Viagens

Esta página tem por objetivo compartilhar informações e aprendizagens vivenciadas em viagens internacionais, colaborando para disseminar informações importantes que podem nos inspirar e colaborar para promover uma educação que faça mais sentido para os alunos. Aproveitem!

CHINA 2018

Ela inicia com o registro da viagem a Hong Kong e Changai que ocorreu no início do mês de dezembro de 2018, onde tive a oportunidade de conhecer 4 escolas a visitar a Feira/Congresso Learning & Teaching Expo. Me acompanharam nesta viagem a Danielle Andrada da empresa Eduinfo e a Gláucia Cardanha do colégio ST Paul's School.

Feira/Congresso Learning & Teaching Expo

O evento aconteceu em Hong Kong entre os dias 12 e 14 de dezembro de 2018. e teve como objetivo apresentar os últimos lançamentos em recursos educacionais e tecnologias. Caminhando pela feira foi possível ver uma grande variedade de kits de robótica, atrelado à tecnologias de inteligência artificial e recursos wearable (tecnologias para vestir). Há kits muito sofisticados e caros, mas também muita coisa simples, que podem colaborar para democratizar o acesso e a aprendizagem da linguagem de programação por alunos de escolas com menos recursos.

Outro recurso bastante presente na feira foi plataformas gamificadas com inteligência artificial que permitem a personalização do ensino ou mesmo o processo de análise e tomada de decisão pelos professores. Apesar de interessantes, não vi nenhuma plataforma que permite a inclusão de conteúdos pelo próprio professor. Todas elas trabalham a partir de conteúdos pré-definidos.

Me chamou a atenção pela estratégia didática e visual a plataforma AI-DRIVEN LEARNING MODEL. Mais informações podem ser vistas em 4littletrees.com

A plataforma eClass também me pareceu bem interessante. É uma solução integrada que permite comunicação entre professores e com familiares, armazenamento de dados e relatórios dos estudantes, dados financeiros, ferramentas para atividades pedagógicas (e-learning), recursos para trabalhar com projetos STEM, fazer gerenciamento de projetos pedagógicos e, inclusive, consultoria e treinamento dos professores. Mais informações podem ser vistas em BroadLearning Education (Asia) Limited.

Mais alguns recursos interessantes:

• HYPENote que transforma um bloco de notas, no Ipad, celular ou computador como um recursos de aprendizagem. O professor pode criar materiais e compartilhar com os alunos permitindo que eles escrevam, desenhem etc. As anotações manuscritas podem se transformar em textos digitais. Mais informações em www.pendo-tech.com

• LoiloNote School - permite criar mapas conceituais interativos para serem acessos pelos tablets. Mais informações em https://n.loilo.tv/tw

E que tal ter em um único recurso diversas placas para atender diferentes necessidades em um projeto STEM e de inteligência artificial? O Muselab Microbit Wifi Booster faz isso. Desenvolvido na Nova Zelândia, este dispositivo permite controlar a internet remotamente, IFTTT e serviços de IoT. Mais informações em www.muselab.cc

Dystopia 2153

Gostei deste recurso também! Ensinar linguagem de programação nem sempre é algo fácil. Entender a lógica e os códigos pode parecer algo muito abstrato para muitas crianças e adolescentes. Por meio de uma história em quadrinhos, os alunos são envolvidos em um cenário onde tem que desvendar alguns mistérios e resolvê-los por meio de códigos. No decorrer do processo, os alunos aprendem mais de 100 combinações de códigos.  O recurso integra a linguagem computacional e também ajuda a desenvolver a competência leitora de uma forma muito divertida. Para saber mais acesse www.dystopia2153.com

E o Lesson App desenvolvido por um grupo da Finlândia? Este App ajuda professores a estruturarem aulas mais interessantes, fazendo uso de metodologias ativas e uso de tecnologias. Para aqueles que ainda tem pouca familiaridade com o tema, há vídeos curtos que apresentam os principais conceitos e também a possibilidade de ver planos de aula produzido por outros professores. Para conhecer mais acesse www.lessonapp.fi

VTC - Vocational Training Council desenvolve jogos digitais para ensinar temas complexos da área de ciências para alunos da educação profissional.  Os jogos são apresentados por meio de histórias, missòes, desafios, quebra-cabeças etc que ajudam a explicar aspectos da matemática, linguagem de programação e desenho de banco de dados. Saiba mais em http://www.vtc.edu.hk/html/tc/

Para os pequenos, também há a possibilidade de aprender a linguagem de códigos utilizando o Smart Robot Coding School - Stack Mini. Com suporte de cards, um pequeno robô e um tablet os alunos dão os primeiros passos na linguagem de programação. Saiba mais em http://koreaecs.org/products/sk-albert/

Visitas às Escolas

YK Pao School, uma escola primária em Shangai. A escola é chinesa com 50% do currículo em chinês e 50% em inglês. Os pais gostam muito desta escola, pois equilibra o tempo, explorando as duas línguas. As escolas internacionais, geralmente são 20/80 (chines/inglês). Por ser uma escola chinesa, o valor da mensalidade é tabelado em $20 mil dólares/ano. O restante do recurso necessário para manutenção da escola é feito pela fundação de Sir Yue-Kong Pao. É um recurso generoso que permite que eles invistam muito em música, artes e esporte. Tecnologia é o ponto que ainda merece atenção, assim como repensar metodologias. A escola é muito tradicional, as famílias são tradicionais e acreditam que um bom investimento na formação dos alunos está relacionado ao desenvolvimento da leitura e escrita. Para ser fluente em chinês, as crianças precisam aprender minimamente 3000 idiogramas de um universo de 55 mil. Que dependendo da combinação tem um significado diferente. É muito difícil! A escola reconhece a importância das competências socioemocionais e pensa como investir mais em aprendizagem baseada em projetos, sem contradizer a proposta pedagógica da escola e os interesses das famílias. Entre os desafios, também faz parte reformar as salas de aula, de forma a serem mais modernas e aconchegantes. Vale também dizer que a competência docente é vista pela diretora pedagógica como outro grande neste processo. Enfim, encerro por aqui minhas visitas deste outro lado do mundo, com a sensação que somos cada vez nais globais. Apesar da infraestrutura impecável por aqui, os desafios pedagógicos são iguais. Repensar a educação, mudar tempos e espaços, usar de forma mais eficaz a tecnologia são pontos em comum que exigem atenção e diálogo entre todos os envolvidos neste processo. Vejo também a relevância da avaliação que desenvolvemos no Instituto Crescer, o APEI50. A Avaliação de práticas pedagógicas inovadoras pode ser um bom ponto de partida. Para quem está buscando inovar, a utilize para planejar 2019. Acesso GRATUITO disponível em www.apei50.org.br. Até a próxima viagem! @ YK Pao School #institutocrescer #tecnologiaeducacional #apei50 

True Light Middle School of Hong Kong. Escola pública secundária só para meninas. Uma parte do prédio foi reformada e recebeu laboratórios novos e uma biblioteca multimídia super interessante. Além de linda, é um espaço de baixo custo, montado com materiais simples e muita criatividade. Os alunos frequentam no contraturno para estudo individual e pesquisa. Em relação à tecnologia, 70% dos alunos trazem recursos próprios e os demais usam da escola. Na segunda parte da visita, assistimos a uma aulas de matemática. O professor utiliza a plataforma Schoology para compartilhar materiais e na sala de aula conta com 2 projetores, um laptop MAC e Apple TV. Apesar das tecnologias a disposição, a aula é extremamente tradicional, como pode ser visto pelas fotos, tanto que não é a aula mais interessante na visão dos alunos. Ao perguntar a algumas garotas qual é a aula que mais gostam, foram rápidas e unânimes em afirmar que é a aula de Integrated Science onde sempre tem que resolver desafios e produzir coisas. Ou seja, vem a confirmar que a grande questão não é a tecnologia e sim a metodologia que tem que colocar o aluno no centro do processo, ser personalizada aos seus interesses e com muuuitos desafios. @ True Light Middle School of Hong Kong #institutocrescer #tecnologiaeducacional 

PLK Stanley Ho Sau Nan Primary School, também em Hong Kong. Escola inglesa que investe muito em projetos de leitura e STEM. Eles não têm muito espaço, então todos os cantinhos da escola são aproveitados. Livros estão espalhados por toda parte e materiais de STEM também, inclusive no pátio da escola. Bacana ver o entusiasmo dos alunos ao apresentarem seus projetos em um inglês prefeito e com muita desenvoltura. Acompanhando a aula de um professor, vi também que aprendizagem baseada em problemas é parte da rotina desta escola, permitindo que os alunos desenvolvam o pensamento crítico. O que falta? Personalizar mais o ensino. Grande desafio aqui, no Brasil e em grande parte das escolas de Educação Básica pelo mundo. #institutocrescer #tecnologiaeducacional

Heung To Middle School, escola que já vem trabalhando com projetos STEM. Esta prática é nova nas escolas chinesas e é subsidiada pelo governo, com material de alta qualidade. A prática pedagógica ainda encontra-se no nível básico de inovação e poucos professores aderiram ao projeto. O trabalho vivenciado pelos alunos consistia em reproduzir o ambiente do laboratório no Thinkcard, depois passar para o 3D e fazer a impressão com apoio das impressoras a laser. Apesar de interessante a comanda era a mesma para todos os grupos. Acredito que com os recursos disponíveis e motivação dos alunos, em breve eles alcançarão resultados bem interessantes. @ 香島中學 - Heung To Middle School #institutocrescer #tecnologiaeducacional 

Avendale School. Sensacional! Interessante ver o quanto escolas novas, projetadas a partir de uma nova pedagogia, têm maior potencial de inovação. Esta escola tem um ano e meio. É uma escola de Educação Infantil, mas cada cantinho foi pensado para promover a criatividade, a autonomia e o senso de sustentabilidade. Crianças que saem deste espaço, com certeza já terão aflorado alguns skills importantes para o Século XXI. @ Avendale International Kindergarten & Avendale Education #institutocrescer #tecnologiaeducacional

LONDRES 2019

Nesta viagem tive a oportunidade de participar da comitiva da Cisco e Microsoft. Estivemos no Bett Show e Learnit Conference, além de visitar a escola inovadora Microsoft, Wellington College.

LEARNIT CONFERENCE

Gravações de alguns momentos:

The HOW of System Change: lessons from pioneers reimagining education - https://www.facebook.com/luciana.allan/videos/2278053832229443

Raising Indian's next generation of entrepreneurs. Nehru World School - https://www.facebook.com/luciana.allan/videos/2278006772234149

The Future of Curriculum: design and assessments - https://www.facebook.com/luciana.allan/videos/2276635449037948

Social and Emotional Learning: hoe to do it (well) - https://www.facebook.com/luciana.allan/videos/2276577189043774

Konwlodge vs skills: equipping today's students for tomorrow's job - https://www.facebook.com/luciana.allan/videos/2276511892383637

BETT SHOW LONDON

Bett Show com Antony Salcito, vice presidente mundial de educação da Microsoft https://www.facebook.com/luciana.allan/videos/2275548795813280/UzpfSTEwMDAwMDc0NTQ1NzkzMDoyMjc1NjE2NDE5MTM5ODUx

Relato da visita ao Bett Show - http://www.linhadiretadigital.com.br/bettblog/#/materia/319 

ISRAEL 2018

Visita muito especial à The Hebrew University of Jerusalem onde aconteceu mais um encontro do Programa Scholas liderado pelo Papa Francisco. Com cerca de 23.000 estudantes é considerada uma das melhores universidades do mundo. Por lá passaram pessoas importantes tais como Albert Einstein. Hoje, uma referência é o escritor e historiador Yuval Harari com muitos livros escritos sobre o futuro da humanidade.

BELÉM 2018

Outra visita interessante foi à Bethlehem University, fundada pelos Las Salles, a universidade foi a primeira universidade fundada na Cisjordânia e fica em Belém. Apesar da universidade ser católica, a grande maioria dos estudantes são muçulmanos e, mais uma curiosidade, mais de 80% são mulheres. Há cursos em diferentes áreas, inclusive na área de educação, com um ensino de qualidade. 

LONDRES 2020

Agenda organizada por Bett Brasil, Cisco, Le Novo e Microsoft

Apresentação APEI50

A Avaliação de Práticas Educacionais Inovadoras - APEI50 também marcou presença no evento, onde tivemos a oportunidade de apresentar os resultados do 1o ano da avaliação. Vejam o PPT em anexo que também traz os cases da Escola São José de Itajaí/SC e Faculdade Pernambucana de Saúde que foram vencedoras do Prêmio Westcon/Comstor por terem consigo pensar em um projeto inovador para suas instituições de ensino, que estimulasse a adoção tecnológica por meio de práticas educacionais inovadoras e replicáveis. O APEI50 foi ponto de partida, para ambas as instituições, pensarem neste projeto.

Reader Dr. Manolis Makrivis, (Professor Adjunto), IoE/UCL

(www.ucl.ac.uk/knowledge-lab)    

Focus do laboratório: Master Education and Technology; Master Digital Media, Culture and Education; Collaboration with UCL, CS & IC

Revista Científica: British Journal of Educational Technology – 50 years

Livros: (1) Learning, Media and Technology and (2) Artificial Intelligence in Education

O laboratório vem trabalhando em colaboração com startups para desenvolvimento de aplicativos baseados em AI para enfrentar a escassez de professores e criar melhores oportunidades de aprendizagem baseadas na experiência de ensino humanizado online. Ex: Navigo (https://youtu.be/j_cMgXgzcZ0) 

Temas que são trabalhados no laboratório:

• Designing smart technologies for teaching and learning

• Coding and creativity

• Playfull learning and games

• Designing for diversity

• Digital cultures and media literacy

• Multimodal interaction

Reader Dr. Maria Kambouri (Professora Adjunta)

Knowledge transfer partnerships (KTP): Innovation and Enterprise at UCL-IOE

Objetivo KTP Project: desenhar e avaliar tecnologias educacionais que colaborem para  aumentar a prática de atividade física e reduzir o comportamento sedentário de crianças de 3 a 14 anos. O foco inicial é fazer esta conexão com o currículo de matemática, mas o formato pode ser flexível e adaptável a outras áreas.

O laboratório de pesquisa faz parceria com empresas para desenvolvimento e aprimoramento de produtos, que tenham este foco, unindo conhecimento e pesquisa a desafios e oportunidades comerciais, com foco em promover inovação educacional.

O processo é feito via o KTP Funding que é financiado em conjunto pelo negócio e innovate UK. Os investimentos incluem: salários, equipes de acadêmicos e especialistas, custos de desenvolvimento profissional, acesso (como associado) ao UCL’s IT systems, bibliotecas, journals e outras facilidades, viagens, consumíveis ongoing support from Transfer Adviser, coaching for the Associate and support from a dedicated UCL KTP Manager.

Mais de 2 milhões de libras em fundos foram viabilizados nos últimos 2 anos – 100% de taxa de sucesso

São 11 KTPs projects, envolvendo mais de 22 academias em 9 departamentos da UCL.

Empresas envolvidas: Techna, Biovaulvt, bp, Biocatalysts, Hummingbird Technologies, ksbc, Oleeo Formerly WCN, Numbermix (https://youtu.be/iWhrWKXfDp4) , Kennedys, altro, Stratagem e PCA – Property Care Association.

FINLÂNDIA 2020

Sääksjärvi School

Agora acredito que é verdade! Somente pela visita a Sääksjärvi School, que atende alunos de 6 a 15 anos é possível ver que equidade não está no discurso, mas na prática e faz parte dos valores desta nação. Para entenderem melhor, começarei pelas fotos desta visita que representa um dia da vida escolar destas crianças que fazem parte do sistema público de ensino...

Agora, o que eu aprendi hoje?

• que a educação pública tem a mesma qualidade em todas as escolas do país, com poucas diferenças nos resultados;

• que todos os professores têm mestrado e autonomia para direcionar o processo de ensino e aprendizagem;

• que não há coordenador pedagógico, que as formações oficiais ocorrem 3 vezes por ano em encontros de 6 horas e que todas as trocas são feitas por meio de pares;

• que os professores se interessam por se desenvolver profissionalmente e buscam cursos que possam atender às suas necessidades pessoais;

• que não há falta de professores, pois as pessoas acreditam nesta profissão e é muito difícil ingressar no curso superior nesta área (somente 5% dos candidatos conseguem uma vaga no ensino superior);

• que as crianças com maior poder aquisitivo estudam na mesma escola pública que as crianças mais pobres, pois os bairros não são formados por classes sociais e o governo tem a responsabilidade de garantir que haja esta diversidade na formação da comunidade;

• que o PISA é uma referência, mas não direciona o processo educacional;

• que há teste para ingresso no ensino superior, que este é o único teste oficial, que estressa os alunos, mas que ele é organizado de forma personalizada com o objetivo de atender aos diferentes interesses dos alunos. Eles devem escolher entre 4 e 10 matérias para se submeter ao teste e cada matéria organiza seu teste de uma forma diferente. Se você escolhe, por exemplo, língua estrangeira, irá fazer uma prova que testa as 4 habilidades: leitura, escrita, oralidade e escuta;

• que o mesmo professor acompanha o aluno dos 6 aos 12 anos, que frequentam uma mesma sala de aula, neste período, e que eles são responsáveis por desenvolver as competências cognitivas básicas e socioemocionais;

• que os alunos têm aulas de culinária, serviços domésticos, corte e costura, pintura, marcenaria, elétrica etc com a ideia de terem autonomia para resolver seus problemas do dia a dia e desenvolver competências que os ajudarão a entender conceitos complexos de física, química e matemática;

• Há lição de casa em alguns momentos que pode ser, por exemplo, cozinhar para os pais, limpar a cozinha e ter uma avaliação dos pais de como foi este processo;

• que os alunos aprendem a ler com 7 anos, pois o cérebro neste momento está pronto para isso e que em 6 meses já estão alfabetizados. Antes disso, trabalham diferentes atividades para estimular o seu desenvolvimento, principalmente baseadas na investigação científica;

• que o empreendedorismo é algo que faz parte desde a primeira infância para criar autonomia, estimular a pró-atividade e a responsabilidade;

• que todos os alunos devem ter aulas, pelo menos 1 vez por semana da sua língua materna, seja ela qual for. Eles garantem que há um professor para ensinar a língua materna, quando identificam que há pelo menos 4 alunos na mesma situação. Se não é possível ter um professor presencial, utilizam da infraestrutura de EAD para isso;

• eles garantem o acesso aos alunos refugiados à escola e dão cursos extras para que consigam acompanhar, mesmo que esta seja uma condição provisória;

• que os alunos especiais estão junto com os demais alunos, com o acompanhamento de um especialista e que também têm atividades complementares no contra-turno para poderem se desenvolver de acordo com as necessidades específicas de cada um;

• O professor tem autonomia para identificar quando se faz necessário o uso de tecnologias digitais. Não há um computador por aluno, mas um carrinho com vários tablets que eles usam quando precisam. Os alunos também podem usar os celulares com a autorização dos professores;

• A internet é aberta e gratuita a todos;

• A refeição que é servida é extremamente balanceada e estimula que os alunos comam de tudo um pouco. Quase não se vê alunos com sobrepeso;

• Os alunos não sentem frio!!! Com uma temperatura abaixo de zero, os alunos brincam na neve de camiseta e dentro da escola ficam descalços. Aliás, ninguém usa sapatos dentro da escola :<)

• Igualdade e confiança é a base da sociedade;

• A educação é obrigatória até os 15 anos, mas todo mundo continua e faz até o final. Há menos de 3% de evasão. Há Ensino Médio regular e vocacional, sendo que o vocacional encaminha mais facilmente para o superior;

• Todas as escolas têm aula de religião, mas os alunos frequentam de acordo com a religião da família. Todos também têm uma visão geral de todas as religiões;

• A partir dos 10 anos os alunos começam a ter aulas sobre a estrutura de governança da Finlândia e de outros países e começam a ser bem críticos sobre os diferentes sistemas;

• Mudança de clima é uma tema tratado de forma muito séria semanalmente. Eles têm muita preocupação com esta questão e discutem, inclusive em casa;

• As escolas pequenas têm em média 50 alunos, as médias entre 300 e 500 alunos e as grandes mais de 850 alunos. Uma sala de aula tem em média 25 alunos.

Estes são os principais aspectos que tive a oportunidade de captar, mas já deixa claro o quanto eles valorizam a educação e acreditam que pode meio dela são capazes de mudar o mundo. Chegaram a conclusão na década de 90, quando os bancos quebraram e eles faliram. Com poucos recursos naturais, perceberam que o melhor caminho seria investir em educação!

Harjuniitty Comprehensive School

Mais uma escola que tivemos a oportunidade de visitar! Esta também atende a alunos de 7 a 16 anos. O que diferencia essas duas escolas? O tempo de construção da edificação. Esta é uma escola nova, construída há 5 anos que já conta com uma estrutura mais moderna que permite a melhor ocupação dos espaços. Todos os locais da escola, inclusive os corredores, são lugares para aprender. Os alunos têm autonomia para decidir o local que mais lhes deixa confortáveis para ter uma experiência de aprendizagem que seja mais prazerosa e repleta de significados. Vamos à algumas fotos!

O que eu aprendi nesta visita...

• Que andar descalço na escola é uma delícia e muito mais higiênico, inclusive permitindo que os alunos deitem no chão para ler um livro :<)

• Que os ambientes coloridos e cheio de produções artísticas dos alunos dão mais vida ao espaço e um sentimento de pertencimento;

• Que qualquer espaço pode ser um espaço de aprendizagem, inclusive os corredores e arquibancadas;

• Que a sala dos professores têm que ser um espaço aconchegante e propício para a troca de ideias. Há também uma cabine com acústica para que façam ligações aos pais, de forma mais reservada;

• Que independente da escola, todas têm muitos materiais concretos, tecnologias e laboratórios maker de marcenaria, elétrica, pintura, cozinha etc. Todos estes espaços fazem parte da rotina dos alunos, com atividades semanais para todos;

• Que por ser um ambiente dedicado ao aprender e todos os espaços são ocupados, não há gritaria ou barulho. As crianças conversam em um tom tranquilo e toda agitação eles deixam para as atividades externas, quando quase sem roupa, correm na neve e fazem muitos bonecos de neve. O barulho dentro da escola é similar ao barulho que encontramos em um espaço de estudos coletivo em uma biblioteca. É muito confortável estar neste ambiente.

Fuculty of Education and Culture - Tampere University

Esta Faculdade tem uma Escola de Aplicação e é ligada à Tampere University, onde os professores em formação inicial têm a oportunidade de fazer a parte prática e receber mentoria. Pesquisadores também frequentam este espaço para testar novas metodologias e desenvolver outros tipos de pesquisa. 

Pesquisa que estão sendo hoje desenvolvidas neste espaço: metodologias de ensino, novos ambientes de aprendizagem, desenvolvimento sustentável, tecnologias na Educação, avaliação, cooperação internacional e cidadania ativa.

12 milhões de Euros é o orçamento anula para cobrir todos os custos, onde cada mentor acompanha 4 orientandos ao longo de 1 ano e meio.

A escola não difere das outras dúvidas que visitei, o que confirma a ideia de que as escolas têm a mesma qualidade. Prestem atenção especial às várias produções dos alunos espalhadas pela escola. O tampo da mesa é uma produção dos alunos e quadros espalhados pelo refeitório. Na marcenaria, os alunos estão produzindo uma sauna que aliás, é algo muito importante na vida deles e, inclusive, um espaço de convivência.

No meio da visita, no espaço maker de economia doméstica, encontrei um cartaz com informações sobre a nossa culinária. Alé da coxinha e feijoada, o cartaz trazia fotos de moços bonitos com a legenda Made in Brazil. Só poderia ter sido feito por um grupo de meninas adolescentes. Rimos muito ao ver este cartaz. :<)

 Workshops at Tampere University

Estes dias também participamos de 3 workshops com o objetivo de entender, em mais detalhes, o sistema de educação na Finlândia, as práticas de liderança e empreendedorismo. Os workshops foram organizados pela empresa Learning Scoop, focada em formação de professores e que hoje tem como um dos seus principais projetos o desenvolvimento do Lesson App, um aplicativo para produção e compartilhamento de planos de aulas, tendo como base a proposta pedagógica adotada aqui. O aplicativo é muito simples e interessante e, em breve, estará disponível em português por meio da localização que está sendo feita pela equipe do Instituto Crescer. O lançamento ocorrerá, possivelmente, no Bett Brasil em maio.

• A profissão Professor tem como base: a autonomia, confiança, respeito e bos condições de trabalho;

• Para construir confiança é necessário: participação, diversidade, saber administrar conflitos; saber refletir profundamente e saber lidar com os erros, tudo isso envolvido por uma boa comunicação;

• Boa comunicação: tem que ser aberta a escuta, amigável, mente aberta, baseada na confiança, na liberdade para feedback e com observação a linguagem não verbal;

• Em relação aos líderes, maior descentralização e autonomia para tomada de decisões; mais liberdade para definir o currículo que será trabalhado pela escola; 

• Ser capaz de envolver os diferentes agentes da comunidade escolar em discussões que são do interesse de todos;

• Mais sobre a liderança pedagógica pode ser visto em https://learningscoop.fi/what-is-pedagogical-leadership 

Programa de Antibullying KIVA - www.kivaprogram.net

O Kiva é um programa que existe há mais de 10 anos e tem por objetivo combater o bullying nas escolas. É aplicado em 90% das escolas de educação filandesa. O programa conta com mais de 50 pesquisas, nacionais e internacionais, que comprovam sua efetividade. Também recebeu o Prêmio Europeu de Prevenção ao Crime 2009, o Prêmio de Política Social em 2012 e mais 4 Prêmios Nacionais em 2008, 2010, 2011 e 2012.

O programa acontece por meio da formação de mentores nas escolas, que aprendem a identificar e mediar situações de conflito. Também conta com materiais de apoio, tais como vídeos e jogos digitais para serem trabalhados juntos aos alunos. O material está organizado por nível de ensino e contemplando uma carga horária que permite que o trabalho aconteça por meio de aulas ministradas pelo menos duas vezes por semana. Eles estão se articulando para também estarem no Bett Brasil em maio de 2020.

Jantar com o co-fundador do Angry Birds - Peter Vesterbacka 

Conhecido pelo sucesso do game Angry Birds e da Startup Slush, Peter tem dedicado sua vida a viajar pelo mundo disseminando os conceitos da Educação Filandesa. Depois de 3 horas de conversa e muitas histórias o que fica é que para mudarmos a educação de um país precisamos acreditar que somos capazes de fazer a diferença. Eu acredito e venho fazendo isso, e vc?

Keskustakirjasto Oodi - Biblioteca Pública em Helsinki

Você já imaginou um lugar onde é possível ir para fazer reuniões, jogar, costurar, imprimir banners, imprimir em 3D ou simplesmente relaxar e ler um livro e de graça? Pois este lugar existe.! É a Biblioteca Pública de Helsinki. Simplesmente demais!!!  

PHILADELPHIA - ISTE 2023

De 25 a 28 de junho aconteceu o ISTE Live 23 na Philadelphia. Foram 4 dias intensos de acesso à informações e relatos de experiências relacionado ao uso de tecnologias no contexto educacional. O grande objetivo do evento foi fomentar o uso de tecnologias digitais e estratégias de ensino que colaborem para desenvolver as competências digitais de estudantes, professores, líderes educacionais e profissionais de tecnologia educacional, como apresentado nos documentos ISTE Standards. De todas as feiras e congressos que tenho participado, este me parece o mais interessante para quem tem como foco repensar a educação, em busca de boas práticas. Foi muito interessante ver que, este ano, além da questão do uso de tecnologias digitais, esteve muito forte a discussão sobre aspectos socioemocionais que aflingem estudantes e professores e a congruência entre estes dois pontos mais o suporte dado por metodologias ativas como o Design Thinking. Um dos workshops que participei teve como tema "O engajamento dos estudantes em literatura por meio do design thinking e mapas de empatia". Outro, que abrangia essas temáticas foi "O par perfeito: combinando empatia e makerspaces". A feira que acontece junto à conferência também é muito interessante, com muitas empresas apresentando seus recursos educacionais focados na aprendizagem. Foi muito interessante ver o quanto evoluiu este mercado e que os recursos apresentados têm muito mais elementos que permitem a produção criativa por estudantes, gamificação e a personalização por parte dos professores. Inclusive, muitos recursos são gratuitos! Para saber mais, acesse o link Recursos Educacionais ISTE 2023 disponível em Recursos Educacionais.

Chegada ao evento! Como sempre, americano faz o show! Mais de 5 mil pessoas presentes!

Momento de participar de workshops mais específicos e aprender muito, seja com a Silvia Scuracchio da Escola Bosque, grande amiga e parceira de viagem, seja em workshops organizados por eles, como o que participei para entender como atrelar design thinking a mapa de empatia e makerspace ou para confirmar a importância dos projetos colaborativos online para promover a cultura digital. No Instituto Crescer temos o Aprender em Rede, metodologia desenvolvida por nós para colocar estudantes em contato com outros em outros lugares do mundo. Nosso projeto já foi reconhecido pelo Papa Francisco como uma experiència linda que promove a oportunidade dos estudantes conhecerem outras culturas e, por meio disso, promover a paz mundial. Acho o máximo! Amo também a mistura de material concreto e digital como foi feito em um dos workshops e registrado na foto 2 deste bloco.

Para finalizar, por que não falar dos vários amigos que fiz ou que tive a oportunidade de conviver mais. Pessoas que acreditam na educação e que sempre estão em busca de novidades para oferecer o melhor aos estudantes. Valorizo cada um deles, seja qual for seu papel neste ecossistema!

BETT SHOW 2024 - LONDRES

Na semana de 22 a 26 de janeiro fiz parte da comitiva brasileira que esteve em Londres para conhecer os avanços tecnológicos que podem contribuir para promover melhores oportunidades de ensino e aprendizagem. Mais de 170 pessoas fizeram parte da comitiva, compreendendo secretários de educação, diretores escolares, CIOs de empresas educacionais e Edtechs, profissionais da área de educação e tecnologia e pesquisadores. Tivemos a oportunidade de visitar escolas, universidades, empresas de tecnologia e a Feira e Congresso Bett Show. Acompanho há mais de 10 anos essa comitiva e é muito interessante ver o quanto não só as tecnologias vêm evoluindo, mas também as práticas e reflexões pedagógicas. Hoje a preocupação maior não é mais a adoção tecnológica, mas seu impacto para promover diversidade e inclusão, inovação, sustentabilidade e bem-estar, tanto que esses foram os grandes temas explorados no evento. Abaixo registro um pouco dessa semana rica de experiências e aprendizagem.

Visita à escola Cardinal Vaughan Memorial School

Escola pública, católica, majoritariamente para um público masculino (há meninas somente no Ensino Médio). Apresenta uma proposta de ensino bem tradicional, com disciplina rígida e faz uso de pouca tecnologia. Os alunos não podem utilizar recursos tecnológicos em sala de aula, somente no laboratório de informática que oferece aulas de informática com ensino de programação, fazendo uso de desktops.

A escola foca na formação dos estudantes para desenvolvimento da competência de comunicação, com uma estrutura didática bem estruturada, o que contempla atividades de aquecimento, debates e exemplos para posterior apresentação de uma proposta de atividade prática. Nas aulas que tive oportunidade de assistir, ao total foram 4, todas utilizaram de fatos reais, que apoiados pela leitura de gráficos e tabelas, orientavam a discussão promovida pelo professor(a). Os alunos sentados em duplas, em mesas enfileiradas, iam levantando a mão para participar e, após participação, o professor(a) fazia uma anotação, provavelmente registrando algo sobre a intervenção do aluno para posterior avaliação.

Apesar de não fazerem uso de tecnologias digitais, as aulas têm um ritmo acelerado e com atividades cadenciadas o que exige dos estudantes muita atenção. Os professores parecem bem preparados para conduzir as atividades e muito atentos a tudo o que ocorre no espaço da sala de aula. O resultado é que esta escola pública é a 4ª no ranking de alunos que ingressam em Cambridge. A sua frente estão 3 escolas particulares.

O resultado já é bom sem o uso de tecnologias digitais, o que reforça que uma boa pedagogia contribui para o desenvolvimento dos estudantes. Agora imaginem essa didática potencializada pela disponibilização de acesso a recursos tecnológicos, com professores bem preparados para promover discussões sobre fatos encontrados pelos alunos em sua imersão no espaço virtual? Imagina estes professores promovendo discussões e reflexões que vão para além daquelas trazidas por eles e apresentadas em seus planos de aula? O resultado não poderia ser ainda melhor?

Visita à Universidade

King's College London (informalmente chamada de  King's ou KCL) é uma das universidades públicas mais antigas de Londres.  

Um de seus departamentos é a Escola de Educação, Comunicação e Sociedade que, dentre suas atividades, oferece programas de formação de professores. A formação foca na educação no seu sentido mais amplo, incluindo processos de aprendizagem, comunicação e mudança social.

A Escola tem contribuido para debates políticos e preocupações de comunidades profissionais em vários setores, tanto a nível nacional como internacional.

Oferece cursos que ajudam os alunos a analisar criticamente, pesquisar e responder com eficácia às mudanças no pensamento e nas políticas em suas áreas.

Os recém-formados trabalham como professores e em cargos de liderança sênior em escolas e universidades, educação no setor artístico e cultural, pesquisa e funções de formulação de políticas em uma série de instituições e organizações nacionais e internacionais, academia e instituições do terceiro setor.

Tivemos a oportunidade de passar uma tarde com Arthur Galamba, King’s PGCE Science Director, brasileiro que há muitos anos mudou para a Inglaterra para desenvolver pesquisa nesta universidade e nos contou o trabalho que vem sendo feito para formação de professores para atuar na Educação Básica. Lá, assim como aqui, tem sido muito difícil ter pessoas interessadas em seguir sua trajetória profissional na área de educação. Também há um gap na formação de profissionais, principalmente na área de exatas e os salários não são convidativos. Hoje um profissional recebe 30 mil libras/ano para 20 horas de dedicação mensal.

Uma pessoa que quiser de candidatar a uma vaga no King’s College deverá passar por um processo seletivo que envolve a apresentação do currículo, uma carta de recomendação, duas referências e por fim, o candidato passa por uma entrevista pessoal e outra em grupo. A formação tem duração de um ano, sendo 12 semanas de atividades no College e 24 na escola, como prática de estágio supervisionado. Vejam que 2/3 do tempo é dedicado a observação e prática do ensino!

A formação segue o currículo apresentado pelo Teacher’s Standard que em resumo traz que o professor ou professora deve:

1. 1. Inspirar, motivar e instigar os alunos

   2. Promover o progresso e bons resultados dos alunos

   3. Demonstrar bom conhecimento da matéria e do currículo

   4. Planejar aulas bem estruturadas

   5. Adaptar o ensino para responder às necessidades e talentos de todos os alunos

   6. Avaliar os alunos por testes e através de avaliação para a aprendizagem

   7. Gerenciar comportamento dos alunos efetivamente

   8. Demonstrar amplas responsabilidades profissionais.

No geral, ao longo de um ano letivo os futuros educadores aprendem sobre Teorias de aprendizagem, Planejamento de aula, Gestão de sala de aula, Avaliação para a aprendizagem, Personalização do Ensino, Linguagem e literacia, além de pedagogia específica de cada área curricular (matemática, física, artes etc.) Como exemplo, um futuro professor de física irá aprender como ensinar sobre energia para crianças de 13 anos de idade.

A avaliação ocorre por meio dos relatórios feitos da observação da sala de aula e de duas dissertações que são entregues ao longo do ano, similar as que são entregues em um mestrado no Brasil.

O grande investimento que eles têm feito, na formação destes profissionais é para que se apropriem de práticas de ensino que colaborem para o desenvolvimento das competências de comunicação e expressão, pois acreditam que é a grande competência deste século. Abordagens como Design Thinking fazem parte das estratégias de ensino de forma que o processo leve a muitas oportunidades de reflexão, argumentação e produção do conhecimento.

Ao longo da explanação fui percebendo as conexões entre o trabalho de formação que é feito na King’s College e a prática dos professores na Cardinal Vaughan Memorial School, o que me leva a refletir que políticas públicas bem estruturadas e de longo prazo são fatores essenciais quando buscamos um ensino de qualidade com equidade. Valeu a tarde que passamos nesta instituição!

Visita à Experiência Samsung

Em Londres há num espaço público dedicado a apresentar as mais novas tecnologias da Samsung e algumas que ainda não estão no mercado, mas que em breve estarão à disposição. A convite do Denis Brentel, Education Sales Manager, o espaço foi fechado para receber a comitiva. Foi uma tarde incrível! Foi a primeira experiência mais concreta da evolução da inteligência artificial que tive a oportunidade de ver nesta viagem. Conhecemos o smartphone que estará no mercado em breve, o Samsung S24 que permitirá que façamos conferências com pessoas de diferentes lugares do mundo, onde podemos nos comunicar em nossa língua materna e, em questão de segundos, ela pode ser traduzida para qualquer língua, mantendo a nossa voz original.

Também vi o quanto as tecnologias estão cada vez mais convergentes e que por meio de sistemas inteligentes são integradas e programadas para “dar conta” dos afazeres domésticos. Há o robô que não só varre, mas agora também lava, limpa vidros nas alturas, faz seu café e muito mais. Isso sem falar na evolução das TVs que não terão mais telas, mas serão blocos que permitirão você montar a tela do tamanho que desejar. Alguns exemplos destes recursos aplicados podiam ser vistos nos ambientes construídos para simular a aplicação destes recursos no nosso dia a dia. Vejam abaixo.

Visita ao Bett Show – Conferências

Mais uma vez estive presente neste evento que é o maior evento voltado à apresentar as tendências na área de educação e tecnologia. Junto à Feira, há a Conferência que tinha como principais temas: diversidade e inclusão, inovação, sustentabilidade e bem-estar. Interessante ver que nenhum dos temas têm relação direta com a tecnologia, mas em todas as conferências foi explorado como as tecnologias e principalmente a inteligência artificial podem ajudar nestes aspectos, com foco na promoção de uma educação de qualidade e com equidade.

Em um recorte de uma pesquisa apresentada em uma das conferências, foi possível ter uma ideia de como o avanço da inteligência artificial tem sido vista pelos professores e professoras:

- 40% deles acreditam que a AI pode substituir seu trabalho em menos de 10 anos

- 64% acreditam que a AI vai aumentar o desemprego

- 57% querem que o governo interfira no avanço da AI nas profissões

- 30% acreditam que a profissão de professor vai desaparecer totalmente

- 27% acreditam que a AI vai ajudá-los a trabalhar menos

- 62% querem uma nova regulamentação

- 67% querem que as crianças aprendam sem AI

- 48% querem que as crianças aprendam como usar a AI

- 63% querem banir a AI dos exames

- 41% querem banir a AI da lição de casa, mas 67% acham que isso é impossível

Pelos resultados é visível ver quantas dúvidas há sobre o tema e há um público mais cético ainda querendo banir a AI do fazer pedagógico, devido a insegurança que vêm gerando pelo fato de não saber lidar com esses recursos e muito menos administrar junto aos alunos. A conclusão que chego é que é mais fácil banir, do que entender como fazer realmente para tirar o melhor proveito.

Mas, creio que banir não será possivel! Pelo que vi, posso dizer que a inteligência artificial virá cada vez mais forte e junto com ela, muitos desafios para escolas, educadores e pais. Estudantes, nativos digitais, têm as habilidades necessárias para tirar proveito desses recursos e resolver seus problemas pessoais, relacionados à tarefas solicitadas por professores, fruto de aulas desconectadas com a realidade atual que os avanços tecnológicos nos impõem.

O lado positivo é que há muitos recursos que podem colaborar com a personalização, avaliação e inclusão dos estudantes em busca de tirar o melhor proveito das oportunidades de ensino e aprendizagem, além de contribuir com o bem-estar de docentes que bem capacitados podem aproveitar as milhares de oportunidades que estas ferramentas trazem para incrementar suas aulas.

No entanto, é importante ter em mente que as oportunidades não serão efetivas se vários desafios não forem superados como podemos ver no resultado apresentado por uma enquete feita junto aos professores e professoras em uma das conferências que assisti. Ao perguntá-los quais são os principais desafios do uso das tecnologias para fins pedagógicos, foi apresentado como resposta:

- investimento em feedback individual

- ferramentas fáceis de usar 

- sistemas integrados que conversem uns com os outros 

- um time melhor de TI para apoiar os professores

- mais treinamento

- mais tempo para estudar

- reduzir o número de plataformas e centralizar

- apoio aos professores que não tem habilidades tecnológicas

- prover soluções inteligentes

- Melhorar o custo

Como podemos ver, os desafios são os mesmos, seja em países desenvolvidos ou como nós que ainda estamos anos luz da realidade que os cerca. Fica para mim a inquietação: como realmente criar políticas públicas eficazes e sustentáveis? Será que algum dia veremos um projeto que nos inspire?

O que não podemos perder de vista é para quem ensinamos e para que ensinamos. E a realidade nos mostra que a cada dia temos um desafio maior pela frente! Em um futuro próximo haverá lugar para poucos. Somente quem estiver muito bem-preparados será capaz de ter e realizar seus sonhos. Com o advento da inteligência artificial, está cada vez mais perto o dia que muitas profissões deixarão de existir, o que inclui tarefas repetitivas, sejam elas intelectuais ou braçais, tais como contador, caixa ou operador de grandes máquinas agrícolas ou de mineração. Uma que eu não havia pensado, mas que vi uma reportagem que me chamou a atenção foi a profissão de dublador. Com a inteligência artificial e a possibilidade de tradução simultânea para qualquer língua em questão de segundo, imitando a voz original, essa profissão deixará de existir. Quando alguém poderia imaginar?

Em uma das palestras da conferência, proferida por CIDGEN, diretora da Intel, foi apresentado alguns dados do Economic Forum – WEF Future of jobs 2023 sobre as profissões emergentes e decadentes até 2027, ou seja daqui a menos de 5 anos! Como emergentes temos:

Especialista de sustentabilidade

• Especialista em AI e machine learning

• Analista de bussiness inteligente

• Analista de segurança da informação

• Engenheiros para thinktechs

• Analista e cientista de dados

• Engenheiro robótico

• Especialista em bigdatas

• Operador de equipamento de agricultura

• Especialista em transformacaio digital

E como decadentes até 2027 temos:

• Agentes bancários

• Agentes de serviços postais

• Profissionais de entrada de dados, administrativos, contábeis, financeiros e de seguros

• Caixas,

• Legisladores e oficiais

• Vendedores porta a porta

Essa mesmo profissional sugeriu olhar o trabalho que vem sendo feito pela Berry Spring Primary School  considerada uma escola inovadora para a Intel. 

Visita ao Bett Show – Feira

A Feira do evento foi organizada em 6 setores o que facilitou a visita para a maioria dos participantes que tinha um foco, assim como eu. A feira foi dividida em Equipamentos & Hardware, Global ShowCase, Soluções para Gestão Escolar, Tecnologias para Ensino e Aprendizagem, Education Show (apresentação de recursos inovadores sem tecnologias digitais) e Bett Futures (apresentação de recursos desenvolvidos por startups).

Como profissional da área de educação e tecnologia, meu maior foco foi conhecer recursos para o ensino e aprendizagem. Na página RECURSOS EDUCACIONAIS de meu Blog compartilho uma lista de recursos que achei interessante, alguns gratuitos e outros com uma versão trial gratuita. Tentei categorizar em recursos para gestão da escola ou sala de aula, conteúdo interativo, aplicação para promoção de materiais autorais, apoio ao combate ao bullying e cibersegurança. No entanto, algumas vezes, alguns desses recursos acabaram se encaixando em mais de uma categoria. Visite a página e divirta-se! Há muito o que explorar!