eixo 1 - vIDA E COTIDIANO

VIDA E COTIDIANO

Viver em determinado cotidiano é sempre em alguma medida resistir a ele, pois a vida não se repete, clama pelo novo. Estamos pensando na vida singular em contraposição às concepções de cotidiano das diversas esferas de atividades humanas, pois a vida singular do “eu” com o “outro” em plena realização de seus afazeres cotidianos geralmente é omitida. Bakhtin mostra na literatura de Rabelais um cotidiano popular banido pela racionalidade moderna, que possibilitou a coexistência de dois mundos: o oficial e o paralelo. “O riso é um princípio universal de concepção de mundo que assegura a cura e o renascimento”, ele carnavaliza a vida de todas as pessoas de forma ambivalente: “amortalha e ressuscita simultaneamente”. Hoje, num mundo onde o individualismo, a meritocracia e a competição são princípios que, na maioria das vezes, determinam os cotidianos das pessoas e das instituições, como compreender que as mesmas pessoas singulares e suas relações não seguem um único modelo, mas ainda são e serão ambivalentes? A resposta está no outro, que escancara diversos lados de um eu, inclusive, e mais importante, o eu que sou porque o outro é. Neste eixo, buscaremos dialogar sobre como os encontros entre o outro e o eu, quando desafiam os princípios que vêm regendo nosso mundo, podem representar outra “forma livre de realização da vida”, fazendo, quem sabe, do riso individual destruidor, um riso coletivo destronador-não indiferente.