Capítulo 3
O veio
Enquanto isso, o insensato prosseguiu sem dar nenhum crédito às evidências que denunciavam a inexistência do tão sonhado veio de ouro. E assim, continuou cavando, cavando, cavando e cavando mais e mais fundo.
Lá pras tantas, de repente, sua enxada atingiu algo sólido demais. O impacto chegou a tilintar. Uma mera pedra, talvez. Mesmo assim causou grande excitação no jovem. Eufórico, ele se curvou para retirar com as próprias mãos a areia úmida que ainda encobria a tal pedra. Quando finalmente conseguiu vê-la, não conseguiu evitar um grito – misto de espanto, incredulidade e alegria que ecoou pela mata
Estava estupefato, diante de uma pedra enorme, semelhante a um diamante, o qual de tão grande, chegava a ser inacreditável. Por um longo momento, ele permaneceu estático, só a contemplar aquele colosso. Faltava-lhe oxigênio para respirar, o coração quase a sair pela boca escancarada de admiração e surpresa.
Para acreditar que não estava sonhando, beliscou o braço, mas com tanta força que o coitado chegou a sangrar. Não, não, aquilo não era um sonho! Sim, sim, aquilo era real!
Mas a danada da pedra era tão grande que ele chegou a duvidar que alguém já houvesse encontrado outra igual. Aquela seria a notícia do momento durante muito tempo, certamente.
Aos prantos, curvou-se diante da belezura. E então afagou a pedra ao rosto, emocionado. Naquele momento não teve como não lamentar a ausência do amigo, que partira há dois dias. Se o desistente não houvesse partido desiludido, agora a emoção pela descoberta seria compartilhada por ambos.
Mas tudo bem, pensou o jovem. A sociedade dos dois continuava, afinal a amizade que os unia desde pequenos era indissolúvel, muito mais forte que qualquer riqueza ou antagonismo que existisse entre os dois. Os lucros seriam divididos meio a meio.
Permaneceu ali por um bom tempo, ainda encantado e extasiado com aquela maravilha. Sentia um deslumbre inexplicável, enquanto acarinhava o diamante gigante.