Minicursos

A natureza do Estado em Marx e Engels e a Revolução Russa de 1917
Prof. Dr° Fernando Sérgio Damasceno (Faculdade de Educação - UFG)
- Minicurso Presencial -

Em longos anos de pesquisa, de atuação nos movimentos operários e de polêmicas com autores clássicos e revolucionários da época, Marx e Engels estruturam uma concepção materialista de Estado. Contudo, até 1870, não estava evidente para esses teóricos qual forma de organização social seria impulsionada após a derrubada do Estado burguês pela classe trabalhadora.

Em 1871, a Comuna de Paris trouxe a resposta acerca desta problemática, possibilitando a elaboração de uma síntese teórica dos autores. Essa experiência política mostrou que o Estado burguês não deveria ser substituído por um outro supostamente mais justo, mas que os trabalhadores deveriam derrubar “pedra por pedra do Estado burguês” e construir uma sociedade sem Estado. Nesse sentido, na obra “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, Engels consegue traçar para a classe trabalhadora o caminho mais propício para esse fim (ENGELS, 2019).

Em 1917, na Rússia, Lênin retoma essa questão de modo prático, uma vez que é preciso tanto refletir quanto organizar uma estrutura social depois da derrubada recente da república burguesa pelo proletariado. A partir dessa problemática e das diretrizes de Marx e Engels, Lênin elabora o livro: “O Estado e a Revolução”. Nele, o pensador pondera sobre o que o marxismo ensina acerca do Estado, bem como o papel do proletariado na revolução (LÊNIN, 2017). Essas considerações representam um avanço na concepção marxista de Estado e, desse modo, auxiliaram o desmonte prático do Estado burguês na nova sociedade que se organizou a partir de Outubro de 1917. Outra importância fundamental dessa obra está nas refutações as interpretações de Karl Kautsky, já que as compreensões deste autor sobre o marxismo influenciam a maioria do movimento operário europeu a abandonar as teses de Marx e Engels quanto ao Estado. Logo, contrapor essas formulações se prova com passo essencial de retomada da concepção marxista de Estado.

Na linha desse debate, esse minicurso tem por objetivo primordial apresentar o conceito de Marx e Engels sobre o Estado, a partir de Lênin. Além disso, pretende-se revisitar esse período histórico na Europa, assim como delimitar o papel do proletariado industrial na Revolução Russa de 1917 para toda a classe trabalhadora. Por fim, objetiva-se visualizar e traçar paralelos com desafios que tocam aos trabalhadores e todos setores explorados nos dias de hoje no Brasil, para superação do capitalismo rumo à sociedade sem classes, uma sociedade socialista.


Palavras chave: Estado; Marxismo; Revolução Russa; Socialismo.


Fontes bibliográficas:

ENGELS, F. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Trad. Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2019.

LÊNIN, V. O Estado e a Revolução: doutrina do marxismo sobre o Estado e as tarefas do proletariado na Revolução. Trad. Paula Vaz de Almeida. São Paulo: Boitempo, 2017.

As vozes que ecoam no presente: uma metodologia da história oral, memória e tempo presente na pesquisa histórica
Franciel dos Santos Rodrigues (mestrando - PPGH - UFCG)
Maria Letícia Costa Vieira
(mestranda - PPGH - UFCG)
- Minicurso On-line -

Discutir a História do Tempo Presente ainda é uma abordagem nova, que vem ganhando espaço e sendo debatida nos últimos tempos, por vezes negligenciada, por outras aclamadas. Partindo desse pressuposto, propomos esse minicurso com a intenção de discutir historiograficamente como vêm sendo levantadas as questões acerca do Tempo Presente na historiografia, especialmente a partir da utilização da fonte oral como metodologia de pesquisa histórica para esses estudos. Como aponta “A noção de “história do tempo presente” remete a uma noção que é ao mesmo tempo banalizada, controversa e ainda instável. Ela implica em uma reflexão sobre o “Tempo”, que foi durante longa data o impensado da disciplina histórica” (DOSSE, 2012, p. 6).

Apoiando-se nesse debate, ratificamos que são as memórias, as narrativas e o exercício da escuta que nos possibilitam investigar as relações afetivas, sociais, politicas e culturais com um outro olhar, o olhar do povo, do homem trabalhador e da sociedade. Dessa maneira, as narrativas dos sujeitos históricos nos cercam com uma vasta variedade de sensibilidades, saberes, práticas, e tradições culturais, políticas e sociais, assim como uma rica definição de singularidades possível de observação apenas com o exercício da escuta, tornando-se capaz de nos ajudar enquanto pesquisadores, a entender as representações do passado, perpassando os sujeitos e seus ensinamentos, aprendizados, experiências e conjunturas sociais.

Nosso objetivo no presente minicurso, é apresentar formas de trabalhar com a História do Tempo Presente, apontando as dualidades e adversidades encontradas pelo caminho, buscando enfatizar a riqueza dessa linha de pesquisa e suas infinitas possibilidade, assim, quebrando tabus e apresentando como as narrativas, relatos e depoimentos dos sujeitos, como fonte e metodologia podem contribuir para uma história dos sujeitos voltada para as diversas interpretações e reinterpretações dos sujeitos históricos ao longo de seu tempo.

A nossa ideia parte de uma abordagem metodológica visando levantar debates sobre a necessidade de refletir como as interlocuções entre os sujeitos e a história, contribuem na realização de trabalhos que assumem uma postura de trazer o presente para as discussões historiográficas, e provocam a produção de um conhecimento envolto por diversos olhares históricos, que são marcados por trajetórias de vida, cultura, formação de identidades, traumas, marcos e subjetividades.

Desta forma, trabalharemos em dois momentos, dialogando com as múltiplas abordagens que remetem a História do Tempo presente, os relatos de experiência e métodos, buscando decifrar as principais dificuldades encontradas pelos pesquisadores e partilhar conhecimentos, ainda, com a intenção de refletir sobre o uso e a importância da fonte oral para pesquisa histórica, sendo pensada enquanto um documento de valorosa importância com suas possibilidades e limites de pesquisa.


Referências Bibliográficas:

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Violar memórias e gestar a história: abordagem a uma problemática fecunda que torna a tarefa do historiador um parto difícil. Natal: 2006.

_________. A dimensão retórica da historiografia. In. PINSKY, Carla Bassanezi. LUCA, Tania Regina de. O historiador e suas fontes. Editora Contexto. 2021.

__________. Raros e rotos, restos, rastros e rostos: os arquivos e documentos como condição de possibilidade do discurso historiográfico. In: ArtCultura, Uberlandia, v. 15, n. 26, p. 7-28, jan- jun, 2013b. p. 8-28.

SAMUEL, Raphael. História local e História oral. Revista brasileira de história, São Paulo. P 219-243, 1990.

BOSI, Ecléa. O tempo vivo da memória: Ensaios de Psicologia Social. Ateliê Editorial. São Paulo- SP, 2003.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução Bernardo Leitão. 2. Ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1992.

PORTELLI, Alessandro. O que faz a história oral diferente. Projeto História, São Paulo. 1997.

TABORNA DE OLIVEIRA. Sentidos e sensibilidades: sua educação na história. Curitiba: Editora UFPR, 2012.

DOSSE, François. História do Tempo Presente e Historiografia. Tempo e Argumento – Revista do Programa de Pós Graduação em História- Florianópolis, v.4, n.1, 2012.

ELÍBIO JR, Antônio Manoel. A História do Tempo Presente: reflexões sobre um campo historiográfico. Cadernos do Tempo Presente, São Cristóvão- SE, v. 12, n. 01, p. 13-27, 2021|.

FERREIRA, Marieta de Moraes. História do tempo presente: desafios. Cultura Vozes, Petrópolis, v.94, nº 3, p.111-124, maio/jun., 2000.

História e Arte palestina: identidade, memória e ensino
Vitória Paschoal Baldin (mestranda - PPGCOM-USP)
- Minicurso On-line -

Collins (2007) aponta que a Palestina ocupa um lugar central nos discursos ideológicos contemporâneos, especialmente para temas como conflito, ocupação e colonização. Nesse sentido, diferentes sujeitos têm suas crenças e valores atravessados pelos entendimentos sobre a realidade palestina, produzindo percepções distintas. As imagens assumem uma importância crucial neste processo (KHATIB, 2012), e são mobilizadas como legitimadoras dessas diferentes visões sobre o conflito palestino-israelense, refletindo também suas percepções em temas mais amplos, como liberdade e direitos humanos (SONTAG, 2002). Portanto, ao observar as imagens, bem como os elementos verbais associados a ela e as diferentes formas de engajamento produzidas, conseguimos compreender como a causa palestina pode se transfigurar em imagem que, ao circular, explicita as formas pelas quais pessoas diversas convivem com obras e seu papel político delas no contemporâneo. O presente minicurso, portanto, parte das interfaces entre História e Arte para investigar o panorama palestino contemporâneo, se debruçando sobre temas como conflito, memória e narrativa. O objetivo é contribuir para a difusão de conhecimentos relativos à História contemporânea do Oriente Médio, bem como oferecer ferramentas para aproximação didática através do diálogo com a Arte. O minicurso está dividido em duas aulas, em que, inicialmente, apresentaremos e discutiremos aspectos da sociedade palestina pré-1948 (al-Nakba), nos debruçaremos sobre fotografias da época e expressões da arte visual contemporânea que reflete sobre o período. O segundo encontro terá foco nos conflitos entre palestinos e israelenses, com ênfase nas maneiras pelas quais esses eventos alteraram a produção artística e cultural. Para tanto, articularemos tais conflitos com a produção artística, apresentando, especialmente, o desenvolvimento do grafite palestino a partir da associação da caligrafia árabe e as necessidades decorrentes da Primeira Intifada. O minicurso terá como foco apresentar e discutir elementos da identidade e da cultura visual palestina à partir da aproximação entre História e Arte, narrando e análisando a história do ativismo palestino comporêneo.


Área temática: História do Oriente Médio; História da Arte


Bibliografia :

BACKMANN, René. Um muro na Palestina. Rio de Janeiro: Record, 2012.

BALDIN, Vitória P. Quando há muito a se dizer: os discursos verbais no grafite palestino. DIVERSITATES, v. 13, p. F2, 2022.

BALDIN, Vitória P. Representações da nação no grafite palestino contemporâneo. In: VIII Encontro de Pesquisas Históricas da PUCRS (EPHIS), 2022. Anais do VIII Encontro de Pesquisas Históricas da PUCRS (EPHIS), 2021.

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. Editora Perspectiva SA, 2020.

CAMPOS, Ricardo. Por que pintamos a cidade? Uma abordagem etnográfica do Graffiti Urbano. São Paulo: Fim de século, 2010.

CANDAU, Joël. Memória e identidade. São Paulo: Contexto, 2012.

COLLINS, John. Global Palestine: A collision for our time. Critique: Critical Middle Eastern Studies, v. 16, n. 1, p. 3-18, 2007.

FINKELSTEIN, Norman G. Imagem e realidade no conflito Israel-Palestina. Rio de Janeiro: Editora Record, 2005.

GRUBER, Christiane; HAUGBOLLE, Sune (org.). Visual Culture in the Modern Middle East: Rhetoric of the image. Indiana: Indiana University Press, 2013.

HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: PUC, 2016.

HOCHBERG, Gil Z. Visual occupations: violence and visibility in a conflict zone. Londres: Duke University Press, 2015.

HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. Editora Companhia das Letras, 2006.

HUYSSEN, Andreas. Culturas do passado-presente: modernismos, artes visuais, políticas da memória. Rio de Janeiro: Editora contraponto, 2014.

KAMRAVA, Mehran. The Modern Middle East – A Political History Since the First World War. Berkeley, Los Angeles and London: University of California Press, 2013.

KHATIB, Lina. Image politics in the Middle East: The role of the visual in political struggle. Bloomsbury Publishing, 2012.

LIONIS, Chrisoula. Peasant, Revolutionary, Celebrity: The Subversion of Popular Iconography in Contemporary Palestinian Art. Middle East Journal of Culture and Communication, v. 8, n. 1, p. 69-84, 2015.

MASALHA, Nur. Expulsão dos Palestinos: o conceito de “transferência” no pensamento político sionista 1882-1948. São Paulo: Editora Sudermann, 2021.

MISLEH, Soraya. Al Nakba: um estudo sobre a catástrofe palestina. São Paulo: Editora Sudermann, 2022.

PAPPE, Ilan. A limpeza étnica da Palestina. São Paulo: Editora Sudermann, 2016.

PAPPÉ, Ilan. Historia de la Palestina moderna: un territorio, dos pueblos. Madri: AKAL, 2007.

PETEET, Julie. The Writing on the Walls: The Graffiti of the Intifada. Cultural Anthropology, v. 11, n. 2, 1996, p. 139–159.

SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. Editora Companhia das Letras, Versão digital, 2012.

TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: A perspectiva da experiência. São Paulo: DIFEL, 1983.

História e Imprensa: Os jornais como fontes historiográficas. Reflexões, possibilidades, teoria e método
Me. Gabriella Chalegre Alves (UFPE)
Me. Jonathan Soares de Souza
(UFPE / SEDUC-AL / CNSBC)
- Minicurso On-line -

Durante muito tempo os jornais foram encarados na perspectiva de uma oficialidade, que seria o retrato diário do cotidiano. Isso, aliado ao discurso jornalístico corrente que versa sobre a neutralidade e imparcialidade, contribuiu para que a história retirada das páginas dos jornais adquirisse contornos factualistas, afastando-se das críticas e análises características do fazer histórico. No entanto, ao eleger determinado impresso como fonte para a produção historiográfica, é necessário perceber a sua amplitude e as singularidades no que diz respeito a utilização deste documento. Os jornais se constituem como objetos singulares, que ultrapassam o mero papel de órgão de notícias. Apesar da aparência de um discurso coerente, uniforme, os jornais são fruto de um conjunto de relações de poder, de representações sociais que envelopam os sistemas sociais e culturais envolvidos em sua produção, os discursos que podem ser os discursos e os sistemas de reprodução de uma determinada sociedade. Para Tânia Lucca, desde a escolha de como as notícias serão distribuídas no papel até quais serão estas notícias e o que elas trazem em sua narrativa são etapas essenciais na compreensão do documento (2008, p. 132). Tudo isso deixa entrever que a imprensa e por conseguinte os jornais não são pontos neutros, uma vez que identificamos uma intervenção, ou pelo menos uma tentativa de intervenção, direta na sociedade. Ao tratar dos jornais enquanto fontes, é preciso considerar também a dimensão material dos mesmos, suas formas de circulações e seus mecanismos de funcionamento.

A importância de se atentar para as diversas nuances dos jornais como fontes históricas se mostrou ainda mais central diante da pandemia do coronavírus e das necessidades que os historiadores e professores de história tiveram de se adaptar a um formato diferente de pesquisa, escrita e discussão da história. Plataformas digitais se tornaram não apenas facilitadores do trabalho destes profissionais, mas um recurso fundamental no metier histórico. Há, inclusive, uma tendência crescente de pesquisas que tiveram como base apenas os jornais como fontes. Além disso, é possível observar o crescente uso destes impressos, sobretudo de recortes ou trechos de notícias, que surgiram espaçadamente nas redes com o intuito de justificar ou repudiar situações durante a pandemia.

Acreditamos que observar isso com rigor metodológico é um excelente caminho para evitar armadilhas teóricas e conceituais que apresentam esse tipo de fonte apenas como mera ilustração do passado. Armadilhas essas que deixam entrever também um uso político do passado ao manejar discursos e representações especificas como no caso da ditadura civil-militar. Entendemos então que dissecar essas armadilhas e desmitificar fontes à luz da ciência histórica e da historiografia compromissada, é uma das grandes necessidades do trabalho do historiador e do professor de história em nossos tempos.

Para tal fim, será feita uma análise sobre os direcionamentos das pesquisas com as fontes impressas em dois momentos distintos da história do Brasil: o fim do século XIX e meados do século XX em especifico o período da ditadura militar, observando os caminhos trilhados pelas pesquisas dos dois ministrantes desse minicurso e visando o diálogo e troca de experiências com as pesquisas dos participantes.


Objetivos:

O presente minicurso objetiva discutir sobre as múltiplas possibilidades na utilização dos impressos, sobretudo os jornais, como fontes historiográficas. Busca-se discutir não apenas sobre a relevância deste tipo de documento no que se refere ao fazer histórico, mas também aos cuidados e as possibilidades que os jornais oferecem ao historiador. Com enfoque em dois períodos distintos da história do Brasil, procura-se inventariar as ordens dos discursos, os jogos políticos e os sistemas de representações culturais envolvidos.


Palavras-chave:

Imprensa; Jornais; Fontes Históricas; Política; Ditadura Militar; Discurso.


Bibliografia:

ALBURQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. A dimensão retórica da História. IN PINSKY, Bassanezi Carla e LUCA, Regina, Tânia. (Org) O Historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2013

ALVES, Gabriella Chalegre. “É hora de surgir do sono, de espertar da inércia [...] e fazer reflorescer a nossa religião”: a Restauração Católica em Pesqueira – PE (1889-1922). Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019.

AQUINO, Maria Aparecida de. Censura, Imprensa e Estado Autoritário (1968-1978): o exército cotidiano da dominação e resistência: O Estado de São Paulo e Movimento. Bauru: EDUSC, 1999.

CAPELATO, Maria Helena. PRADO, Maria Lígia. O bravo matutino. Imprensa e Ideologia no Jornal O Estado de São Paulo. São Paulo. Alfa-Omega. 1980.

LUCA, Tania Regina. História dos, nos e por meio dos periódicos. IN. Fontes Históricas. PINSKY, Bassanezi Carla. (Org) São Paulo: Contexto, 2011.

KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários nos tempos da imprensa alternativa. São Paulo: Scritta, 1991.

SILVA, Carla Luciana. Imprensa e construção social da "Ditabranda". In: Demian Bezerra de Melo. (Org.). A miséria da historiografia: uma crítica ao revisionismo contemporâneo. Rio de Janeiro: Consequencia, 2014.

SOUZA, Jonathan Soares de. Imprensa alternativa em meio à ditadura militar: o jornal movimento e a campanha pela anistia. Revista Diálogos - Nº. 19 – Mar./Abr. – 2018

_______ A esperança equilibrista: a campanha pela anistia política (1978 - 1979). Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2018.

Memória e patrimônios locais: possibilidades educativas
Aramis Macêdo Leite Júnior (mestrando - PGH-UFRPE)
Waléria Caldeira de Paula
(mestranda - PGH-UFRPE)
- Minicurso Online -

Atualmente o entendimento dos fenômenos sociais exige a percepção de que estes possuem um alto nível de complementariedade e interdependência. Fazer uso de uma abordagem única para atender as demandas e/ou necessidades da sociedade é cada vez mais impossível. Para tanto é preciso realizar “estudos em profundidade de suas particularidades e das relações que elas mantêm entre si” (SEMPERE, 2001, p. 114). Essa percepção também se aplica à problemática da relação entre cultura e educação.

O sistema educacional e o sistema cultural são elementos determinantes para o desenvolvimento humano e, apesar de empreender políticas autônomas e com finalidades e objetivos diferentes, são complementares: “A educação é o vetor que transmite a cultura, ao passo que a cultura define a moldura institucional da educação e ocupa um espaço essencial em seus conteúdos” (SEMPERE, 2001, p. 115). Ainda assim, mesmo diante do alto nível de interdependência e complementariedade desses sistemas, a prática demonstra “sérias dificuldades de articulação, causadas por diferentes razões, entre elas suas estruturas intrassistêmicas” (SEMPERE, 2001, p. 116).

Para tornar mais efetiva e eficaz a interação desses sistemas é necessário, em primeiro lugar, compreender as suas diferenças e, em segundo lugar, determinar conceitos, linguagens e estratégias comuns ou que possam aproximá-los e promover a criação de uma agenda comum.

No que tange a criação de uma agenda comum, Alfons Martinell Sempere (2001, 128) indica a necessidade de que algumas políticas culturais precisarão se adaptar a estratégias educacionais (“criação de público, incentivo à participação, socialização de linguagens expressivo-criativas, incentivo à criação, comunicação de elementos simbólicos, circulação do fenômeno expressivo-criativo, difusão da identidade, democratização da cultura e respostas às tendências globalizantes”); bem como algumas políticas educacionais precisarão se adaptar a estratégias culturais (“desenvolvimento de hábitos culturais, compreensão de novas linguagens, conhecimento do entorno, socialização de grupos sociais, formação permanente e ao longo da vida, cidade educadora, educação diferenciada, compreensão da multiculturalidade, consciência crítica, compreensão da globalização”).

Outro ponto importante para a criação dessa agenda comum é perceber que “a cultura e a educação têm uma importante dimensão política. A cultura ajuda a construir essa dimensão e a educação permite que ela seja socializada e generalizada” (SEMPERE, 2001, p. 128). Assim, sendo a cultura é o “conteúdo” da educação e a “educação” é a forma como essa cultura é transmitida e expandida. Portanto, a relação “educação e cultura” é essencial para a “expansão da esfera de presença do ser” (MONTESQUIEU, 2009, p. 17). Diante disso, pode-se dizer que a relação entre cultura e educação é um importante vetor para a promoção de um conjunto de práticas promotoras de liberdade, de crítica e reflexão para a transformação social ou manutenção de uma “ordem de bem viver”, inserida nos espaços de vida das pessoas visando a conformação das memórias coletivas, bem como ao atendimento às suas lutas e reivindicações, como preconizou Paulo Freire (2014, 2019a, 2019b).

Diante disso, o presente mini curso irá abordar possíveis relações entre educação patrimonial e a Base Nacional Comum Curricular, a fim de demonstrar uma forma de construção dialógica do conhecimento acerca dos bens culturais locais, dos elementos do território, o convívio comunitário, promovendo a reflexão sobre cidadania, participação social e melhoria de qualidade de vida. Para tanto, este mini curso estará estruturado da seguinte maneira:

Aula 1: História e princípios da educação patrimonial no Brasil;

Aula 2: Políticas, processos e metodologias de educação patrimonial;

Aula 3: Relação da educação patrimonial com a BNCC e suas possibilidades educativas.


4- Palavra-chave: Cultura e educação; Educação patrimonial; Referências culturais; Protagonismo local.


5. Bibliografia

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. In: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf acessado em 10/08/2022.

FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. São Paulo: Paz & Terra, 2014.

________. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz & Terra, 2019a.

________. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz & Terra, 2019b.

MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Gosto. Tradução e posfácio por Teixeira Coelho. 1. reimpressão. São Paulo: Iluminuras, 2009.

SEMPERE, Alfons Martinell. As relações entre políticas culturais e políticas educacionais: para uma agenda comum. p. 113 – 137. In: TEIXEIRA COELHO. (Org.). Cultura e Educação. Tradução: Ana Golberger. São Paulo: Iluminuras, Itaú Cultural, 2011.

TOLENTINO, Átila Bezerra. Educação Patrimonial Decolonial: perspectivas e entraves nas práticas de patrimonialização federal. Rio Grande do Sul: Revista Sillogés – v.1, n.1, jan./jul. 2018.

Artes para divulgação dos Minicursos:
Enumerados pela ordem alfabética.