A água residual que vem das residências deve conter cerca de 1% de sólidos e 99% de material líquido. Em razão disso, a primeira etapa do procedimento é a retenção de materiais mais grosseiros, como o lixo, em um filtro formado por grades. Utiliza-se 2 grades para reter sólidos maiores, uma grade possui vão de 2 cm e a de 0,5 cm. Essa primeira filtragem ajuda a deixar o líquido livre dos resíduos sólidos que foram descartados incorretamente na rede de esgoto.
Exemplo de lixo retidos: camisinha, absorventes, diversos tipos de embalagens plásticas e tecidos.
DESARENAÇÃO
Em seguida, o esgoto segue para a caixa de areia, onde é realizada a remoção de todos os detritos sólidos presentes nele e que possam ter escapado ao processo anterior, mediante sedimentação. A areia, os pedriscos, os cascalhos e outros elementos vão para o fundo do tanque e o líquido que permanece na superfície é encaminhado para a próxima etapa. Caso não seja removida, essa areia poderia danificar a tubulação e se acumular nos rios.
Observação: durante o caminho entre a segunda e a terceira etapa, as bactérias presentes no esgoto liberam gás sulfídrico (H2S), esse gás caso não liberado, impede o processo de decantação.
TRATAMENTO PRIMÁRIO
Decantação e retirada matéria orgânica que não foi dissolvida na água (chamado também de lodo primário), esse processo dura em média 90 minutos; 95% do lodo é água, para a remoção da água, essa substância vai para um processo de centrifugação.
TRATAMENTO BIOLÓGICO
Já sem sólidos visíveis, o esgoto é enviado para o tratamento biológico no tanque de aeração. Lá, ele é exposto à ação de seres microscópicos, que promovem reações bioquímicas e condensam em flocos de lodo a matéria orgânica que até então estava dissolvida no efluente. É o caso do rotífero, micrometazoários que se alimentam de bactérias e partículas minúsculas de sólidos, e também do tardígrado, considerado o animal mais resistente do mundo, cuja presença ajuda a sinalizar a qualidade da limpeza realizada no esgoto.
DECANTAÇÃO
Depois do tratamento biológico, o líquido é submetido a um processo de decantação. O lodo formado vai para o fundo do tanque, separando-se da parte líquida, que já está livre de impurezas. Essa matéria acaba se tornando um subproduto do chamado biossólido, que pode ser usado na agricultura.
DESCARTE
O lodo produzido no processo é desidratado e levado para um aterro sanitário especializado. O esgoto clarificado e corretamente tratado é devolvido para o meio ambiente. Em alguns casos, o efluente podem passar por tratamentos avançados específicos e serem transformados em água de reuso, uma solução sustentável que contribui para a preservação da água potável do planeta.
DESTINO DO IODO
O destino do lodo gerado nas estações de tratamento de esgoto no Brasil costuma ser o aterro sanitário. No entanto, diretrizes e metas estipuladas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos incentivam as companhias a buscarem alternativas menos prejudiciais ao meio ambiente, de forma a reaproveitar esse resíduo antes da destinação final.
Esse é um verdadeiro desafio para o setor do saneamento de diversos países, tanto do ponto de vista técnico quanto do econômico, já que o processo é complexo e tem alto custo.
CURIOSIDADES SOBRE O IODO
• Mesmo com tantos desafios, algumas soluções de emprego desse resíduo têm surgido.
• O setor da agricultura têm utilizado o lodo para a produção de fertilizantes orgânicos, em função de sua composição repleta de macro e micronutrientes.
• Dentre as vantagens do emprego do lodo na agricultura, estão o aumento da densidade, da porosidade e da capacidade de retenção de água pelo solo, algo fundamental para evitar erosões e assoreamentos.
• Também é possível empregar o lodo como fonte de energia sustentável, em virtude do alto teor de fósforo em sua composição.
BIBLIOGRAFIA
Tratamento de esgotos domésticos em comunidades isoladas: referencial para a escolha de soluções./Ana Lucia Brasil, Francisco José Peña y Lillo Madrid, et al. - Campinas, SP.: Biblioteca/Unicamp, 2018.
FRANÇA, Rosilea Garcia. Remoção de metais de lodo de esgoto por biolixiviação visando a sua utilização agricola. 2003. 134p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/257921>. Acesso em: 02 jun. 2021.
Quintana, Núria Rosa Gagliardi; Carmo, Maristela Simões do; Melo, Wanderley José de. Lodo de esgoto como fertilizante: produtividade agrícola e rentabilidade econômica. Nucleus, v. 8, n. 1, p. 183-191, 2011. Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/140637