Icnofósseis
Vestígios de um passado remoto
O registro fóssil dos vertebrados e invertebrados não é composto somente por ossos, dentes e outros restos de seus corpos. Na verdade, estes animais deixaram para trás diversas outras evidências de sua presença enquanto se locomoviam, se alimentavam, se reproduziam e desempenhavam os mais diversos comportamentos. Estas evidências não-corporais são denominadas icnofósseis ou traços fósseis (do grego ichnos, traço) e representam alterações de um substrato consolidado (rochas, ossos, troncos de árvores, etc.) e/ou inconsolidado (como sedimentos) pelos organismos vivos. Pegadas, fezes, tocas, ninhos, perfurações e outras estruturas produzidas pelos animais durante suas vidas podem ser preservadas no registro fóssil e nos dizer bastante sobre os organismos e ambientes do passado.
Durante nossa vida estamos constantemente interagindo com elementos vivos e não-vivos do nosso planeta. Ao interagir com estes elementos, podemos modificá-los de alguma forma, modificando sua estrutura original. Ao caminharmos na praia, por exemplo, modificamos as camadas de sedimentos originais (a areia da praia) e deixamos para trás nossas pegadas. Agora imaginem que ao passar pelo processo de litificação (endurecimento), estes sedimentos são transformados em rochas sedimentares, as quais preservam a morfologia original das pegadas produzidas. O mesmo pode acontecer com fezes soterradas, restos de uma carcaça parcialmente consumida, tocas de um animal que viveu no subterrâneo, etc. Ao ficar preservadas no registro fóssil, podemos acessar os vestígios deixados por organismos que não habitam mais o nosso planeta e imaginar como estes seres interagiam entre si e com o meio ambiente em que viveram.