Considerações acerca de certa presença spinozista na obra de Laurent Bove e Mark Fisher
RESUMO
Este artigo pretende abordar as contribuições contemporâneas dos pensadores Laurent Bove e Mark Fisher, os quais, cada um à sua maneira, reivindicam a atualidade e a efetividade de certos conceitos e noções do filósofo seiscentista Benedictus Spinoza (1632 – 1677). Em Laurent Bove, a fundamentação e a disseminação de uma clínica política, ao mesmo tempo singular e social, se desdobram sob a relação entre conatus e liberdade, sempre correspondendo às regras afetivas e intelectuais do projeto autônomo da multidão, tal como formulado por Spinoza. Mark Fisher, por sua vez, partindo do conceito spinozano de entidade, produz uma articulação conceitual entre materialismo gótico e cyberspinozismo que visa à criação de um corpo coletivo, imanente e antagônico à tirania do capitalismo financeiro. Além disso, alicerçado na teoria dos afetos de Spinoza, desenvolve uma análise ética do seu tempo que também pretende ser um chamado à ação política. Finalmente, este trabalho objetiva esclarecer o que há de comum entre os dois autores, a saber, a aposta na ação política como potência que carrega consigo uma força constituinte inalienável, além de discutir como essa característica reafirma a pertinência de mantermos um diálogo sempre atento e vibrante com a filosofia de Spinoza.
PALAVRAS-CHAVE
Conatus; Imanência; Materialismo gótico; Cibernética; Afeto.
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