Através do Tempo
Francisco Cândido Xavier, pelos Espíritos Diversos
Antero de Quental
Vi a Dor caminhando em negra estrada,
Qual megera da sombra, em noite escura,
E perguntei, ralado de amargura:
“— Por que nasceste, bruxa desvairada?”
“Por que ostentas a espada estranha e dura,
Sobre o seio da vida atormentada,
Reduzindo à miséria, cinza e nada
Todo sonho de paz e de ventura?”
Mas a Dor respondeu: — “Cala-te, amigo!
Na torturada senda em que prossigo,
O veneno do mal morre infecundo.
Sem meu gládio que salva, pouco a pouco,
O homem padeceria cego e louco
Em tenebrosos cárceres do mundo!...”
Psicografia em Reunião Pública — Data: 28-6-1949
Local — Centro Espírita Amor ao Próximo, na cidade de Leopoldina, Minas
Pedro D’Alcântara
Mocidade da Terra do Cruzeiro,
Conserva com Jesus o dom divino
Do amor que jorre farto e cristalino
Em vida nova para o mundo inteiro!
O homem elege torvo paladino
No ódio vil, belicoso e carniceiro,
Que o exaure em sinistro cativeiro
Da maldade e da guerra em desatino...
Juventude da Pátria verde e bela,
Semeia a paz distante da procela
No serviço do bem ditoso e puro.
Ama, segue e constrói! Trabalha e espera,
Acendendo clarões da Nova-Era,
Ao encontro sublime do futuro!...
Psicografia em Reunião Pública — Data: 14-5-1949
Local — Centro Espírita Amor e Caridade, em Belo Horizonte, Minas
Emmanuel
Meus amigos.
Sem sabedoria não há caminho, mas sem amor não há luz.
Em verdade, não podemos dispensar, em nossas cogitações doutrinarias, as lides da cultura acadêmica, que nos facilitem a jornada para diante.
O livro, o jornal, a tribuna, o gabinete, o laboratório e a pesquisa são forças imprescindíveis à formação do homem espiritualizado da Nova Era. Entretanto, observando os problemas complexos da atualidade, quando a Ciência erige catafalcos à própria grandeza, intoxicando os valores intelectuais de todas as procedências, é imperioso atender, acima de tudo, à sementeira do coração.
No amor situou Jesus a metrópole viva do Evangelho.
Não podemos, por isso, olvidar as nossas obrigações de operários da regeneração humana, que precisa começar de nós mesmos, sob a direção da bondade infatigável, única força que realmente nos melhorará, uns à frente dos outros.
Para nós, que esposamos no Espiritismo Cristão a nossa cátedra e a nossa oficina, o santuário de nossos princípios e o lar de nossos ideais, o serviço de assistência ao espírito popular constitui sagrado labor. Espiritismo que auxilie as mães e as crianças, os jovens e os velhos, os que lutam e sofrem, os que anseiam pela melhoria própria e os que esperam o consolo da fé vigorosa e transformadora que a Doutrina encerra em seus postulados de solidariedade e justiça, amor e compreensão.
Entendemos a importância das teorias e das predicações preciosas e sabemos que, sem o grupo selecionado de instrutores, a lição se veria desfigurada em sua pureza; contudo, em toda parte, nesta sombria e pesada hora que vamos atravessando na Terra, aflitivas necessidades envenenam a vida. Em todos os lugares, a ignorância tripudia sobre a dor, a indiferença lança doloroso sarcasmo à fé e o mal, aparentemente triunfante, humilha o bem que se oculta.
No turbilhão de conflitos que asfixiam as melhores aspirações do povo, é necessário sejamos o apoio fraterno e providencial de quantos se colocam em busca de um roteiro para as esferas mais altas.
Somos naturalmente os braços multiplicados do Amigo Divino da Humanidade e, nessas condições, é imprescindível nos movimentemos na execução dos nossos programas de fraternidade legitima.
Esperam por Jesus e, consequentemente, por nós outros, que detemos a presunção de representá-lo, a criança sem agasalho moral, o doente sem coragem, os pais aflitos, os servidores anônimos do progresso, os jovens carentes de auxilio, os aprendizes vacilantes da fé, os transviados da experiência humana, os infelizes irmãos nossos que o cipoal do crime entonteceu e arrojou a escuros despenhadeiros, os sedentos de luz divina, as mães humildes que ajudam o crescimento da prosperidade geral, os corações esquecidos nas zonas sombrias da inquietação e da renúncia pelo bem de todos, e as almas nobres e generosas que se apagam nos trilhos evolutivos, na defesa e na preservação do lar e na consagração à gloria da felicidade comum... Jornadeiam, muitas vezes, sem alegria e sem nome, na posição de romeiros da boa vontade...
Passam, obscuros e dilacerados, buscando, porém, a Pátria Maior, para cuja grandeza volvem, ansiosos, o olhar e o pensamento.
É nesses companheiros da luta e do serviço que precisamos centralizar os nossos maiores e melhores impulsos de ajudar, esclarecer e cooperar.
É nesse labor de solidariedade efetiva que devemos concentrar as nossas atenções e interesses, a fim de que o Espiritismo se transforme, por nossa conduta e por nossas mãos, na força irresistível de restauração e socorro à coletividade.
Haverá, sim, agora e sempre, a equipe dos investigadores que nos garanta o tesouro da inteligência. Sitiados em gloriosos cenáculos da discussão e do estudo seguirão entre pesquisas e hipóteses, assegurando os méritos intelectuais da escola e da teoria; contudo, é forçoso reconhecer que nós outros, os seareiros do Evangelho, necessitamos avançar despertos para as obras da verdadeira confraternização.
O Espiritismo, não duvideis, é a luz de uma nova renascença para o mundo inteiro. Para que a sublime renovação se concretize, porém, é necessário nos convertamos em raios vivos de sua santificante claridade, ajustando a nossa individualidade aos imperativos no Infinito Bem.
Unamo-nos, desse modo, em espírito e coração, no serviço a que estamos destinados.
Ajudemos.
E, convictos de que o amor e a sabedoria constituem o alvo divino de nossa marcha, asilemo-nos no templo da Boa Nova, afeiçoando a nossa existência, em definitivo, aos exemplos do Mestre e Senhor, a benefício da nossa redenção para sempre.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 2-7-1951
Local — Centro Espírita Amor ao Próximo, na cidade de Leopoldina, Minas
Cruz e Souza
Emudece o teu pranto. Cala o grito
De revolta na dor que te encarcera,
Por mais negra, mais rude, mais sincera,
A mágoa estranha de teu peito aflito.
Em toda a Terra há lágrimas e conflito,
Ruínas do mundo que se desespera...
Ama e sofre, trabalha e persevera
Na esperança de paz e de infinito.
Peregrino do campo atormentado,
Rompe os elos e as trevas do passado,
Fita a luz do porvir resplandecente.
Muito além do terrível sorvedouro,
Nas estradas liriais de acanto e louro,
O sol do amor refulge eternamente.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 4-9-1946
Local — Centro Espírita de Lavras, na cidade de Lavras, Minas
Carmem Cinira
Peregrino da dor que regenera,
Humilhado nas pedras do caminho,
Ergue teus olhos ao celeste ninho
E arrimado no amor confia e espera...
Além da poda que é flagelo à vida,
Fulgem messes divinas de fartura.
E além das aflições da noite escura
Surge a aurora de paz indefinida.
Toda vitória sobre a natureza
Reclama sacrifício, mágoa e luta...
Aos golpes do buril, a pedra bruta
Conquista a glória e o brilho da beleza.
Assim, pois, o obstáculo e o problema,
O infortúnio, a miséria, a angustia e a prova
São recursos de acesso à vida nova,
Portas abertas para a luz suprema.
Segue, assim, tua senda áspera e fria,
Louvando a cruz que te lacera os ombros,
Depois do fel de todos os escombros,
Penetrarás o templo da alegria.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 28-6-1950
Local — Centro Espírita Amor ao Próximo, na cidade de Leopoldina, Minas
Augusto dos Anjos
Debalde procurais a alma divina
No acervo de baterias e de humores,
No banquete dos vermes gozadores
Que o processo anatômico examina.
Prisioneiros do cálcio e da albumina,
Mergulhados no pântano das dores,
Sois, ainda, veros sofredores,
Vencendo a noite em sombra, sangue e ruína.
Findo o baile macabro dos instintos,
No cárcere trevoso dos helmintos,
Voltareis à verdade augusta e forte!
E, vencidos no horror do último cerco,
Encontrareis no túmulo de esterco
A claridade angélica da morte!...
Psicografia em Reunião Pública — Data: 26-6-1946
Local — Centro Espírita Amor ao Próximo, na Cidade de Leopoldina, Minas
André Luiz
Meus irmãos:
Jesus nos abençoe.
A obra do Senhor conta com servidores de todas as latitudes, tendências e direções.
Alguns somente cooperam em tarefas que lhes agradem.
São os obreiros caprichosos.
Outros não colaboram, se a multidão dos amigos não lhes observa os esforços.
São os obreiros vaidosos.
Alguns ajudam, segundo as circunstancias do tempo.
São os obreiros inconstantes.
Vários comparecem, a fim de reparar as contribuições alheias.
São os obreiros levianos.
Diversos colaboram indicando os defeitos dos companheiros.
São os obreiros escarnecedores.
Muitos auxiliam, quando há benefícios imediatos.
São os obreiros oportunistas.
Não poucos surgem no serviço, reclamando as vantagens para o seu círculo pessoal.
São os obreiros egoístas.
Grande parte intervém no trabalho, discutindo direitos e prioridades, privilégios e favores para si ou para aqueles que se lhes façam simpáticos.
São os obreiros apaixonados.
Inúmeros aparecem nos quadros da ação, enganando o tempo e menosprezando-o, recebendo sem dar, desfrutando sem retribuir e absorvendo a luz e a bênção sem irradia-las.
São os obreiros infelizes.
Mas, o Mestre glorifica-se nos cooperadores que não cogitam de prerrogativa e remuneração, que servem onde, como e quando determina a sua Vontade Sabia e Soberana.
São os “Obreiros da Boa Vontade”.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 20-10-1949
Local — Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas
Amaral Ornellas
Como outrora, no lago, ante o açoite do vento
Cristo, o Mestre e Senhor, vencendo a noite, avança!...
De novo, brilha a paz e ressurge a bonança
Sobre o estranho furor do temporal violento.
Ei-lo, excelso e imortal, seguindo, calmo e atento,
O Celeste Pastor, sem cansaço ou mudança,
No Espiritismo em luz, a Divina Esperança
Que combate a miséria e apaga o sofrimento...
Ave Cristo de Deus! Ave Glória da Vida!...
Fala, ainda, Senhor, à Terra empobrecida
Do celeste esplendor do trono a que te elevas!...
O Espiritismo é Cristo ao coração do povo,
Plasmando, no Evangelho, um mundo grande e novo
Ao sol do Eterno Amor que rompe as nossas trevas.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 5-10-1952
Local — União Espírita Mineira, em Belo Horizonte, Minas
André Luiz
Bem-aventurados os aflitos
Que, chorando — não se desanimam,
Que, ofendidos — não revidam,
Que, esquecidos pelos outros — não olvidam os deveres que lhes são próprios,
Que, dilacerados — não ferem,
Que, caluniados — não caluniam,
Que, desamparados — não desamparam,
Que, acoitados — não praguejam,
Que, injustiçados — não se justificam,
Que, traídos — não atraiçoam,
Que, perseguidos — não perseguem,
Que, desprezados — não desprezam,
Que, ridicularizados — não ironizam,
Que, sofrendo — não fazem sofrer...
Até agora, raros aflitos da Terra conseguiram merecer as bem-aventuranças do Céu, porque, realmente, com amor puro somente o Grande Aflito da Cruz se entregou ao sacrifício total pelos próprios verdugos, rogando perdão para a ignorância deles e voltando das trevas do túmulo para socorrer e salvar, com sua ressurreição e com o seu devotamento, a Humanidade inteira.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 17-12-1951
Local — Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas
Pedro D’Alcântara
Esta é a Pátria da Eterna Primavera.
Áureo florão da América, celeiro
De abastança sublime ao mundo inteiro,
Nação de que as nações vivem à espera.
Enquanto o antigo monstro dilacera
O Velho Mundo em novo cativeiro,
Brilha o palio celeste do Cruzeiro
Na vanguarda de luz na Nova Era!
Brasileiros, vivamos a aliança
Do trabalho, do bem e da esperança,
No País da Bondade, elmo e fecundo!...
Exultai! Que o Brasil, desde o passado,
É a Pátria do Evangelho Restaurado
E o Coração de Paz do Novo Mundo.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 4-5-1945
Local — Centro Espírita Uberabense, na cidade de Uberaba, Minas
Amaral Ornellas
Faze da caridade a redentora chama
Cuja auréola solar, renovadora e pura,
Seja paz e consolo à sombra e à desventura
Do espinheiral da dor em que o fel se derrama...
Surja embora a aflição, ajuda, espera e ama!
Não te firam na Terra a maldade e a secura...
Segue plantando o bem, na noite imensa e escura
Em que a ilusão tateia, imersa em treva e lama.
Vergastado, sorri! Humilhado, abençoa!...
E nas lutas cruéis com que o mal te aguilhoa
Sustenta na renúncia a força de vencê-las.
E um dia, a caridade em que, humilde, te abrasas,
Tecer-te-á, cantando, a luz de níveas asas
Para a glória imortal, no fulgor das estrelas.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 25-7-1956
Local — Centro Espírita Luz e Caridade, na cidade de Monte Carmelo, MG
Auta de Souza
Santa — a moeda amiga ao tornar-se carinho
Em todo lar sem pão que a penúria flagela,
Enaltecida sempre — a roupa mais singela,
Que protege a nudez ao vento e ao desalinho!...
Glorificado seja — o pouso que tutela
O enfermo relegado às pedras do caminho,
Preciosa — a afeição para quem vai sozinho,
Trancando-se na dor em que se desmantela...
Nobreza em toda ação que represente amparo
Do auxílio de um vintém ao apoio mais raro,
Que a simpatia expresse e a bondade presida!
Brilhe em tudo, porém, com mais força e grandeza
A palavra do Bom que apure a Natureza,
Iluminando o Amor e libertando a Vida!...
Psicografia em Reunião Pública — Data: 31-7-1971
Local — Educandário Ituiutabano, na cidade de Ituiutaba, Minas Gerais.
Casimiro Cunha
Meu amigo, se procuras
A Nova Revelação,
Não menosprezes, na Terra
A própria renovação.
Curiosidade é caminho,
Mas a fé que permanece
É construção luminosa
Que só o trabalho oferece.
A dúvida honesta e nobre
Tem a sua recompensa,
Mas, sem auxílio a ti mesmo,
Não terás a luz da crença.
Conheço-te as aflições,
As ansiedades, as dores...
E reconheço-te a fuga
Nos planos exteriores.
Inventas preocupações,
Carregas fardos mentais,
Multiplicas fantasias
Dos sentidos corporais.
Complicando os teus deveres,
Tentando domínio inglório,
Padeces atormentado,
Na sede do transitório.
E vens pedir, pressuroso,
Soluções claras e extremas,
Contudo, os desencarnados
Não resolvem teus problemas.
Fenômeno para os olhos
Tomados à luta alheia,
Na maioria, não passam
De castelos sobre a areia.
Antes de tudo, é preciso
Que ilumines a razão,
Buscando purificar
O cérebro e o coração.
Volta, pois ao teu caminho,
Faze o bem. Evita o mal.
Encontrarás em ti mesmo
A vida espiritual.
Nada vale observar
Nas estradas da existência
Sem valor positivo
Da luta e da experiência.
Espiritismo é uma escola
De vida, Verdade e Luz,
Que reclama do aprendiz
A aplicação com Jesus.
Psicografia em Reunião Pública Data: 25-8-1945
Local — Centro Espírita de Lavras, na cidade de Lavras, Minas
Casimiro Cunha
Quem luta e confraterniza,
Entrega-se, com fervor,
Cada dia, cada hora,
À sementeira do amor.
Procura, acima de tudo,
A força da simpatia,
Gerando fraternidade
Pelas bênçãos da alegria.
E aquele que busca irmãos,
No entendimento em Jesus,
Conservará, sempre aceso,
O dom da divina luz.
Negando sempre a si mesmo
De alma voltada ao porvir,
Disputa, desassombrado,
O galardão de servir!
Perdoa setenta vezes
Sete vezes, cada ofensa,
Plantando a fraternidade
E agindo sem recompensa.
Ora por todos aqueles
Que o caluniam na estrada,
Recebe os benefícios,
A dor, o espinho, a pedrada...
Ajuda sem distinção,
Não se afasta de ninguém.
É grande sem perceber,
Na glória do eterno bem.
Evita o próprio destaque,
Mas considera contente,
O valor de cada esforço,
No esforço de toda gente.
Não se agasta, não se irrita
E, no roteiro cristão,
Estende sem descansar
A luz e a cooperação.
Não se limita a ensinar,
Exemplifica e executa
E encontra por toda parte,
Irmãos de esperança e luta.
Descobre na própria vida
O sublime aprendizado
Em que lhe cabe atender
Ao Mestre Crucificado.
Irmãos, não vos esqueçais!
Toda fraternização
Começa com Jesus-Cristo
Reinando no coração.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 23-10-1949
Local — União Espírita Mineira, na cidade de Belo Horizonte, Minas
Emmanuel
Amar aos nossos adversários, desde o presente, ofertando-lhes o coração, em forma de tolerância e trabalho, devotamento e ternura é a fórmula exata para a solução dos grandes problemas que tantas vezes, por invigilância e leviandade, endereçamos, lamentavelmente ao futuro.
*
Lembremo-nos de que ainda ontem, acalentávamos antipatias e desafetos, cultivando o ódio à feição de serpe no seio.
Recordemos que semelhantes laços de treva algemavam-nos o espírito às largas sendas inferiores, impondo-nos reencarnações difíceis e angustiosas, nos campos de purgação da experiência terrestre.
Enleados a eles renascemos no mundo e porque se nos retarde o amor, nos testemunhos de paciência e compreensão, somos constrangidos pela Justiça Perfeita, a recebê-los compulsoriamente nas teias da consanguinidade, convertendo-se-nos o templo familiar em triste reduto de sofrimento.
É assim que, reinternados na Terra, quase sempre, acolhemos na forma de entes amados velhos inimigos, que se origem, no santuário doméstico, em nossos credores intransigentes.
Surgem por filhos tiranizantes e ingratos, ou parentes invulneráveis ao nosso melhor carinho, obrigando-nos a mais doloroso acerto, porque estruturado em suor e pranto, quando o nosso perdão puro e simples conseguiria fundir a bruma aviltante da crueldade em brisa de esquecimento.
*
Para que não estejamos amanhã em lares metamorfoseados em pelourinhos, por força dos corações queridos que o resgate transforma em verdugos e inquisidores de nossos dias, saibamos amar, desde hoje, os que nos apedrejam ou firam, atormentem e caluniem, porque, em verdade, o mal é apenas mal para aqueles que o fazem, transmutando-se em bem naqueles que o recolhem entre a paz do silencio e a prece da humildade, por saberem que a Vida é sempre luz de Deus.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 31-10-1958
Local — Centro Espírita Vicente de Paulo, na cidade de Uberaba, Minas.
Amaral Ornellas
Clamando em toda a Terra há sofrimento insano,
Ao látego da dor que vibra estrada afora,
Abrindo sem cessar, em sombra que apavora,
Os conflitos do mal escuro e desumano.
Enquanto o mundo hostil se despedaça e chora,
Desditoso e revel no extremo desengano,
Abre teu coração ao Cristo soberano
E aguarda a nova luz da sublimada aurora.
Ruge, em torno de nós, a tempestade imensa...
O aguilhão da impiedade e o frio da descrença
Trazem negrume e lama à carne transitória.
Somente com Jesus a alma operosa e atenta
Vive acima da treva e acima da tormenta,
Prelibando o esplendor da suprema vitória.
Psicografia em Reunião Pública Data: 28-6-1950
Local — Centro Espírita Amor ao Próximo na cidade de Leopoldina, Minas
Casimiro Cunha
Se procuras no Evangelho
A luz da felicidade,
Exalta quanto puderes
A bênção da caridade.
Todo ensino da virtude
Faltará sempre à verdade,
Se fugimos de exercer
A bênção da caridade.
Desse modo, cada dia,
Em toda dificuldade,
Cultiva, seja onde for,
A bênção da caridade.
Há gestos nos que mais amas
Que te fira ou desagrade?
Conserva por diretriz
A bênção da caridade.
Se és constrangido a sofrer
A alheia agressividade,
Oferece à ignorância
A bênção da caridade.
Padeces, caminho afora,
Malicia, intriga, maldade?
Olvida o charco e semeia
A bênção da caridade.
Calunia? Maledicência?
Que a treva te não degrade.
Estende na sombra, em torno,
A bênção da caridade.
Há quem surja vomitando
Pedra, lodo e crueldade?
Entrega às chagas da injuria
A bênção da caridade.
Socorre toda aflição
Que chora na tempestade,
Mas alonga ao próprio crime
A bênção da caridade.
Não te esqueças que Jesus
— Sol de amor que nos invade —
Passou no mundo espalhando
A bênção da caridade.
E, um dia, depois da morte,
No clima da eternidade,
Brilhará também contigo
A bênção da caridade.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 30-5-1959
Local — Comunhão Espírita Cristã, na cidade de Uberaba, Minas.
André Luiz
Não é a tua palavra primorosa a força que te exaltará a inteligência e, sim, o objetivo para o qual se dirige.
Não é a dádiva que te confere o título de benfeitor, mas o modo pelo qual te manifestas, através dela.
Não é a fortuna material que te faz realmente rico e, sim, a aplicação dignificante das utilidades que reténs a benefício de todos.
Não é a fama terrestre a claridade que te coroa o nome e sim a bênção do Céu sobre a reta conduta que abraçaste em favor do bem coletivo.
Não é a lição verbal o poder com que educarás o companheiro de luta, nas tarefas de cada dia, mas o teu exemplo reiterado na edificação comum por intermédio da própria melhoria.
Não é a tua crença sectária, embora fervorosa, que te guiará à sublimação na vida espiritual, depois da morte do corpo e, sim, os teus atos de bondade santificante, que serão testemunhas permanentes de tua alma, onde estiveres.
Não é a fé sem obras que te iluminará a senda de progresso, mas as obras dignificadoras que conseguires concretizar, em ti mesmo e fora de ti, inspirado por tua fé.
Não é a cultura intelectual inoperante que te fará respeitável, e sim o espírito de serviço com que te devotares, em qualquer condição, à felicidade dos semelhantes.
Não é o êxito suscetível de sorrir-te na Terra, por alguns dias breves, a fonte de alegria real que procuras com os melhores anseios de coração, mas a paz de consciência, no dever bem cumprido, nas obrigações de cada dia.
Busquemos ser, antes de aparentar e fazer, antes de instruir.
A verdade espera nossa alma, em cada ângulo de caminho, dentro de nossa jornada para frente.
Assim, pois, construamos o nosso engrandecimento interior, porque, hoje ou amanhã, o Sol Divino projetará sobre nós a sua bendita claridade, revelando-nos, à luz meridiana, tais quais somos.
Psicografia em Reunião Pública Data: 31-3-1950
Local — Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas.
Cruz e Souza
Companheiro de rudes pés sangrentos
Guarda no peito atribulado e aflito
As visões que percebes no infinito,
Alvoradas, estrelas, firmamentos...
Segue calando os trágicos lamentos
Do coração chagado, ermo e proscrito,
Mas ergue a luz por templo de teu rito
Entre os muros terrestres, desatentos!
Sem dourado bastão para teus sonhos,
Transpõe, gemendo, os vórtices medonhos
Das sendas abismais para o futuro.
E deixarás no pranto de teus rastros
O caminho celeste para os astros
E a vitória divina do amor puro.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 12-9-1958
Local — Centro Espírita Uberabense, na cidade de Uberaba, Minas
Amaral Ornellas
Espíritas, irmãos! Enquanto a sombra densa,
Em torvo escárnio à luz, envolve a gleba humana,
Ide e estendei na Terra o bem que nos irmana
Sem que a treva do mal vos desatine ou vença.
Se o ódio e a incompreensão, o fel, a injuria e a ofensa
Perseguem-vos, bramindo, em triste caravana,
Abraçados à fé sublime e soberana
Tende o dom de servir por vossa recompensa.
Montanha acima, além de pântanos e escombros,
Ante o Cristo, avançai, sustendo a cruz nos ombros,
Na exaltação do amor que ampara e regenera...
Algemados à dor e à luta em toda a parte,
Do fulgente clarão que vos cinge o estandarte
Nascerá para o mundo o sol da Nova Era!...
Psicografia em Reunião Pública — Data: 12-9-1958
Local — Centro Espírita Uberabense, na cidade de Uberaba, Minas
Dario Velloso
... E tudo jaz ao longe, ante a força da Historia...
A cultura da Pérsia e a riqueza do Egito...
Surge a Grécia elevando estandarte bendito,
Vai-se Roma ostentando a pompa transitória!...
Guerras da antiguidade! O mundo ansioso e aflito...
Ascensão, treva e luz, decadência e vitória...
O instante de esplendor e a noite merencória
Das civilizações sedentas de Infinito!...
E tudo passará para nascer de novo,
Céu a céu, flor a flor, ser a ser, povo a povo,
Na luz da Evolução soberana e incontida!...
Mas, de tudo a que a Morte imponha o gládio escuro,
O Amor renascerá sempre mais belo e puro,
Por presença de Deus no sustento da Vida!...
Psicografia em Reunião Pública — Data: 6-7-1971
Local — Instituto Araguaia, em Goiânia, Estado de Goiás.
Augusto dos Anjos
Homem, além da sombra transitória,
Sob a qual, por azêmola, te arrastas,
No turbilhão de células madrastas,
A vida esplende em fúlgida vitória.
Foge ao charco de treva merencória
E ao campo espúrio de mentiras gastas
Das senis ilusões em que te afastas
Da grandeza imortal da própria glória.
Abre os braços ao Cristo que te impele
A dominar a carne escura e embebe
Que a pavorosos pântanos te inclina...
Vence a fera que trazes do passado
E subirás ao píncaro estrelado
Ave liberta da mansão divina.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 28-6-1949
Local — Centro Espírita Amor ao Próximo, na cidade de Leopoldina, Minas
Moysés Maia
Franca! Estrela de amor que se encastela
Em três nobres colinas de esperança,
Guardo-te, além da morte, na lembrança,
Fascinante visão ditosa e bela.
Trago-te a gratidão por flor singela
De minhalma que em ti vibra e descansa,
Tenho contigo a paz e a segurança
Na cascata de Sol que te revela!...
Espelho do progresso e da cultura,
Fé na bondade é a força que te apura,
Trabalho é a gloria viva que te encerra!...
Franca do coração, Franca oficina,
Deus te abençoe a vocação divina
De honrar a luz do Cristo sobre a Terra!...
Psicografia em Reunião Pública — Data: 20-5-1971
Local — Educandário Pestalozzi, na cidade de Franca, Estado de São Paulo
Emmanuel
Jesus por nós
Não basta a experimentação cientifica a estender-se, indefinidamente, em afirmações provisórias, não obstante a respeitabilidade com que nos preside a evolução para a Esfera Superior.
Não basta, igualmente, a definição filosófica, muita vez, limitando os voos do espírito no rumo da glória a que se destina.
É imprescindível que o coração se erga ao cérebro, sublimando-lhe as mais intimas cogitações, para que o amor clareie os caminhos da vida.
A nós outros, companheiros de lutas e experiências de outras eras, cabe agora o privilégio de anunciar as verdades novas...
Outrora, incompreensivos e rebelados, hostilizávamos o Senhor na pessoa daqueles que no-lo traziam no próprio exemplo.
Encastelados na aristocracia do ouro e do poder ou petrificados nos dogmas das igrejas, separados pela vaidade e pela discórdia, em muitas ocasiões, malversávamos as concessões do Alto, quando não consagrávamos à ironia e à perseguição, cercando-lhe o pensamento divino, através das mais deploráveis manifestações de ignorância e de orgulho, de egoísmo e crueldade, descendo, desiludidos e inconsequentes, aos desfiladeiros da treva.
Outrora, convertíamos a existência corpórea em instrumento de preservação da animalidade e do crime, depredando as promessas da luz, cristalizados que nos achávamos na furna de nossa própria miséria!...
Hoje, porém, o Espiritismo é a nossa porta de trabalho para a bênção do reajuste.
Exumados na aflição e no nevoeiro que nos paralisavam os braços nos precipícios da sombra, somos agora trazidos pela Misericórdia dEle, nosso Mestre e Senhor, à construção da felicidade humana que expressa nossa própria felicidade.
É por isso que, convidados ao campo de abençoada luta, não podemos olvidar nossa responsabilidade maior...
Cristo em nós para que o mundo ser renove nas excelsas realidades do espírito...
Jesus — em nosso pensamento para que saibamos entender e ajudar; — em nossas palavras a fim de que aprendamos a soerguer e auxiliar, ao invés de reprovar e ferir; — em nossos olhos e em nossos ouvidos para que venhamos a encontrar o bem com o esquecimento do mal; — em nossas mãos a fim de que nos decidamos a converter as horas em cânticos de trabalho edificante a favor do progresso comum...
É, sobretudo, amigos, Cristo em nosso coração para que a Boa Nova não seja um tema vazio em nossos lábios, mas sim a própria melodia no Céu a exprimir-se na Terra, onde estejamos, em nome da nossa fé, cultivando a fraternidade e a confiança, a paz e a beleza, em refulgente antecipação do Reino de Deus...
Assim, pois, reunidos na oração, não nos esqueçamos de Jesus nas linhas de ação, dentro das quais, sem dúvida alguma, o Evangelho por nós é a palavra viva em que o mundo desfalecente compreenderá a infinita bondade de Nosso Pai, a imortalidade da alma, a intangibilidade da justiça e a luz sublime do amor que nos assegurará, por fim, a eterna alegria na eterna ressurreição.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 19-7-1956
Local — Centro Espírita Caminheiros do Bem, na cidade de Araxá, Minas
Casimiro Cunha
Humildade, Amor e Luz
Eis fulgente trilogia,
Criando e desenvolvendo
A Grande Sabedoria.
Mas guardando o trio nobre
Que esclarece e que redime
Temos, em tudo, a Humildade
Brilhando por dom sublime,
Nessa virtude celeste
De transcendente beleza
É que o Céu se comunica
Às bênçãos da natureza.
Vê-la-eis, doce e constante,
Presente embora e esquecida,
Assegurando, bondosa,
Os fundamentos da vida.
A rocha que desprezamos,
Sozinha, triste e inferior,
É o braço firme da Terra
Suportando o vale em flor.
A fonte que chora e canta
Batida na pedra dura
É corrente generosa
Transportando água mais pura.
Os Córregos rebaixados
Às furnas de raro acesso
Compõe o grande rio
Que nos garante o progresso,
A tempestade que sofre
Acusação e labéu
É força que purifica
A majestade do Céu.
A semente pequenina
A segregar-se no chão
É reserva indispensável
De paz, alegria e pão.
O ferro que experimenta
A pressão da forja em brasa
Conquista graça e respeito
Na serventia da casa.
A lagarta rude e feia
De máscara monstruosa
Tece o fio primoroso
Para a seda preciosa.
A pedra pobre a ocultar-se
Servindo sem descansar,
Assegura o reconforto
E a segurança do lar.
O papel simples e frágil
Quase inútil na aparência
Recolhe as fulgurações
Que nascem da inteligência.
A santa simplicidade
Em sua auréola bendita
Conserva a gloria de Deus
A refazer-se infinita.
Busquemos, pois, a Humildade,
Sob as lições de Jesus,
E guardaremos conosco
As bênçãos de Amor e Luz.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 25-7-1956
Local — Centro Espírita Luz e Caridade, na cidade de Monte Carmelo, MG
Emmanuel
Defende o mundo íntimo contra aqueles adversários ocultos que não devemos acalentar.
*
Decerto, dói-te a ofensa do agressor que te não percebe as intenções elevadas, contudo, a intolerância, a asilar-se por escorpião venenoso, em teu pensamento, é o inimigo terrível que te induz às trevas abismais da vingança.
*
Indubitavelmente, a crítica impensada do irmão que te menoscaba os propósitos sadios dilacera-te a sensibilidade, espancando-te a alegria, entretanto, a vaidade, a enrodilhar-se no teu coração por víbora peçonhenta, é o inimigo lamentável que te inclina à inutilidade e ao desânimo.
*
Em verdade, a calúnia do amigo perturbado lança fogo ao santuário de teus ideais, subtraindo-te a confiança, todavia, a crueldade que se refugia em teu ser por tigre invisível de intemperança e discórdia é o inimigo perigoso que te sugere a adesão ao crime.
*
Efetivamente, o desprezo que te foi lançado em rosto pelo companheiro infeliz é golpe mortal abrindo-te chagas de aflição nos tecidos sutis da alma, no entanto, o egoísmo a ocultar-se em teu peito por chacal intangível de ignorância e ferocidade, é o inimigo temível que te arroja à frustração.
*
Não são os flagelos do mundo exterior os elementos que nos deprimem, mas sim os opositores ocultos, conhecidos pelos mais diversos nomes, quais sejam orgulho e maldade, tristeza e preguiça, desespero e ingratidão, que perseveram conosco.
Amemos aos inimigos externos que nos desafiam à prática do bem, ao exercício da renúncia, ao trabalho da paciência e à realização da caridade, mas tenhamos cautela contra os sicários escondidos em nós mesmos que, expressando sentimentos indignos de nosso conhecimento e de nossa evolução, nos escravizam à angustia, e nos algemam à dor, enclausurando-nos a vida em miséria e perturbação.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 9-1-1956
Local — Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas
Neio Lucio
O problema da materialização e da desmaterialização revela muitas dificuldades para ser colocado em termos técnicos.
Assim me pronuncio, com respeito ao assunto, porque em nossa esfera de ação os enigmas científicos não são reduzidos.
Adianto-lhes, porém, que se a vida deve ser considerada um todo ascendente, dentro de seus característicos de aprimoramento e eternidade, o Universo, englobando o Infinito dos Mundos, deve ser interpretado por organismo vivo, sem solução de continuidade, isto é, sem vácuos, em suas manifestações diversas nos ângulos mais remotos da Criação.
Matéria e espírito constituem para nós, ainda no plano em que evolucionamos, duas realidades, das quais até agora não conseguimos descortinar o ponto de integração.
Em “nosso lado”, o avanço das Inteligências de minha condição não vai muito além das linhas em que o progresso intelectual da Terra está situado. Somos constrangidos a reconhecer, portanto, que a eletricidade e o magnetismo estão, por enquanto, apenas levemente vislumbrados no campo em que nos exteriorizamos. A matéria que nos serve de base ao esforço de ascensão é a grande desconhecida.
Leis vibratórias presidem à integração e à desintegração dos átomos em todos os ângulos da vida e, em nos reportando ao assunto, estimaria poder transmitir-lhes certos apontamentos que vamos estudando aqui, com relação aos poderes mentais. Tais poderes são tão grandes e de tamanha importância sobre a organização da matéria nos mais variados reinos da natureza visível e invisível que não nos é dado formular algumas de nossas experiências, em terminologia terrestre, porquanto não somente nos faltam recursos analógicos para o cometimento, como também porque as Ordenações Superiores acreditam que esse gênero de revelação perturbaria o clima do progresso humano, por prematura e suscetível de favorecer a ignorância e a maldade.
Convençam-se, contudo, de que os “fenômenos de conversão”, como denominamos as trocas entre dois planos, se verificam constantemente. Pelo crivo da química orgânica, milhões de existências surgem aqui, por morrerem aí, e vice-versa.
O movimento é incessante.
Não há paradas na ação, tanto quanto não há hiatos no Espaço.
A vontade é vigoroso fator de prosperidade e decadência. Através do pensamento próprio, cada espírito cria, destrói e recompõe no presente e no futuro.
Nossas ideias são como imãs; nossos ideais, turbilhões de força atrativa.
Em torno de cada criatura, jazem os materiais invisíveis que ela mesma deseja e que torna visíveis e palpáveis, na esfera humana, por intermédio da assimilação mental, perispirítica e fisiológica.
A alma, onde quer que se encontre, permanece “querendo algo” e, em razão disso, vive criando em processos de cooperação espontânea com o Sumo Poder que rege a Vida Eterna.
Diariamente, materializamos e desmaterializamos coisas diversas.
Semelhantes faculdades são exercidas por nós, com tanta naturalidade, quanto o ato de respirar.
Daí nasce o impositivo de nossa renovação individual para o bem.
Nesse sentido, o aprendiz do Evangelho nada mais realiza, quando sincero e operoso, que o dever de adaptar-se aos padrões vivos do Divino Mestre, conduzindo a Ele os materiais de que dispõe, dentro de si próprio, reestruturando-os, gradativamente, até que possa sintonizar-se com o Senhor, de maneira integral.
Baste-nos, pois, por enquanto, a confortadora certeza de que cada espírito é pai e ao mesmo tempo filho das próprias obras e que, sendo livre para fazer, é constrangido a suportar os efeitos da ação ou obrigado a recolher os frutos de suas realizações felizes ou infelizes, compreendendo-se, assim, que todos somos independentes na sementeira e escravos na colheita.
Esta é a grande lição do caminho que, por agora, devemos aprender.
Psicografia em Reunião Pública Data: 23-11-1949
Local — Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas.
André Luiz
Em Espiritismo, é imperioso distinguir entre Mediunidade e Doutrina para que as surpresas do mundo não nos ensombrem a marcha.
*
Mediunidade é processo
Doutrina é realização
O processo passa
A realização permanece.
*
Mediunidade é caminho
Doutrina é bússola
O caminho pode bifurcar-se
A bússola guia sempre.
*
Mediunidade é pormenor
Doutrina é base
O pormenor é superfície
A base é substancia.
*
Mediunidade é trato de terra
Doutrina é semente nobre
A leira obedece aos ditames do lavrador
A semente nobre enriquece a vida.
*
Mediunidade é argumento
Doutrina é lógica
O argumento é variável
A lógica é inamovível.
*
Mediunidade é fenômeno da alma.
Doutrina é alma do fenômeno.
A mediunidade inclui a telementação e a letargia, a sugestão e a hipnose.
A doutrina é responsabilidade, estudo edificante, serviço ao próximo e sacrifício pessoal.
Na primeira, temos a observação e a experiência; na segunda, a educação e a caridade.
Em síntese, a Mediunidade é trabalho da criatura humana e a Doutrina Espírita é Jesus de braços abertos.
Dignifiquemos, assim, a mediunidade com a nossa consagração ao bem puro e simples, mas não nos esqueçamos de plasmar a Doutrina Espírita no livro da própria alma, a fim de que o nosso coração se converta em flama da Vida Eterna.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 12-9-1958
Local — Centro Espírita Uberabense, na cidade Uberaba, Minas.
Euripedes Barsanulfo
Quem hoje ironiza a mediunidade, em nome do Cristo, esquece-se, naturalmente, de que Jesus foi quem mais a honrou neste mundo, erguendo-a ao mais alto nível de aprimoramento e revelação, para alicerçar a sua eterna doutrina entre os homens.
É assim que começa o apostolado divino, santificando-lhe os valores na clariaudiência e na clarividência, entre Maria e Isabel, José e Zacarias, Ana e Simeão, no estabelecimento da Boa Nova.
E segue adiante, enaltecendo-a na inspiração dos doutores do Templo; exaltando-a nos fenômenos de efeitos físicos, ao transformar a água em vinho, nas bodas de Canã; sublimando-a, nas atividades da cura, ao transmitir passes de socorro aos cegos e paralíticos, desalentados e aflitos, reconstituindo-lhes a saúde; ilustrando-a na levitação, quando caminha sobre as águas; dignificando-a nas tarefas de desobsessão, ao instruir e consolar os desencarnados sofredores ligados aos alienados mentais que lhe surgem à frente; glorificando-a na materialização, em se transfigurando ao lado de Espíritos radiantes, no cimo do Tabor, e elevando-a sempre no magnetismo sublimado, ao aliviar os enfermos com a simples presença, ao revitalizar corpos cadaverizados, ao multiplicar pães e peixes para a turba faminta ou ao apaziguar as forças da Natureza.
E, confirmando o intercâmbio entre os vivos da Terra e os vivos da Eternidade, reaparece Ele mesmo, ante os discípulos espantados, traçando planos de redenção que culminam no dia de Petencostes — o momento inesquecível do Evangelho —, quando os seus mensageiros convertem os Apóstolos em médiuns falantes na praça pública, para esclarecimento do povo necessitado de luz.
Como é fácil de observar, a mediunidade, como recurso espiritual de sintonia, não é a Doutrina Espírita, que expressa atualmente o Cristianismo Redivivo, mas, sempre enobrecida pela honestidade e pela fé, pela educação e pela virtude, é o veículo respeitável da convicção na sobrevivência.
Assim, pois, não nos agastemos contra aqueles que a perseguem, através do achincalhe — tristes negadores da realidade cristã, ainda mesmo quando se escondam sob os veneráveis distintivos da autoridade humana — porquanto, os talentos medianímicos estiveram incessantemente nas mãos de Jesus, o nosso Divino Mestre, que deve ser considerado, por todos nós, como sendo o Excelso Médium de Deus.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 8-4-1959
Local — Centro Espírita Casa do Cinza, na cidade de Uberaba, Minas
Bezerra de Menezes
Outrora, os mártires sofreram nos circos para doar ao mundo a glória da Revelação. Através de fogueiras e sacrifícios, traçaram um roteiro de luz para o mundo paganizado; em seguida, quando as trevas da Idade Média consagravam a autocracia do poder, os cristãos livres experimentaram a perseguição, a morte e a anátema para restaurarem a senda luminosa, conferindo à Terra as bênçãos da Verdade.
Hoje, porém, meus amigos, os seguidores do Mestre Divino, irmanados em torno da Cruz redentora, foram chamados à doação da Fraternidade às criaturas.
Amparados pela evolução dos códigos, que se tocaram das claridades sublimes da Boa Nova, através dos séculos, desfrutam de liberdade relativa para concretizarem a divina missão de que foram cometidos.
*
Antigamente, dolorosa renunciação era exigida aos companheiros do Mestre Nazareno, de fora para dentro; agora, contudo, é a luta renovadora do santuário intimo para o mundo externo. Não é o circo do martírio que se abre na praça pública, nem a fogueira dos autos-de-fé, instaladas dentro de povos livres e robustos em nome das confissões religiosas. A autoridade reclama corações consagrados ao Senhor na esfera de si mesmos. A fraternidade constituir-se-á abençoado clima de trabalho e realização, dentro do Espiritismo evangélico, ou permaneceremos na mesma expectação inoperante do princípio quando o material divino da Revelação e da Verdade não encontrava acesso em nossos espíritos irredimidos.
*
Formemos não somente grupos de indagação intelectual ou de crítica nem sempre reconstrutiva, mas, sobretudo, ergamos um templo interior à bondade, porque sem espírito de amor todas as nossas obras falham na base, ameaçadas pela vaga incessante que caracteriza o campo falível das formas transitórias.
“Amemo-nos uns aos outros”, segundo a palavra do Mestre que nos reúne, sem desarmonia, sem discussões ruinosas, sem desinteligências destrutivas, sem perda de tempo nos comentários vagos e inoportunos, amparando-nos, reciprocamente, pelo trabalho, pela tolerância salvadora, pela fé viva e imperecível.
*
Se nos encontramos realmente empenhados no Espiritismo que melhora e regenera, que esclarece e redime, que salva e ilumina, sob a égide de Jesus, recordemos as palavras do Código Divino, para vive-las na acústica de nossa alma, seguindo o Senhor em sua exemplificação de sacrifício, de solidariedade e de amor: — “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. “Ninguém irá até o Pai, senão por Mim”.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 14-5-1949
Local — Centro Espírita Amor e Caridade, em Belo Horizonte, Minas
Bezerra de Menezes
Irmã Odette: que a Paz do Senhor nos felicite os corações.
Mediunidade com Jesus é serviço aos semelhantes. Desenvolver esse recurso é, sobretudo, aprender a servir.
Aqui, alguém fala em nome dos Espíritos desencarnados; ali, um companheiro aplica energias curadoras; além, um cooperador ensina o roteiro da verdade; acolá, outro enxuga as lágrimas do próximo, semeando consolações. Contudo, é o mesmo poder que opera em todos. É a divina inspiração do Cristo, dinamizada através de mil modos diferentes por reerguer-nos da condição de inferioridade ou de sofrimento ao título de herdeiros do Eterno Pai.
E nessa movimentação bendita de socorro e esclarecimento, não se reclama o titulo convencional do mundo, qualquer que seja, porque a mediunidade cristã, em si, não colide com nenhuma posição social, constituindo fonte do Céu a derramar benefícios na Terra, por intermédio dos corações de boa vontade.
Em razão disso, antes de qualquer sondagem das forças psíquicas, no sentido de se lhes apreciar o desdobramento, vale mais a consagração do trabalhador à caridade legitima, em cujo exercício todas as realizações sublimes da alma poder ser encontradas.
Quem desejar a verdadeira felicidade, há de improvisar a felicidade dos outros; quem procure a consolação, para encontrá-la deverá reconfortar os mais desditosos da experiência humana.
Dar para receber.
Ajudar para ser amparado.
Esclarecer para conquistar a sabedoria, e devotar-se ao bem do próximo para alcançar a divindade do amor.
Eis a lei que impera igualmente no campo mediúnico, sem cuja observação o colaborador da Nova Revelação, não atravessa o pórtico das rudimentares noções de vida eterna.
Espírito algum construirá a escada de ascensão sem atender as determinações do auxilio mútuo.
Nesse terreno, portanto, há muito que fazer nos círculos da Doutrina Cristã rediviva, porque não basta ser médium para honrar-se alguém com as bênçãos da luz, tanto quanto não vale possuir uma charrua perfeita, sem a sua aplicação de esforço na sementeira.
A tarefa pede fortaleza no serviço, com ternura no sentimento.
Sem um raciocínio amadurecido para superar a desaprovação provisória da ignorância e da incompreensão e sem as fibras harmoniosas do carinho fraterno para socorrê-las, com espírito de solidariedade real, é quase impraticável a jornada para a frente.
Os golpes da sombra martelam o trabalho iluminativo da mente por todos os flancos e imprescindível se torna ao instrumento humano das verdades divinas amar-se convenientemente na fé viva e na boa vontade incessante, a fim de satisfazer os imperativos do ministério a que foi convocado.
Age, assim, com isenção de ânimo, sem desalento e sem inquietação, em teu apostolado de curar.
Estende as tuas mãos sobre os doentes que te busquem o concurso de irmã dos infortunados, convicta de que o Senhor é o Manancial de todas as Bênçãos.
O lavrador semeia, mas é a bondade Divina que faz desabrochar a flor e preparar-se o fruto. É indispensável marchar de alma erguida para o Alto, embora vigiando as serpes e os espinhos que povoam o chão.
Diversos amigos se revelam interessados em tua tarefa de fraternidade e luz e não seria justo que a hesitação te paralisasse os impulsos mais nobres, tão somente porque a opinião do mundo te não entende os propósitos, nem os objetivos da esfera espiritual, de maneira imediata.
Não importa que o templo seja humilde e que os mensageiros compareçam na túnica de extrema simplicidade.
O Mestre Divino ensinava a verdade à frente de um lago e costumava administrar os dons celestiais sob um teto emprestado; além disso, encontrou os companheiros mais abnegados e fieis entre os pescadores anônimos, integrados na vida singela da Natureza.
Não te apoquentes, minha irmã, e segue com serenidade.
Claro está que ainda não temos seguidores leais do Senhor, sem a cruz do sacrifício.
A mediunidade é um madeiro de espinhos dilacerantes, mas com o avanço da subida, calvário acima, os acúleos se transformam em flores e os braços da cruz se convertem em asas de luz para alma livre na eternidade.
Não desprezes a tua oportunidade de servir, e prossegue de esperança robusta.
A carne é uma estrada breve.
Aproveitemo-la sempre que possível na sublime sementeira da caridade perfeita.
Em suma, ser médium no roteiro cristão é dar de si mesmo em nome do Mestre.
E foi Ele que nos descerrou a realidade de que somente alcançam a vida verdadeira aqueles que sabem perder a existência em favor de todos os que se constituem seus tutelados e filhos de Deus na Terra.
Segue, pois, para diante, amando e servindo.
Não nos deve preocupar a ausência da compreensão alheia. Antes de cogitarmos do problema de sermos amados, busquemos amar, conforme o Amigo Celeste nos ensinou.
Que Ele nos proteja, nos fortifique e abençoe.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 10-9-1951
Local — Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas
André Luiz
Irmãos de Hadajed
Tutelados de Nébia
Companheiros muito amados.
A paz do Senhor nos equilibre os corações no ministério da santificação.
Somos lutadores do campo espiritual na revelação da vida eterna.
Coube-nos a honra de procurar sem repouso os imperecíveis dons da imortalidade e o descanso não nos felicitará até que a vitória da luz se efetue, indiscutível, no círculo de nossas vidas.
Nosso esforço é diverso, entretanto, o objetivo é único.
*
Tentamos a espiritualização do homem para sublimar a vida.
Buscais a materialização do Espírito para convencer a mente.
Espiritualizando o coração e santificando o cérebro, através da bondade e do respeito, à frente das leis eternas, entrelacemos nossas mãos na obra que nos compete realizar.
Urge, porém, saibais, antes de tudo, que cada criatura é sede de soberana inteligência, criando e renovando, destruindo e criando de novo, por intermédio da milagrosa química do pensamento.
*
Para sublimarmos o sentimento do homem, é necessário renunciemos à ascensão, a fim de permanecer, convosco, nos recôncavos do vale sombrio, testemunho esse que nos é sumamente grato ao coração que não aspira a outra gloria senão a de servir ao Senhor, concretizando-lhe os desígnios.
*
Quanto a vós outros, que aceitastes a missão de revelar a imortalidade, utilizando as vossas mais elevadas energias, é imprescindível vos ajusteis a determinados imperativos, sem cuja observância não ultrapassareis a região dos ensaios construtivos, quando a bondade do Cristo nos assinala a jornada com as mais sublimes demonstrações de misericórdia.
A leviandade produz raios perturbadores.
A maledicência improvisa raios inquietantes.
A vaidade estabelece raios de loucura.
A cólera emite raios mortíferos.
A preguiça produz raios entorpecentes.
A mentira improvisa raios obscuros.
A sensualidade emite raios degradantes.
O hábito inveterado da carne estabelece raios animalizadores.
O tabagismo improvisa raios tóxicos.
A dipsomania produz raios viciosos.
O desalento emite raios congelantes.
Aqui nos reportamos, não a emissões de forças mentais que se fazem acompanhar de enfermidades, aflições e morte, quais sejam as oriundas da delinquência em suas multiformes manifestações, porque permanecem sob a vigilância da justiça humana. Referimo-nos a delitos que se ocultam diariamente sob as aparências do bem, sancionados pelos códigos sociais em todos os ângulos do mundo, mas que expressam sistemas de perturbação e destruição de nossas melhores possibilidades na tarefa que, por nossa felicidade, nos foi atualmente cometida.
*
Convidamos, assim, os nossos amados companheiros deste santuário, onde as nossas esperanças se elevam puras e multiplicadas ao Senhor, a que nos reajustemos, individualmente, na direção do triunfo que as Esferas Superiores nos prometem.
O amor em Jesus produz raios de Vida Abundante.
O respeito emite raios confortadores.
A simplicidade improvisa raios de alegria.
A humildade cria raios santificadores.
O bom ânimo emite raios de saúde.
A temperança mental produz raios equilibrantes.
A bondade improvisa raios de luz.
O trabalho estabelece raios libertadores.
O perdão emite raios de auxílio.
A harmonia cria raios de paz.
A confiança produz raios de elevação.
A prece emite raios de beleza eterna, conduzindo a alma ao Manancial Divino.
Neste quadro restauremos a esfera vibracional de nossa mente para que permaneçamos centralizados no Cristo, Sol de nossos Destinos, à maneira dos mundos que em nosso sistema gravitam, felizes e soberanos, em torno do astro do dia.
*
Irmãos, mais fácil é obedecer às sugestões do bem que precipitar a própria alma nos desfiladeiros da sombra, em face das insinuações do mal.
Nosso roteiro brilha traçado nas mais do Mestre que, através da Cruz, materializou a Ressurreição e sublimou o mundo.
Estreita é a senda.
Escasso é o tempo no corpo físico.
Passageira é a oportunidade.
Gloriosa é a dor.
Bendito é o sofrimento.
Renovadora é a luta.
Benéficas são as preocupações da marcha.
Santa é a responsabilidade.
Doce é amar e perdoar sempre.
Sublime é a fé.
Dadivosa é a esperança.
Dignificante é o trabalho.
Salvadora é a tarefa de servir aos outros.
Divino serviço é acompanhar o Mestre dos Mestres e perseverar em companhia dele até o fim.
Por que vacilar então?
*
Diante dos nossos olhos deslumbrados, revelam-se o cambio da eternidade: flores por espinhos, bênçãos por pedras, glórias por sofrimentos, ascensões por sacrifícios, cânticos de jubilo por lágrimas silenciosas, realizações no Céu por insignificantes trabalhos na Terra.
Não há lugar para hesitação.
Subiremos por amor, convosco, aos mais altos cumes, ou também, por amor, resvalaremos convosco no abismo das sombras.
Quem ama segue e confia. Seguiremos Jesus, confiando igualmente em vós.
Que Ele, nosso Mestre e Senhor, nos abençoe para sempre.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 4-7-1949
Local — Grupo Espírita “Hadajed”, na cidade de Juiz de Fora, Minas
Amaral Ornellas
Se procuras a paz na luta
Que te isola
A esperança ferida e o
Sonho penitente,
Não fujas à lição que
Te ampara e acalenta
E aceita o mundo hostil
Por sacrossanta escola.
O Espiritismo é a
Luz que alimenta e consola,
Aclarando e brunindo
O coração e a mente
No Evangelho do
Amor que brilha renascente
Sobre a treva abismal
Em que a fé se acrisola.
Louva, de pés sangrando,
A aflição que te oprime
E confia-te à luz
Dadivosa e sublime
Que desfaz para sempre
A sombra transitória!
E, de alma erguida ao Céu,
Embora a angústia o açoite,
Alcançarás, cantando,
Além da grande noite,
A claridade eterna e a
Suprema vitória.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 1951
Local — Centro Espírita Paz, na cidade de Conselheiro Lafaiete, Minas
Amaral Ornellas
Fatigado viajor, sob a noite sombria,
Acoitado ao tufão de indômita procela,
Foge à sanha do mar que, torvo, se encapela,
E conduze teu barco ao porto da Harmonia!
O Espiritismo em Cristo é o sol de novo dia
Para Terra Maior, em luz risonha e bela...
Não te percas na sombra em que o mal se revela
Por desesperação da treva densa e fria!
Traze a nau de teu sonho à claridade imensa
Da Doutrina que expulsa as chagas da descrença.
Pela glória imortal da fé augusta e forte;
E subirás do abismo, onde, triste, navegas,
Dominado ao pavor de estranhas forças cegas,
Para o Reino do Amor que fulge, além da morte!...
Psicografia em Reunião Pública — Data: 5-8-1951
Local — Centro Espírita Célia Xavier, em Belo Horizonte, Minas
Emmanuel
Meus amigos, em favor da vitória do amor, que pretendemos atingir em nossos círculos doutrinários,
Não basta:
Que a palavra se exteriorize, brilhante, da boca, impressionando agradavelmente aos ouvidos;
Que a consolação seja vertida pelo carinho fraternal dos outros sobre as úlceras da nossa alma;
Que a emoção nos arrebate, momentaneamente, da superfície escura do Planeta, às regiões douradas da beleza e do sonho; Que a admiração nos arranque interjeições gratulatórias, à frente do heroísmo alheio;
Que a lâmpada dos amigos cheios de abnegação e coragem, nos empreste luz aos olhos cegos, por alguns momentos ou por alguns anos; Que o pão da caridade se multiplique para os nossos ideais de beneficência ou para nossos estômagos famintos;
Que a água jorre, magnânima, de mananciais transitórios da Terra, atendendo aos nossos caprichos ou à nossa sede;
Que o socorro do devotamento celestial se irradie na direção de nossas necessidades, salvando-nos, provisoriamente, de quedas fatais; 45
Que fenômenos e maravilhas se improvisem aos nossos olhos assombrados, compelindo-nos a inteligência a novas atitudes e a novas atividades mentais; É necessário:
Que acima de todas as bênçãos, suscetíveis de serem recolhidas por nossas reclamações individualistas, se erga nosso coração para Jesus-Cristo, a cuja dedicação multimilenária devemos consagrar a própria vida, na renovação interior de nossa personalidade e na reestruturação do nosso destino, pela fraternidade, pelo trabalho incessante e pelo sacrifício de nós mesmos, em favor do mundo feliz e regenerado de Amanhã.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 23-10-1949
Local — União Espírita Mineira, na cidade de Belo Horizonte, Minas
Casimiro Cunha
Meditando estrada afora,
Perceberás com clareza
Que a vida fulge ensinando
No livro da Natureza.
Por sugestão de fé viva
Ante a aflição que te invade,
Recorda a força tranquila
Do ninho na tempestade.
Estendendo amparo a todos
No culto da Lei Divina,
A árvore não devora
Os frutos que dissemina.
Repara o incêndio no campo
Que a tudo atinge e consome...
A ambição é como fogo
Que morre de gula e fome.
Não censures nem condenes.
Melhora a feição da estrada.
O pão alvo nasce puro
Da lama regenerada.
Resguarda-te a paciência
Se a dor te parece um mal.
Contempla a rosa florindo
Na ponta do espinheiral.
Evita a lamentação.
A mágoa que chega e fica
Traz a queixa que parece
A praga da tiririca.
Por lição de lealdade
A rota em que persevera,
A andorinha brilha sempre
Nas luzes da primavera.
Mostrando que o bem é gloria
Na mais humilde expressão,
O esgoto na moradia
É a caridade no chão.
Toda pessoa ociosa
Cuja vida é sombra e nada
Tem o perigo iminente
Do poço de água parada.
Serve a Deus em teu lugar.
Pouco faz quem muito ousa.
A galinha mito andeja
Tenta o bote da raposa.
Há quem traga insulto à fonte,
Mas a fonte segue e vence-o,
Por receber todo insulto
Em melodia ou silencio.
Escutando a alma das coisas,
No dever de cada dia,
Entenderás pouco a pouco,
A Eterna Sabedoria.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 4-7-1959
Local — Comunhão Espírita Cristã, na cidade de Uberaba, Minas.
Emmanuel
A Doutrina Consoladora dos Espíritos abre-nos gloriosas portas de colaboração fraternal. Perdendo na esfera da posse transitória, ganharemos sempre nas possibilidades de conquistar a luz imperecível. Não duvideis. Movimentos enormes de discórdia humana se processam instante a instante enquanto as armas descansam ensarilhadas.
A guerra, com a sua corte de aflições e de angustias, não cedeu ainda um centímetro de terreno ao edifício da paz verdadeira, porquanto o ódio e a crueldade permanecem instalados no coração humano.
Não esperemos o êxtase da Nova Aurora, mantendo-nos no círculo estreito da crença improdutiva.
Se o Senhor nos conferiu olhos para o deslumbramento e ouvidos para a harmonia, deu-nos igualmente coração para sentir, mãos para agir, mente para descortinar, obedecer e orientar. A obra da Criação Terrestre foi edificada, mas ainda não terminou.
Milhões de missionários do progresso humano colaboram ativamente nos campos diversos em que se subdivide a prosperidade do conhecimento. Nós outros, contudo, fomos conduzidos ao santuário para a preservação da luz divina. Mantenhamos, pois, nossas lâmpadas acesas e acima da perquirição coloquemos a consciência.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 1951
Local — Centro Espírita Venâncio Café, na cidade de Juiz de Fora, Minas
Antero de Quental
Desfez-se a sombra do mistério errante...
E as vozes da Mansão Desconhecida
Trazem da morte estranha e indefinida
A mensagem da vida triunfante!
É a compassiva luz de Outro Levante
Revelando a beleza de Outra Vida,
Sol para a Terra escura e irredimida,
Fé para a Humanidade vacilante...
Há claridades sobre a noite imensa...
Cai a negra muralha da descrença
Aos lampejos celestes da Verdade.
É a nova luz divina que se eleva,
Nos turbilhões de lágrimas e treva,
Traçando a senda para a Eternidade!
Psicografia em Reunião Pública Data: 1945
Local — Centro Espírita Venâncio Café, na cidade de Juiz de Fora, Minas
Euripedes Barsanulfo
No cimo da cruz, reconhecia o Senhor que, em verdade, no mundo, não havia lugar para Ele...
Sem asilo para nascer, fora constrangido a valer-se do ninho dos animais e, sem pouso para morrer, içavam-no ao lenho dos malfeitores.
Agora, porém, que se isolara mentalmente na gritaria em torno, espraiava-selhe a visão...
Fitava, em espírito, os grandes palácios da Terra, ocupados pelos poderosos que se vestiam de púrpura e ouro, cercados de mulheres escravas e servos infelizes, e notou que dominavam os quatro cantos do globo, prestigiando os verdugos do sangue humano e os falsos profetas que lhes entorpeciam as consciências...
Mas, entre os altos muros que os apartavam, viu também o Senhor os que viviam desajustados quanto Ele mesmo...
Assinalou os mártires da justiça, encarcerados nas prisões; as vítimas da calúnia, açoitadas em praça pública; os heróis da fraternidade, em postes de martírio; os lidadores do bem, cedidos em pasto às feras; os amigos da educação popular, sob o cutelo de carrascos inconscientes; os perseguidos, condenados a ferros em regiões inóspitas; as mães desamparadas, cujo pranto caía como orvalho de fel sobre a terra seca; os velhos sem esperança; os caravaneiros da nudez e da fome; os doentes sem leito e as crianças sem lar...
Entre os homens igualmente não havia lugar para eles.
Como outrora, à frente de Lázaro morto, Jesus chorou...
Chorou e suplicou a Deus a vinda de alguém que o representasse ao pé dos aflitos... Alguém que lenisse chagas sem recompensa, que enxugasse lagrimas sem queixa e servisse sem perguntar...
E o Pai Misericordioso enviou-lhe toda uma coorte de anjos que o louvavam, felizes, transformando o madeiro numa apoteose de luz, com exceção de um deles que, ao invés de adorá-lo, procurou-lhe respeitoso, os lábios trementes, como quem lhe buscava as derradeiras ordenações.
Não percebeu a multidão desvairada o que se passou entre o Cristo agonizante e o mensageiro sublime; no entanto, de imediato, o nume celeste, sereno e compassivo, desceu do monte para os vales humanos, nos quais, desde então, até hoje, converte o ódio em amor, a expiação em ensinamento, a dor em alegria, o desespero em consolo e o gemido em oração...
Esse anjo silencioso é o Anjo da Caridade.
Por isso, toda vez que lhe ouvis a inspiração divina, abraçando os sofredores ou amparando os necessitados, ainda mesmo através da mais leve migalha de pão ou de entendimento, é a Jesus que o fazeis.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 11-1-1959
Local — Lar Espírita Bezerra de Menezes, na cidade de Uberaba, Minas.
Emmanuel
Recorda que a humildade é o perfume eterno da vida.
*
Jesus, o Sol Divino, brilhou na Terra sem ofuscar ninguém.
Rei Celeste, apagou-se nas palhas da estrebaria para não confundir os homens desvairados de orgulho, embora viesse acordá-los para a justiça.
Anjo dos anjos, desce ao convívio das criaturas frágeis e delinquentes, sem destacar-lhes as chagas vivas, não obstante guardar entre elas o objetivo de iluminar-lhes o roteiro.
Médico Infalível, busca os doentes do mundo sem denunciar-lhes as enfermidades e as culpas, embora conservando o propósito de restituir-lhes o equilíbrio e a segurança.
Sábio dos sábios, entende-se com os ignorantes de todas as procedências, sem salientar-lhes a sombra, não obstante procurar-lhes a companhia para clarear-lhes a senda.
Poderoso condutor da imortalidade, aproxima-se dos velhos e dos fracos, das mulheres e das crianças, sem anotar-lhes as mazelas e cicatrizes, embora lhes buscasse a presença para sublimar-lhes os corações.
Mestre da luz, não condena os que vagueiam nas trevas, soberano da eternidade, não abandona os que se desesperam nos precipícios da morte...
Lembrando-lhe a bondade infinita, detenhamo-nos no ensejo de auxiliar.
Todavia, para auxiliar, é imprescindível não criticar e ferir.
*
Na obra do Evangelho, somos chamados à maneira de lavradores para o serviço de amparo à semente da perfeição no campo imenso da vida.
No entanto, para que o dever bem cumprido nos consolide as tarefas é necessário que a humildade, por perfume do Céu, nos inspire todos os passos na Terra, de vez que Jesus é o amor de braços abertos, convidando-nos a entender e servir, perdoar e ajudar, hoje e sempre.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 24-9-1955
Local — Centro Espírita Luz e Humildade, em Belo Horizonte, Minas
André Luiz
O Espiritismo com Jesus é o edifício do aperfeiçoamento moral que os corações de boa vontade estão erigindo para o mundo.
Se você não puder trazer planos completos para a sublime edificação, ajude a levantar o conjunto da obra redentora.
Se não conseguir responsabilizar-se por algum trecho isolado das paredes de luz, traga o tijolo da colaboração fraterna.
Se você não possui algumas gramas de cimento para contribuir no serviço, coopere com um punhado de areia.
Se não puder partilhar o esforço coletivo de instalação e equipamento do santuário, ofereça uma prece pelo fortalecimento dos que se empenham na sagrada realização.
Mas se lhe não é possível o concurso do coração ou da inteligência, do apoio material ou do próprio suor, não perturbe os raros trabalhadores que se dedicam ao levantamento desse refugio divino da Humanidade.
Quando você não puder auxiliar espontaneamente aqueles que consagram alguma coisa de si mesmos à execução dos projetos salvadores do Mestre, guarde respeitoso silencio em seu verbo e que as suas mãos não apedrejem os servos que se movimentam na concretização dos Celestes Desígnios.
Conferindo-lhe a claridade santificante da Doutrina da Luz e do Amor, o Cristo honrou a sua existência com elevado mandato de serviço, mas se o seu espírito prefere a posição do mendigo, não prejudique os colaboradores do Senhor, a fim de que eles possam socorrer o seu próprio coração, nos dias escuros da necessidade que você atravessará, certamente, mais tarde, na amargura e no desencanto do mordomo infiel que reteve debalde a gleba da bênção e da oportunidade sem qualquer produção para os celeiros do bem.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 26-6-1950
Local — Centro Espírita Amor ao Próximo, na cidade de Leopoldina, Minas
Neio Lucio
Toda enfermidade do corpo é processo educativo para a alma.
Receber, porém, a visitação benéfica entre manifestações de revolta é o mesmo que recusar as vantagens da lição, rasgando o livro que no-la transmite.
A dor física, pacientemente suportada, é golpe de buril divino realizando o aperfeiçoamento espiritual.
Tenho encontrado companheiros a irradiarem sublime luz do peito, como se guardassem lâmpadas acesas dentro do tórax. Em maior parte, são irmãos que aceitaram, com serenidade, as dores longas que a Providencia lhes destinou, a benefício deles mesmos.
Em compensação, tenho sido defrontado por grande número de ex-tuberculosos e ex-leprosos, em lamentável posição de desequilíbrio, afundados muitos deles em charcos de treva, porque a moléstia lhes constitui tão somente motivo à insubmissão.
O doente desesperado é sempre digno de piedade, porque não existe sofrimento sem finalidade de purificação e elevação.
A enfermidade ligeira é aviso.
A queda violenta das forças é advertência.
A doença prolongada é sempre renovação de caminho para o bem.
A moléstia incurável no corpo é reajustamento da alma eterna.
Todos os padecimentos da carne se convertem, com o tempo, em claridades interiores, quando o enfermo sabe manter a paciência, aceitando o trabalho regenerativo por bênção da Infinita Bondade.
Quem sustenta a calma e a fé nos dias de aflição, encontrará a paz com brevidade e segurança, porque a dor, em todas as ocasiões, é a serva bendita de Deus que nos procura, em nome d’Ele, a fim de levar, dentro de nós, o serviço da perfeição que ainda não sabemos realizar.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 1-3-1950
Local — Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas.
Augusto dos Anjos
Glória aos heróis da crença soberana
Em cujo amor a Terra se redime,
Portadores da fé pura e sublime
De que a luz evangélica se ufana.
Glória à dilacerada caravana
Que combate a impiedade, a sombra e o crime,
Embora o mundo que a persegue e oprime
Sob as pedradas da miséria humana!
Louvor eterno aos grandes infelizes
Que se cobrem de estranhas cicatrizes
Sem abrigo de paz que os reconforte;
Sem Jesus-Cristo que te ampara aos poucos,
Não passarás do círculo dos loucos,
Estrangulando, em fúria, os próprios sonhos!...
Psicografia em Reunião Pública — Data: 14-5-1949
Local — Centro Espírita Amor e Caridade, em Belo Horizonte, Minas
Emmanuel
A dor é uma bênção que Deus nos envia — diz-nos o verbo iluminado da Codificação Kardequiana, e ousaríamos acrescentar que é também o remédio que solicitamos no limiar da existência terrestre.
Espíritos enfermos e endividados, rogamos, antes do berço, os problemas e as provações suscetíveis de propiciar-nos a alegria da cura e a bênção do resgate.
Entre votos de esperança e lágrimas de angústia, pedimos em prece o reencontro com antigos desafetos de nossa estrada, pedimos as deformidades orgânicas, as moléstias ocultas, as mutilações dolorosas, o pauperismo inquietante, os golpes da calúnia, as desilusões afetivas, a incompreensão dos mais amados e os enigmas do sofrimento junto daqueles que se erigem à posição de nossos credores na Contabilidade Divina; entretanto, em plenitude das energias físicas, quase sempre recuamos ante os cálices de amargura, exigindo conforto imediatista e vantagens materiais, à feição de doentes enceguecidos recusando o medicamento que lhes prodigalizará a recuperação, ou à maneira de alunos preguiçosos e imprudentes fugindo sistematicamente à lição...
Lembremo-nos, pois, de que a luta é concessão celeste e de que a dificuldade é benfeitora do coração.
Aceitamo-las no caminho, não apenas com a noção de justiça que, por vezes, exageramos até a flagelação da secura, nem somente com o bordão da coragem que, em muitas ocasiões, transformamos em perigosa temeridade mas, acima de tudo, com a humildade da paciência que tudo compreende para tudo ajudar e purificar, na jornada de nossa cruz redentora, pela qual, entre a serenidade e o amor, encontraremos por fim a imortalidade vitoriosa.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 12-9-1958
Local — Centro Espírita Uberabense
Rodrigues de Abreu
Estende as próprias mãos
Entregando o tesouro que ajuntaste
Ou rogando a migalha
Dos tesouros alheios...
Repara, todavia,
As mãos abnegadas
Que constroem a vida...
Mãos que sangram no campo,
Na condução do arado;
Mãos erguidas na escola,
Em louvor da cultura;
Mãos feridas na indústria
Exaltando o conforto;
Mãos que afagam doentes,
Renovando a alegria...
Mãos que servem a mesa,
Enriquecendo o pão;
Mãos nervosas e firmes
Nos volantes bulhentos
Ajustando as artérias
Do progresso incessante.
Mãos que erguem a enxada,
Mãos que empunham a pena...
Mãos que fiam,
Que agasalham,
Que abençoam,
Que consolam...
Assim, pois,
Na graça da fortuna
Ou na dor da carência
Escuta a melodia
Das mãos entrelaçadas
Na oficina do mundo.
E traze com valor
As tuas mãos também,
Cedendo de ti mesmo,
Em suor e esperança,
Ao serviço de todos,
E entenderás, por fim,
Que o trabalho do bem
É a Santa Caridade
Que verte sobre nós
Do Eterno Amor de Deus.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 31-10-1958
Local — Centro Espírita Vicente de Paulo, na cidade de Uberaba, Minas.
Cruz e Souza
Vive na eterna luz que aperfeiçoa
A compreensão da vida clara e imensa,
Servindo ao mundo, alheio à recompensa,
Cultivando a humildade terna e boa.
Seja a esperança a lúcida coroa
Com que brilhes na sombra fria e densa
Da noite da maldade e da descrença
Que perturba, destrói e amaldiçoa.
Sob as desilusões, penas e assombros
Não sepultes teus sonhos nos escombros
Do amargo desalento que te invade!
Rota a veste de carne que redime,
Encontrarás a luz pura e sublime
No divino país da Eternidade.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 4-9-1946
Local — Centro Espírita de Lavras, na cidade de Lavras Minas
Albino Teixeira
Amor — presença divina
Caridade — apoio a si mesmo
Estudo — discernimento
Trabalho — defesa
Progresso — renovação
Ignorância — treva
Serviço — merecimento
Perdão — liberdade
Ofensa — prisão
Culpa — desarmonia
Sofrimento — reajuste
Equilíbrio — saúde
Ressentimento — enfermidade
Ódio — veneno
Êxito — esforço constante
Dever — rumo certo
Felicidade — paz de consciência
Constância — garantia
Conhecimento — responsabilidade
Prosápia — tolice
Orgulho — queda
Humildade — ascensão
Psicografia em Reunião Pública — Data: 19-9-1970
Local — Comunhão Espírita Cristã, na cidade de Uberaba, Minas.
Emmanuel
Amigos, muita paz.
Ao redor de nossa fé, o mundo atual é um palácio claro-escuro de esplendores e trevas, suntuosidade e desconforto, grandeza e decadência.
Nos povos — desolação e temor.
Nos indivíduos — insegurança e soledade.
Nunca a multidão, na Crosta da Terra, foi tão singularmente compacta, quanto agora, e jamais o homem se sentiu tão sozinho.
Enquanto louvamos o Senhor, há quem blasfeme.
Enquanto amamos, há quem odeie.
Enquanto cantamos, há quem chore e desfaleça.
Enquanto nos confraternizamos, há que, derrame entre as criaturas o veneno da discórdia e da separação.
Espíritas da Boa-Nova, não duvideis! A ceifa de luz já começou.
Se a Terra multiplica problemas inquietantes, Cristo é a resposta.
Trabalhar — é o mandamento moderno.
Servir — é o lema único.
Agir — é o método.
Educar — é o programa.
Progredir — é a lei.
Amor — é o roteiro comum.
Espiritismo no Evangelho é ação constante no bem.
Ação no bem é prece permanente em louvor a Jesus.
Seja a nossa presença, onde estivermos, a oração ativa da caridade fraterna e da iluminação espiritual, a benefício dos nossos semelhantes e de nós mesmos.
Trabalhemos, pois, e sigamos para a frente.
Psicografia em Reunião Pública — Data: 22—1950
Local — Centro Espírita Amor e Caridade, na cidade de Belo Horizonte, Minas
Amaral Ornellas
Vinde e plantai na Vinha, em que o bem se revela
Pelas mãos de Jesus no eterno amor divino!
Vinde e renovareis a rota do destino
Para a glória do Além, onde a paz se acastela.
Uma côdea de pão, uma frase singela,
Uma flor de perdão num gesto pequenino,
Um sorriso fraterno à dor do peregrino,
Tudo é semente em luz renovadora e bela.
Vinde e servi cantando, enquanto fulge o dia,
Semeando na Terra empedrada e sombria
A fé viva e imortal que a ilumine e conforte...
Preparai, desde agora, o pão que vos aguarde
E não mais chorareis com quem soluça tarde,
No celeiro vazio e escuro, além da morte!...
Psicografia em Reunião Pública — Data: 2-7-1950
Local — Centro Espírita Amor ao Próximo, na cidade de Leopoldina, Minas