Manifesto de Professor

Enquanto professor, a minha missão passa por fornecer aos meus alunos um conjunto de conhecimentos de base na área dos sistemas de informação, bem como ajudá-los a ganhar competências que lhes permitam exercer uma atividade profissional compatível com o seu curso quando o terminarem.

Hoje em dia, as tecnologias de informação têm revolucionado a forma como vivemos e trabalhamos. Elas potenciam o aumento da produtividade das organizações e, quando corretamente alinhadas com o negócio, são um fator decisivo do seu sucesso. Enquanto professor, o meu papel passa por transmitir como elas podem assumir esse papel, indicando caminhos que ajudem a propor, planear e implementar sistemas de informação que melhor sirvam as organizações face aos seus objetivos e recursos disponíveis. Dada a natureza dos sistemas de informação, defendo a utilização de uma metodologia que conjugue a apresentação e discussão de conceitos com casos práticos que permitam aplicar esses conceitos. Uma boa formação passa inicialmente por compreender um conjunto de conceitos importantes. Para além da transmissão de conceitos, incuto nos meus alunos a necessidade de os debater e de os analisar criticamente sob diversas perspetivas. Para além da utilização da metodologia expositiva, reconhecendo as suas virtudes, defendo o seu complemento com outras formas de aprendizagem, como a metodologia de projetos, a qual incentiva o aluno a problematizar e a questionar ou fazer relação do que aprende com o que já conhece.

Tenho por convicção de que as aulas podem ser mais inspiradoras se complementadas com vídeos que os alunos possam assistir e depois ainda complementar a sua aprendizagem em casa. Mais, ao longo do decorrer das aulas os alunos são frequentemente desafiados com atividades ou desafios que façam sentido no âmbito dos objetivos a atingir na unidade curricular. Esse método solicita uma maior preparação prévia dos alunos e favorece uma sua maior participação nas aulas, tornando-as assim mais estimulantes.

Uma boa e profunda aprendizagem é garantida através da utilização de meios de comunicação alternativos e complementares. Por um lado, tenho como prática habitual a utilização dos tradicionais diapositivos para a apresentação e discussão de conceitos importantes, os quais, sempre que possível, são valorizados com figuras ilustrativas das mensagens a transmitir. Por outro lado, são igualmente propostos breves artigos e pequenos vídeos como meios de comunicação complementares da transmissão do conhecimento e potenciadores da reflexão e análise individual. Por fim, como parte fundamental da dinâmica de aulas, também existe a prática habitual da utilização de computadores e de diversas aplicações que permitem o ganhar de um conjunto de competências técnicas específicas.

Como sou um professor da área dos sistemas de informação, defendo fortemente a utilização da metodologia de ensino baseado em projeto. Com um projeto, o aluno é envolvido num problema aplicado, o qual tem de investigar, colecionando dados, formulando hipóteses, tomando decisões, resolvendo um problema ou desafio e tornando-se sujeito do seu próprio conhecimento. Ao desenvolverem os seus projetos, deixo de ser o único responsável pela aprendizagem do aluno, procurando assumir um papel de orientador, apoiando a investigação das questões que se propõe resolver e auxiliando a formulação de propostas para projetos conducentes à resolução pretendida. Nesse papel, levanto questões e torno-me um parceiro na procura de soluções dos problemas, ajudando a gerir o processo de desenvolvimento do projeto, coordenando os conhecimentos específicos da formação dos alunos com a necessidade de construírem conhecimentos específicos.

Proponho ainda projetos baseados numa organização real e feitos em grupo. Essa estratégia faz os alunos analisar um contexto organizacional específico e os seus problemas reais, surgindo daí a sua proposta específica de projeto. Ao fazê-lo, os alunos aplicarão os seus conhecimentos num caso verdadeiro e normalmente rico dada a sua complexidade. Acredito que esse processo os fará crescer enquanto pessoas e profissionais. Para além de conhecimentos teóricos e técnicos específicos, os alunos desenvolvem competências transversais como comunicação verbal, assertividade, atitude positiva, saber trabalhar em equipa ou criatividade. Embora valorize bastante a componente teórica, orgulho-me e apraz-me muito o papel que desempenho enquanto mentor e orientador dos alunos nos projetos que desenvolvem.

Uma aula deve em primeiro lugar motivar o aluno para os assuntos discutidos nessa aula e para a importância do que aí foi discutido. Em seguida, deve-lhe transmitir os conhecimentos necessários para que o aluno consiga sozinho ultrapassar no futuro desafios idênticos aos que foram discutidos na aula. No âmbito da área dos sistemas de informação, é comum a proposta de utilização de metodologias, técnicas e aplicações que permitirão ao aluno superar problemas que estão previamente tipificados.

O ser professor é algo que me realiza e me apaixona. Têm sido particularmente recompensadores certos momentos como aqueles em que alguns ex-alunos, depois de licenciados, voltam e me transmitem o importante papel que eu tive na sua formação. Penso que o melhor reconhecimento é aquele que se tem de um ex-aluno, o qual, após a sua inserção no mercado de trabalho, constata o valor do conhecimento e das competências adquiridas anteriormente. Na realidade, é verdadeiramente nessa altura que ele está habilitado a entender a importância da sua formação na atividade profissional que desenvolve.

A visão que tenho para o ensino na área dos sistemas de informação ao nível de uma licenciatura é de que, mais do que transmitir conhecimento, é importante que os alunos ganhem a capacidade de analisar criticamente os problemas e os contextos organizacionais e saibam formular soluções para os seus problemas.

Fernando Paulo Belfo, 5 de junho de 2017