Patrono - Sebastião da Gama
Pelo sonho é que vamos
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
Ao que desconhecemos
E ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
[Poema de Sebastião da Gama]
Biografia
Sebastião Artur Cardoso da Gama, professor e poeta, viveu uma vida muito breve [1924-1952], mas de grande intensidade.
Licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fez estágio para professor de Português na Escola Comercial Veiga Beirão, tendo a sua experiência como docente, assente numa relação de proximidade entre aluno e professor e no princípio de que “ensinar é amar”, sido narrada no Diário, publicado postumamente, em 1958.
Nascido em Vila Nogueira de Azeitão, viu a sua vida condicionada por problemas de saúde que o levaram a fixar-se na Serra da Arrábida, que marcou de forma indelével o seu destino e a sua obra poética, levando à publicação de Serra-Mãe, em 1945. A paisagem riquíssima de verdes e de mar esteve na base de toda a expressão de um amor à Natureza que se tornou motivo maior da sua poesia. As posições que assumiu em defesa desse paraíso viriam a inspirar o surgimento da Liga para a Proteção da Natureza, a primeira associação ambientalista em Portugal.
Colaborou nas revistas Árvore e Távola Redonda e, para além das obras atrás referidas, publicou ainda: Loas a Nossa Senhora da Arrábida (1946, em colaboração com Miguel Caleiro), Cabo da Boa Esperança (1947), Campo Aberto (1951), Pelo Sonho é que Vamos (1953), Itinerário Paralelo (1967), O Segredo é Amar (1969) e Cartas I (1994) – sendo as últimas quatro também publicadas após a sua morte, ocorrida aos 27 anos.
Maria Barroso diz o seu colega de faculdade e amigo Sebastião da Gama
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