Os alunos, de três turmas de 12.º ano, foram desafiados a laborar pequenos artigos sobre temáticas abordadas no programa de Economia C, associadas a algumas das questões que, atualmente, nos inquietam: o Desenvolvimento Humano e a Globalização.
O Desenvolvimento Humano, enquanto processo que permite ampliar as possibilidades de escolha dos cidadãos, mas com uma distância crescente entre países com muito elevado e baixo desenvolvimento.
Para os artigos relativos ao Desenvolvimento Humano, os alunos utilizaram como mote fotografias da exposição World Press Photo.
A Globalização, numa fase em que, perante os acontecimentos recentes como a guerra na Europa e às portas da Europa (Médio Oriente), a ideia da paz perpétua no continente europeu é posta em causa. Surgem, neste cenário, novas questões como «A globalização acabou, ou vamos reglobalizar?».
Para os artigos relativos à globalização, os alunos utilizaram como mote uma fotografia de um objeto existente nas suas próprias casas que pudesse ser relacionado com esta problemática.
Nestas turmas foi realizada formação aos alunos nos temas: tipos de fontes de informação; seleção e avaliação de informação; técnicas de tomada de notas e organização da informação; normas APA; Excel: tabelas e gráficos. Apra além da formaçao em contexto de sala de aula ao longo do trabalho os alunos foram à biblioteca pedir ajuda para os trabalhos.
Seguem os artigos destes alunos do 12.º ano.
ISLÂNDIA NO WORLD PRESS PHOTO
Por Gustavo Almeida, António Baptista, Francisco Geadas e Afonso Inácio, do 12.º ano
Para este trabalho, foi-nos pedido que escolhêssemos duas fotografias da exposição World Press Photo 2022/2023, que as contextualizássemos e que analisássemos o desenvolvimento humano do país em que as fotografias foram tiradas. Para tal, selecionámos duas fotografias que representam a região da Islândia, no continente europeu.
A Islândia, localizada no extremo noroeste da Europa, é uma ilha de origem vulcânica, com uma história e geografia únicas. Com a capital em Reykjavik, a Islândia teve a sua origem no processo de imigração de povos nórdicos, no final do século IX e foi submetida a influências culturais predominantemente norueguesas. A introdução do cristianismo, no início do segundo milénio, marcou uma mudança significativa na cultura local. No entanto, apesar destas influências externas, a Islândia preservou a sua língua e cultura de uma forma autónoma e independente.
No século XX, a Islândia passou por um rápido desenvolvimento económico, fruto de um processo de inovação na Indústria da Pesca e, mais tarde, por avanços na área da energia geotérmica. No entanto, a crise financeira de 2008 afetou significativamente a economia do país.
Não obstante os efeitos da referida crise, a Islândia conseguiu recuperar gradualmente a sua economia tornando-se uma nação conhecida pelo seu alto índice de igualdade de género, pela educação de alta qualidade e por práticas de preservação ambiental exemplares, com um alto nível de desenvolvimento humano.
De seguida, vamos apresentar as duas fotografias selecionadas, contextualizá-las e analisar de forma pormenorizada um conjunto de dados estatísticos, procurando perceber se estes indicadores permitem comprovar a veracidade da fama do alto nível de desenvolvimento islandês.
Do lado esquerdo, na imagem 1, observamos a maior central geotérmica da Islândia, localizada em Hellisheiøi. Este estabelecimento faz parte do projeto CarbFix, que tem como objetivo reduzir as emissões de gases resultantes da energia geotérmica e capturar e armazenar o carbono.
Esta fábrica é responsável por produzir cerca de 303 megawatts de eletricidade e 133Mw de água quente. Uma vez que esta produção de energia implica a emissão significativa de dióxido de carbono para a atmosfera, foi desenvolvida uma solução inovadora.Os engenheiros da central começaram a injetar o CO2 e o sulfato de hidrogénio, gerado no processo de fabrico de energia, em poços protegidos por uma cúpula geotérmica (como observamos na imagem 2).
O objetivo desta tecnologia é o de localizar rochas basálticas ricas em cálcio e magnésio que vão reagir com os gases injetados, dando origem a carbonato de cálcio. Na natureza, este processo demoraria milhares de anos a ocorrer. Contudo, face às condições criadas pelos engenheiros, este processo pode ocorrer em somente cinco anos.
Deste modo, esta inovação permite não só́ a redução das emissões de gases poluentes para a atmosfera como também representa uma solução de captura e armazenamento do carbono.
Do lado direito, na imagem 2, encontramos um fotobiorreactor, um tipo de máquina que utiliza como fonte de energia a luz, geralmente a radiação solar, de forma a cultivar microrganismos fotoautotróficos. Este equipamento está localizado nas infraestruturas de Algalife, em Reyjanesbaer, na Islândia.
Neste local, produz-se astaxantina, um carotenoide que é encontrado normalmente em peixes e frutos do mar e que possui uma potente ação antioxidante. Todo este processo é realizado de forma sustentável, uma vez que é desenvolvido a partir de microalgas, usando energia geotérmica 100% limpa.
O sistema de iluminação instalado em Algalife permite reduzir em 50% o consumo geral de energia e, como consequência, garante um processo de crescimento sustentável de microalgas, proporcionando aumentos de produtividade e de rendimento.
Ora, ao analisarmos as imagens 1 e 2, concluímos que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e o IDHP (Índice de Desenvolvimento Humano ajustado às Pressões Planetárias), na Islândia, parecem ser extremamente elevados, fruto dos grandes níveis de industrialização associados ao alto progresso tecnológico e consideração com o ambiente.
Passemos agora à análise concreta de dados e indicadores, com o objetivo de confirmar a hipótese acima referida, através de uma análise mais pormenorizada de indicadores compostos, como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o IDHP (Índice de Desenvolvimento Ajustado às Pressões Planetárias) e o Índice de Gini e um indicador simples - o RNB per capita.
A tabela abaixo apresenta-nos o IDH e o RNB per capita (Rendimento Nacional Bruto per capita) de diversas áreas. Estes indicadores têm como objetivo avaliar algumas das dimensões da realidade social.
Para este trabalho, foi-nos pedido que escolhêssemos duas fotografias da exposição World Press Photo 2022/2023, que as contextualizássemos e que analisássemos o desenvolvimento humano do país em que as fotografias foram tiradas. Para tal, selecionámos duas fotografias que representam a região da Islândia, no continente europeu.
A Islândia, localizada no extremo noroeste da Europa, é uma ilha de origem vulcânica, com uma história e geografia únicas. Com a capital em Reykjavik, a Islândia teve a sua origem no processo de imigração de povos nórdicos, no final do século IX e foi submetida a influências culturais predominantemente norueguesas. A introdução do cristianismo, no início do segundo milénio, marcou uma mudança significativa na cultura local. No entanto, apesar destas influências externas, a Islândia preservou a sua língua e cultura de uma forma autónoma e independente.
No século XX, a Islândia passou por um rápido desenvolvimento económico, fruto de um processo de inovação na Indústria da Pesca e, mais tarde, por avanços na área da energia geotérmica. No entanto, a crise financeira de 2008 afetou significativamente a economia do país.
Não obstante os efeitos da referida crise, a Islândia conseguiu recuperar gradualmente a sua economia tornando-se uma nação conhecida pelo seu alto índice de igualdade de género, pela educação de alta qualidade e por práticas de preservação ambiental exemplares, com um alto nível de desenvolvimento humano.
De seguida, vamos apresentar as duas fotografias selecionadas, contextualizá-las e analisar de forma pormenorizada um conjunto de dados estatísticos, procurando perceber se estes indicadores permitem comprovar a veracidade da fama do alto nível de desenvolvimento islandês.
Do lado esquerdo, na imagem 1, observamos a maior central geotérmica da Islândia, localizada em Hellisheiøi. Este estabelecimento faz parte do projeto CarbFix, que tem como objetivo reduzir as emissões de gases resultantes da energia geotérmica e capturar e armazenar o carbono.
Esta fábrica é responsável por produzir cerca de 303 megawatts de eletricidade e 133Mw de água quente. Uma vez que esta produção de energia implica a emissão significativa de dióxido de carbono para a atmosfera, foi desenvolvida uma solução inovadora.Os engenheiros da central começaram a injetar o CO2 e o sulfato de hidrogénio, gerado no processo de fabrico de energia, em poços protegidos por uma cúpula geotérmica (como observamos na imagem 2).
O objetivo desta tecnologia é o de localizar rochas basálticas ricas em cálcio e magnésio que vão reagir com os gases injetados, dando origem a carbonato de cálcio. Na natureza, este processo demoraria milhares de anos a ocorrer. Contudo, face às condições criadas pelos engenheiros, este processo pode ocorrer em somente cinco anos.
Deste modo, esta inovação permite não só́ a redução das emissões de gases poluentes para a atmosfera como também representa uma solução de captura e armazenamento do carbono.
Do lado direito, na imagem 2, encontramos um fotobiorreactor, um tipo de máquina que utiliza como fonte de energia a luz, geralmente a radiação solar, de forma a cultivar microrganismos fotoautotróficos. Este equipamento está localizado nas infraestruturas de Algalife, em Reyjanesbaer, na Islândia.
Neste local, produz-se astaxantina, um carotenoide que é encontrado normalmente em peixes e frutos do mar e que possui uma potente ação antioxidante. Todo este processo é realizado de forma sustentável, uma vez que é desenvolvido a partir de microalgas, usando energia geotérmica 100% limpa.
O sistema de iluminação instalado em Algalife permite reduzir em 50% o consumo geral de energia e, como consequência, garante um processo de crescimento sustentável de microalgas, proporcionando aumentos de produtividade e de rendimento.
Ora, ao analisarmos as imagens 1 e 2, concluímos que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e o IDHP (Índice de Desenvolvimento Humano ajustado às Pressões Planetárias), na Islândia, parecem ser extremamente elevados, fruto dos grandes níveis de industrialização associados ao alto progresso tecnológico e consideração com o ambiente.
Passemos agora à análise concreta de dados e indicadores, com o objetivo de confirmar a hipótese acima referida, através de uma análise mais pormenorizada de indicadores compostos, como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o IDHP (Índice de Desenvolvimento Ajustado às Pressões Planetárias) e o Índice de Gini e um indicador simples - o RNB per capita.
A tabela abaixo apresenta-nos o IDH e o RNB per capita (Rendimento Nacional Bruto per capita) de diversas áreas. Estes indicadores têm como objetivo avaliar algumas das dimensões da realidade social.
Face à “Europa e Asia central”, o IDHP islandês é inferior em 11,22% (0,713 face a 0,633) e, em relação ao “Mundo”, o IDHP da Islândia permanece inferior em 4,3% (0,633 - 0,667).
A diferença mais significativa ocorre quando comparamos a Islândia com os “Países de Desenvolvimento muito Elevado (PDME)”. Verificamos que a Islândia se encontra bastante mal classificada, uma vez que o IDHP dos PDME é 18% mais elevado. Tal indica que a Islândia, face a países de desenvolvimento idêntico, encontra-se menos desenvolvida no tema da resolução das pressões sobre o planeta, o que representa um grave atraso.
Também é importante referir que todos os locais estudados na tabela apresentam perdas no IDH face ao IDHP. Conclui-se, assim, da existência de problemas ambientais e, consequentemente, da importância de se encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento humano e a preservação ambiental, de forma a realizar-se um desenvolvimento sustentável.
Em conclusão, quando iniciámos este trabalho partimos do pressuposto que, quer o Índice de Desenvolvimento Humano quer o Índice de Desenvolvimento Humano associado às Pressões Planetárias da Islândia, seriam extremamente elevados.
Através da análise e comparação dos vários indicadores de desenvolvimento das várias áreas analisadas, confirmamos que a Islândia é, de facto, um país extremamente desenvolvido.
Contudo, ao contrário daquilo que esperávamos, percebemos que este país nórdico, no âmbito do IDHP, encontra-se abaixo da média dos países com desenvolvimento semelhante, embora tenha iniciativas científico-tecnológicas extremamente promissoras e sustentáveis, como é o caso da central geotérmica em Hellisheiøi e das infraestruturas de Algalife, em Reyjanesbaer (apresentadas nas fotografias da World Press Photo 2022/2023).
Em suma, o exemplo da Islândia demonstra claramente um dos problemas inerente às várias nações: enquanto alcançam marcos notáveis no desenvolvimento humano, estas nações enfrentam, em simultâneo, desafios consideráveis na minimização das suas pressões sobre o planeta. Assim, torna-se evidente a necessidade de se encontrar um equilíbrio entre o avanço tecnológico e a preservação do ambiente, de forma a ser atingido um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
Bibliografia:
2023 Photo Contest, Europe, Long-term Projects: https://www.worldpressphoto.org/collection/photocontest/2023/europe, consultado em novembro de
2023.
Civitalis Islândia, História da Islândia: https://pt.islandia.com/historia, consultado em novembro de 2023.
E&E news By Politico, Umair Irfan, Engineers work to cut costs and emissions in geothermal power:
https://www.eenews.net/articles/engineers-work-to-cut-costs-and-emissions-in-geothermal-power/, consultado em novembro de 2023.
Tua saúde By Grupo Rede D ́or, Tatiana Zanin, Astaxantina: o que é, para que serve e onde encontrar: https://www.tuasaude.com/astaxantina/, consultado em novembro de 2023.
United Nations Development Programm, Relatório de desenvolvimento humano 2022/2023, consultado em novembro de 2023.