LABORATÓRIO DE DOCUMENTAÇÃO, DIGITALIZAÇÃO E PESQUISA HISTÓRICA DA UESPI - PARNAÍBA (LADDIPH)
O Laboratório de Documentação, Digitalização e Pesquisa Histórica da UESPI - Parnaíba (LADDIPH) está localizado na Sala A-201 e foi instituído por meio do projeto intitulado Resgates do passado para projetos estratégicos de futuro: humanidades digitais, acervos virtuais e produção de material de apoio pedagógico para o ensino de História no Piauí, contemplado no Edital PROP/UESPI nº 15/2023 de Incentivo à Inovação e à Pesquisa Científica e Tecnológica (UESPI-TECH), contando já com acervo próprio, seus primeiros equipamentos de digitalização, articulação com o Repositório Digital da UESPI e estrutura física estabelecida.
GRUPOS DE PESQUISA CADASTRADOS NO CNPq
LABORATÓRIO DE PESQUISA EM POLÍTICA, HISTÓRIA, IDENTIDADES, CULTURA E CONTEMPORANEIDADE (LAPHIC)
NÚCLEO DE PESQUISA E ESTUDOS EM CIDADE, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO (NUPECIMP)
GRUPO DE PESQUISA EM HISTÓRIA, CULTURA E GÊNERO (GRUPEHCGE)
PESQUISAS DESENVOLVIDAS POR DOCENTES
Analisamos os discursos direcionados às mulheres, os espaços conquistados historicamente por elas, pensando sobre sua formação educacional que permitiu o acesso ao mundo da formação propedêutica e do trabalho. Buscamos compreender o processo de inculcação e reprodução de valores socioculturais, que integram contextos sociais específicos e, como, apesar disso, percebe-se histórias que subvertem os ditames que objetivam o controle de suas condutas e corpos. Entendemos ser de fundamental importância para o conhecimento histórico, buscar referências sobre as instituições de formação educacional, carreadas por diversos discursos, entendidas para além do escopo escolar, que integram o processo de formação das mulheres na sua busca por sobrevivência, possibilitando problematizações, conferindo visibilidade às mulheres e desnaturalizando constantes e duráveis percepções cotidianas, em suas relações com o mundo do trabalho.
Integrantes: Mary Angélica Costa Tourinho - Coordenador.
O presente projeto busca mapear produções bibliográficas, práticas pedagógicas e de pesquisa a partir do chão de escola. Este termo parte de uma expressão já tradicional, bastante utilizada por integrantes de movimentos da classe trabalhadora: chão de fábrica, local onde se encontra a linha de produção e as relações sociais mais densas no espaço fabril. na analogia para este trabalho, a expressão chão de escola reforça a necessidade de se pensar o ensino de história partindo dos contextos reais, complexos e densos da educação básica, sobretudo na rede pública de ensino, refutando teorias seja na história do trabalho ou no ensino de história que não se constituem em conexão com a prática. Desse modo, este projeto tem como objetivo central elaborar um panorama bibliográfico e das práticas de pesquisa que articulam ou possuem potencial de articulação entre história do trabalho e ensino de história no Brasil, a partir de consultas em catálogos editoriais, no Portal de Periódicos da CAPES, no portal educacional online EduCAPES, no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES e no site do Programa de Pós-graduação Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA).
Integrantes: Felipe Augusto dos Santos Ribeiro - Coordenador.
O projeto objetiva a análise do Almanaque da Parnaíba, impresso que circulou entre 1924 e 1980 no Piauí e em outras localidades brasileiras. Como todo periódico, o Almanaque imprimiu em suas páginas os valores, as visões de mundo e os projetos dos grupos sociais que defenderam em suas páginas as ideias e os projetos futuros para Parnaíba, em consonância com o que ocorria no restante do país e do mundo. A cidade de Parnaíba, a partir dos seus interesses próprios e de seus comerciantes, fez circular esse anuário de vida longa. O periódico surge em um momento comercial e financeiro importante da cidade, um ?empório comercial?-chave para o norte do Piauí, situando-se estrategicamente entre Maranhão e Ceará, com porto que escoava a cera de carnaúba para os Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Holanda e Reino Unido. A esse dinamismo, de fins do XIX, somou-se a estrada de ferro, que facilitava o comércio e a movimentação humana na região, a partir da década de 1910, período que também ensejou o nascimento da Associação Comercial de Parnaíba. Tendo em vista os motivos denotados, esse estudo espera contribuir na compreensão desse período de pujança comercial a partir de um dos periódicos mais longevos da história da cidade. Impresso esse que imprimia uma determinada ideia de cidade aos seus leitores, a partir dos interesses editorais específicos, guiados, na maior parte das vezes, pelos grupos que o financiavam. Estudá-lo é uma forma de restituir à cidade uma parte de sua história e suas linhas de disputa. A proposta também inclui o desenvolvimento, nos resultados finais, de um material físico e/ou virtual sobre a História de Parnaíba para o Ensino Básico.
Integrantes: Danilo Alves Bezerra - Coordenador / Julimar Mello - Integrante / Lorrana Sousa - Integrante / Aryson de Pinho Silva - Integrante / Vitor da Cruz Lima - Integrante.
A proposta da pesquisa é analisar o processo de formação da cidade de Parnaíba e como se deu sua inclusão como Patrimônio Histórico Nacional pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Nesse sentido, será perscrutado diferentes fontes (jornais, revistas, textos literários, relatórios e mensagens de governo, etc.) que podem ser encontrados nos acervos de instituições públicas e privadas como o Arquivo Público do Piauí (Casa Anísio Brito), o Instituto Histórico e Artístico Nacional (IPHAN-Regional Piauí), em Teresina-PI, o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba, Academia Parnaibana de Letras, dentre outras. A cidade tornou-se tema bastante estudado por pesquisadores de diversas áreas, sendo um lugar onde se percebe contradições, sensibilidades, emoções, sentimentos, imagens e discursos. Nesse sentido, a pesquisa visa analisar a cidade no campo historiográfico, contemplando os principais estudos produzidos sobre esse tema no Brasil e suas interlocuções com outros campos disciplinares. Além disso, busca-se discutir os aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos, que influenciou no desenvolvimento do espaço urbano da cidade de Parnaíba.
Integrantes: Lêda Rodrigues Vieira - Coordenador / Irma Cristina Diniz de Assunção - Integrante.
Pretendemos em nossa pesquisa verticalizar a discussão sobre a relação entre a masculinidade, a liderança e a autoridade a partir da tese de Durval Muniz de Albuquerque Jr. quando afirma que as noções de nordeste e de nordestino (cabra macho) são construções historicamente localizadas e politicamente demandadas, permitindo assim levarmos em consideração a relação que se estabelece entre regionalidade, gênero e política nas tramas históricas da primeira metade do século XX (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2003). É justamente nessa esteira que visamos problematizar o surgimento histórico de um heterogêneo conjunto de discursos que se interconectaram na formação de valores políticos sobre autoridade e liderança na primeira metade do século XX no nordeste brasileiro, especificamente no Piauí (no início de nossa pesquisa) podendo ampliar para os demais estados da região no decorrer de nossas investigações.Para compreender um fenômeno histórico tão complexo não nos seria possível analisar uma profusão tão heterogênea de fontes, discursos e metodologias de uma forma unívoca e monolítica, justamente por isso decidimos empreender três frentes de pesquisa para trabalhar articuladamente com cada um dos elementos elencados: 1) As escritas historiográficas e públicas sobre o heroísmo dos próceres regionais na conformação do estereótipo do político viril; 2) o discurso periodístico e propagandístico que veiculava diversas concepções de masculinidades socialmente ensejadas em oposição àquelas vistas como desajustadas ou malquistas pela elite daquele período; 3) o discurso político no emprego de valorações, retóricas e metáforas de masculinidade para sustentar concepções de poder mescladas às hierarquias de gênero. Como resultado e interconexão dessas três frentes de atuação pretendemos compreender a conformação de um dispositivo da masculinidade historicamente e contextualmente localizado.
Integrantes: Fernando Bagiotto Botton - Coordenador.
A pesquisa problematizará a realidade dos movimentos juvenis brasileiros, do movimento dos "caras pintadas", de 1992, às jornadas de junho de 2013, quando coletivos como o Movimento do Passe Livre (MPL) e os black blocs ditaram os ritmos das manifestações que acabaram reverberando por todo país. Essas manifestações foram comparadas àquilo que foi feito pelos "caras-pintadas", em 1992. Mas as semelhanças se justificam, talvez, mais pelo aspecto visual, por causa da grande quantidade de jovens nas ruas, e menos pelo conteúdo, e provavelmente não reistiriam a uma observação mais detalhada acerca das motivações e das práticas demonstradas em 2013. Nesses termos, esta pesquisa pretende analisar as transformações que ocorreram no âmbito dos movimentos juvenis no intervalo que vai de 1992 a 2013 para tentar compreender porque as jornadas de 2013 apresentaram uma singularidade que os "caras-pintadas" não conseguiram alcançar.
Integrantes: Idelmar Gomes Cavalcante Junior - Coordenador.
Os estudos teóricos e historiográficos acerca da história buscaram tradicionalmente manter certo hermetismo acadêmico uma vez que primava estabelecer os fundamentos epistemológicos da ciência histórica. Isso salutarmente criou uma especialização da área, porém seus conceitos pouco foram utilizados para abordar a questão do ensino de história, que muitas vezes teve que pegar de empréstimo conceitos da pedagogia dado que a teoria da história não lhe fornecia subsídios. Tal constatação não significa que esforços de aproximação não tenham sido realizado para travar tal aproximação, podemos encontrar na teoria da história alemã de Jörn Rüsen a expressão mais definida dessa aproximação quando o autor afirma que “A teoria da história possui uma função básica, fundamentadora, no campo da didática da história. Essa função é exercida, de modo usual, na formulação da pergunta ‘o que é história?’ e na resposta dela” (2015, p. 248). Nesse sentido podemos considerar o acerto de Rüsen quando afirma categoricamente que ambas as áreas do conhecimento histórico não são apenas irmãs, são praticamente a mesma área e compartilham a mesma epistemologia. Nesse sentido, recupera-se o ensino de história para uma base teórica proveniente da própria historiografia, o objetivo é alcançar uma “história viva” (RÜSEN, 2010) que se interesse por continuidades e conexões temporais partindo de interesses do presente no passado e lançando projeção de futuros possíveis (KOSELLECK, 2006), com isso amplia-se a perspectiva narrativa da história e o uso de métodos historiográficos aplicados em sala de aula (fontes e teoria). Por outro lado, a teoria de Jörn Rüsen pouco nos fala sobre realidades do eixo sul do país, sua ênfase indiscriminada nas noções de “razão” e “consciência” carimba o passaporte de uma teoria absolutamente eurocêntrica e eurocentrada, que senta suas bases filosóficas, onto-epistemológicas na experiência iluminista setecentista, da qual autores germânicos como Immanuel Kant (1997) lançam as bases de uma cosmologia da “razão”. Da mesma forma sua teoria também se ancora no idealismo alemão hegeliano e também historicismo do século XIX, com destaque especial ao historiador Johann Gustav Droysen que lança as bases da Historik (1977); (2009) enquanto um método científico de compreensão da história, conceito apropriado em sua integridade por Rüsen. Nesse sentido consideramos que a “matriz disciplinar” (2001) apresentada pelo autor é absolutamente disciplinadora, ou seja, inibe muito da criatividade metodológica do professor-pesquisador ou mesmo do experimentalismo em sala de aula em nome de uma constituição teórica pré-formulada e enlatada nos padrões europeus a serem exportados como luz do conhecimento a inspirar as mentes daquelas culturas bárbaras ou pelo menos atrasadas do restante do planeta que ainda não ascenderam ao grau de civilização, razão e consciência europeus. Portanto, trata-se de uma teoria que apresenta grandes méritos por aproximar o campo da teoria com o da história, mas que absolutamente deve ser apropriada com cautela por pesquisadores não-europeus que correm o risco de simplesmente realizarem “transferências culturais” (RODRIGUES, 2010) descontextualizadas com relação às demandas políticas, culturais e sociais de países periféricos à ordem econômico-militar tal como aquela dominada pelo eixo norte mundial. Portanto, consideramos que as medições de níveis de consciência histórica e o engessamento teórico proposto por matrizes disciplinares constituem uma teoria e, consequentemente, um ensino de história assaz disciplinado. Considerando tal perspectiva o presente projeto visa demandar um ensino de história que seja indisciplinado (ÁVILA, 2018) e interdisciplinado, centrado epistemologicamente em realidades e experiências de países economicamente, socialmente e culturalmente distintos da Alemanha ou demais países europeus. Além disso questionamos também a perspectiva disciplinadora desses saberes atentado para um ensino de história democrático, plural e de respeito às diferenças e transversalidades. Para isso consideramos que tal teoria deve ser epistemologicamente e pedagogicamente anárquica, no sentido de garantir maleabilidade para o maior número de práticas e possibilidades de adaptações regionais e contextuais para o professor-pesquisador. Também almejamos que o conceito de cientificidade não se funde em ingênuas propostas de objetividade ou desmesurado rigor acadêmico, não apenas por tratar-se de uma ciência humana, mas também pelo fato de que os novos conceitos científicos demandam cada vez mais autocríticas e exposição de suas limitações. Apenas assim poderíamos alcançar algum tipo de cientificidade histórica, sem a ilusão de alcançar-se janelas para o passado ou conexões simbólicas inquestionáveis entre distintos contextos. Evidentemente isso não abre nenhum tipo de brecha ao negacionismo histórico ou ao relativismo absoluto, pelo contrário, compreender a epistemologia da história de maneira indisciplinada significa admitir que a história se constitui de maneira plural, por distintos pontos de vista não necessariamente eurocêntricos e advindos de uma via puramente racionalizadora, evitando aquilo que Chimamanda Ngozi Adichie chama de “o perigo de uma história única” (2019). Não se trata da constituição de uma diretriz única de ensino de história a ser seguida, não pretendemos formar outras matrizes disciplinares, mas constituir campos de liberdade para que práticas sejam constituídas a partir da bricolagem (CERTEAU, 1994) de percepções e ações do professor-pesquisador em seu contexto de sala de aula. Com isso realizamos um convite ao professor de história à experimentação didática e pedagógica, apropriando-se de epistemologias locais, regionais e potencialmente críticas às narrativas unificantes dos discursos colonialistas e eurocêntricos. Pretendemos alinhavar e constituir experiências e práticas de pluralidade em ensino de história, privilegiando a diferença e a alteridade para além da identidade enquanto princípio norteador de uma cisão nós-eles. Para isso nos apropriaremos da epistemologia das leituras pós-coloniais e de-coloniais críticas às cosmologias eurocentradas, binárias, antidemocráticas e discriminatórias. Apostaremos na possibilidade de constituir um ensino de história que se baseie em princípios ético-políticos cosmopolatinos, neologismo utilizado por Deborah Hernandez (2010) compreende como uma expressão de ideias latino-americanas com uma perspectiva de reflexão dentro de uma esfera global, muito semelhante àquilo que Achille Mbembe chama de afropolitanismo (2020), ao referir-se sobre essa questão no continente africano. Também procuraremos levantar referências ameríndias para a compreensão de uma antropologia passível de ser inserida no ensino de história. Trata-se de privilegiar reflexões acerca de experiências e diálogos travados entre os países e culturas do eixo sul do mundo, que possuem cosmologias e epistemologias muito distintas daquela razão pura da qual Immanuel Kant apregoava ainda no século XVIII (1997). É evidente que com isso não excluiremos a filosofia e as contribuições europeias do escopo de reflexão, pelo contrário, tais reflexões servirão como inspirações e pontos de partida, mas nunca sem antes passar por um processo antropofágico tal como inventado pelos modernistas de 192. Ou seja, traçaremos teorias europofágicas em que as filosofias do velho continente serão deliberadamente consumidas, digeridas, apropriadas, reinterpretadas e empregadas de forma a responder às demandas e problemas locais do ensino de história e sua possibilidade de reflexão historiográfica. Essa inserção apropriada permite que possamos repensar o ensino de história e sua epistemologia por outros pontos de vista e outras leituras para além daquelas eurocentradas, presentes quase que hegemonicamente no interior das discussões sobre ensino de história em nossa contemporaneidade.
Integrantes: Fernando Bagiotto Botton - Coordenador.
Com a pesquisa quero problematizar a "contracultura" a partir do seguinte questionamento: seria possível criar um novo conceito que pudesse ser útil para os estudos sobre os movimentos juvenis? Meu objetivo é identificar um conjunto de práticas juvenis que possam se contrapor não apenas à nulificação imposta pela sociedade disciplinar, tal como pensada por Michel Foucault, mas também aos excessos da contracultura e a uma certa disciplina autoritária da militância de esquerda. A esse conjunto de práticas, darei o nome de Contranulificação.
Integrantes: Idelmar Gomes Cavalcante Junior - Coordenador.
O presente projeto de pesquisa sobre experiências do trabalho têxtil no Nordeste brasileiro, discutirá, em nível teórico e prático, a produção de conhecimentos sobre fábricas e trabalhadores de fiação e tecelagem de algodão, buscando traçar conexões entre diversos polos industriais têxteis, em particular os localizados na região Nordeste. A proposta visa introduzir noções e princípios técnicos para a gestão documental e bibliográfica, a constituição de acervos históricos sobre o tema, especialmente em formato digital, além de promover a transposição didático-pedagógica dos conteúdos compilados ao longo da pesquisa, seja para o campo acadêmico especificamente ou para um público mais amplo, sobretudo via ambientes escolares do Ensino Básico. No âmbito do processo de produção do conhecimento por meio da dimensão investigativa, propomos um projeto de pesquisa diretamente ligado às peculiaridades e potencialidades da região em que atua a Universidade do Estado do Piauí (UESPI), enfocando o papel da Educação Superior como vetor relevante de desenvolvimento estadual e regional, voltada para a busca de soluções dos seus problemas. Esta investigação busca privilegiar análises sobre os reflexos da industrialização no Nordeste nos séculos XIX e XX, os fluxos migratórios dela decorrentes e discutir teorias de modernização que buscam interpretar o país e ainda mantém forte eco nos debates nacionais – lamentavelmente atribuindo visões negativas sobre as regiões Norte e Nordeste em detrimento das demais. Nesse ínterim, destacam-se as atividades da indústria têxtil, da agricultura do algodão, do transporte, do comércio e também as sociabilidades entre seus trabalhadores. Sob esta perspectiva, bem como ancorado à nossa experiência como historiador, apresentamos um projeto que busca articular pesquisa, ensino e extensão, voltado para o estudo de experiências no trabalho têxtil, englobando toda região Nordeste; a organização de acervos documentais/bibliográficos; e a elaboração de materiais didáticos para o Ensino Básico. Em nossa trajetória de pesquisas, da graduação ao doutoramento, encontramos relevantes estudos acadêmicos desenvolvidos sobre trabalhadora(e)s têxteis no Brasil, analisando variadas regiões e estabelecimentos fabris. Entretanto, observamos a ausência de diálogo efetivo entre esse(a)s pesquisadore(a)s, por razões diversas. Na ocasião, buscamos estabelecer uma rede informal de estudiosos sobre o tema, a partir de contatos mais frequentes e participações coletivas em congressos. Mais recentemente, por meio de nosso projeto de pós-doutorado, essas relações têm sido bastante reforçadas, pois acreditamos que, a partir do levantamento e cotejamento dessas produções sobre os têxteis, daremos um passo importante em prol de uma interlocução maior de pesquisas relacionadas à história do trabalho no Brasil e, até mesmo, de abordagens mais amplas. Desse modo, o projeto apresentado tem por objetivo investigar experiências de fábricas e trabalhadores têxteis nos estados da região Nordeste, buscando também traçar conexões com outros estados e/ou regiões do país que configuram (ou se configuraram) como polos industriais na produção de tecidos. Por sinal, vale ressaltar que grande parte dos estudos mais recentes sobre têxteis tem privilegiado a análise de grupos de trabalhadores localizados fora dos chamados grandes centros industriais do país. Nesse sentido, destacamos a relevância das pesquisas de pós-graduação que estão sendo realizadas sobre trabalho têxteis nos estados de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Ceará e Paraíba, em grande medida como reflexo da expansão e interiorização do ensino universitário nos últimos anos. No Piauí, em particular, carecem pesquisas mais densas sobre as unidades fabris têxteis que funcionavam no estado, como a Companhia de Fiação e Tecidos Piauyhense, por exemplo, cujo projeto busca estimular. Acreditamos que este projeto possibilitará diálogos com diversas atividades desenvolvidas pelos cursos de graduação e pós-graduação da UESPI, através dos seus grupos de pesquisa, bem como dos programas iniciação científica, distribuídos em sua estrutura multicampi. De imediato, vislumbramos articulações profícuas com os cursos de Ciências Sociais, Pedagogia, Ciências da Computação e Letras, podendo se estender a outras áreas. Particularmente no Campus de Parnaíba, a articulação com o curso de Pedagogia será fundamental, sobretudo por configurar como objetivo essencial em nosso projeto a transposição didático-pedagógica dos conteúdos compilados ao longo da pesquisa, visando o aprofundamento das relações entre a graduação, a formação de professores e o Ensino Básico. Neste sentido, consideramos importante estimular a comunidade acadêmica em produzir, juntamente aos professores dos ensinos Fundamental e Médio, materiais didáticos que atendam aos conteúdos de história local e regional, que apesar de previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) ainda carecem de instrumentos pedagógicos específicos para o processo ensino-aprendizagem. O projeto justifica-se por estar bastante interessado no desenvolvimento estadual e regional, particularmente pela destacada tradição do Nordeste brasileiro na produção de algodão e tecidos, por vezes articulada ao transporte ferroviário, ramos econômicos diretamente ligados e complementares, bem como todo o patrimônio decorrente dessas atividades, aliado ao seu potencial turístico, ecológico e histórico. Neste sentido, apresentamos um projeto que visa articular pesquisa, ensino e extensão, em diálogo com diversas instituições regionais, contribuindo para a inserção da universidade junto à sociedade.
Integrantes: Felipe Augusto dos Santos Ribeiro - Coordenador.
A proposta do presente projeto é analisar os impactos da Segunda Guerra Mundial sobre o operariado brasileiro, focalizando fundamentalmente em três dimensões. A primeira delas diz respeito às mudanças geradas pela guerra na articulação entre relações de classe e relações interétnicas. A segunda aborda as transformações geradas pela evolução da inserção brasileira no conflito internacional para a atuação das correntes políticas que disputavam a adesão do crescente contingente de trabalhadores urbanos do país. Já a terceira está voltada à análise do imbricamento entre os conflitos que perpassam a cúpula do Estado Novo no processo que leva à entrada do Brasil na Guerra ao lado dos Aliados (Seitenfus 1985, 2000) e a adoção de uma política mais pró-ativa de incorporação do operariado à cidadania. Busco oferecer uma contribuição ao debate historiográfico sobre os processos transnacionais como elementos constitutivos das relações sociais e políticas nos níveis nacional e local (Lucassen and International Institute of Social History. 2008), com forte impacto nas transformações das identidades coletivas de trabalhadores e de sua relação com o Estado e a política (Heerma van Voss and Linden 2002; Linden 2002) A redefinição do caráter do Estado brasileiro e de sua relação com o trabalhador nacional é vista aqui como parte do processo de emergência de projetos de desenvolvimento nacional de base industrializante na periferia do sistema capitalista impulsionado pela conflagração global que redefinia a face do planeta (Arrighi 1994; Wallerstein 2004). No Brasil, esse processo assumiu a forma da ?barganha nacionalista? que deu a Vargas condições para impulsionar o projeto de industrialização do país como contrapartida pelo apoio aos Aliados (Vizentini 2003). Desse modo, a marcada inflexão da relação do regime varguista com os trabalhadores, já identificada em trabalhos de diversos autores (French 1995; Gomes 1988; Paoli, 1987), é revista na nossa pesquisa à luz do diálogo com outros campos historiográficos, tais como a história econômica, a história das relações internacionais e a história militar. Ao mesmo tempo, essa abordagem possibilita a análise do caso brasileiro como um exemplo dentre muitos, fartamente estudados na bibliografia internacional, em que experiências de guerra total, em geral, e a Segunda Guerra Mundial, em particular, geraram alterações decisivas na regulação das relações de trabalho, nas concepções de direitos sociais e na participação política dos trabalhadores (Skocpol 1992; Pavilack 2011; Lichtenstein 2000; Lichtenstein 2003; Lichtenstein e Arnesen 2006; Hobsbawm 1996; Eley 1995; Alexander 1997). Trata-se, portanto, de repensar a emergência do trabalhismo brasileiro tanto como expressão local de um processo global de transformação quanto na sua especificidade nacional irredutível.
Integrantes: Felipe Augusto dos Santos Ribeiro - Integrante / Alexandre Fortes - Coordenador.
O negacionismo em História não é um fato recente, no Brasil por exemplo, é uma realidade desde à década de 70 e, no entanto, tem ganho força nos últimos anos. Afirmações de que não houveram o holocausto na Segunda Grande Guerra, uma ditadura militar no Brasil, um genocídio dos povos autóctones e que os negros não foram escravizados são cada vez mais comuns. O negacionismo histórico tem se fortalecido nos últimos tempos impulsionado pelas redes sociais, por declarações de personalidades e políticos de carreira. O tema, que era pouco estudado, tem preocupado especialistas pelo risco iminente de chegar às escolas. O presente projeto investiga os negacionismos em História e como isso ameaça a educação Escolar.
Integrantes: Makchwell Coimbra Narcizo - Coordenador / Eduardo José Reinato - Integrante.
Esta pesquisa de longa duração busca compreender a presença e produção sensível e material da memória e/em sua relação com a história e a historiografia. Visa problematizar teórica e historicamente o exercício e práticas da memória e, também, de sua contrapartida, o esquecimento. Interrogar as múltiplas políticas de memória e política do esquecimento formativas das sensibilidades [com especial atenção, à modernidade e contemporaneidade]. Parte da hipótese que aos atos e práticas de memória correspondem, inelutavelmente, atos e práticas de esquecimento. Ou seja: memória e esquecimento parecem partilhar uma única linguagem [constituída de imagens, de configurações imagéticas], onde se entrecruzam razão, sensibilidade, afetividade; linguagem esta que não se acomoda, e muito menos se reduz, sob vários aspectos, às operações historiográficas e às metodologias e teorias que as regem. O esquecimento, assim como a memória, não é absoluto nem em si carregado de negatividade, mas se condensa e se expressa em imagens e formas culturais de grande plasticidade, que tecem vínculos estreitos com a imaginação e afetos sócio-políticos. Há uma gestão política da memória, assim como há uma gestão, ao mesmo tempo racional e afetiva (em grande parte inconsciente), do esquecimento. Interessa, nesse sentido, atentar para o papel das representações sócio-políticas e dos sentimentos morais e das paixões atuantes nas socializações e na gestão política, na estruturação das relações de poder, em vários momentos históricos. Compreender a dimensão afetiva e sensível aqui em jogo e como ela se exprime na vida política e cultural, sua linguagem, sua presença em configurações históricas precisas que participam da reprodução da vida social, da construção dos sentimentos identitários e dos processos de subjetivação coletiva. Procurar pensar igualmente as distinções, e aproximações, entre as linguagens da memória e as variadas historiografias da memória. Procurar pensar teórica e criticamente os desafios levantados pela historiografia oral. Memória e historiografia anarquista. Compreende estudos que pensem as relações entre as narrativas historiográficas e literárias.
Integrantes: Makchwell Coimbra Narcizo - Integrante / Jacy Alves de Seixas - Coordenador / Gustavo Henrique Ferreira - Integrante / Juliane Emiliano - Integrante / Gilberto Noronha - Integrante / Claudia Tolentino Gonçalves - Integrante / Ângela Pereira da Silva Oliveira - Integrante / Aline Ludmila de Jesus - Integrante / Fabrício Monteiro - Integrante / Luana Marques Fidêncio - Integrante / Suelen Caldas de Souza Simião - Integrante.
O presente projeto objetiva à descrição do Fundo Alice Piffer Canabrava custodiado pelo Arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. Além de disponibilizar o fundo para consulta de pesquisadores e interessados em bens culturais em geral, pretendemos também comparar as trajetórias intelectuais e a produção historiográfica de duas mulheres pioneiras em história econômica quantitativa: a historiadora econômica brasileira Alice Piffer Canabrava (1911-2003) e a historiadora econômica estadunidense Alice Hanson Jones (1902-1986). Com tal procedimento, objetivamos analisar o estabelecimento do campo de estudos em história quantitativa no Brasil e EUA, suas diferenças e afinidades metodológicas e como questões de gênero impactaram a produção de ambas as historiadoras.
Integrantes: Otávio Erbereli Júnior - Coordenador.
Levando em consideração a indissociabilidade entre a produção do conhecimento histórico com a prática do ensino de história, nosso projeto busca refletir sobre tais questões a partir do suporte das reflexões críticas acerca da modernidade. Partindo da noção benjaminiana e foucaultiana de "crítica" como um substrato do pensamento moderno, pretendemos realizar "dobras" nessa tradição justamente ao utilizar os arsenais críticos da própria modernidade fornecidos tanto pelos clássicos (Freud, Nietzsche, Marx etc.) quanto por seus leitores (Guattari, Foucault, Negri, Arendt etc.) para realizar procedimentos analíticos de questionamento ao legado universalizante, segregacionista, etnocêntrico, eurocêntrico, misógino, racista, sexista e especista proveniente do pensamento e das experiências da modernidade. Tais críticas serão empregadas para refletir na produção do conhecimento histórico e no ensino de história em suas linguagens e práticas específicas. Nessa proposta abrangente e plural pretendemos integrar elementos do pensamento feminista, pós-colonial e pós-estruturalista com bases teóricas e práticas fundamentais para o ensino de história. Buscamos assim uma produção e difusão de conhecimentos históricos sob perspectivas e linguagens que fortaleçam o pluralismo pedagógico e a responsabilidade ético-política do professor-historiador-pesquisador.
Integrantes: Fernando Bagiotto Botton - Coordenador.