Vamos usar a tecnologia a favor do SUS?

POSSIBILIDADES COM A INFORMÁTICA

No Brasil, em 1986, o relatório da Comissão Especial de Informática em Saúde (SEI), do então Ministério da Ciência e Tecnologia citou a importância da inserção dos profissionais da área da saúde, no uso do computador. Os países desenvolvidos concluíram que todos os enfermeiros deveriam ter um conhecimento geral sobre o uso do computador e processamento de dados e que esse conteúdo deveria ser incluído no currículo da enfermagem. O relatório elaborado sugeria, ainda, que um grande número de enfermeiros fosse educado para contribuir, efetivamente, no desenvolvimento de sistemas automatizados (HELLER et al., 1990; LARSON, 1987; MIRIN, 1981). Foi defendido que:

...A familiarização do aluno desde o início da formação profissional traz esclarecimentos dissipando mitos sobre o papel desempenhado pelo computador e também as atitudes negativas em relação a seu uso. Tal objetivo pode ser atingido, desenvolvendo formas de introduzir o computador para que destruam tais crenças e contribuam para a formação de percepções realistas, dando uma idéia clara das potencialidades e limitações da informática, mostrando ao aluno que o computador não é um fim em si mesmo, mas um instrumento para atingir outros objetivos, tais como preparar um relatório, elaborar um plano de cuidados, dentre outros...(CYSNEIROS, 1991 p. 45).

Évora (1993), aspirava o desenvolvimento de uma pesquisa que contribuísse, de forma substancial e significativa para a utilização do computador na formação dos técnicos e sua prática, em paralelo com o desenvolvimento e implantação de sistemas de informação para as equipes, em unidades de saúde. A autora afirma que o uso da informática na área da saúde proporciona uma melhoria na qualidade da assistência prestada, bem como a racionalização dos serviços e recursos humanos. Para esta autora, na enfermagem, a informática pode ser utilizada em quatro áreas: administração; assistência; ensino e pesquisa. Refere também que, o uso do computador na área da administração proporcionaria a construção de instrumentos informacionais, os quais auxiliariam o enfermeiro e outros profissionais no gerenciamento de uma unidade, assegurando um planejamento adequado dos recursos humanos, materiais e financeiros. Na assistência, o computador facilitaria a coleta, armazenamento e o processamento de informações que auxiliam no tratamento do paciente. Ocorrendo a liberação do enfermeiro das atividades burocráticas, permite-se uma maior disponibilidade para o planejamento da assistência, observando o paciente como um todo. No ensino, viabilizaria instruções individualizadas, facilitaria a transferência da teoria à prática, bem como, a capacidade do aluno em solucionar os problemas.

A mesma autora argumenta ainda que o computador pode auxiliar todo o processo de pesquisa, desde a coleta de dados até as análises, assim como a recuperação de informações, edição de textos, bancos de dados, entre outros. A concordar com esta autora, cito ainda o resultado de um estudo posterior de Gonçalo & Évora (2004), abordando a produção científica sobre a aplicação da informática em enfermagem no Brasil, observando que dentre os 89 autores identificados nos 31 artigos analisados, na sua maioria (44,9%) eram docentes de universidades, 21,3% atuavam na docência e na prática assistencial, 15,7% eram enfermeiros e 5,6% alunos de graduação em enfermagem. Este estudo constatou que 2002 foi o ano com um maior número de publicações (16,0%).