Retornos, desdobramentos e repercussões

From: Yanko Sarzedas da Costa <YCOSTA@supervia.com.br>

To: Carlos Alberto Teixeira <cat@iis.com.br>

Sent: Monday, February 24, 2003 2:01 PM

Subject: RES: << GoldenList >>

Senhor Carlos Alberto, lendo o artigo sobre o CELACANTO, lembrei de um fato que me contaram, ocorrido numa universidade brasileira. Alguem não identificado alterou o Sistema Operacional do computador IBM 1103 onde cada vez que era chamado uma operação de raiz quadrada a impressora emitia a mensagem CELACANTO PROVOCA MAREMOTO. Um abraço e prazer em conhece-lo.

Yanko Sarzedas da Costa

(Vide outra mensagem abaixo, de Carlos Lopes, logo depois do cartaz do grupo vocal)

From: "Adalberto" <betoacp@uol.com.br>

To: "Carlos Alberto Teixeira" <cat@iis.com.br>

Sent: Wednesday, June 22, 2005 11:01 PM

Subject: RES: Re: [M-M] Celacanto Provoca Maremoto e Felizes Aniversários


É isso aí, C.A.T.


Acabei de mandar a explicação e a origem do nome pra lista m-musica, da qual faz parte o AKA (Antonio Kleber) :-))) o mundo tem uma esquina e duas pessoas heheheh, já dizia minha amiga Marianna Leporace. Na mensagem seguinte, expliquei que vc é o autor da frase nos muros de Ipanema :-)


Em anexo, o cartaz de amanhã...


Acho que te mandei o release outro dia, né ? da nossa primeira apresentação, com referência ao seu nome....


Graaaande abraço, do Planalto


adalBErTO


-----Mensagem original-----

De: Carlos Alberto Teixeira [mailto:cat@iis.com.br]

Enviada em: quarta-feira, 22 de junho de 2005 22:51

Para: akleber@gmail.com

Cc: betoacp; M-Musica@yahoogrupos.com.br

Assunto: Re: Re: [M-M] Celacanto Provoca Maremoto e Felizes Aniversários



Nossa, quanta honra!!!


Beto, olha aqui:


http://www.iis.com.br/~cat/goldenlist/celacanto.htm


Abraços e BOM SHOW!!


- c.a.t.

http://catalisando.com.br



----- Original Message -----

From: "Antonio Kleber de Araujo" <akleber@gmail.com>

To: <cat@iis.com.br>

Sent: Wednesday, June 22, 2005 9:29 PM

Subject: Fwd: Re: [M-M] Celacanto Provoca Maremoto e Felizes Aniversários



vc virou banda de jazz



------- Forwarded message -------


----- Original Message -----

From: "Beto DF" <betoacp@uol.com.br>

To: <M-Musica@yahoogrupos.com.br>

Sent: Wednesday, June 22, 2005 9:16 PM

Subject: [M-M] Celacanto Provoca Maremoto e Felizes Aniversários



Alô, pessoal


Não tenho conseguido entrar como quero na lista, pra participar ativamente... o Celacanto se apresenta amanhã, com o nosso recital de semestre. A gente vai cantar "A TORRE" (minha parceria com Ze Edu e primeira canção que fiz) em primeiríssima audição...


Seremos acompanhados do Duo Assunto Grave (Francisca Aquino, piano e Ricardo Vasconcellos, contrabaixo) + Lourenço Vasconcellos, um menino prodígio neto da Odette Ernest Dias, na bateria, irmão do André Vasconcellos (que toca com o Djavan). Tudo sob a batuta do não menos genial Lincoln Andrade, nosso guru e um dos arranjadores do Vocalise, do nosso Márcio Monteiro.


Gostaria de parabenizar todos os aniversariantes de junho e por favor, me perdoem se não faço isso um a um... realmente não tenho tido cabeça pra quase nada nos últimos dias...


Beijos !


adalBErTO

(vide cartaz abaixo)


From: Carlos Lopes <lopes@intersystems.com>

To: cat@oglobo.com.br 

Sent: Monday, October 17, 2005 3:59 PM

Subject: Celacanto provoca maremoto


CAT,


Acidentalmente topei com o seguinte parágrafo no teu curriculo informal:

"Fui graffitteiro em Ipanema, no Rio, na década de 70, quando criei uma logomarca bem transada que fez fama nos muros da cidade: "CELACANTO PROVOCA MAREMOTO!" e invadiu Europa e EUA, graças a uma rede de 25 colaboradores bem treinados e colocados em pontos chave. A marca foi inspirada na série japonesa de TV National Kid, dos anos 60."

Em 1977, sabotei o computador da [nome-da-universidade-suprimido], um 1130, onde substituí a função SQRT por uma de mesmo nome que imprimia uma entre dez frases escolhida de acordo com o algarismo das unidades do argumento. 


Entre as pérolas impressas, havia:


CELACANTO PROVOCA MAREMOTO - dentro daquele teu retângulo com a setinha para baixo

COELACANTVS AGITAT MARE - LERFA MV AVXILIAT

CELACANTO É FILHO DA TRUTA

...e mais outras sete das quais não me recordo.


Quase deu merda para mim porque algum professor rodou um programa de cálculo de flexão em vigas (que deve usar muita raiz quadrada) e a impressora cuspiu uma tonelada de papel com frases do Celacanto antes que o operador pudesse reagir e abortar a operação.


Até há poucos minutos atrás desconhecia o autor do grafitti, meu muso inspirador. Você sabe quem era o LERFÁ MU? Pura curiosidade minha.


Awika! 


Carlos

(Vide mensagem de Yanko Sarzedas da Costa mais acima)


Em 2005-07-02 encontrei um texto sobre celacanto, autora Giba Assis Brasil:

CELACANTO PROVOCA MAREMOTO 

(resposta a um texto do COL) 

 André, meu caro Cardoso:

Celacanto, você sabe, é um peixe esquisitíssimo que só existe no sudeste da África (embora dois exemplares tenham sido encontrados na Indonésia em 1998). É enorme (pode chegar a 1 metro e meio de comprimento), tem dentes muito fortes, se alimenta de outros peixes e suas nadadeiras são semelhantes a patas. Foi descoberto em 1938, e classificado como única espécie de um grupo (os crossopterígios) extinto há mais de 80 milhões de anos. É o único peixe sobrevivente do período devoniano (400 milhões de anos atrás) e é por isso considerado o "fóssil vivo", ou o "peixe fora do tempo". A caça ao celacanto (do primeiro peixe empalhado exposto num museu de Londres em 1939 até o encontro de espécimes vivos em 1952) tornou-se "a maior história de pescador do planeta". Mais informações em http://www.dinofish.com


  

Maremoto, você sabe melhor que eu, é uma grande agitação das águas do mar, provocada por abalos sísmicos submarinos. Ou seja: por maiores e mais esquisitos que sejam nossos amigos celacantos, não tem como eles provocarem um maremotinho que seja.

"Celacanto provoca maremoto", apesar disso, foi uma pichação bastante popular nos anos 70, primeiro no Rio de Janeiro e depois (como de costume) no resto do país. Algum jornalista achou intrigante aquela frase aparentemente sem sentido e achou que daria uma matéria de comportamento (a ausência de valores da juventude, os novos códigos e as novas mídias, o discurso vazio de uma geração alienada do debate político, etc.). Enfim, virou assunto, e com isso a frase (e suas implicações, em termos de possibilidade de linguagem nos muros da ditadura) se espalhou mais rapidamente pelo país.


Os mais rasos viram na frase uma previsão cabalística, "o mundo vai acabar e eu não vou nem ficar sabendo que porra é essa!" Matérias de jornal revelaram que os muros marcados com a pichação do celacanto indicavam pontos de venda de drogas. (Agora todos em coro: Oooooh!) Em 1979, o cineasta Pedro Camargo fez um curta-metragem chamado "Celacanto provoca lerfá-mu", que eu nunca consegui ver, mas cujo título misturava o celacanto com outra pichação muito popular da época (LERFÁ-MU), esta (segundo me contou o Christian Lesage) um excerto da "gíria do gomenfla" (Flamengo, o bairro, não o time), em que, por exemplo, "Aí, dicumpá, lerfá-mu um lhubagu" significava, é claro, "Aí, cumpadi, vamo fumá um bagulho?"

Mas a verdadeira chave do celacanto era bem mais simples, e só quem assisitiu à série de ficção científica bagaceira National Kid (estreada em 1960 na TV japonesa e chegada ao Brasil em 1964, juntinho com os milicos) poderia decifrar o mistério. Num dos 39 episódios (qual seria, meu deus?), o professor Massao Hata lê uma notícia de jornal ligando a descoberta de fósseis vivos a distúrbios em alguma praia do Japão (adivinha qual era a manchete?) e logo assume sua capa esvoaçante, seu capacete com uma antena na testa e sua identidade secreta de defensor do planeta terra, National Kid (pronuncia-se "nationaro kido"). Ou será que não? Segundo outra fonte que eu consultei, é um ser abissal disfarçado de oceanógrafo que alerta os alunos do professor Hata para os perigos de investigar os tais peixes estranhos (querendo, evidentemente, mantê-los afastados do reino subterrâneo dos seres abissais).

Seja como for, a partir daí a frase "celacanto provoca maremoto", numa voz cavernosa certamente dublada nos estúdios da Cine Castro ou da A.I.C.São Paulo, ecoa pelo episódio inteiro, como um OFF premonitório, sublinhando as peripécias do Professor Massao Hata e seus pupilos Goro, Yukio, Kura, Mari e Tomohiro para salvar a terra da ameaça dos seres abissais. Não preciso dizer que ela ecoou na minha cabeça por muitos anos. Infância é coisa séria. 

Giba Assis Brasil 

giba@portoweb.com.br 

 02/07/2005: Mais informações sobre o CELACANTO (e a verdadeira origem da pichação) no site do criador.

* * * * * * *

 Texto originalmente em http://www.nao-til.com.br/nao-74/giba2.htm

“Celacanto provoca maremoto” — coluna de Arnaldo Jabor em “O Estado de S.Paulo”, publicada em 2011-03-22 às 00h00:

Há 35 anos, surgiu um estranho grafite nos muros do Rio: “Celacanto Provoca Maremoto”. Como um peixe pré-histórico provocaria um tsunami? O grafite virou um enigma, só decifrado anos depois: foi um jornalista, Carlos Alberto Teixeira, jovem na época, que inventou a frase célebre, tirada de um desenho animado (ironicamente) japonês: National Kid. A frase não queria dizer nada e justamente por isso ficou famosa. Nós sempre queremos significados e explicações. Por isso estamos em pânico: que significado extrair de um acontecimento como o terremoto/maremoto do Japão? Nenhum. Não há nada complexo no fato; poderíamos buscar explicações históricas, sociológicas, técnicas, em busca de responsabilidades e erros, até mesmo apontar o desejo dos japoneses de virarem um “super-Ocidente”, depois de Hiroshima.

O terremoto do Japão nos choca justamente porque não tem profundidade nenhuma. É tudo raso. Não houve erro. Não foi ninguém, a não ser a marcha tranquila da matéria se ajustando na crosta, ignorando-nos: os micróbios que a habitam. O 11 de Setembro já tinha subvertido nosso orgulho de engenharia triunfal e superioridade econômica. Osama bin Laden esmagou a potência fálica do capitalismo, como um “Godzilla” invisível. Ele criou quase um cataclismo “natural”; o 11 de Setembro, com sua violência crua, indiferente à identidade de suas vítimas, mimetizou a brutalidade cega de um tsunami de Alá.

Por outro lado, o desastre japonês inverteu qualquer lógica na paisagem humana; todas as coisas ficaram “fora do lugar” e vimos que não há lugar certo para as coisas ficarem, não há paisagem racional: o navio em cima da casa, os edifícios afundando no mar, um manto negro de detritos flutuando calmamente sobre as cidades como se inunda um formigueiro ou se mata uma barata. Não foi Deus. Seria até bom que ele existisse, como no terremoto de Lisboa em 1755, quando mais de 100 mil morreram dentro das igrejas cheias de fiéis. Era dia de Todos os Santos. Voltaire, em seu texto sobre o desastre de Lisboa, denunciou a brutalidade do “Criador vingativo”. Mas, a fé resistiu, porque ao menos eles sentiam na carne os “desígnios” divinos, que matam seus devotos, em vez do Nada. Ao menos havia um Ser querendo nos punir ou salvar, havia alguém preocupado conosco. Havia ainda alguma transcendência no horror. Hoje não há mais nada; a impressão é que “o sentido do acontecimento é o acontecimento não ter qualquer sentido”.

Estamos famintos de transcendência, mas ela está rara - por isso a religião, drogas, autoenganos, magia. A banalização da morte precede grandes tragédias; mas o problema é que as tragédias é que estão ficando banais, tanto as naturais como as humanas. Qual a profundidade de homens-bomba se despedaçando por causa de um ser que não existe? Quem é o good guy e o bad guy numa guerra onde o inimigo quer morrer? Precisamos de agentes do mal, porque o mal moderno está autossuficiente, tem vida própria.

“O escândalo hoje em dia é que um mal imenso possa ser causado com uma completa ausência de malignidade, que uma responsabilidade monstruosa possa andar a par com uma total ausência de más intenções. O caráter inverossímil da situação é de cortar o fôlego. No mesmo instante em que o mundo se torna apocalíptico, e isto por culpa nossa, oferece a imagem de um lugar habitado por assassinos sem maldade e por vítimas sem ódio. Em nenhuma parte há traços de maldade, não há senão escombros. A ausência de ódio e ausência de escrúpulos serão uma coisa só. (...) Na atividade do mundo chamada “tecnologia” é que a história está acontecendo; a tecnologia virou o “sujeito” da história, na qual somos apenas “co-históricos””. (Hannah Arendt e Günter Anders, apud Jean-Pierre Dupuy).

A própria confiança que o Ocidente tem na sua soberba tecnociência está em crise. Desconfiamos agora de sua infalibilidade com vexames sucessivos: óleo derramado, reatores invencíveis, aquecimento climático, destruição do ambiente, terrorismo com armas de destruição em massa.

Talvez a fome com que as nações ocidentais se lançaram, subitamente humanitárias, para destruir o Kadafi e proteger a Líbia, mostre como precisávamos exibir nossa potência técnica e bélica, tão humilhada por catástrofes naturais e humanas. Estávamos precisando mesmo de um filho da p..., nítido, legítimo como Kadafi, espantosa caricatura do Mal - uma velha maluca de bigode e camisola.

O problema é que a tecnociência não nos brinda com transcendência nenhuma; ela é reta, finalista sem saber para onde, ela não tem alma ou sonhos éticos. Sempre que pensamos no futuro, pensamos no pior. O século 21, cheio de promessas, até agora só nos decepcionou. Precisamos de uma ética política global - qual? Hoje, já há uma máquina de guerra se programando sozinha e nos preparando para um confronto inevitável no Oriente Médio. Já se ouvem os trovões de uma tempestade. Os mecanismos de controle pela “razão”, sensatez, pelas “soft powers” da diplomacia perdem a eficácia. A época está ficando morta para palavras, na vala comum dos detritos humanistas. E a ciência não resolve o problema. No entanto, quando Hiroshima e Nagasaki foram derretidas como sorvete, a bomba americana foi considerada uma “vitória da ciência”.

O espetáculo luminoso de Hiroshima marcou o início da guerra do século 21. Auschwitz e Treblinka ainda eram “fornos” da Revolução Industrial, mas Hiroshima inventou a guerra tecnológica, asséptica. A bomba A agiu como um detergente, um mata-baratas. As bombas americanas foram lançadas em nome da “Razão”.

Nietzsche (quem sou eu para citá-lo?) sacou que temos de viver sem transcendência ou esperança, numa arte de viver além do bem e do mal. O mal atual não tem culpados.

Daí a oportuna lembrança do velho grafite carioca: o celacanto produziu o maremoto? Seria ótimo. Ao menos, teríamos um culpado...

Fonte: https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,celacanto-provoca-maremoto-imp-,695286

Em 2006-04-29 fui chamado pela TVZero para o último dia de filmagens de um documentário que está sendo produzido para o History Channel da TV a cabo, cujo tema será "Celacanto Provoca Maremoto". Já examinei a versão preliminar e vai ficar muito bacana. Nesta última sessão, as filmagens foram nos fundos de um estacionamento aqui na Rua Muniz Barreto em Botafogo, bem atrás do Botafogo Praia Shopping, onde executei a pedido alguns graffittis pro camera-man registrar. Algumas fotos da ocasião:

Ah, velhos tempos!

Teses acadêmicas citando CELACANTO PROVOCA MAREMOTO

Sobre a tese de Sandro José Cajé da Paixão acima, à página 72, lê-se:

2.5 O maremoto do celacanto e o enigma de Lerfá Mú

No fim da década de 1970, já com problemas de audição, o maestro Rogério Duprat fez o arranjo de uma música do Grupo Bendegó, composta por Gereba, Capenga e Patinhas, intitulada “Celacanto e Lerfá Mú", faixa do disco Bendegó, de 1979. Nos primeiros versos da música ficaram registradas as pixações mais conhecidas dos bairros cariosas:

Celacanto e o alucinante Lerfá Mú

Perdigoto e o gostoso Andarju

Se juntaram pois sacaram que Cócrates

'Tava doido e queria destruir o país do Uirapuru...

(Trecho da letra de Celacanto e Lerfá Mú, composição de Gereba, Capenga e Patinhas. In: Bendegó. EPIC/CBS: 235021, 1979)

OBS: Patinhas é João Santana, que se tornou o coordenador de marketing nas campanhas vitoriosas de Lula, Dilma e Hugo Chávez.

Esta música é a faixa A5 deste LP:

https://www.discogs.com/release/3341029-Bendeg%C3%B3-Bendeg%C3%B3

E a música em si pode ser ouvida aqui:

https://youtu.be/SR0_XSJhvkA


Documentários citando a frase

Lendas urbanas: o teaser-graffiti - A verdade sobre LERFÁ MÚ x CELACANTO

— por Luciana Araújo [Lumyx] em 2011-04-18

Bem no final da década de 70 começaram a pipocar na zona sul do Rio de Janeiro os primeiros grafites-não-identificados: uma verdadeira batalha nonsense entre os dizeres LERFÁ MÚ e seu “rival” CELACANTO PROVOCA MAREMOTO. Provocando a curiosidade dos mais atentos, surgiam enigmaticamente nos locais mais improváveis, no verdadeiro espírito street, emergindo do rescaldo das pichações políticas contra a ditadura que predominavam até então.




Qual seria o verdadeiro significado daquelas palavras? Como teasers, geravam as especulações mais bizarras nas conversas de bar e mais tarde na imprensa, enquanto os dois autores do LERFÁ MÚ e sua trama estavam rolando de rir. Num clima meio Cheech&Chong, dividiam-se entre a PUC, o estúdio de fotografia e serigrafia no qual eram sócios, os intermináveis ensaios de rock e música blue grass, e os “ataques” clandestinos às paredes da cidade. 

Entrando na faculdade de design aos 17 anos, pós-adolescente, fiquei alegremente chapada ao encontrar aquelas duas figuras inenarráveis, que iam ampliando em escala viral o círculo de domínio urbano - com o auxílio luxuoso de uma crescente gang de amigos adeptos e suas latas de spray e canetas pilot. Eram agentes provocadores da melhor estirpe, mais que tudo por uma razão inata: atitude. Dessas pessoas que, mesmo involuntariamente, meio por molecagem, invocam questionamentos, geram polêmicas, disparam a primeira pedra do efeito dominó. Neste caso, não meros pixadores, mas os primeiros e legítimos grafiteiros do Rio.

Os criadores do LERFÁ MÚ, Guilherme Jardim e Rogério Fornari, eram fotógrafos e músicos – entre outras coisas - e eram assim: divertidíssimos. Aqueles dizeres, mera corruptela do private joke que invertia sílabas na gíria de iniciados do bairro, dizendo em código lerfá-mú lhobagu para falar “vamo fumá um bagulho?”, vinham sendo ingenuamente repetidos por autoridades e pessoas públicas, disseminando o uso da cannabis sem nenhuma intenção - para a alegria dos grafiteiros e doidões locais. 

Acima, Rogério Fornari (à esquerda) e Guilherme Jardim (à direita). Ao centro, Paulinho (Paulo Futura), na época fotógrafo e outro sócio do estúdio. A foto foi usada como indicativo na estrada para uma festa na serra de Petrópolis-RJ.

E insuflado pela crescente notoriedade anônima que aquele simples anagrama assumia, LERFÁ MÚ partiu para a disputa de espaço com o outro grafite, o CELACANTO PROVOCA MAREMOTO, este derivado de uma manchete citada num episódio de Nacional Kid, o seriado cult japonês, pai de Jaspion e avô dos Power-Rangers. 

Em 1981, pegando ônibus num belíssimo dia de sol, encontrei Rogério, que se auto-intitulava “freak” (e direis: como não?) portando um soturno guarda-chuva preto. Diante do meu espanto, ele riu e explicou: “- é a senha”.

Fiquei na mesma, até que ele contou que nas internas, há quase um ano, CELACANTO vinha provocando LERFÁ-MÚ trocando desafios sob forma de grafite nas paredes dos banheiros masculinos da PUC, onde ele também estudava. Depois de muitos acordos, travados por escrito e sem se verem, marcaram um misterioso encontro num dos cruzamentos mais barulhentos e movimentados do Rio: esquina da Av. Nossa Senhora com Figueiredo de Magalhães, em plena Copacabana. Para se identificarem mutuamente, nada como improvável guarda-chuva. 

Nunca soube o resultado político deste duelo, mas sei que Rogério, como bom freak que era, partiu anos depois para uma vida alternativa num sítio no interior de Minas. Em estilo compatível criou uma banda de rock e tratou de arrebatar a rádio local com suas composições gravadas num porta-estúdio, abiscoitando todos os festivais de música das proximidades. Sempre lerfando mú, é claro. 

Já o Guilherme era a personificação da contracultura com um mix pós-moderno: enquanto sabia tudo de Jimi Hendrix, Johnny Winter e Rolling Stones – motivo de meu fascínio – já pilotava um TK 85, um computador pessoal pré-histórico, ouvindo Devo e Kraftwerk ou jogando space invaders. Os amigos que o conheceram – esta quem vos narra entre eles, já inoculada da technomania gamer por contágio - sabem que ali estava um transgressor nato, criativamente embebido na cultura pop. Em outras palavras, um sujeito da pá-virada.

Acima, Guilherme Jardim, Luciana Araujo [Lumyx] e Ricardo Camillo em foto de divulgação da banda. (foto: Flávio Colker).

Depois de um tilt, o tal computador provocou até a composição de “Choveu No Meu Chip”, nosso sucesso meteórico com a banda ELETRODOMÉSTICOS*, já nos anos 80, onde o mesmo Guilherme era guitarrista e eu, tecladista num Korg Poly-800. Muito antes dos laptops, smartphones e outros gadgets, a canção de inspiração visionária – agora é fácil ver – narrava uma verdadeira tragédia informática da perda de todos os arquivos, profetizada em hilários playbacks new wave que fazíamos no programa do Chacrinha, Xuxa e afins enquanto o público ainda mal sabia o que afinal era um chip. Um grafite musical, a mesma atitude teaser – e o agente provocador entrava novamente em ação. Mas isso é outra lenda urbana.

Almanaque dos Anos 80, pág. 139, em “Os Intocáveis”.

Orlando Graeff escreve: "CELACANTO PROVOCA MAREMOTO!"

Não deixe de ler este relato das aventuras da época do Celacanto, magistralmente escrito pelo amigo Orlando, colaborador daqueles tempos de ouro. Mesmo um tanto romanceado, é deliciosa a leitura.

No meio dos anos de 1970, quando estudava no Colégio Rio de Janeiro, em Ipanema, não podia deixar de notar num garoto bem diferente, que estudava uma série abaixo da minha. Enquanto a maioria de nós, meninos típicos da Ipanema pós-Bossa Nova, usava cabelos longos, vestindo camisetas Hang-Ten ou Val-Surf, bem largas, sobre calças de veludo cotelê, com a boca estreita, de não passar uma laranja, se jogada pelas pernas, além de invariáveis sandálias havaianas e tênis Pampeiro ou Converse All-Star, sua indumentária em muito diferia da nossa: Camisas de tecido, com bolsos e botões, colarinho rígido; Calças de tergal com boca larga (Pantalonas) e; Tênis Bamba... Não havia dúvidas, tratava-se de alguém bastante diferente de nós. Porém, um aspecto chamava atenção para aquele garoto alto e magro, muito mais do que qualquer outro, referente à moda ou aos costumes massificados, tão comuns aos adolescentes: Carlos Alberto – este era seu nome – tinha a cabeça completamente raspada e reluzente!

Outro aspecto bastante curioso prendia nossa atenção na figura de Carlos Alberto, evitando que, pela sua careca, fosse eventualmente confundido com algum “reco”, como chamávamos aqueles que cursavam colégios militares – o que não seria o caso, pois estávamos no famoso Colégio Rio de Janeiro: Ele andava numa bicicleta já meio antiga (Chamada por ele de “Aranha”), para todos os cantos, portando dois bastões de madeira, ligados por uma corrente, sobre a nuca. Explicaram-me que se tratava de um nunchaco (Arma oriental que o famoso Bruce Lee tornara célebre, em seu filme Operação Dragão). Também eu entusiasta das artes marciais, fui apresentado a ele, não posso me lembrar por quem, passando a chamá-lo de Kung Fu, como era conhecido, por razões óbvias. Soube que seu cabelo raspado se devia à momentânea adesão à Fraternidade dos Mantos Amarelos – FRAMA – uma seita espiritualista oriental, que arrebanhava inúmeros adeptos, na Cidade Maravilhosa. Entendi que suas indumentárias diferenciadas advinham de suas origens diversas das nossas: Fu, como passamos a chamá-lo, carinhosamente, havia morado no Piauí e sua família era mais uma das muitas que chegavam ao Rio, vindas de todas as partes, formando as bases democráticas e cosmopolitas da Cidade Maravilhosa.

Carlos Alberto Teixeira se tornou amigo e irmão, juntamente com outras figurinhas marcantes, que formavam seleto grupo, naqueles inesquecíveis anos de 1970, no Colégio Rio de Janeiro. Cada um de nós, livre para difundir suas idéias e seu jeito, influenciou o caráter dos outros, dum modo que, infelizmente, não mais permite a ditadura globalizada e cheia de “vergonhas” da gurizada de hoje. Certamente, tornar-se-á desnecessário enumerar aqui os resultados individuais de tanta diversidade comportamental e cultural, nascida ali, desde o Cazuza e a Lucinha Veríssimo, para chegar, também, ao famoso dublê de Jornalista e Mestre em Computação de O Globo: Carlos Alberto Teixeira – o CAT, que até hoje chamo de Fu. Mas, não se tratando de um livro de memórias, mas somente de um rápido post, em meu blog, passo apenas a contar umas três historinhas ligeiras, que envolveram o CAT, e que marcaram por definitivo minha vida, assim como a da Cidade do Rio de Janeiro, no final dos anos de 1970.

Motivei-me a contar essas passagens, depois de uma alegre troca de comentários no Facebook, tendo como assunto a velha citação que marcou o cotidiano da Cidade Maravilhosa, naqueles tempos: CELACANTO PROVOCA MAREMOTO! Quando adveio o trágico sismo japonês, seguido pelo monumental tsunami, que ceifou tantas vidas, na Costa Nordeste daquele lindo país, lembrei-me, inevitavelmente, do episódio do seriado trash japonês, da década de 1960 – National Kid – quando o submarino Kilton, pertencente ao Seres Abissais, causava um tsunami sobre uma pequena aldeia japonesa, enquanto ecoava sua ameaça mortal: O Celacanto Provoca Maremoto! Tendo na memória aquelas cenas, que tanto me impressionavam, quando criança, fiquei estarrecido em ver como as cenas inacreditáveis do tsunami do Japão se pareciam com as do National Kid. Vindo, havia poucos dias, de trabalhar sobre a tragédia das chuvas, na Região Serrana do Rio de Janeiro, que também ceifara tantas vidas, resolvi não falar sobre essa estranha impressão, por medo de parecer desrespeitoso com tanta desgraça alheia. Porém, ao sabor do clima de liberdade do Facebook, que derrubou a ditadura das patrulhas comportamentais, resolvi falar dos maremotos e do Celacanto, com todo prazer que isso me traria.

Naquele final dos anos de 1970, enfrentávamos a severa metamorfose, que transformava nossa velha Ipanema num imenso canteiro de obras, do qual emergiam enormes edifícios de apartamentos. Um tanto revoltados com aquilo, mas embebidos do espírito mais anarquista da República Jovem de Ipanema, achamos por bem, em nossas idas e vindas da praia, rabiscar os tapumes de obras, que dominavam a paisagem, utilizando canetas hidrográficas de ponta grossa, chamadas de pincéis atômicos: É Muito Ovo! Alô! Obrigado! Qualquer besteira que nos vinha à cabeça era escrita, com letras garrafais, naquelas excrescências de madeirite que enfeavam as ruas. Até mesmo uma poesia, cunhada pelo Carlos, é claro, chegou a ser difundida por nós: “Cala-te boca; Que a cor não vá: Sinto-me louco; A cor é lá-lá”. Não queríamos dizer NADA! Mas, uma de nossas inscrições tomou corpo, por trazer certo mistério, pois ninguém das gerações mais velhas se lembraria do National Kid: Celacanto Provoca Maremoto! Carlos se saiu com essa e adoramos focar nesta frase, aparentemente enigmática, que ganhou as ruas e se transformou numa febre, já hoje bastante contada, por muitos cronistas.

Passo a contar três cenas que me mercaram a memória, em nossa doce delinquência do Celacanto Provoca Maremoto! São flashes deliciosamente engraçados, mas que representaram momentos de grande tensão, em nossas cabeças juvenis, daqueles tempos:

CENA 1 – Já utilizando sprays de tinta, mas NUNCA pichando residências ou monumentos, paramos meu velho fusca azul-marinho, ano 1972, na Avenida Niemeyer, junto a uma grande contenção de encosta, recentemente concluída, logo depois da entrada do Vidigal. Enquanto eu abria o capô da lata velha, fazendo uma cara intrigada de quem procura pelo defeito que a parara, Carlos aplicava um magnífico Celacanto sobre o horrendo muro de concreto: Sempre com aquela caixinha em volta, com uma seta apontando para baixo, onde uma gotinha d’água tremulava. Imagine hoje fazer algo assim, bem ali, naquele lugar!

CENA 2 – Já numa contenda – tudo para o ser humano acaba em guerra – com a turma do Lerfa Mu, outra corrente contemporânea de grafitis, que proliferava no Rio, rabiscávamos provocações e mensagens, num imenso tapume, próximo à esquina entre Visconde de Pirajá e Henrique Dumont, onde antes havia um cinema e nascia outro espigão. A essas alturas, os jornais davam conta de investigações da Polícia sobre a suposta origem dessas pichações em disputas entre facções rivais de traficantes. Como ainda vivíamos sob a ditadura, imagine o medo que tínhamos... Mas, seguíamos em nossa função. Pois, assim que terminamos de pichar mais aquele tapume, guardamos nossos “equipamentos” e nos viramos, surgiu da Henrique Dumont um comboio de uns três camburões da PM, com aqueles soldados mal encarados, armas para fora das janelas, pegando exatamente a Visconde de Pirajá e passando em frente a nós, que ficamos simplesmente petrificados.

CENA 3 – No mesmíssimo Fusca 72, percorríamos as ruas de Ipanema, em direção a Copacabana, procurando tapumes para vitimar, com o tradicional Celacanto. Carlos portava uma bolsa tiracolo, simplesmente lotada de sprays de tinta, luvas para não manchar as mãos e marcadores do tipo pincel atômico. Nada poderia ser mais “criminoso”, naqueles dias, do que aquela bolsa, dentro de nosso carro. Mais uma vez, passaríamos por inesquecível momento de tensão: No meio da rua Francisco Otaviano, no Arpoador, avistamos uma blitz da Polícia Militar, dezenas de metros à frente... Céus! O que fazer? Carlos pensou rápido e agiu com a teatralidade que lhe era típica. Pegou sua bolsa, abriu a porta do carro, despediu-se, com gestos largos e, em alto e bom tom, falou: “ - Muito obrigado, mande abraços à sua mãe, até semana que vem!” Calmamente, sem corridas e passando quase pelo meio dos soldados, que somente vistoriavam os carros, foi esperar-me adiante, continuando nossas operações.

Pouco tempo depois disso tudo, o pai de Carlos, que era jornalista do Jornal do Brasil, foi abordado por colegas: “Já sabemos que o Celacanto é seu filho. Queremos uma entrevista...” Carlos solicitou uma reunião comigo e com o Brenno Pinheiro, seus principais “comparsas”, ponderando entre nós que, por ser o único menor de idade, deveria assumir sozinho a responsabilidade, para não termos problemas. Depois disso, ainda surgiram Celacantos, aqui e ali, até mesmo em Porto Alegre, São Paulo e mesmo no metrô de Paris. Mas, o mistério havia acabado. Juro que nada temos a ver com o tsunami do nordeste japonês, apesar de tudo ter começado pelas mãos deles – japoneses – nos anos de 1960, quando inventaram essa história de Celacanto Provoca Maremoto!

Resgatei este desenho, de 1980, no qual se vê um Celacanto Provoca Maremoto! Na parede e sobre o qual registrei minhas impressões.

Na edição do jornal METRO, de 2016-01-28, na página 16, foi publicado este box:

‘Celacanto provoca maremoto’ na RIO-2016 — Um grande painel da artista plástica carioca Adriana Varejão já está na parte exterior do Estádio Aquático, no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. Com referências da azulejaria portuguesa, a decoração é uma reprodução de uma das principais obras de Varejão, que está instalada no Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais. Veja aqui.

Mas detalhes sobre a instalação em Inhotim: http://www.inhotim.org.br/inhotim/arte-contemporanea/obras/celacanto-provoca-maremoto, onde consta: "Celacanto Provoca Maremoto, 2004 - 2008 / Rio de Janeiro, 1964; reside no Rio de Janeiro  - óleo e gesso sobre tela - A obra de Adriana Varejão promove uma articulação entre pintura, escultura e arquitetura, revisitando elementos e referências históricos e culturais. Especialmente criada para o espaço a partir de um painel original em apenas uma parede, a obra Celacanto Provoca Maremoto (2004-2008) vale-se do barroco e da azulejaria portuguesa como principais referências históricas, mas também da própria história colonial que une Portugal e Brasil: afinal de contas aqui estamos nos domínios do mar, o grande elemento de ligação entre velho e novo mundos no período das grandes navegações. Colocados nos painéis formando um grid, os azulejões fazem referência à maneira desordenada e casual com a qual são repostos os azulejos quebrados dos antigos painéis barrocos. Assim, o maremoto e as feições angelicais impressas nas pinturas formam esta calculada arquitetura do caos, com modulações cromáticas e compositivas, remetendo à cadência entre ritmo e melodia."

Adriana Varejão, Celacanto Provoca Maremoto, 2004 - 2008, óleo e gesso sobre tela, 110 X 110 cm cada, 184 peças, foto: Vicente de Mello

Em 2018-03-18, o amigo Ricardo Berger encontrou um drink na Camolese <http://casacamolese.com.br/> chamado "Celacanto Provoca Maremoto".

— E é bom o drink — disse ele. 

Valeu, Bergão!

* * *

PS: Em dezembro de 2019, minha mulher esteve na Camolese e constatou que o referido drink não estava mais no cardápio.

Em 2018-05-04 , graças ao Paulo Magalhães, via Twitter, fiquei conhecendo o #MuseudeMemes, onde há uma página dedicada ao Celacanto Provoca Maremoto:

Meu agradecimento a Dandara Bolada, que escreveu muito bem escrito o texto.

Olha só essa camiseta IRADA!

É uma criação do Leonardo Davino, que postou a foto no Facebook em  2017-05-20. Veja em: http://bit.ly/2HrkOKu

“CELACANTO PROVOCA MAREMOTO”, por Maria Helena RR de Sousa, no blog do Noblat, na “Veja”, 2018-07-20

“CELACANTO PROVOCA MAREMOTO”, por Maria Helena RR de Sousa, no blog do Noblat, na “Veja”, 2018-07-20

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, durante reunião no Palácio Presidencial em Helsinque, na Finlândia - 16/07/2018 (Sputnik/Alexei Nikolsky/Kremlin/Reuters)

Quem já sabia ler no início de 1980 com certeza vai se lembrar dessa frase que tomou conta dos muros do Rio de Janeiro e logo se espalhou pelo Brasil. Não queria dizer nada, era altissonante, era gostosa de dizer e provocava uma baita curiosidade.

Pois “Celacanto Provoca Maremoto” é o que me ocorre dizer ao ouvir ou ler tanto Donald Trump quanto os políticos brasileiros.

O mais celacanto é sem dúvida o Baby Trump. “O que ele diz não se escreve” é maneira delicada de analisar as falas desse indivíduo que, não consigo compreender, foi eleito presidente dos EUA. Como ele não se responsabiliza nem pelo que diz nem pelo que desdiz, é tudo culpa da Imprensa, fica difícil acreditar em qualquer coisa que ele diga.

Desde que se encontrou com Vladimir Putin em Helsinki, na segunda-feira 16 de julho, Trump já deu várias versões do que resultou desse encontro. Fechados os dois numa sala na presença apenas de dois tradutores oficiais, ninguém sabe o que acordaram ou o que discordaram. O que se sabe é o que as fotografias revelaram: um Trump encantado ao se ver em tête à tête com o ex-KGB, o competente Putin. Como Trump mal sabe falar, pelos tuites dele podemos ver a diminuta dimensão de seu vocabulário, dá para imaginar como ele se transformou em massinha de modelar nas mãos do russo, um experiente Chefe de Estado.

Depois de muitas idas e vindas, um disse não disse danado, o fato, ainda não desmentido por Trump, é o convite oficial para Putin visitar os EUA no início do outono no hemisfério norte, portanto antes das eleições americanas de novembro.

Até lá com certeza já conheceremos as muitas versões sobre a vida e a obra de Maria Butina, a espiã ruiva que circulou em altos grupos de Moscou e Washington. Cherchez la femme, como sempre disseram os franceses, parece ser mais verdade do que nunca.

E aqui, no Brasil, os nossos celacantos?

Lula, por exemplo, num texto assinado na Folha de São Paulo, pergunta: “Aqueles que não querem que eu fale, o que vocês temem que eu diga? O que está acontecendo hoje com o povo? Não querem que eu discuta soluções para este país? Depois de anos me caluniando, não querem que eu tenha o direito de falar em minha defesa? Fizeram tudo isso porque têm medo de eu dar entrevistas? O que temem?”.

Tirando a Gleisi Hoffmann, será que ainda há quem acredite que Lula foi caluniado e sentenciado injustamente? Será possível?

E o Bolsonaro que diz que os partidos não se negaram a indicar um vice para sua chapa, que isso é intriga da Imprensa? Precisamos vacinar o Bolsonaro, pois a praga Baby Trump, pelo visto, é contagiosa: tudo é mentira da Imprensa!

Nem preciso citar os demais candidatos à nossa Presidência... é cada celacanto.

---

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa é professora e tradutora, escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005 - http://www.facebook.com/mhrrs

FONTE: https://veja.abril.com.br/blog/noblat/celacanto-provoca-maremoto

{ via Irene Schmidt }

"Celacanto, um Mar em Moto", exposição de fotos de Odir Almeida no Oi Futuro em 2018-07-06

Contato: Nara Reis

ODIR ALMEIDA: CELACANTO

ESTE EVENTO OCORRE EM 06/07/2018 ÀS 11:00

 ODIR ALMEIDA 

“CELACANTO”

 De 6 de julho a 5 de agosto

Terça a domingo, das 11h às 20h | Térreo e Nível 4

Entrada franca | Classificação etária: livre

A exposição convida o público a contemplar e ressignificar o olhar sobre o Rio, através das imagens captadas, literalmente, de dentro do mar, pela câmera e a sensibilidade do fotógrafo Odir Almeida. O título é inspirado nos seres abissais denominados “celacantos”, cujas barbatanas – acreditava-se – provocavam maremotos. Foram selecionadas 20 fotografias em grande formato, em cor e preto e branco, e 100 imagens, através de um processo ousado, para captar e congelar em imagem esse movimento constante – e nunca o mesmo – do mar da Cidade Maravilhosa. A mostra inclui vídeos com depoimentos sobre o trabalho de Odir, como do escritor e artista visual Guilherme Zarvos, do psicanalista Paulo Próspero,  do cineasta Silvio Tendler e da curadora Maria Arlete Gonçalves.

Curadoria: Maria Arlete Gonçalves

Local: Oi Futuro Flamengo

Endereço: Rua Dois de Dezembro, 63 - Flamengo

CEP: 22220-040

Data: Este evento ocorre em 06/07/2018 às 11:00

Fonte: https://web.archive.org/web/20180818192805/http://www.oifuturo.org.br/evento/odir-almeida-celacanto/

Papo de colégio

Reminiscências sobre o CELACANTO PROVOCA MAREMOTO em um dos grupos de ex-alunos do Colégio Rio de Janeiro: Clique aqui.

Postagem do Vladimir Cavalcante no Facebook em 2019-05-04

Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=10156351416567877

UMA VIAGEM NO TEMPO E SUAS TRANSFIGURAÇÕES

Numa só página do Caderno B - certamente o Caderno Cultural mais importante da história do Brasil - algumas revelações sensacionais, sem estardalhaços. Nela conhecemos o jovem de 17 anos, Carlos Alberto Teixeira, que hoje seria erroneamente classificado como grafiteiro (embora não usasse spray para deixar sua 1a marca urbana, o Celacanto). Depois ele se tornaria o lendário CAT, do Globo Informática, com um time de feras.

O rapaz faz parte de um grupo de gênios que esse país teve o disparate de ignorar, favorecendo a instituição da mediocracia - seja ela de natureza populista demagógica ou simplesmente política fisiológica - que se apoderou sem o menor pudor das cadeiras bem ali, pra botar o braço na janela.

Na mesma página, figura um desenho do Megalodon, antecipando a realização de um filme desses últimos dois anos, em quase 40 anos, um feito notável da obra cósmica do coletivo-humano. Somos escribas de uma viagem de extensões insondáveis. Ainda na página, um anúncio sugestivo, no estilo perca peso, lhe direi como, fala de uma técnica de vanguarda trazida da Suíça, infalível. A chamada "Eu perdi tudo em 23 dias" poderia muito bem ter sido fonte de inspiração para a peça "Eu... drogada e prostituída".

Gostei de tudo ali, já se farejava certas transformações, ainda que de forma tímida e com linguagem controlada. A porralouquice era tratada com respeito, ainda que à espera do pico dos opióides que hoje transformaram parte da população americana naquilo que no passado foi a população chinesa durante a Guerra do Ópio. Vida que segue. 

Obra de arte com o Celaca da banca na Prudente

gabriel cavalleiro (@cavalleiro no Instagram)

https://www.instagram.com/p/CEaIRUCJzAu/

#tbt de 2018, numa montagem de exposição junto aos queridos @luizguilhermevergara e @_carlosvergara junto com uma pinturinha que fiz em homenagem ao Celacanto (quem não sabe o que é da uma pesquisada que vale a pena!)

Postado em 2020-08-27

(Aliás, acabo de descobrir que a banca de jornal continua lá exatamente no mesmo lugar. Foto no Google Street View: https://bit.ly/33YKJY6, visão 3D: https://bit.ly/2JIdPnT, é a hoje conhecida "Banca da Cléo": https://goo.gl/maps/XEffLCgjy1PAxCSz5)

gabriel cavalleiro (@cavalleiro no Instagram)

https://www.instagram.com/p/CEaIRUCJzAu/

#tbt de 2018, numa montagem de exposição junto aos queridos @luizguilhermevergara e @_carlosvergara junto com uma pinturinha que fiz em homenagem ao Celacanto (quem não sabe o que é da uma pesquisada que vale a pena!)

Postado em 2020-08-27

(Aliás, acabo de descobrir que a banca de jornal continua lá exatamente no mesmo lugar. Foto no Google Street View: https://bit.ly/33YKJY6, visão 3D: https://bit.ly/2JIdPnT, é a hoje conhecida "Banca da Cléo": https://goo.gl/maps/XEffLCgjy1PAxCSz5)

graffitiriodejaneiro

https://www.instagram.com/p/B-0e3sYjlyS/

Celacanto 1978 #graffitiriodejaneiro #graffiti #xarpi

Postado em 2020-04-10

(Não consigo lembrar o local dessa banca!)

graffitiriodejaneiro

https://www.instagram.com/p/B1HJtPHnWnY/

2x celecanto #graffiti #graffitibrazil #graffitirj #tagsandthrows #graffitivandal #graffitiriodejaneiro

Postado em 2019-08-13

(Nenhum cabelo ou barba branca ainda!)

graffitiriodejaneiro

https://www.instagram.com/p/Bn1aT-hA-MC/

Celacanto anos 70. #xarpi70 #graffiti #graffitibrazil #graffitirj #tagsandthrows #graffitivandal #graffitiriodejaneiro

Postado em 2018-09-17

Essa banca fica na Prudente de Morais, logo antes da esquina da Garcia. Pintei esse Celaca numa madrugada. Ali perto passava meu amigo George Israel, que depois se tornou saxofonista do Kid Abelha, voltando de uma festa. Se amarrou no grafiti. Foi aí que entreguei o Color Jet branco pra ele pintar a gota.

A banca de jornal continua lá exatamente no mesmo lugar. Foto no Google Street View: https://bit.ly/33YKJY6, visão 3D: https://bit.ly/2JIdPnT, é a hoje conhecida "Banca da Cléo": https://goo.gl/maps/XEffLCgjy1PAxCSz5

Enormes espécies de peixes de 420 milhões de anos redescobertas no Oceano Índico

Acredita-se que o celacanto de '4 patas' tenha sido extinto há décadas

https://www.foxnews.com/science/see-it-420-million-year-old-fish-species-rediscovered-in-indian-ocean (original em inglês)

Por Julia Musto | Notícias da Fox - 2021-05-21

Pescadores resgatam tartarugas marinhas das mandíbulas do tubarão-tigre, programas de vídeo selvagens

Um enorme "peixe fóssil" com origens que remontam a 420 milhões de anos ressurgiu no Oceano Índico Ocidental, na costa de Madagascar .

Acreditava-se que o celacanto (Latimeria chalumnae) de 2 metros e até 80 quilos estava extinto há pelo menos um século. No entanto, um estudo recente publicado no SA Journal of Science revelou que em maio de 2020 até 334 capturas de celacanto haviam sido documentadas. 

A espécie de celacanto, também conhecido como "peixe de quatro patas" por suas barbatanas vigorosas, vagueia em profundos desfiladeiros submarinos entre 350 e 500 metros abaixo da superfície. 

De acordo com o Smithsonian Ocean Portal , os peixes foram redescobertos pela primeira vez em 1938, usando redes de emalhar.

A espécie recebeu o nome de seu descobridor, Marjorie Courtenay-Latimer , e supostamente descrita pelo professor JLB Smith da Universidade de Rhodes em 1939.

Ele pode pesar até 90 quilos, de acordo com a plataforma de notícias de ciências ambientais e conservação sem fins lucrativos Mongabay . 

Em uma entrevista, o principal autor do estudo disse que ele e seus pesquisadores ficaram chocados com o número de celacantos capturados como capturas acessórias em redes de emalhar de malha grande conhecidas como "jarifa".

"Quando examinamos isso mais profundamente, ficamos surpresos [com os números capturados] ... embora não tenha havido nenhum processo proativo em Madagascar para monitorar ou conservar", disse Andrew Cooke do RESOLVE sarl ao Mongabay.

Enquanto Latimeria chalumnae é classificado como Criticamente Ameaçado pela IUCN , mais dos celacantos "de quatro patas" foram capturados em torno da Tanzânia, África do Sul e Ilhas Comores.

O estudo também apresentou um caso para conservação - embora o tamanho da população da espécie permaneça desconhecido - e observou os efeitos negativos da pesca com rede de emalhar no comércio de barbatanas de tubarão.

"As redes de emalhar jarifa usadas para capturar tubarões são uma inovação relativamente nova e mais mortal, pois são grandes e podem ser colocadas em águas profundas", disseram os pesquisadores. "Não há dúvida de que as grandes redes de emalhar jarifa são agora a maior ameaça à sobrevivência dos celacantos em Madagascar."

Julia Musto é repórter da Fox News Digital. Você pode encontrá-la no Twitter em @JuliaElenaMusto.

{ Obrigado, Luiza Pinheiro }

Aqui no Brasil não foi diferente, já que com a implantação da ditadura, uma das formas de protesto era através da escrita nas paredes, que depois diminuiu com o aumento da repressão por parte dos militares. Um dos exemplos foram as pichações ‘Abaixo a ditadura’ ou ‘Devolvam o Calabouço’ espalhadas pela cidade, assim como exemplos considerados enigmáticos quando surgiram ‘Celacanto provoca maremoto’ e ‘Cão fila km 22’, pois não faziam sentido a princípio para quem lesse.” 

A (im)permanência do traço: rastro, memória e contestação (2009), por Cristiana Nogueira, página 3.

https://docplayer.com.br/14242987-A-im-permanencia-do-traco-rastro-memoria-e-contestacao-cristiana-nogueira-1.html

No Brasil, com a implantação da ditadura, uma das formas de protesto se deu através da escrita nas paredes, temos como exemplo a pichação “Abaixo a ditadura” e também alguns enigmas como “Celacanto provoca maremoto” (GOMES, 2009)” 

Registros de Memória em Arte Fugaz: o Graffiti das Casas-Tela do Museu de Favela (2010-2014), por Fernanda da Silva Figueira Rodrigues (2015), página 123. 

http://www.memoriasocial.pro.br/documentos/Dissertações/Diss366.pdf

☆ Postagem de Gustavo de Almeida no Facebook, em 2023-01-30 às 11h35:

"Meu filho aprendeu a curtir muito o Centro do Rio, e toda vez que eu tou com apenas um compromisso fixo, rápido (e claro, quando estamos sem a ajudante em casa), levo ele junto. "Descobrimos" agora o Museu Histórico Nacional, que eu não ia desde criança (é meio tipo "Cine Veneza", "ruim de ir", por causa da localização na Praça Marechal Âncora). O que eu não sabia é que dentro da exposição "Cidadania" (ótima, por sinal) havia uma pequena exposição do Carlos Alberto Teixeira!” 

https://www.facebook.com/photo/?fbid=10163785219052355

Participação especial no #EnergiaPraTorcer, no Teatro Popular Oscar Niemeyer, 15 de junho de 2014, Niterói.

Com nosso filho Victor, então com 4 anos.