CIÊNCIA E HETEROCIÊNCIA

Em sua obra, Bakhtin assume as formas predominantes de ciência do seu tempo como compreensão monológica de saber. Vai contra a ideia de fazer ciência quando apenas um sujeito é cognoscente, e o outro é apenas cognoscível, transformando-o em objeto mudo. Hoje em dia, talvez ainda mais do que naquele tempo, fazer ciência requer objetivação e produtividade de verdades absolutas e aplicáveis para uns que se impõem aos outros. Por outro lado, produzir conhecimento, na perspectiva bakhtiniana, é buscar uma ciência outra, que estabelece, em/no diálogo entre sujeitos, a equipolência entre consciências. Neste eixo, buscaremos construir compreensões sobre como podemos elaborar uma ciência na qual exista não somente  “o ativismo do cognoscente”, mas também “o ativismo do que se abre”, do cognoscível, uma ciência não-indiferente aos sujeitos e às relações, uma heterociência.