Expressão e Arte

Abraão Gomes (9°EF), Aurea Liano (9°EF), Beatriz Rodrigues (9°EF), Felipe Szajubok (9°EF),

Gabriela Ades (1°EM), Caitlin Starke (2°EM), Julia Boggiss (2°EM) e Lis Crivellari (2°EM)

Resumo

Liberdade de expressão é um conceito relacionado ao direito pessoal e coletivo de se manifestar, demonstrar ideias e informações sobre todos os tipos de assuntos, por meio de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O casamento entre a arte e a liberdade de expressão é fundamental. O presente trabalho promove reflexões sobre a expressão na arte, procurando sensibilizar o leitor ou leitora para as questões socioculturais que rodeiam o componente artístico na sociedade atual e, agregar de modo inegável ao conceito de arte, o fator liberdade.

Abstract

Freedom of expression is a concept related to the personal and colective right to manifest and demonstrate ideas or information about any kind of subject, through oral, artistic or written language, by all means of comunication. The union between art and freedom of expression is absolutely fundamental. This work seeks to promote reflexions about expression on the arts, attempting to sensibilize the ones who read it about social and cultural questions surrounding the artistic component present in society nowadays and to undeniably relate the concept of art to the element of freedom.

Texto

O presente trabalho promove reflexões sobre a expressão na arte, procurando sensibilizar o leitor ou leitora para as questões socioculturais que rodeiam o componente artístico na sociedade atual e agregar, de modo inegável a este conceito, o fator da liberdade.

O indivíduo na sociedade contemporânea comporta-se de acordo com sua temporalidade social, trabalha a partir da coexistência para obter conhecimento e informação pelo meio social. A produção, obtenção, compartilhamento de informação e modos de portar-se como ser autônomo em expressão fazem parte dos direitos humanos, introduzidos globalmente a partir de movimentos de resistência que promovem uma evolução do pensamento, forjando uma nova consciência social. Este trecho, de Martins Costa (2002, apud FREITAS e CASTRO, 2013), ressalta o avanço temporal como aliado do desenvolvimento social:


Parte-se da afirmação de que a dignidade humana equivale a um valor existente em sociedade e que corresponde a uma ideia de justiça e de adequação essencial ao desenvolvimento da vida humana em sua plenitude. Naturalmente, a opção, por considerá-la um valor social, flexibiliza substancialmente seu conteúdo, possibilitando alterá-lo em conformidade com as transformações sociais no tempo e no espaço em que estiver situado. Dessa forma, ao longo da história observa-se conteúdos distintos para dignidade humana, consoante as variáveis políticas e sociais, havendo, pois, diferentes expectativas para dignidade humana, em constante revisão, de modo a corresponder aos novos valores sociais.

É evidente, nos dias de hoje, que expandimos em progressão aritmética nossos meios de comunicação, seja pela sofisticação tecnológica da indústria midiática, seja pela globalização em escala. Essa expansão é decisiva na consolidação da consciência moderna e traça uma linha paralela à liberdade de expressão, que com a evolução da ética, possibilita que movimentos, núcleos, organizações e também grupos autônomos ganhem um reconhecimento mais amplo, conquistando os direitos que foram previamente abafados pelo preconceito e aversão à diferenças e pela manutenção de privilégios.

Como contra resposta, estes coletivos organizam um novo tipo de articulação social, os movimentos de resistência. Os movimentos de resistência, indubitavelmente, clamam por respeito e liberdade. O respeito, que é a base de qualquer relação, proporciona uma ordem social indispensável que exclui a legitimação dos preconceitos e ensina a não discriminar negativamente. Já a liberdade, nessa forma, vem no sentido de poder expressar-se, dizer e sentir sem que haja qualquer contra resposta a isso; está no direito de agir como bem quer, desagregado de impulso social, satisfazendo a própria índole sem prejudicar outrem.

Para Haroldo Laski (1945, p. 17), a liberdade é “[...] ausência de coação sobre a existência daquelas condições sociais que, na civilização moderna, são as garantias necessárias da felicidade individual”. Verifica-se que Laski também faz referência ao aspecto restritivo da liberdade, opondo limites à intervenção de terceiros, muito embora nos moldes já de um paradigma de Estado Social. (Riva Sobrado de Freitas e Matheus Felipe de Castro).

Nas lutas de resistência e empoderamento, existe um meio de protesto que destaca-se em razão de promover a liberdade de expressão: a arte. Introduzimos aqui a análise principal deste artigo.

O componente artístico está para os movimentos sociais como modo de sensibilização e meio de obter conhecimento, informação, cultura. Quando exploramos, por exemplo, o rap a partir de uma análise mais profunda, toma-se conhecimento e consciência sobre os movimentos de resistência negra, tal como o processo antropofágico dos beats, que revivem a música africana tradicional com uma visão moderna, tangente ao espaço-tempo presente, sem desconsiderar sua origem. A arte parte disso na grande maioria dos casos. Ressalta a cultura raiz do povo que a articula, podendo infinitamente ser modificada e moldada em prol de servir o quão fielmente possível à seu objetivo.

Existe um fator básico e fundamental na produção artística, seja ela qual for. É o objeto de reflexão que propõe a expansão do pensamento por carecer de um olhar sentimental e crítica de modo que, caso prevaleça uma análise impessoal do processo de interpretação, a obra não atinge seu objetivo de item revolucionário social. Este fator é conhecido, comumente, como a catarse¹.

Quando recorremos à essência artística, através desta mania humana viciosa de raciocinar todas as vivências, podemos concluir que essa forma tão bela de representar fisicamente os sentimentos pungentes só pode ser exercida incondicionalmente, desprovida de credos, única e excêntrica, visando assim retomar as emoções humanas reprimidas e permitir que haja respectiva reflexão sobre a realidade.

Conclui-se, portanto, que a arte tem somente uma lei imprescindível para que cumpra seu objetivo essencial: que seja realizada com liberdade absoluta.


¹ A palavra catarse significa purgação ou purificação. (...) Na obra intitulada Poética (1993, p. 37), Aristóteles (384-322 a.C.) apresenta a sua noção de catarse. Segundo ele, a tragédia descreve em forma dramática, não narrativa, incidentes que suscitam piedade e temor; desse modo, consegue-se a catarse (purificação) dessas paixões. Para ele, a música também produz uma catarse. - Álvaro Queiroz (2010)