ritual é muito importante. Caso não haja uma comprovação da lacha, o noivo é quem decide se fica ou não com a noiva.
Após a comprovação, sogra lhe mostrará a nova roupa e lhe colocará o lenço, e ela passará a morar com os sogros até o nascimento do 1º filho.
- Morte é um assunto sagrado.
Os mortos para os ciganos continuam vivos, estão investidos de todo o poder para vir ajudá-los em todas as circunstâncias. As pessoas morrem para velar pelos seus que ficaram na terra. Por isto é um morto-vivo (mulô).
Sabe-se pouco sobre o tema morte entre os ciganos e eles têm muito respeito em falar de morte, porque falar de um morto é traí-lo e pode provocá-lo através do Bibakt, que é um castigo para o cigano.
Os ciganos acham que os antepassados, estejam onde estiverem, sempre protegem a tribo e suas tradições.
Se houver falecimento dentro da tchêra (tenda), tudo deverá ser queimado, menos fotografias e dinheiro; tudo que ele amava deverá ser enterrado com ele, suas roupas, chapéus e objetos que estimava muito.
Romana é o nome do ritual feito ao morto, que pode variar de tribo para tribo, mas geralmente feito com 1 mês de falecimento. Ao completar 6 meses de falecimento e no aniversário do seu falecimento, é feito um Phuri-day. Preparam-se as comidas que o falecido mais gostava em vida e todos os parentes se sentam à mesa.
Sobre a cadeira que pertencia ao morto colocam-se os seus pertences, que não foram enterrados junto com ele. Ao término do jantar os pertences e mais a comida serão jogados no rio.
Quando o morto é uma criança, o luto é mais prolongado. Os homens não fazem mais barba e as mulheres andam de luto a vida inteira. No caixão são colocadas moedas de ouro para pagar a travessia para morte.