Ciberpercepção e intervisualidade ambiental: explorando o espaço contemporâneo de Eunice Maria da Silva

O ambiente contemporâneo tem se tornado cada vez mais expandido ao abrigar dimensões virtuais e digitais. Olhar para o ambiente hoje é ver também através de interfaces tecnológicas e filtros culturais interdependentes; é ver imagens que fluem através da hipervisualidade das mídias e das redes sociais. Essa pesquisa explora a visualidade decorrente de processos tecnológicos de captação, processamento, reticularização e disseminação de informações e imagens que estão modificando nossa percepção do mundo. Estas transformações começam a ser avaliadas especialmente no que se refere à atuação artística e estética mediadas por tecnologias que possibilitam representações do espaço cada vez menos dependentes da intervenção humana e mais baseadas na "visão" tecnológica, modificando todo o repertório cultural de temas como paisagem, lugar e meioambiente. Assim, adentramos crescentemente um espaço informacional, digital, virtual e reticular. À maneira de um flâneur do ciberespaço, visualizamos o ambiente natural contemporâneo a partir de interfaces que exploram a terra de variadas maneiras: através do olhar vertical de drones, satélites, sondas e também da configuração caleidoscópica da ciberpercepção e tecnologias que geram, misturam e reinterpretam imagens. Realizamos nesta pesquisa, um estudo preliminar, essencialmente exploratório, que pretende estabelecer relações entre as artes e os estudos socioambientais, no contexto da Cultura Visual, refletindo sobre os efeitos que esta convergência possa ter sobre a cognição humana e visão do planeta. Através da intervisualidade, definida como exposição simultânea e interativa entre modos de visualidade1, propomos desenvolver um panorama inicial para analisar a apreensão do problema ambiental atual e indagar de uma futura percepção ampliada do planeta.