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Informações retiradas da Instrução de Serviço IEF nº01/2015 sobre anuência para o controle populacional de Javalis em Unidades de Conservação Estaduais em Minas Gerais:
A invasão de espécies exóticas é a segunda principal causa da perda de biodiversidade do mundo, podendo causar impactos sobre economia, saúde pública e sobre os valores culturais de uma região (PIMENTEL et al., 2005; VASQUEZ, 2002; ZILLER; ZALVA, 2007). O Javali, introduzido em diversas regiões do mundo, é considerado uma das piores espécies exóticas invasoras devido ao tamanho dos danos que é capaz de causar nas áreas de sua ocorrência, atacando pessoas, plantações, animais e contribuindo para a disseminação de doenças entre rebanhos.
No início do século XX, javalis (Sus scrofa) foram introduzidos na Argentina com o propósito de servir como caça esportiva. Alguns javalis escaparam e se espalharam pelo norte da Argentina, Uruguai e Sul do Brasil. Desde então, tem-se observado a ampliação de sua distribuição geográfica, seja pelo avanço desses animais vindos do sul do país, seja por novos focos de dispersão associados a fugas ou solturas ilegais realizadas por criadouros em vários estados brasileiros (MIRANDA E LUI, 2003).
Os javalis (Sus scrofa scrofa) são mamíferos silvestres pertencentes à ordem Artiodactyla, da família Suidae, originalmente encontrada no continente asiático, europeu e africano (MIRANDA E LUI, 2003; MUNDIM et al., 2004).
As populações de javalis que vivem no Brasil, em sua maioria, são formadas por híbridos, resultados do cruzamento com porcos domésticos. Esses animais mantêm a agressividade dos animais selvagens, mas, por causa do porco doméstico, podem ter um maior número de filhotes e pesar até 250 kg. Em um estudo realizado entre 2002 a 2006, observou-se um crescimento real da população de javalis de aproximadamente 2000%.
A falta de predadores naturais devido ao porte e agressividade desses animais, associada à habilidade de sobreviver nos mais diversos habitats aliados a hábitos alimentares onívoros e generalistas são as principais razões da manutenção desta espécie nos locais onde foram introduzidos (DITCHKOFF; MAYER, 2009).
Além disso, os javalis são potenciais reservatórios de organismos patogênicos e podem atuar como ameaça a suínos domésticos e outras espécies de animais (MUNDIM et al., 2004) e transmitir raiva, leptospirose, febre aftosa , cisticercose, doença de Aujesky, brucelose, doença dos cascos, entre outras (DEBERT; SCHERER, 2007). Há também possibilidade de competição com pecarídeos nativos, como cateto (Tayassu tajacu) e queixada (T. pecari), uma vez que possui várias vantagens sobre essas espécies.
A presença do javali e de seus híbridos podem causar também graves danos ao meio ambiente, entre os principais podem ser citados a dispersão de plantas daninhas e alterações dos processos ecológicos, extinguindo espécies silvestres e impedindo a regeneração de florestas. Outros impactos são descritos na literatura como desencadeamento de processos erosivos, alterações nas características físicas e químicas do solo e redução da cobertura herbácea, distúrbio no banco de sementes, destruição de mudas de árvores nativas, predação de ovos em ninhos de aves, entre outros. Tais características levaram a União Internacional para a Conservação (IUCN) a classificá-lo como umas das 100 piores espécies exóticas invasoras do mundo (LOWE et al., 2000).
Referência bibliográficas:
REFERÊNCIAS NORMATIVAS:
SAIBA MAIS: http://www.ibama.gov.br/especies-exoticas-invasoras/javali