Histórico profissional

Comecei a atuar na educação no início da década de 90, quando os computadores estavam chegando nas escolas. Naquele momento, ninguém sabia exatamente o que fazer com estes recursos, mas era interessante apresentá-los no material de marketing da escola para atrair alunos.

Durante 10 anos estive na coordenação de alguns colégios particulares de São Paulo, dentre eles o Fernando Pessoa que, posteriormente, foi incorporado pela Escola da Vila e o Colégio Santo Estevam. Ao longo deste período, testemunhei a chegada do Windows, pacote Office, estruturas de redes, Internet e muitos outros recursos que vieram a fazer parte do nosso dia a dia.

A grande preocupação, naquele momento, era garantir a usabilidade dos recursos disponíveis, para justificar os investimentos, e a assimilação pelos alunos da linguagem e conceitos envolvidos na computação, mas pouco ainda se pensava na sua relevância para potencializar o processo do ensino e aprendizagem de uma forma mais ampla, contribuindo para que os alunos entendessem aspectos mais complexos do currículo regular.

Com o passar dos anos e o surgimento de grupos de pesquisa como o liderado pela Escola do Futuro, ligado à Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), foi que esta realidade começou a mudar e surgiu um grande interesse pelas oportunidades de aprendizagem que estes recursos poderiam trazer para educação formal. Pesquisas da neurociência, atreladas às práticas de sala de aula e uso de tecnologias digitais, passaram a ser o foco principal de muitos projetos.

Minha passagem pela Escola do Futuro permitiu não só que eu explorasse mais esta temática, mas também abriu portas para que eu começasse a compartilhar minha prática, atuando em projetos de formação de professores para redes públicas de ensino, como a rede municipal de educação de Barueri e de São Bernardo do Campo, ambas no Estado de São Paulo, Brasil.

Foi ainda neste espaço de pesquisa que conquistei meu orientador de mestrado, o Prof. Fredric Michael Litto, americano visionário e que à época era o mentor científico da Escola do Futuro. Foi uma das melhores experiências da minha vida! Este professor nunca me dizia o que eu tinha que fazer, mas sempre me despertava um desejo fervente de aprender.

Imersa em dezenas de livros que ele me trazia a cada congresso que participava, tendo que traduzi-los para o português e compartilhar com meus colegas, foi uma das melhores experiências de aprendizagem que tive a oportunidade de vivenciar. Ali entendi que meu estilo de aprendizagem exigia desafios, ter conexão direta com um desafio pessoal e tempo delimitado para tarefa; aí tudo fluía.

Deste momento em diante, tudo que aprendi na vida esteve sempre presente estas características. Em 2002 conclui meu mestrado. O tema da minha dissertação foi "A biblioteca virtual do estudante brasileiro, uma análise sobre sua relevância como fonte de referência qualificada em pesquisa para estudantes da educação básica brasileira".

Entre 2000 e 2005, muitos outros desafios vieram a fazer parte da minha rotina profissional, fruto dos 10 anos anteriores de experiência na gestão de espaços tecnológicos em escolas e na formação de professores. Em 2000 fui convidada para fazer parte da equipe de consultores do Programa Sua Escola a 2000 por Hora do Instituto Ayrton Senna e em 2003 a escrever os PCNs + Conceitos Estruturantes e PCN em Ação para o Ministério da Educação, documentos que serviram como referência, por mais de uma década, para organização da proposta política pedagógica de escolas públicas e privadas em todo território brasileiro.

Com o objetivo de formar multiplicadores para disseminar as informações apresentadas por estes documentos viajei, junto com a equipe da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, para muitos estados brasileiros, onde nos reuníamos com um grande número de educadores ligados às redes estaduais de educação.

Viajar o Brasil pelo programa Sua Escola a 2000 por Hora e pelo MEC oportunizou que eu conhecesse a realidade da educação brasileira em suas diferentes vertentes e me sentisse ainda mais motivada a atuar em projetos que ajudassem no processo de transformação da educação em busca da melhoria da sua qualidade.

A partir de 2000 também comecei a me envolver com os trabalhos que vinham sendo desenvolvidos pelo Instituto Crescer, organização do terceiro setor que tem como foco atuar na área de educação colaborando para que pessoas tenham a oportunidade de ter e perseguir seus sonhos.

Meu envolvimento começou de forma não intencional com o objetivo de colaborar com meu pai Dilermando Allan Filho, fundador do Instituto e mais conhecido como Seu Diler, a desenhar as estratégias de intervenção socioambiental para comunidades carentes que viviam em torno dos dutos da Petrobras.

O envolvimento não intencional transformou-se na principal atividade da minha jornada profissional, conquistando a chance de criar e colocar em prática projetos relevantes na área de educação, nacionais e internacionais, envolvendo não só a formação de professores, mas também a qualificação profissional de jovens e o desenvolvimento comunitário.

O relacionamento com as empresas financiadoras, com centros de pesquisa, o contato com diferentes públicos e a realidade da educação no território brasileiro e em outros países me ajudou a construir o entendimento que tenho hoje de quais devem ser os pilares para uma Nova Educação.

Nesta vivência, foi possível entender os desafios que as empresas têm para alavancar seus negócios, as oportunidades apresentadas pela quarta revolução industrial, conhecer como pensam e aprendem as crianças, adolescentes e jovens da geração millenium e como devemos melhor prepará-los para superar os desafios em uma sociedade em plena transformação.

Para completar minha formação acadêmica, em 2007 também ingressei no doutorado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo sob a orientação da Prof Dra Stela Piconez, quando estudei a sustentabilidade de programas de formação docente passado algum tempo da sua implementação.

A análise envolveu o Programa Parceiros na Aprendizagem na Microsoft e sua implementação junto à rede pública estadual da Paraíba. Em 2011, conclui minha pesquisa, que se constituiu em mais um importante momento de aprendizagem, liderado pela minha orientadora que, de forma incansável, contribuiu para construção dos instrumentos e análise dos resultados da pesquisa.

Depois de quase 30 anos atuando na área de educação e mais de 20 anos na liderança do Instituto Crescer participando ativamente de todo processo que envolve a implementação de projetos inovadores em educação, vejo que chega a hora de cada vez mais investir no influir, ou seja, compartilhar meu conhecimento para sensibilizar e orientar outras pessoas para promover processos de mudança. Por isso, a construção deste site, espaço onde buscarei disseminar ideias e recursos que possam vir a colaborar para transformar a educação!