Entrevista à Autora de A minha vida fechada em casa

Partindo do seu texto, estivemos à conversa sobre as estratégias que autora utiliza para lidar com a quarentena, em particular, com a impossibilidade de fazer coisas que gosta muito como ir à equitação porque, como dizia, com os amigos conseguimos alternativas mas no caso dos Cavalos, a sua grande paixão, torna-se difícil.


Dizes que desde muito pequenina que gostas de cavalos, de onde surgiu esta paixão?

  • Sempre gostei muito de cavalos e de animais no geral. Os meus pais sempre tiveram esta relação com animais, com cães.


Qual a tua primeira memória com cavalos?

  • Uma vez nas férias, montei um cavalo pela primeira vez. Estava com os meus pais de férias em vila viçosa e um amigo de um amigo do meu pai tinha uma quinta e criava cavalos. Eu não sabia que lá ia mas fomos lá e montei pela primeira vez. Devia ter uns 4 anos. Na altura dei só umas voltas mas senti logo uma ligação com o cavalo.


Mas nessa altura, não começaste logo a ter aulas, só aos oito anos. Lembras-te como foi?

  • Num domingo, no início de Outubro, eu estava à mesa com os pais, a avó e o meu irmão. A minha avó não sabia de nada. Lembro-me de ficarem todos a olhar para mim e de eu pensar: “o que é que eu fiz?” Então a minha mãe deu-me um papel eu não entendi logo à primeira, na verdade achei que ia mudar de escola, mas então a minha mãe disse-me para ler melhor o que estava escrito e eu não estava a conseguir dizer a palavra mas já tinha percebido que era “equitação” então comecei a chorar e fiquei tão, tão feliz que desatei a correr pela casa toda. No dia a seguir fomos logo comprar as coisas porque ia ter aula nessa semana. No dia seguinte tinha aulas na escola e só conseguia pensar nisto. Tinha vontade de contar à escola inteira. Partilhei com uma porque ela também faz equitação e com todos os meus colegas da turma.


Agora já andas há algum tempo o que gostas mais?

  • Gosto de tudo. Já sei andar a passo, a trote e a galope. A galope, às vezes, sentia um bocadinho de medo mas ao mesmo tempo sentia que estava segura, que o cavalo não me fazia mal.


Imagino que tenhas muitas saudades. Que estratégias tens usado para ultrapassar as saudades?

  • Tenho visto séries sobre cavalos, falo com uma amiga que durante um tempo da vida dela esteve também afastada dos cavalos. Penso como vai ser depois: será que é estranho para eles também? Eles estão habituados a estar sempre com muitas pessoas e agora estão praticamente sozinhos. Será que ainda vou conseguir fazer o que já fazia?


Uma das coisas que podes fazer, e que pode ajudar, é imaginar que estás a fazer a tua aula normalmente.

  • Sim! Antes de estarmos em quarentena sonhava como fazia para andar de rédeas. Imaginava.


Imaginar ajudava a conseguires fazer depois…

  • Sim, era mais fácil!.