Os usuários do laboratório de microbiologia devem obedecer a uma série de normas que visam eliminar ou minimizar os riscos de contaminação, não só das amostras a serem analisadas bem como dos manipuladores, visto que, sempre existe a possibilidade de se estar trabalhando com material contaminado por patógenos. A observação destas normas visa também assegurar a exatidão dos resultados das análises efetuadas.
Já vimos muito destas normas, ou boas práticas laboratoriais (BPLs), na disciplina de Introdução a Biotecnologia, caso precise relembrar este conteúdo, clique no link abaixo:
Muitas das BPLs estão relacionadas com a minimização ou eliminação dos microrganismos não desejáveis; sendo de extrema importância as técnicas de controle microbiano no laboratório de microbiologia.
Apesar de já termos visto em introdução à Biotecnologia, vale a pena relembrar os principais métodos físicos e químicos de esterilização e desinfecção, para isto, assista aos vídeos abaixo:
O álcool é um produto hidratado, porém tem um poder de evaporação muito rápido. O poder bactericida pode ser melhorado se aumentarmos seu tempo de contato com as superfícies. O álcool a 93,8% tem um maior poder de volatilização, portanto para melhor ação bactericida devemos diluir o álcool a 70%.
Todos os materiais para uso em análises microbiológicas devem ser preparados de forma a garantir que estes se encontrem totalmente limpos, estéreis e isentos de resíduos químicos e orgânicos no momento das análises.
As etapas de preparo desse material incluem a descontaminação, descarte de resíduos contaminados, lavagem, acondicionamento e esterilização.
A esterilização de vidrarias deve ser feita, preferencialmente, em estufa, porque ao final da esterilização o material encontra-se completamente seco. Quando realizado em autoclave, mais comum no laboratório, deve-se utilizar a estufa para realizar a secagem do material, após a esterilização.
Pipetas com capacidade menor que 1,0ml nunca devem ser esterilizadas em estufas, pois as altas temperaturas provocam alterações significativas nas medidas de volume.
Todo material resultante das análises microbiológicas é altamente contaminado, com milhares de vezes do número de células viáveis em comparação com as contagens, normalmente, encontradas nos alimentos. Esse material inclui meio de cultura onde foi obtido o crescimento microbiano. Toda vidraria e demais utensílios que tenham entrado em contato com os microrganismos, para a descontaminação deve ser submetido à esterilização em autoclave a 121°C por 30 minutos.
IMPORTANTE: antes se deve afrouxar as tampas de todos os frascos; retirar o papel filme que veda as placas de petri; deixar ponteiras e tubos (de vidro, falcon, microtubo) de molho com detergente para amolecer resíduos e facilitar a remoção, durante a etapa seguinte de lavagem.
Na lavagem de vidrarias e demais utensílios, os detergentes mais utilizados são os que contêm compostos alcalinos como silicatos, carbonatos ou fosfatos. Quando é necessária a aplicação de agentes mais fortes, no caso por exemplo, de pipetas que não permitam a introdução de escovas usa-se, frequentemente, solução sulfocrômica, constituída de ácido sulfúrico e dicromato de potássio e a solução alcoólica 1N de hidróxido de sódio. O enxofre desse material deve garantir a total eliminação de resíduos que podem interferir e prejudicar os resultados das análises.
O bom resultado analítico depende de todos os cuidados higiênicos no laboratório, com a amostra, a área física, os materiais de análises e com o laboratorista.
IMPORTANTE: Enxaguar muito bem os materiais, evitando resíduos de sabão, pois os mesmos podem influenciar em experimentos futuros. É comum após a lavagem passar água destilada nos materiais, garantindo sua máxima limpeza e retirada de resíduos. Deixe os materiais secarem por completo antes de guardar e usar, se necessário use a estufa de secagem.
Placas de petri – devem ser acondicionadas em estojos de alumínio ou aço inoxidável ou embrulhadas em papel Kraft em grupos de até 10 placas.
Pipetas – preencher o bocal com algodão e acondicionar em porta pipetas com as pontas viradas para baixo. Na extremidade oposta a da tampa é prudente proteger o fundo do estojo com gaze ou algodão. Pode-se também embrulhar individualmente em papel Kraft, identificando-se a extremidade que deve ser aberta no momento da análise.
Tubos de ensaio vazios – fechar com tampão de algodão ou com as respectivas tampas. Acondicionar em grupos, em cestas apropriadas, cobrir a parte superior dos tubos com papel Kraft e amarrar com barbante. Deve-se proceder da mesma forma com frascos de homogeneização e outros frascos vazios.
Espátulas, pinças, tesouras e demais utensílios – embrulhar individualmente com papel Kraft, identificando a extremidade do embrulho que deve ser aberta no momento da análise.
Na esterilização em estufa, o material deve permanecer a 170ºC/1h e na esterilização em autoclave a 121°C/15 minutos. Deve-se evitar trabalhar com a estufa ou autoclave muito cheias para facilitar transferência de calor.
Para alças bacteriológicas, pinças, tesouras, alça de Drigalski, etc é comum utilizar a flambagem como método de esterilização.