Esta categoria surge a partir das propostas conceituais de Poell, Nieborg e Van Dijck (2019) que dizem respeito, essencialmente, ao processo de coleta de dados demográficos, de perfil e, principalmente, a exploração de metadados comportamentais. Aproximando esse conceito à publicidade e ao nosso objeto empírico, analisamos, sobretudo, a utilização, a manutenção e a interpretação de dados na atividade publicitária, o uso da publicidade digital com os tipos de formatos de anúncios e serviços e da programática com a venda e compra de espaços publicitários e anúncios digitais, por exemplo.
A partir de quatro matérias coletadas em nossa pesquisa documental pelas categorias modelos de negócio, formatos de trabalho e trabalho plataformizado. Visualizamos a primeira lógica sobre novos modelos de negócio, formatos e dinâmicas de trabalhos direcionados especificamente para a era pós-digital.
Todas essas movimentações do/no campo publicitário, enfaticamente impactadas pelos processos tecnológicos envoltos em lógicas de plataformas digitais, se confirmam não somente nas matérias que capturamos para a composição do corpus de análise sobre os novos modelos de negócio, como também em nossas entrevistadas.
Isto porque elas nos trouxeram características semelhantes entre os discursos dos entrevistados, desde a implicação de que há o desenvolvimento de infraestrutura de dados aplicada a atividade publicitária, a partir do uso, paulatino, de inteligências artificiais, da configuração da demanda por novos cargos que implicam em profissionais como criadores de conteúdo que não são formados em publicidade e propaganda, mas que possuem habilidades condicionadas ao cenário de plataformas digitais.
Abaixo, dispomos do mapa do universo específico dessa categoria de análise.
Nesta categoria, que também surge das propostas conceituais de Poell, Nieborg e Van Dijck (2019), buscamos, em especial, a mudança das relações de um mercado tradicional pré-digital da publicidade para um mercado multilateral pós-digital da publicidade enviesado pela reorganização dos paradigmas econômicos atrelados ao processo de plataformização do/no trabalho publicitário.
Investigamos nesta etapa, sobretudo os tipos de serviços ofertados pelas três empresas de nossa pesquisa, as dinâmicas de mercado focando nos tipos de contratos estabelecidos com os clientes, a noção de monetização de conteúdos e serviços dessas agências para compreender como é a perfomance do trabalho publicitário e a organização estrutural desses profissionais entrevistados.
Em nossas matérias coletadas a partir das categorias formato de trabalho, marcas-publisher e atualizações nos perfis profissionais, e nas falas dos entrevistados, buscamos por indícios que apontam para legitimações no habitus de profissionais e práticas publicitárias institucionalizadas no trabalho publicitário a partir das lógicas de plataformização.
O discurso sobre flexibilização do trabalho publicitário nas falas dos entrevistados se encontra de forma subjetiva, visto que o “imaginário do futuro passa por uma derivação do cenário composto na realidade concreta a partir da forma como o mundo do trabalho se constitui em nossos dias” (Casaqui. 2011, p. 40).
Essa lógica de separação de áreas em novas verticais também é uma lógica recorrente da plataformização do/no trabalho publicitário e confere as práticas publicitárias atualizações no habitus de profissionais condicionando novos papéis a esses agentes. Isto será melhor visualizado em nossa última categoria de análise.
Antes, revelamos, abaixo, o mapa da galáxia desta categoria em específico com todas as nossas descobertas de novos planetas (platôs), novas constelações (linhas de intensidade) e satélites (linhas de fuga).
Novamente, pelo que Poell, Nieborg e Van Dijck (2019) configuram como as três dimensões da plataformização e atrelado as outras duas dimensões já propostas nos tópicos acima, passamos para a configuração de atualizações nos papéis de agentes da publicidade a partir da governança.
No campo publicitário, olhando diretamente para as empresas de publicidade, sobretudo aquelas que são o corpus de nossa entrevista em profundidade, percebemos que o uso da governança na publicidade é constituída por meio de práticas publicitárias atreladas às políticas internas e externas da empresa. Com o uso de infraestruturas de dados e o novo paradigma relacional com mercados multilaterais, a governança na atividade publicitária é baseada especialmente na utilização recorrente de termos de serviço e políticas padrões das plataformas digitais, mas ainda implica em regras específicas das próprias empresas de publicidade.
Mesclando com o corpus documental, utilizamos as categorias atualizações no perfil profissional e formato de trabalho para o cruzamento com as entrevistas.
Nessa categoria de análise, a última de nossas galáxias do estudo, compreendemos como são instituídos e legitimados (Berger; Luckmann, 1985) os novos papéis de agentes da publicidade a partir da governança, uma das dimensões que advém da plataformização. Entretanto, vai além das plataformas digitais, atravessando e perpassando desde a atividade publicitária e o cotidiano de profissionais que são condicionados a novas metodologias e diretrizes de trabalho até aos novos adereços ligados ao modo de ser, viver e se situar dentro das empresas.
Abaixo, trazemos o nosso mapa rizomático desta categoria para, enfim, revelarmos na próxima seção o mapa geral de nosso universo do trabalho publicitário plataformizado.