As experiências imagéticas acompanham a vida humana desde sua origem e evoluem de acordo com o desenvolvimento das mídias de cada época. Na contemporaneidade, vive-se uma cultura da imagem, potencializada a partir da digitalização, democratização da Internet e dos dispositivos móveis, tendo nos jovens seus principais atores. Nesse contexto, este estudo se propõe a mapear percepções de jovens de São Caetano do Sul – SP, com idade entre 15 e 24 anos, sobre a apropriação da imagem digital, com destaque para a linguagem 360 graus, além de criar um webdocumentário interativo 360º. Preliminarmente, foi feito um pré-teste em Arica, no Chile, com a aplicação de coletas quantitativa (N=19) e qualitativa (N=5) para validação dos instrumentos a serem utilizados nas etapas seguintes. A pesquisa de campo, realizada em São Caetano do Sul, iniciou-se pela coleta de dados quantitativos por meio de questionário on-line (N=290), seguindo-se a pesquisa de levantamento (GIL, 2010), cuja análise apoiou-se em cálculos estatísticos. Já os dados qualitativos (N=4) foram apurados com base na pesquisa-intervenção (ROCHA; AGUIAR, 2003; GALVÃO; GALVÃO, 2017), utilizando-se como estratégia oficina sobre a produção de imagens em 360 graus, analisada a partir da técnica de categorização temática de Bardin (2016). Dentre os resultados quantitativos, destacase o smartphone como o aparelho mais presente nas residências dos jovens, o mais utilizado para acessar à Internet, produzir e compartilhar imagens. Ainda, os memes são os conteúdos mais vistos e as fotos tradicionais as mais produzidas, sendo o Instagram a rede social virtual onde mais compartilham imagens, sobretudo via Stories. “Em casa” configurou-se como o local onde os jovens mais consomem imagens. Também, observou-se a inexpressividade de consumo e produção de imagens em 360°. Relativamente aos resultados qualitativos, notou-se que os investigados nunca tinham utilizado uma câmera 360, mas rapidamente se adaptaram as técnicas de filmagem, porém, alguns fatores causaram estranheza, como a falta de preview no equipamento e o uso de pau de selfie. Referente aos procedimentos para a edição e compartilhamento de imagens em 360 graus, os jovens absorveram facilmente, denotando níveis significativos de literacias digitais. Verificou-se ainda reações de surpresa e euforia por cada descoberta feita, como o formato Little Planet. Assim, percebeu-se um novo olhar dos jovens para essa tecnologia ainda emergente, que antes passava desapercebida de seus cotidianos. A popularização dessa linguagem, segundo eles, se dará com o investimento das plataformas, o interesse do público e a integração dessa tecnologia ao smartphone. Com relação ao produto desta dissertação, um webdocumentário interativo 360 graus, foi desenvolvido a partir de imagens em 360º captadas por ocasião das etapas qualitativas deste estudo. Esperase que poderá servir de modelo para a criação de narrativas audiovisuais interativas e imersivas. Enfim, este estudo é um retrato das percepções dos jovens sobre a atual ecologia imagética, caracterizada pelo protagonismo dos smartphones e pluralidade de aplicativos que tem a imagem como linguagem principal, realçando também aspectos da tecnologia 360º, que exige um tempo maior de contemplação e ainda está distante do cotidiano dos jovens, pautado pelo imediatismo das redes sociais virtuais.
2021: Carolina Gois Falandes foi aprovada como aluna regular de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UNESP/Bauru.
2020: Webdocumentário inscrito para concorrer a prêmio no festival FINNOF em abril, na Argentina.
2020: Webdocumentário selecionado para o Immersive Learning Research Network 2020 Conference.
2020: publicação de livro derivado da dissertação (ver detalhes abaixo).
Carolina Gois Falandes apresenta uma obra que nos leva de encontro às incógnitas comunicacionais contemporâneas, ou seja, aos desejos midiáticos dos jovens. Para tanto, desenvolve experimentos sobre narrativa audiovisual 360 que compuseram uma extensa e complexa pesquisa aplicada.