Boas práticas

Dica 1: planejamento

"O planejamento de ensino deliberado e focado requer que nós, como professores e autores do currículo, façamos uma mudança importante em nosso pensamento sobre a natureza do nosso trabalho. A mudança envolve inicialmente pensar muito sobre as aprendizagens específicas almejadas, antes de pensar sobre o que nós, como professores, vamos fazer ou oferecer nas atividades de ensino e aprendizagem. "

"...Todavia, muitos professores começam e permanecem focados nos livros didáticos, aulas preferidas e atividades já consagradas – os insumos (inputs) – em vez de derivar esses meios do que está implícito nos resultados desejados – os resultados (outputs). Mesmo que pareça estranho, muitos professores focam no ensino, e não na aprendizagem. Eles passam a maior parte do seu tempo pensando, primeiro, sobre o que irão fazer, que materiais irão usar e o que irão pedir para os alunos fazerem em vez de primeiro refletir sobre o que o aprendiz precisará saber para atingir os objetivos de aprendizagem."

"...Considere um episódio típico do que pode ser denominado planejamento focado no conteúdo em vez de planejamento focado nos resultados. O professor poderia basear uma aula em um tópico particular (p. ex., preconceito racial), escolher um recurso (p. ex., o livro O sol é para todos*), escolher métodos de ensino específicos baseados no recurso e no tópico (p. ex., seminário socrático para discutir o livro e grupos cooperativos para analisar imagens estereotipadas em filmes e na televisão) e esperar, com isso, promover aprendizagem (e atender a alguns padrões de literatura/linguagem). Por fim, o professor pode pensar em algumas questões dissertativas e testes para avaliar a compreensão que o aluno teve do livro.

Essa abordagem é tão comum que podemos muito bem ser tentados a responder: o que poderia haver de errado com uma abordagem assim? A resposta imediata reside nas questões básicas de propósito: por que estamos pedindo que os alunos leiam esse romance em particular – em outras palavras, quais aprendizagens buscaremos ao fazer com que o leiam? Os alunos entendem por que e como o objetivo deve influenciar seus estudos? O que é esperado que os alunos compreendam e façam depois de lerem o livro em relação aos nossos objetivos além do livro? A menos que comecemos nosso trabalho de planejamento com uma clara percepção dos objetivos mais amplos – em que o livro é apropriadamente visto como um meio para um fim educacional, não um fim em si mesmo –, é improvável que todos os alunos compreendam o livro (e suas obrigações de desempenho). Sem consciência das compreensões específicas que buscamos sobre preconceito, e como a leitura e a discussão do livro irão ajudar a desenvolver tais compreensões, o objetivo será muito vago: a abordagem é mais 'por esperança' do que 'por planejamento'. "

"...Então, diferentemente da prática mais comum, pedimos que os planejadores reflitam sobre as seguintes perguntas depois de estruturarem os objetivos: o que contaria como evidência desses resultados? Com o que o alcance desses objetivos se parece? Quais são, então, os desempenhos implícitos que devem fazer parte da avaliação, e para qual direção todo o ensino e aprendizagem devem apontar? Somente depois de responder a essas perguntas é que podemos derivar logicamente experiências de ensino e aprendizagem apropriadas de modo que os alunos possam ter um desempenho bem-sucedido para cor- responder ao padrão."

Planejamento para a Compreensão - Alinhando Currículo, Avaliação e Ensino por Meio da Prática do Planejamento Reverso, Grant Wiggins and Jay McTighe

Dica 2: objetivos de aprendizagem

Provavelmente, replicar o modo de aula presencial no ambiente online não é uma boa estratégia. Por isso, há uma certa necessidade de se fazer um novo planejamento, nem que sejam apenas pequenas adaptações. Os objetivos de aprendizagem podem nos ajudar nesse planejamento.

Ter claro o que se espera que os alunos aprendam nos ajuda a focar no que é essencial. Para tanto, há vários trabalhos sobre objetivos de aprendizagem, entre os quais, talvez o mais conhecido, é a taxonomia de Bloom. Sem querer complicar muito, a taxonomia se auto-explica na tabela abaixo:

Dica 3: avaliação

Nas disciplinas das exatas estamos acostumados a ver a avaliação como uma régua de aprovação: o aluno faz um quantidade de provas presenciais e, se ele acertou mais de 60% das questões, ele está aprovado. Porém, esse esquema está ameaçado: como ter controle de provas tradicionais no esquema online?

É o fim da avaliação? Não! É apenas o nascimento de uma nova prática, a que muitos de nós não estamos acostumados. Avaliar é muito mais do que determinar uma nota de aprovação. Avaliar é um processo contínuo durante o curso e serve como um instrumento para auxiliar na formação de todos.

Com os objetivos de aprendizagem definidos, é preciso definir quais são as evidências de que os objetivos foram alcançados para, com isso, definirmos avaliações alinhadas com os objetivos.

Dica 4: ensino e aprendizagem digital

Conteúdo disponibilizado pela Unicamp no Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem.

Dicas-EAD.pdf

Resumo do texto

  • Não basta replicar o curso presencial.

  • Defina um ambiente virtual de aprendizagem e use-o para além de um repositório de materiais e entrega de atividades.

  • Mantenha o ambiente organizado e o mais intuitivo possível.

  • Apresente aos estudantes as novas decisões sobre o andamento do curso, a excepcionalidade da opção pela modalidade online e os ajustes no delineamento da disciplina.

  • Remoto sim, distante não.

  • Seja empático. Procure imaginar como os estudantes estão vivenciando o isolamento físico do professor e dos colegas, o novo delineamento do curso, as propostas sugeridas. Converse sobre estratégias de organização e gerenciamento da própria aprendizagem; ajude no direcionamento da atenção, motivação, do tempo, do esforço; e acompanhe sua implantação.

  • A distância física pode ser compensada por uma comunicação mais afetiva e empática. Cuide dos textos escritos, use pequenos vídeos, áudios ou outros recursos para se colocar presente.

  • Considere, se possível, esse momento como uma oportunidade de aprendizagem. Teste e faça ensaios previamente, vai lhe dar mais segurança. Compartilhe com os estudantes seu esforço, comprometimento em melhorar continuamente e sua abertura para que eles possam apresentar suas percepções e novas ideias.

  • Você não precisa fazer tudo sozinho. Conte com o apoio de colegas mais experientes no ensino online ou híbrido, tome decisões compartilhadas entre docentes da mesma disciplina.


Dica 5: princípios da educação online