História Coimbra

O ano em que Coimbra passou a ser habitada ainda é impreciso. Conhecida por Emínio (Aeminium, em latim) pelos povos pré-romanos, a região preservou seu nome mesmo após a ocupação do Império Romano a partir do século II a.C. A cidade romana foi erigida no topo de uma colina, à margem direita do Rio Mondego, onde também foi construído o Fórum de Emínio (atual Museu Nacional Machado de Castro). Ao pé do morro, uma estrada servia de travessia para carroças de passageiros que vinham de Olisipo (Lisboa) com destino a Bracara (Braga), tornando Emínio uma estação de paragem e de muda de cavalos.

Em 409, os povos germânicos penetraram o território da Hispânia, de modo que em 411 o Império Romano firmou um pacto com os suevos, para ocuparem a faixa ocidental da província de Galécia — e escolhendo Bracara como sua capital —, enquanto que os alanos se estabeleceram nas províncias da Lusitânia e Cartaginense. Em 585, o reino dos suevos cai em função dos ataques dos visigodos, que alteram a diocese de Conímbriga para Emínio, demonstrando assim a importância que esta cidade possuía. Quase 130 anos após a conquista visigótica, os muçulmanos, liderados por Abdalazize ibne Muça, ocupam territórios da Lusitânia em 714. A cidade torna-se, então, um importante entreposto comercial entre o norte cristão e o sul mouro, com uma forte presença da comunidade moçárabe em seu território. Era conhecida pelos muçulmanos por Qulumbriya, e foi durante o seu domínio que foi erigido um alcácer no formato "quadrilátero quase regular, com cerca de 80m de lado, provido de torres circulares", onde os governantes administravam a cidade.

As bases desse alcácer permanecem até hoje e constituem o Paço das Escolas e a Porta Férrea da Universidade de Coimbra. Em 871 torna-se Condado de Coimbra mas apenas em 1064 a cidade é definitivamente reconquistada por Fernando Magno de Leão. Coimbra renasce e torna-se a cidade mais importante abaixo do rio Douro, capital de um vasto condado governado pelo moçárabe Sesnando. Com o Condado Portucalense, o conde D. Henrique e a rainha D. Teresa fazem dela a sua residência, e viria a ser na segurança das suas muralhas que alguns autores pensam que nasceu o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, que fez dela a capital do condado, substituindo Guimarães (é aliás esta mudança da capital para os campos do Mondego que se virá a revelar vital para viabilizar a independência do novo país, a todos os níveis: económico, político e social). Qualidade que Coimbra conservará até 1255, quando a capital passa a ser Lisboa. No século XII, Coimbra apresentava já uma estrutura urbana, dividida entre a cidade alta, designada por Alta ou Almedina, onde viviam os aristocratas, os clérigos e, mais tarde, os estudantes, e a Baixa, do comércio, do artesanato e dos bairros ribeirinhos.