Taxonomia: A ciência da classificação dos seres vivos, com base em suas semelhanças e diferenças.
Estima-se que muitos microrganismos ainda não foram descobertos e classificados.
A ideia de que os microrganismos sejam prejudiciais às atividades humana é falsa. A maioria dos microrganismos, especialmente fungos, procariontes e algas é benéfica ao ser humano, aos animais domésticos e às plantas. Na verdade, esses seres vivos são indispensáveis para a manutenção da vida como um todo.
Como vimos nas aulas anteriores, por muito tempo a humanidade não sabia da existência dos microrganismos. Foi um longo caminho a ser percorrido desde a descoberta dos microrganismos, a aceitação da teoria do 'germe da doença' até o momento atual que considera a teoria holobionte.
À medida que novas descobertas eram feitas, os cientistas precisaram ajustar a forma como compreendiam o mundo e sistematizavam o conhecimento, e isso também teve impacto na classificação dos organismos vivos.
O interesse na classificação dos organismos vivos aumentou muito durante o século XVI, quando os cientistas pesquisavam a História Natural. No entanto, somente em 1735 Lineu, botânico sueco, propôs um sistema de classificação binomial que lançou a base do sistema de classificação como conhecemos hoje. No entanto, desde os tempos de Aristóteles que os seres vivos já eram agrupados em dois grupos: Animais e Plantas.
Em 1758, quando saiu a décima edição do Systema Naturae de Lineu, 5897 espécies de plantas e animas tinham sido catalogados e divididos em 2 reinos: Animalia e Plantae. E em 1857, Carl Von Nageli, propôs que as bactérias e os fungos fossem inseridos no reino das plantas.
Durante o século XIX a taxonomia se tornou um a profissão reconhecida, resultando em um rápido aumento no número de animais e plantas terrestres conhecidos.
Em 1866, Ernest Haeckel propôs um novo reino: Protista, para reunir as bactérias, protozoários, fungos e algas. Ou seja, os seres vivos microscópicos conhecidos até aquele momento.
No entanto, por mais de 100 anos os 'biólogos' da época continuaram a seguir a classificação proposta por Von Nageli, que reunia as bactérias e fungos no reino Plantae. As mudanças de visão da comunidade científica na época eram lentas.
Com o avanço da microscopia eletrônica os cientistas perceberam que existiam dois tipos de células: células com núcleo e células sem núcleo.
Esta nova descoberta levou Edward Chatton, em 1937, a introduzir o termo procarioto para designar as células sem núcleo. E em 1961, Roger Stanier apresentou a definição atual dos procariotos: "células nas quais o material nuclear não é envolto por uma membrana nuclear (carioteca)."
A descoberta e estudo das células procariontes levou Herbert Copeland, em 1956, a propor um novo reino na classificação dos microrganismos: Monera.
Assim, segundo a classificação proposta por Herbert:
Reino Monera: Seres procariotos
Reino Protista: Seres eucariotos unicelulares
Reino Plantae
Reino Animalia
No entanto, o sistema de 4 reinos proposto por Herbert ainda possuia alguns problemas que incomodava alguns biólogos: os fungos eram heterotróficos como os animais, mas apresentavam parede celular como as plantas. Alguns eram unicelulares como os procariotos e outros eram multicelulares como os animais e plantas. Como classificar os fungos?
Em 1969, Robert H. Whittaker, propôs um sistema de classificação em 5 reinos, passando os fungos a constituir um reino independente. O sistema inicial proposto por Whittaker continha algumas limitações e 10 anos mais tarde (1979) ele mesmo apresentou uma revisão do sistema, amplamente utilizado até hoje com atualizações.
Com os avanços da biologia molecular e as técnicas de sequenciamento, descobriu-se, por meio da comparação das sequências de nucleotídeos no RNA ribossômico (rRNA), que existem dois tipos de células procarióticas e um tipo de célula eucariótica.
Com base nesta nova descoberta, em 1978, Carl R. Woese propôs elevar os três tipos de células para um nível acima do reino, chamado domínio. Ficando os taxons organizados da seguinte maneira: Domínio - Reino - Filo ou Divisão - Classe - Ordem - Família - Gênero - Espécie.
Os três domínios propostos por Woese foram:
Archaea - Procariotos que não possuem peptideoglicano nas suas paredes celulares e que frequentemente vivem em ambientes extremos e realizam processos metabólicos incomuns, como halófilos extremos, hipertermófilos e metanogênicos.
Bacteria - Todos os procariotos não inclusos no domínio Archaea, sejam eles patogênicos, não patogênicos, fotoautotróficos ou quimioautotróficos.
Eukarya - Animais, plantas, fungos e protistas fazem parte deste domínio, uma vez que são eucariotos.
Os domínios são baseados nas diferenças celulares dos organismos vivos, como:
tipo de rRNA;
Estrutura lipídica da membrana;
Nas moléculas de RNA de transferência;
Na sensibilidade aos antibióticos.
Ao longo da história, outros cientistas propuseram outros sistemas de classificação, além dos comentados aqui nesta trilha de aprendizagem. A figura a seguir resume os principais sistemas ao longo da história e suas mudanças.
Atualmente, o sistema de 3 domínios e 5 reinos é o mais aceito e estudado.