Vizinhança

E. M. Gov. Franco Montoro é vista como agente de mudança pela vizinhança


Em 20 anos de história, a escola teve muitas evoluções e eventos marcantes, mas não só a escola evoluiu, a vizinhança também. As ruas foram asfaltadas com a chegada da escola, a segurança na região melhorou, o número de comércios aumentou. Hoje em dia, a infraestrutura da região melhorou bastante, com a construção de imóveis, mas ainda há muito a ser feito para tornar o bairro um lugar mais seguro e acolhedor.

A escola está localizada no bairro Maracanã, na Rua Paulino Borrelli, próximo ao centro geográfico de Praia Grande, cujo marco fica no Corpo de Bombeiros. Essa rua geralmente é congestionada em horários de pico, devido à presença de três escolas na mesma rua — além do Franco Montoro, há a Escola Estadual Balneário das Palmeiras e a Escola Municipal Sérgio Vieira de Mello — dificultando o trânsito do local. Há diversos comércios como padarias, mercados, farmácias, posto de gasolina, porém o bairro é predominantemente residencial. 

Essa vizinhança tem uma relação importante com a escola. O envolvimento entre os moradores do bairro e a escola é benéfico para todos. E ninguém melhor que os próprios moradores do bairro para falar dessa relação, e ainda contar sobre o cotidiano do bairro mesmo antes da chegada da escola. Por meio de entrevistas com os moradores, foi possível entender que a escola tem um papel fundamental na melhoria da infraestrutura do bairro, as ruas foram asfaltadas, surgiram alternativas de comércio e serviços na região, fizeram a rede de esgoto, a marginal e a melhoria da passarela. Moradores desde 20 e 30 anos trouxeram muitas informações desconhecidas, se manifestaram sobre problemas do bairro e até sugestões para melhoria. Os entrevistados falaram que não participam de uma associação de moradores , mas sim de um grupo do Whatsapp da vizinhança, o que os ajuda a manterem-se informados e conectados com o que acontece na região.

Entrevista com os vizinhos da escola

Os moradores relatam diferentes formas de vínculos com a escola: Marisa de Melo teve filha e neta estudando no Franco Montoro e fez questão de destacar que sua neta cursou todo o ensino fundamental no Franco e foi aprovada na ETEC em 4º lugar no curso de Marketing. Ela sempre esteve envolvida em muitos eventos da escola, até participou do Conselho de escola. Já a dona Ivete, teve o filho estudando na primeira turma, matrícula número 09, e hoje tem duas netas na escola. O senhor Reinaldo Anjos, que tem uma lavanderia na região, em parceria com seu cunhado deu aula de futebol,  no turno da noite, para os estudantes interessados. E se ofereceu para retomar essa atividade. Quem se comprometeu também foi Roseli, que é cantora e bailarina, a dar aulas de dança.

Sobre o período em que os moradores mais antigos chegaram no bairro, todos concordaram que a infraestrutura do bairro era precária. De acordo com a moradora Ivete, as ruas eram de terra e a avenida marginal ainda não existia, tampouco a rodovia. No espaço onde hoje estão as avenidas, havia apenas terrenos vazios, tomados pelo mato, como comentam no vídeo: 

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De modo geral, com o passar do tempo, o bairro Maracanã se desenvolveu bastante. Para dona Ivete “A escola trouxe benfeitorias para cá”. 

Um exemplo do desenvolvimento do bairro é o comércio de Vlademir, que, em 2010, juntou a vontade de ganhar dinheiro e a paixão pelas pipas, que tinha desde pequeno, e decidiu abrir na garagem de sua casa a loja Vó pipas. Em um único mês, Vlademir e sua equipe já chegaram a produzir 10.000 pipas, a loja atrai clientes de várias idades e até mesmo de cidades vizinhas, a procura pelas pipas aumenta durante os meses de férias (janeiro, julho, dezembro), Vlademir completa: “confeccionar pipas é uma arte e poder proporcionar diversão a outras pessoas me deixa feliz”.

O grupo concorda que é importante oferecer atividades para as crianças e jovens se ocuparem nas aulas vagas, quando estão fora da escola, assim como as aulas de capoeira que acontecem à noite na quadra da escola, e como já foi oferecida aula de zumba há algum tempo. 

Nesse ponto, o aluno Antony levantou a questão acerca dos planos para os terrenos desocupados que ficam em frente à escola. A moradora Adriana contou que já houve diversos planos para a ocupação desse terreno, como relatado na entrevista:

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Moradores falam sobre terrenos desocupados em frente à escola

O que nenhum dos presentes sabia é que a Prefeitura de Praia Grande já tinha planos para esses terrenos desde 2022, de acordo com a notícia sobre a iniciativa. Em 2023, a prefeitura começou a construir uma praça, a qual se chamará Praça da Liberdade Zumbi dos Palmares, em homenagem ao líder do Quilombo dos Palmares, o que enaltece e valoriza toda a importante história do povo negro ao longo dos anos. A planta da praça mostra que terá playground, skatepark, ringue de patinação, quadra de futebol, academia ao ar livre e anfiteatro. Dentro do anfiteatro ficará um monumento à Zumbi dos Palmares que representa a liberdade e a igualdade. E será estampado um grande painel com artes afrodescendentes. A praça será instalada entre a Rua Paulino Borelli, Rua Capitão Arnaldo Valente e Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, Bairro Maracanã, próximo à Escola Gov. Franco Montoro.

Terrenos antes da construção da praça

Obra da Praça Zumbi do Palmares


Futura praça


    Além da praça, pessoas que moram no bairro Maracanã e arredores ganharão em breve mais um espaço para atividades esportivas e de lazer. A Secretaria de Obras Públicas de Praia Grande iniciou a construção do futuro Parque de Lazer Maracanã. O complexo contará com pista de patinação, dog park, playground, equipamentos de ginástica para melhor idade, pista de caminhada e de corrida, além de muita área verde. O parque está sendo construído em um área de aproximadamente 5 mil metros na Rua Cesar Rodrigues Reis. A previsão é que as obras sejam concluídas ainda no primeiro semestre de 2024. De acordo com notícia publicada no site da Prefeitura de Praia Grande: "O equipamento deve valorizar ainda mais o bairro, imóveis e comércios, como explicou a prefeita de Praia Grande, Raquel Chini, 'o conceito do projeto é um espaço de convivência, lazer e diversão para pessoas de todas as idades e gostos.  Praia Grande segue um planejamento para o desenvolvimento de todas as regiões da Cidade, democratizando sempre o acesso ao esporte, cultura, lazer e diversão saudável da população'."

Os moradores entrevistados relataram a necessidade de mais segurança, iluminação, limpeza e manutenção das ruas e calçadas, além de mais espaços para lazer e cultura. Eles também deram sugestões de melhorias da escola e vizinhança. Em resumo, ouvir os vizinhos da escola, evidencia não só a importância da escola na vida dos moradores, como também é uma oportunidade para pensarmos em soluções em conjunto e promovermos um bairro mais bonito, seguro e feliz para todos.

Assaltos na região da escola

    O crescimento do bairro não trouxe só melhorias, trouxe também o aumento da taxa de criminalidade. Os residentes do bairro Balneário Maracanã têm vivenciado assaltos em plena luz do dia. Com base em relatos de moradores da vizinhança, as pessoas perderam a liberdade de sair com objetos de valor. De acordo com os moradores, os assaltos aumentaram bastante nos últimos anos, principalmente na temporada, entre dezembro e fevereiro. O aposentado Irineu, por exemplo, contou que em 1978, quando chegou na cidade os muros das casas eram baixos, com aproximadamente 1,30 de altura, janelas e portas eram simples, sem grades de segurança, as crianças brincavam pelas ruas, as pessoas se reuniam na frente de suas casas para conversar por várias horas. Mas hoje em dia, infelizmente, a maioria dos participantes da conversa relatou algum caso de assalto que foi vivenciado na região da escola.

      De acordo com a moradora Roseli Aparecida Santana, os assaltos aumentaram bastante nos últimos anos. Para ela, um dos motivos desse aumento é que cada vez mais a cidade está atraindo muitos visitantes, o que é ótimo, mas, principalmente em época de temporada, entre dezembro e fevereiro, atrai também pessoas mal intencionadas. Dona Roseli relatou que recentemente a escola tem começado a receber patrulhas policiais para reforçar a segurança da região. Nesse ponto, os moradores se mostraram muito prestativos em contribuir para a redução da criminalidade.    

       Diante dos inúmeros relatos, percebe-se que os roubos nessa região são alarmantes. Por isso, um grupo de estudantes do 8° ano C, resolveu pesquisar sobre esse tema em mídias da região, mas não encontrou tantos relatos e deduziu que talvez as vítimas não registrem boletim de ocorrência (B.O.). Resolveram então, confirmar com os estudantes da escola se já foram assaltados (ou alguém da família) na região da escola e levantar um número mais fiel à realidade. Para tanto, realizaram uma pesquisa com os estudantes. As etapas da pesquisa foram: 1) a observação das alunas sobre a ausência de denúncias de assalto na região da escola, 2) a problematização acerca do registro do boletim de ocorrência, 3) o experimento, que consistiu na elaboração do formulário Google de acordo com o questionamento das alunas sobre a divulgação dos roubos e na aplicação do formulário com estudantes da escola, 4) a análise dos resultados e  5) a conclusão da pesquisa.

      Para coletar os dados, usando um Chromebook, a turma elaborou um formulário coletivamente para ser respondido pelos alunos do Ensino Fundamental Anos Finais. Trata-se de um formulário anônimo, contendo sete perguntas. Logo após a elaboração do formulário, foi realizada uma aplicação teste com os próprios estudantes da turma 8º C. A partir desse teste, foi possível corrigir algumas perguntas.

Para a aplicação, um grupo com 3 a 5 estudantes, usando tablets e/ou celulares, visitaram as turmas da escola nos três turnos. Em cada turma, os alunos explicaram resumidamente o objetivo da pesquisa e levaram os aparelhos com os formulários às carteiras dos estudantes, solicitando o preenchimento do formulário. A pesquisa foi realizada com 380 estudantes, entre os dias 26/06 a 06/07, nos três turnos de funcionamento da escola.

 Quatro estudantes que já foram assaltados na região da escola falaram como aconteceu.

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Seguem os gráficos com respostas sobre o número de roubos.

Dos 380 estudantes que responderam o formulário, 65 já foram assaltados na região da escola. E quando perguntados se alguém que mora na mesma casa já foi assaltado nessa região, 116 estudantes responderam que sim. O dado mais alarmante coletado na pesquisa foi sobre o registro do boletim de ocorrência.  Apenas 10,3% do total de pessoas que respondeu o formulário (380) registrou o B.O. 

Os dados obtidos demonstraram que a maioria das pessoas assaltadas não registrou boletim de ocorrência. Esse fato já havia sido discutido em uma reunião do CONSEG, sediada pela escola em 18/05/2023. 


“Os Consegs são grupos de pessoas do mesmo bairro ou município que se reúnem para discutir, analisar, planejar e acompanhar a solução de seus problemas comunitários de segurança, desenvolver campanhas educativas e estreitar laços de entendimento e cooperação entre as várias lideranças locais. Foram criados em 1985 pelo então governador André Franco Montoro.

Cada conselho é uma entidade de apoio à polícia estadual nas relações comunitárias e se vincula, por adesão, às diretrizes da Secretaria de Segurança Pública por intermédio da Coordenadoria Estadual para Assuntos dos Conselhos Comunitários de Segurança.

As reuniões ordinárias de cada conselho são mensais, realizadas normalmente no período noturno, em imóveis de uso comunitário, segundo uma agenda definida por período anual. A Secretaria de Segurança Pública tem como representantes, em cada Conseg, o comandante da Polícia Militar da área e o delegado titular de Polícia do correspondente Distrito Policial.” 

Fonte: https://www.praiagrande.sp.gov.br/pgnoticias/noticias/noticia_01.asp?cod=4203 


Portanto, constatou-se que é necessário incentivar a população a comunicar os casos de assalto junto à segurança pública, registrando boletim de ocorrência, o que pode ser feito presencialmente nas delegacias ou virtualmente por meio do site: https://www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br/ssp-de-cidadao/home

Veja abaixo que tipos de ocorrências podem ser registradas de forma online:

A vizinhança da escola é imprescindível para o combate contra a criminalidade na região. Assim como, os moradores da vizinhança em torno da escola estão contando com os alunos para melhorar a infraestrutura da vizinhança e para a construção de um futuro melhor. Nós, como cidadãos, devemos ter consciência de que o governo é responsável por garantir a segurança pública, portanto, solicitar o auxílio da Polícia Militar é sempre uma opção. No entanto, todos nós podemos desempenhar um papel na luta contra o crime, sendo vigilantes das ruas. Qualquer ambiente, seja em locais públicos ou privados, devemos registrar um boletim de ocorrência em caso de assalto para dar à polícia um número mais fiel das ocorrências. Ao fazer isso, ajudamos a polícia a identificar os criminosos.