Onde guardo os meus olhos
Durante os anos de 2010 e 2017 experimentei uma produção artística vigorosa que culminou em um fotolivro "Biblioteca Íntima" um grande ensaio fotográfico onde pude reunir minhas questões sobre as emoções e nossos movimentos internos. Me utilizando de analogias olhei para a vida e para a fotografia, aproximando as ideias de como as emoções nos afetam, assim como uma interferência fotográfica também impacta o corpo fotográfico.
Olhar para as emoções implicou em olhar para a sombra o que me fez pensar sobre as câmaras escuras, lugar de silêncio e escuridão, mas também de uma memória óptica, cuja poeira tem potência de rastro, movimentos e emoções daqueles que experimentaram a cena desejada e impulsionaram o botão disparador congelando aquilo que alguns chamam de memória.
Concluir um ciclo sempre me leva à contemplação e à meditação.
"O que foi e o que poderá vir a ser".
Dessa presença escuto minha coleção de câmeras fotográficas antigas, utensílios de laboratório fotográfico guardados por anos, papéis fotográficos vencidos, recortes, testes de impressão, objetos e tudo mais sobre fotografia, vestígios de uma paixão, do olhar operário e construtor de imagens.
A partir destes objetos mergulho na História da Fotografia, nos desejos e ciclos de tantos fotógrafos. Retorno ao âmago da minha Fotografia, como uma fotógrafa amadora, com olhar lúdico e apaixonado, desconstruindo minhas próprias imagens, reunindo memórias experimentadas, transcendendo em direção à minha poeira cósmica.
Sheila Oliveira SP
Parte das obras foram produzidas a partir de apropriações de cromos e ampliações P&B dos acervos do ACHO - Arquivo Coleção de Histórias Ordinárias e da artista visual Vane Barini.
A Exposição
Onde Guardo os Meus Olhos é uma exposição processual. Posso chama-la assim? Acredito que sim, pois acredito que todas são, ainda que não mantenham o interesse em ser.
Os processos, as ações, os verbos, as afetações, aí estão os meus interesses! O que é vivo, virtual, que não se pode segurar entre os dedos. É vivo, impermanente!
Os textos do livro "Existências Mínimas" de David Lapoujade, um filósofo e professor da Universidade de Sorbonne, são pontos de partida para este pensamento e produção poética.
Sheila Oliveira SP
É artista visual e fotógrafa especializada em alimentos. Estudou Biblioteconomia e fez pós em Arteterapia Junguiana. Ama a pesquisa e se inspira no poder das imagens desenvolvendo uma poética que investiga a potência e possíveis desdobramentos dos afetos, sempre criando analogias entre nossa existência e a existência das imagens. Participa de diversas exposições coletivas e individuais desde 1996. Entre os principais prêmios está o Prêmio Mundie de Fotografia em 2018. Tem seu trabalho em Museus e coleções particulares.
Saiba mais acessando o meu site autoral em www.sheilaoliveira.com.br .
Ficha Técnica:
Organização: Casa de Eva
Expografia: Sheila Oliveira
Montagem da exposição Alexandre Silveira
Videomakers: Caio Gomes, Hélio Carvalho e Sheila Oliveira
Edição de vídeo e montagem do site da exposição: Sheila Oliveira
Trilha do vídeo: Caio Gomes
Agradecimentos:
Eder Chiodetto, Fabiana Bruno, Elaine Pessoa e Ateliê Fotô;
Estefania Gavina e Arquivo ACHO;
Vane Barini e Jailson Felicio Sanchez ( In Memorian );
Kamori Mori do Estúdio Kamori;
Severo Stand 76 ( Antiquário do Severo )
Colegas e companheiros de estudo de fotografia do Ateliê Fotô e do Ateliê CASA Campinas;
Ana Angélica Costa e família, Mariana Vilela e toda a equipe Casa de Eva;
Caio Gomes, Edu Gomes, Elza Carvalho e família;
E à Fotografia por toda luz que ilumina o meu ser.
Parte das obras foram produzidas a partir de apropriações de cromos e ampliações P&B dos acervos do ACHO - Arquivo Coleção de Histórias Ordinárias e da artista visual Vane Barini.