Guia Turístico
do concelho de Penamacor
do concelho de Penamacor
Iniciamos esta viagem na nossa Meimoa, ponto de partida para um passeio onde cada lugar se assume com identidade própria, cujos valores patrimoniais se interligam e completam entre si.
Meimoa é o lugar certo para retemperar forças, com os seus restaurantes, conhecidos pela vizinhança, graças à saborosa comida tradicional. Para além disso, o visitante pode tomar contacto com o passado da aldeia e da região através das coleções de etnografia e arqueologia do Museu Mário Bento, instalado num antigo lagar de azeite, recuperado, ampliado e adaptado para o efeito. No período estival, a Zona de Lazer, enquadrada pela centenária Ponte Velha, ex-libris da aldeia, é ponto de paragem irresistível!
Para o topónimo Meimoa, além da associação que se poderá fazer ao de Meimão, aventam ainda os conhecedores a possibilidade de se relacionar com os termos mamoa ou mammula, o primeiro aplicado a estruturas funerárias proto-históricas, semienterradas e de aspeto exterior arredondado, o segundo significando mama, em latim, que alguns comparam com o aspeto arredondado do outeiro onde se situa a Meimoa.
Apontados ao Norte a caminho do Meimão, espreitamos a albufeira da Meimoa serpenteando por entre montes, onde a prática de desportos náuticos vem progredindo e a pesca desportiva é uma constante. Atravessando o Meimão, não sem espreitarmos a igreja de São Salvador e a capela alpendrada de Santo Estevão, seguimos pela estrada panorâmica que nos guia ao Alto dos Castanheiros, paredes meias com o vizinho concelho de Sabugal. A vista, lá de cima junto ao baloiço do javali, é de cortar a respiração! Onde dois braços da albufeira da ribeira da Meimoa envolvem a aldeia de Meimão e se nos concentrarmos bem podemos imaginar que estamos em Veneza, a Veneza do concelho de Penamacor!
Depois de um curto trajeto no concelho vizinho, Sabugal, entramos no Vale da Senhora da Póvoa, onde a nossa admiração vai para a Alameda dos Balcões, que tem por fundo a igreja de São Tiago. Não muito longe, podemos encontrar o forno comunitário e a “praça” com um fontanário em granito.
Continuando caminho, um pouco mais a adiante, fica o Santuário de Nossa Senhora da Póvoa, onde anualmente, pela Segunda Feira de Pentecostes, se realiza uma das maiores romarias das Beiras. A quietude do local convida a puxar do farnel e a desfrutar das sombras do arvoredo.
Para irmos a Benquerença podemos tomar o caminho rural que segue ao longo do sopé da serra da Opa. O castro de Sortelha-a-Velha, no alto da Alagoa, merece uma visita, a pé (pela banda do Anascer) ou em veículo todo-o-terreno (pelo caminho do canal).
A meio do caminho encontramos o outeiro onde se ergue a ermida de Nossa Senhora da Quebrada, oferece-se uma bela vista panorâmica do vale fértil e verdejante que se expande em direção à Cova da Beira. Em Benquerença, depois de nos deliciarmos com as suas bem-talhadas fontes públicas e com o monumental campanário da igreja, podemos repousar e refrescar na agradável praia fluvial o Moinho, local perfeito para uma merenda na relva, ao som sussurrante do açude.
Apontados para o sul dirigimo-nos á Vila de Penamacor. Antes, contudo, somos brindados com uma vasta área protegida da Reserva Natural da Serra da Malcata. Património natural de excelência, a Reserva tem o seu nome associado ao Lince Ibérico, espécie em risco de extinção, cujo habitat aqui se procura preservar. Mas a importância desta área protegida, longe de se restringir a este objetivo, assenta, na diversidade biogenética que encerra e na extraordinária beleza das suas paisagens. Um lugar onde cada um, à sua maneira, poderá dar livre curso aos seus mais íntimos sentimentos de comunhão com a natureza.
A vila de Penamacor destaca-se não só por ser a sede concelho, mas também pelo notável património edificado, onde destacamos a zona monumental do Castelo. Aqui, podemos admirar a imponente Torre de Menagem e a grandiosidade da paisagem que dela se avista; a graciosa Antiga Casa da Câmara, assente sobre a antiga Porta da Vila; a forte muralha medieval e a Torre de Relógio.
Já fora de muros, deparamos com o elegante Pelourinho e, logo abaixo, com o deslumbrante portal manuelino da igreja da Misericórdia, expressão do gótico final português.
Ao descermos pelas ruas estreitas, descobrimos a igreja de São Tiago, que, tal como a Misericórdia, remonta ao século XVI, este é o principal templo de Penamacor.
Ao seu redor encontram-se alguns dos mais interessantes exemplos de arquitetura civil da vila, como o Solar do Conde, que alberga a Biblioteca Municipal; a Casa do Dr. Elvas e a casa dos Pina Ferraz, hoje sede da Reserva Natural da Serra da Malcata. Do Largo D. Bárbara acede-se ao ex-Quartel Militar, edifício que lembra o importante passado histórico de Penamacor como Praça de Armas e onde se instalou o Museu Municipal.
Aqui encontramos uma escadaria monumental que nos leva ao Jardim da República, local ideal para repousar e saborear um café. Mais além ergue-se o edifício dos Paços do Concelho, sede do poder autárquico municipal. Atravessando o Terreiro de Santo António, encontramos o convento com o mesmo nome, relíquia arquitetónica do século XVI, cujo interior da igreja apresenta uma extraordinária decoração em talha dourada, que impressiona pela riqueza artística e carga simbólica que ostenta.
Saindo de Penamacor rumando a sul, encontramos Pedrógão de S. Pedro que apresenta talvez o núcleo urbano mais pitoresco e compacto de todas as freguesias do concelho, com as suas ruelas estreitas e construções em granito, que tem por centro o Calvário e a Capela de Santo António. Já de saída, a caminho de Bemposta, fica-nos o olhar na bela silhueta do velho burgo.
Já em Bemposta, surpreende-nos a arquitetura popular, com os seus balcões típicos, e a descoberta do orgulhoso Pelourinho, erigido entre a capela do Espírito Santo e a Antiga Casa da Câmara, testemunhos da autonomia administrativa e judicial de que esta terra gozou até 1836, ano em que passou a integrar o concelho de Penamacor.
Ali por perto conservam-se ainda as ruínas do Castelo, que reforça o sentimento de um passado historicamente rico. No pequeno Núcleo Museológico instalado na capela de São Sebastião, podemos nos deslumbrar com um interessante conjunto de estelas funerárias de rara tipologia.
Seguimos pelo caminho rural que nos conduz à aldeia de Águas. Aldeia onde, a par de antigas e vultuosas construções, nos deparamos com um suntuoso modelo de arquitetura religiosa vanguardista, a igreja Matriz, da autoria do arquiteto Nuno Teutónio Pereira, que, com esta obra, datada de 1951, inaugura um novo modelo da arquitetura religiosa portuguesa. Hoje objeto de visita e estudo por parte de estudantes de arquitetura de todo o país.
Em Águas, podemos ainda tratar reumatismos, dermatoses e doenças bronco-respiratórias na sua pequena, mas eficaz unidade termal.
Retomando a estrada, chegamos a Aldeia do Bispo! Terra onde foi achado o célebre tesouro da Lameira Larga, do período romano, de que faz parte a artística pátera em prata representando o mito de Perseu e Medusa, que hoje se encontra no Museu Nacional de Arqueologia. Vale ainda a pena percorrer algumas das suas bonitas ruas, atentos aos sinais que aqui e ali nos dão pistas de um passado antigo.
Rumo a Aldeia de João Pires, atentemos na Cruz do Rebolo localizada à direita da estrada, antes de entrarmos, porventura, na mais pitoresca povoação do concelho. As gigantescas sequoias dão-nos as boas vindas. Depois, é um contínuo de ruas, pequenos largos e recantos que nos arrebatam pelo pitoresco e singeleza das formas e alvenarias das suas casas. Uma visita ao Museu é obrigatória, assim como à igreja, que nos chama a atenção pela sua refinada fachada, vitrais e Via Sacra.
Saindo de Aldeia de João Pires pela estrada de Aranhas, tomamos o caminho agrícola em direção a Salvador. A paisagem induz uma agradável sensação de bem-estar, leveza e liberdade. Paisagem que pode ser apreciada na sua plenitude no miradouro de Santa Sofia ou, se quiser observar uma das mais espantosas vistas que por estas terras se podem ver, é subir a uma das cristas quartzíticas (geossítio) que afloram na linha de cumeada da serra sobranceira a Salvador.
Já em Aranhas, terra de muitas tradições folclóricas e etnográficas, podemos voltar a apreciar a tradicional arquitetura popular e lembrar tempos em que a proximidade de Espanha recomendava prudência e muita vigilância, as ruínas da Atalaia, construção militar destinada à observação e comunicação de movimentações hostis no vasto campo visual que dali se alcançava.
Boa Viagem!