O Projeto.

A inclusão de pessoas neurodivergentes, especialmente aquelas do espectro autista (TEA), ainda é um desafio significativo dentro do ambiente universitário. Embora haja avanços nas legislações, nas ações das UFSC e nas discussões sobre o tema, a realidade cotidiana revela barreiras que dificultam a participação plena desses estudantes na vida acadêmica. Falta de preparo institucional, ausência de práticas pedagógicas inclusivas e o desconhecimento sobre as particularidades do transtorno do espectro autista geram exclusão, sofrimento emocional e alguns outros casos, evasão escolar.

O projeto Conexão Azul nasce desse contexto, com o objetivo de construir  uma rede de acolhimento e apoio aos alunos autistas na UFSC. O nome reforça dois aspectos relevantes na sua composição: “Conexão”, que simboliza o fortalecimento de vínculos, empatia e integração acadêmica; e “Azul”, cor associada à campanhas de conscientização sobre o espectro autista.

Este projeto de inovação social, então, visa criar um ambiente universitário mais acessível, inclusivo e sensível às necessidades dos estudantes autistas, oferecendo suporte tanto na adaptação acadêmica quanto nas relações interpessoais. Através da universidade e dos centros acadêmicos, com capacitações dos veteranos e acompanhamento individualizado, o projeto Conexão Azul busca reduzir o isolamento e evasão dos alunos, contribuindo para uma universidade mais inclusiva e acolhedora.




Pessoas Neurodivergentes e Seus Principais Desafios em Seu Ambiente Educacional.

A neurodivergência representa as múltiplas formas de funcionamento neurológico que diferem do padrão considerado típico — como no caso do Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dislexia, discalculia, entre outros. Essas condições não são doenças, mas variações naturais da mente humana. No entanto, o ambiente escolar ainda não está suficientemente preparado para acolher essa diversidade, o que gera desafios significativos para os estudantes e seus educadores.

Na educação básica, os obstáculos começam na formação docente insuficiente, que muitas vezes não aborda práticas inclusivas nem prepara o professor para adaptar o ensino às necessidades específicas desses alunos. Essa lacuna gera exclusão, invisibilidade e sofrimento, e limita o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes neurodivergentes. A ausência de metodologias flexíveis, tecnologias assistivas, diagnósticos precoces e de apoio especializado (como psicopedagogos e mediadores) agrava ainda mais o cenário. Outro fator importante é o preconceito, que afeta diretamente a autoestima e a participação desses alunos nas atividades escolares, além da falta de escuta ativa e incentivo à sua autonomia.

No ensino superior, embora haja avanços legislativos que garantem o acesso de estudantes com neurodivergências (como as Leis nº 13.146/2015 e 12.764/2012), a realidade institucional ainda é excludente. Universidades muitas vezes não oferecem adaptações curriculares adequadas, recursos sensoriais, ou apoio psicológico, resultando em altos níveis de ansiedade, desorganização, estresse e evasão. O preconceito e o desconhecimento por parte de colegas e professores dificultam ainda mais a permanência e o bem-estar desses alunos. A falta de políticas institucionais robustas, como indicam os estudos recentes, evidencia a necessidade urgente de ações estruturais voltadas à inclusão real.

Pesquisas como as de Ferreira (2024) e Costa et al. (2024) destacam que a formação continuada de professores, aliada ao trabalho interdisciplinar com psicopedagogos, mediadores e equipes de apoio, é essencial para transformar o ambiente escolar em um espaço verdadeiramente inclusivo. Práticas como o uso de cronogramas visuais, rotinas estruturadas, flexibilização do currículo, adaptação das avaliações e metodologias ativas promovem um aprendizado mais acessível e respeitoso.