Conceituando o que é Software Educacional
Para começarmos a conversar sobre o que é Software Educacional, assista o vídeo ao lado!
Agora reflita:
Quais softwares educacionais vocês já utilizaram?
Conseguiram fazer uso de um software para fins educacionais mesmo quando ele não foi criado para tal?
Já se perguntaram de que forma os softwares educacionais podem apoiar o processo educacional?
Guarde essas respostas! Nós vamos retomá-las mais pra frente!
Aprofundando os conhecimentos iniciais sobre o tema
O conceito de Software Educacional não é algo novo. Esse termo vem sendo utilizado ao longo das últimas décadas com grande frequência.
Contudo, o termo Software Educacional teve maior ênfase nos anos 80 e 90 quando, no Brasil, começou a ser utilizado por professores e pesquisadores da área.
Você já ouviu falar da Linguagem LOGO?
A Linguagem LOGO é um dos primeiros exemplos de Software Educacional. Ela foi desenvolvida na década de 60 no MIT - Massachussets Institute of Technology, Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos - pelo matemático Seymour Papert. LOGO é uma linguagem de programação, isto é, um meio de comunicação entre o computador e a pessoa que irá usá-lo. Com o LOGO, basicamente, pode-se trabalhar de duas maneiras:
a) Modo direto: a tartaruga executa imediatamente cada instrução que se digita no teclado.
b) Modo programa: consiste em ampliar o vocabulário da tartaruga. Novos comandos podem ser obtidos, através do comando APRENDA. Estes são armazenados para serem executados sempre que o comando é solicitado pelo usuário.
No exemplo acima, está a instrução PF 50 (Para Frente 50) e GD 90 (Gire 90). Os comandos são executados até que a instrução tenha terminado. O resultado é o desenho de um quadrado na tela.
VEJA ABAIXO O EXEMPLO DE UM GAME DESENVOLVIDO PELA GOOGLE EM 2017 EM COMEMORAÇÃO AOS 50 ANOS DE PROGRAMAÇÃO PARA CRIANÇAS UTILIZANDO COMO BASE NA MESMA LÓGICA DA LINGUAGEM LOGO.
CONCEITO DE SOFTWARE EDUCACIONAL: VEJA O QUE DIZEM ALGUNS AUTORES
Sancho (1998)
Conceitua um software educativo como um programa que possui recursos que foram projetados com a intenção e finalidade de serem usados em contextos de ensino-aprendizagem, sendo projetado para tal. Estes programas se aplicam a diferentes finalidades que vão desde a aquisição de conceitos, passando pelo desenvolvimento de habilidades, até a resolução de problemas.
Oliveira et al. (2001)
O Software Educacional caracteriza-se pela presença de uma fundamentação pedagógica, com finalidade didática, levando o aprendiz a construir conhecimentos relativos ao currículo escolar, devendo apresentar facilidade de uso e atualização quanto ao estado da arte. Os autores defendem ainda que, essas características, devem servir como parâmetros para avaliação de software dessa modalidade.
Silva (2012)
Define Software Educacional como um dispositivo “planejado e elaborado para fins didáticos e pedagógicos, sendo, portanto, mediador de conteúdos curriculares da esfera escolar e viabilizador do processo de ensino e de aprendizagem”.
Tajra (2019)
Existem, basicamente, duas conceituações:
a) Programa desenvolvido especificamente para finalidades educativas, visando atender às necessidades específicas disciplinares.
b) Qualquer programa que seja utilizado para atingir resultados educativos. Esses softwares não foram desenvolvidos com finalidades educativas, mas podem ser utilizados para esse fim.
Para Chaves (2005) não existe uma concepção clara do que é um software educacional. Segundo ele, todo software pode ser educacional desde que possa ser utilizado para algum objetivo educacional ou pedagógico, independentemente de sua natureza ou propósito para que tenha sido criado. Deste ponto de vista, a sua relevância pedagógica vai depender da habilidade do professor em definir as estratégias e objetivos de sua utilização como ferramenta didática.
Tipos e classificações de Softwares Educacionais
Diversos autores classificam os tipos de Softwares Educacionais em diferentes categorias. No entanto, de modo geral, as principais categorias podem ser observadas no material abaixo.
De acordo com Valente (1999), um dos pioneiros sobre esse tema, os softwares podem ser classificados como:
Tutoriais
Programação
Processador de texto
Uso de multimídia e de internet
Desenvolvimento de multimídia ou páginas na internet
Simulação e modelagem
Jogos
Valente (1999) trouxe uma classificação robusta, que leva em consideração:
o modo como o software favorece a construção do conhecimento;
as bases neurais da construção do conhecimento;
o papel que o professor deve desempenhar para que este processo ocorra.
Perceba o que significa cada tipo de software a partir das definições de Valente (1999):
Para Valente (1999)
Cada um desses softwares tem mais ou menos recursos para facilitar a descrição, reflexão e depuração das ideias e atividades que realizamos. As linguagens de programação têm mais recursos, enquanto os outros softwares, como os tutoriais, as multimídias já prontas e os processadores de texto, não têm capacidade para executar o que o aprendiz está pensando e, portanto, fornecer um feedback que seja útil para ele compreender o que faz. Esses resultados têm várias implicações em termos de montar políticas e propostas pedagógicas para implementar computadores na Educação (VALENTE, 1999, p.83).
Já a autora Tajra (2019) classifica os tipos de software conforme a interação abaixo. Clique no (+) para interagir!
REFLITA SOBRE A SEQUINTE QUESTÃO: CONSEGUE PERCEBER QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DE SOFWARES EDUCACIONAIS QUE MUDARAM COM A EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS NOS TEMPOS ATUAIS?
Qualidade dos Softwares Educacionais
Quando falamos em Qualidade de Softwares Educacionais podemos ter um olhar mais específico ou mais abrangente. A especificidade pode estar na avaliação de um parâmetro, como por exemplo, a usabilidade. Logo, busca-se focar em avaliar apenas parâmetros que estão diretamente em como o usuário fará o uso de um determinado software. Contudo, quando há a necessidade de escolha de um Software Educacional para um propósito pedagógico o olhar geralmente é mais abrangente, pois busca-se avaliar outros critérios como conteúdo, interface, requisitos técnicos, objetivos pedagógicos, faixa etária, interação, usabilidade, entre outros.
Cybis (2003), baseado nas ideias expostas por Bastien e Scapin (1997), trouxe oito critérios principais que ajudam a definir a qualidade ergonômica de uma interface humano/computador.
Condução – diz respeito a maneira como o software aconselha, orienta, informa e conduz o usuário na interação com o computador. Um software prestativo deve proporcionar aprendizado rápido e ser de fácil utilização, permitindo um melhor desempenho na operação.
Carga de trabalho – diz respeito à todos elementos da interface que tem um papel importante na redução da carga cognitiva e perceptiva do usuário. Quanto menor for a carga cognitiva necessária para a realização das tarefas e quanto menos o usuário for distraído por informações, mais será capaz de desempenhar suas tarefas.
Controle explícito – definido pelo modo de como o usuário tem controle sobre os processamentos do sistema. Desse modo, um software obediente será melhor aceito pelos usuários e terá menos problemas de erros e ambiguidades relacionadas à sua utilização.
4. Adaptabilidade – diz respeito à capacidade do sistema em reagir conforme o contexto e conforme as necessidades do usuário. Um software adaptável deve fornecer ao usuário diferentes procedimentos, opções e comandos, que permitam alcançar um mesmo objetivo.
5. Gestão de erros – diz respeito a todos os mecanismos que permitem evitar ou reduzir a ocorrência de erros. Erros podem ser considerados como entrada incorreta de dados ou entradas com formatos inadequados e geralmente prolongam as transações e perturbam o planejamento do usuário.
6. Homogeneidade/Coerência – diz respeito a padronização na concepção da interface em diferentes contextos. A conservação de rótulos, comando e códigos nas diferentes telas, torna o sistema mais previsível e a aprendizagem mais generalizada, diminuindo também o tempo de procura e uma possível repulsa pelo software.
7. Significado dos códigos e Denominações – está relacionada com os aspectos semânticos da informação contida no software e sua interpretação pelo usuário. Termos pouco expressivos para os usuários podem levar a problemas de condução e consequente seleção de uma opção errada.
8. Compatibilidade – refere-se à relação entre as características do usuário (memória, percepção, hábitos, competências, idade e expectativas) com o diálogo de uma dada aplicação. A eficiência na utilização é aumentada quando os procedimentos necessários ao cumprimento das tarefas são compatíveis com as características do usuário.
Já Godói e Padovani (2009), interessados em definir as atribuições pedagógicas acerca da usabilidade de um software educacional, trouxeram cinco critérios da usabilidade centrada em aspectos pedagógicos e baseados nas concepções de usabilidade de Shackel (1991), Chapanis (1991) e Nielsen (1993).
Facilidade de aprendizado – quando o aluno consegue explorar o software educacional e realizar suas tarefas.
Eficiência de uso – quando o aluno, tendo aprendido a interagir com o software educacional, consegue atingir níveis altos de produtividade na realização de suas tarefas.
Facilidade de memorização – quando, após um período de tempo sem utilizar o software educacional, o aluno consegue retornar e realizar suas tarefas sem a necessidade de reaprender a interagir com ele.
Baixa taxa de erros – quando o aluno realiza suas tarefas no software educacional, sem maiores dificuldades ou constrangimentos, sendo capaz de recuperar erros, caso eles ocorram.
Satisfação subjetiva – quando o aluno considera agradável a utilização do software educacional e sente-se bem ao utiliza-lo novamente.
Avaliação de Softwares Educacionais
Atualmente, há diversos instrumentos que podem ajudar o professor a avaliar um software educacional sob diferentes aspectos. De acordo com os autores Miranda-Palma, Canche-Euán e Llanes-Castro (2015) há uma variedade de benefícios que resultam da implementação de algum tipo de software educacional na sala de aula, conforme mostra a tabela abaixo.
Para avaliar um Software Educacional é possível observar características específicas como citam os autores Miranda-Palma, Canche-Euán e Llanes-Castro (2015) ou fazer uso / construir um instrumento que possa atender as necessidades de cada professor e seus objetivos pedagógicos.
Bednarik (2004 apud REZENDE, 2013, p. 21) propõe um modelo chamado TUP, do inglês Technology, Usability and Pedagogy, surgiu da necessidade de criação de um modelo de avaliação de software educacional, que permitisse aos profissionais da educação a seleção de softwares de acordo com um conjunto estruturado de critérios definidos, conforme ilustra a figura abaixo.
Clique no botão abaixo e conheça um Trabalho de Conclusão de Curso da autora Tavares (2017) que trata sobre MODELOS, TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DE SOFTWARES EDUCACIONAIS.
Exemplos de Softwares Educacionais
E qual é a realidade do uso de Softwares Educacionais nas escolas?
Segundo a pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas Brasileiras de 2019, o uso das tecnologias para preparar atividades pedagógicas e buscar recursos que possam apoiar o desenvolvimento dos conteúdos curriculares é uma prática bastante frequente entre os professores. Em 2019, 85% dos docentes de escolas urbanas, usuários de Internet, utilizaram a rede para buscar planos de aula e 79% para acessar portais de professores. Além disso, 80% dos docentes afirmaram ter utilizado a Internet para compartilhar conteúdos educacionais com outros professores. Veja o gráfico abaixo!
Já os programas educacionais de computador ou software foram utilizados por 53% dos professores em Escolas particulares e 45% em Escolas públicas.
Considerando que muitos professores não conseguem oportunizar a seus alunos atividades utilizando recursos tecnológicos ou digitais em decorrência da falta de infraestrutura por parte das escolas, dos alunos e/ou, muitas vezes, também por professores, o percentual que quase se aproxima e ultrapassa os 50% do total de professores, sinaliza um crescimento, mesmo que ainda de forma lenta.
Os dados corroboram para o entendimento que há intencionalidade de uso por parte dos professores, mesmo frente as adversidades que os permeiam.
Lembram das questões iniciais?
Quais softwares educacionais vocês já utilizaram?
Conseguiram fazer uso de um software para fins educacionais mesmo quando ele não foi criado para tal?
Já se perguntaram de que forma os softwares educacionais podem apoiar o processo educacional?
Depois de explorarem os conteúdos deste primeiro bloco, certamente puderam perceber que em algum momento tiveram a oportunidade de utilizar algum tipo de software, sejam os voltados para a educação ou utilizados para este fim. Muito há ainda o que explorar, pois as opções aumentam, especialmente em decorrência da evolução tecnológica.
Fazer uso de Softwares para fins educacionais requer muito planejamento. Não basta apenas fazer uma escolha considerando o quão interativo ou bonito ele seja. É necessário que ele esteja alinhado com os objetivos educacionais que a aula está se propondo. Pudemos ver que através da análise da qualidade e o processo de avaliação dos softwares temos condições de fazer um mapeamento mais completo, destacando os benefícios e desvantagens de cada escolha.
Além do planejamento, é extremamente importante que o professor possa ter processos de formação continuada para o uso de tecnologias digitais. Nessas formações há a oportunidade para conhecer estratégias de aplicação e também de desenvolvimento da fluência digital, competência necessária para o uso de Tecnologias Digitais.
Atualmente, sabemos que o uso de Softwares Educacionais tem migrado para soluções disponíveis na web. O avanço dos recursos tecnológicos tem possibilitado a criação de diferentes formatos e de forma mais simples e ágil. No entanto, ainda não é realidade em muitas escolas. Portanto, os Softwares Educacionais continuam sendo boas alternativas para promover o processo de construção do conhecimento.