Espiritismo e Evolução
Rino Curti
Edições FEESP
Este volume, juntamente com a livro “Espiritismo e Reforma Íntima”, completa a Curso Básico de Espiritismo.
No primeiro livro procuramos expor concisamente o caráter, os princípios fundamentais, as consequências de ordem moral da Doutrina, bem como a necessidade de sublimação da vida íntima, para a ascensão aos cimos espirituais.
Neste, empenhamo-nos em esclarecer, essencialmente, nos seus aspectos primordiais, as duas leis básicas que regem o Espirito: a lei da evolução e a lei da reencarnação, cujo entendimento e significado são fundamentais para o conhecimento da Doutrina. E como· o Espirito, possuidor de faculdades criadoras, vai desenvolvendo-as sob a orientação do Plano Superior até assumir por elas, na fase humana e sob a própria responsabilidade, a condução de seu próprio progresso.
Finalmente ficará ressaltado a papel preponderante das religi5es neste desenvolvimento, culminando com a apare cimento do Cristianismo que, hoje redivivo e junto à Ciência e à Filosofia, constitui com elas, nesta Doutrina, a sistema de forças que há de impulsionar o homem a promissora fase de renovação.
Como é evidente, trata-se de uma obra didática, estruturada com base em nossa concepção atual de ensino e divulgação da Doutrina, e relativa aos aspectos tidos por nós como essenciais. E, portanto, não satisfará a todas as exigências. Para o seu aperfeiçoamento, acolheremos de bom grado todas as sugestões, bem como o apontamento de omissões ou deficiências, agradecendo antecipadamente toda e qualquer colaboração que nos seja oferecida.
Rino Curti
Diretor de Ensino e Coordenador do Centro de Estudos da FEESP
São Paulo, 31 de agosto de 1979.
1 — Em [1], Cap. I, n.º 13, estudamos como, no século XVIII, surgiu o interesse pelo estudo cientifico dos fenômenos mediúnicos, fatos de todas as épocas, verificados em todos os povos, independentemente do seu grau de civilização.
2 — Destes estudos surgiram as primeiras "teorias", as primeiras explicações, que terminariam por dar origem a duas correntes principais de pensamento:
— O Espiritismo, que se constituiria em Ciência, Filosofia e Religião;
— a corrente, meramente científica, experimental — a Metapsíquica — com pressupostos materialistas e completamente avessa à introdução de qualquer noção religiosa, hoje substituída pela Parapsicologia.
3 — Essencialmente, a Doutrina se desenvolve a partir dos fatos e sobre princípios que a experiência sugere, resultando, de seu desenvolvimento, consequências de caráter moral.
Consequências e não pressupostos
As leis da Evolução, da Reencarnação, da Renovação, decorrem da determinação da existência do mundo espiritual e do espirito. Da sobrevivência deste e da comunicação possível entre os dois planos, ambas estabelecidas através da mediunidade ([3], Cap. I, n° 14).
4 — Em termos de construção, a Doutrina se desenvolve a partir de princípios e conceitos fundamentais, seu paradigma, também já evidenciados em [1] e [2], com base nas obras da codificação.
Essencialmente, parte-se da noção de Deus tido como Princípio das causas, a atuar sobre outros dois princípios básicos: o espirito e a matéria, secundados por um terceiro — o fluido universal, ou energético, mediante leis inderrogáveis, universais e eternas.
No que respeita a Deus, pouco podemos afirmar, a não ser a sua existência e alguns atributos, intuitivamente, postulando-os, pois trata-se de um conceito primitivo, não acessível aos sentidos, e estabelecidos indiretamente, pela observação dos fatos.
Quanto ao espírito e ao corpo espiritual, as noções ainda permanecem em formação, sendo o Espiritismo, na forma que lhe foi dada por Allan Kardec, a Ciência que tem por objeto estudar-lhe as leis e as relações com a matéria; e o corpo físico, em particular ([3], Cap. I, n° 16).
5 — Será objeto deste curso abordar, em grandes traços, o conhecimento essencial das leis da reencarnação e da evolução do espírito até o aparecimento do Cristo (Estudo mais aprofundado e efetuado no livro “Evolução em Dois Mundos”, de André Luiz, e comentado por Rino Curti, na série de livros intitulada "Espiritismo e Vida ").
6 — No que respeita à matéria, o conhecimento que temos hoje supera em muito o que possuíamos a um século atrás. As descobertas do eletromagnetismo, da relatividade, da física quântica, da física nuclear, além de terem conduzido a inúmeras descobertas de caráter tecnológico que alteraram profundamente o viver e a qualidade de vida, em conforto e possibilidades de realização do homem (o rádio, a televisão, os meios de comunicação, o transporte, a automação, o computador, as radiações...) mudaram também, radicalmente, nossas concepções acerca
— do mundo, do Universo (a quantidade de estrelas, sistemas, galáxias...);
— da vida (a biologia moderna, a biologia molecular, a genética, o evolucionismo...);
— da natureza íntima do homem (a moderna psicologia, a psicologia experimental, a teoria do comportamento, a psicologia profunda...);
— do relacionamento social (as comunicações, a indústria, o comércio interacional, a sociologia, a economia: as ciências humanas em geral...);
— as concepções do mundo clássico, filos6fico-religiosas, hoje, em total reformulação, com a adoção universal do conhecimento teórico-experimental, do método científico, mesmo para a filosofia e para a religião.
Resulta claro como este desenvolvimento se reflita, também, nas diversas partes da Doutrina, ampliando-as, e fazendo-as evoluir, pois, esta, não somente diz respeito ao estudo das leis do Espírito; mas também ao estudo das leis das relações que o unem à matéria, e lhe regem as manifestações nos dois planos.
Diz Allan Kardec em ([3], Cap. 1, n° 16) que "O conhecimento do Espírito não pode estar completo sem o conhecimento da matéria.
Entende-se como o crescimento deste acarrete o desenvolvimento daquele.
7 — A incorporação e a adequação do conhecimento científico feito nestes últimos dois séculos, à Doutrina, foram iniciados por André Luiz, Emmanuel, Humberto de Campos, Joana de Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda e outros, principalmente através das mediunidades de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, em concordância, compatibilidade e coerência com a obra de Allan Kardec, o Codificador.
Nem poderia ser de Doutro modo. Nós, os encarnados não temos possibilidade de realizar, ainda, uma síntese dos fundamentos do conhecimento, um paradigma capaz de permitir a unificação do conhecimento de nossos dias, mesmo porque essa unificação exige dados do Plano Espiritual que só os Espíritos podem revelar, e só o fazem até onde o nosso alcance o permita.
Trata-se de um autêntico acréscimo de Revelação, uma ampliação e compatibilização das existentes, obra iniciada por esses Espíritos, nas obras psicografadas, que nos cabe assimilar e desenvolver.
A Revelação é dos Espíritos, mas a elaboração doutrinária é deixada a nosso cargo ([3], Cap. I, n° 13).
Assim sendo, será apoiado nesta literatura que iremos desenvolver nosso curso, nosso conhecimento, visando à formação básica do espírita para que, solidamente fundamentado no conhecimento doutrinário, possa ele capacitar-se do significado do apostolado cristão, e conduzir-se rumo aos cimos da espiritualidade — sua meta já estabelecida desde o momenta de sua criação.
a) Bibliografia
[1] — Rino Curti — Espiritismo e Reforma Íntima.
[2] — Rino Curti — Escola do Divulgador da Doutrina Espírita — 1.ª Parte.
[3] — Allan Kardec — A Gênese.
[4] — Allan Kardec — O Livro dos Espíritos.
b) Leituras Complementares
[3] — Caps. 1 e 4
[4] — Livro Primeiro — Cap. I.
[2] — Cap. 1.º
c) Perguntas
1) As leis da Evolução, Reencarnação, Renovação e outras não são ideias preconcebidas, muito menos, dogmas. Explique por quê (Vide [3], Cap. 1; [I], Cap. I).
2) Podemos nós compreender Deus em sua essência? Por que? ([4]. Cap. 1, livro primeiro)
3) O que é o perispírito ou corpo espiritual? ([1], Cap. II)
4) Por que o grande desenvolvimento científico acarreta desenvolvimento da Doutrina? ([3], Cap. 1). Explicar.
5) Explicar por que os Espíritos se encarregaram de efetuar as bases do desenvolvimento da Doutrina. Qual o papel que nos cabe? ([3], Cap. 1)
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde.
Estudar e pôr em prática o Cap. 19.
Observação: Os capítulos de 1 a 18 são desenvolvidos com o livro Espiritismo e Reforma Íntima, de Rino Curti.
1.1 — Introdução
a) Como vimos em [1], postulado básico para a construção do conhecimento em geral, para a Doutrina é: — o mundo é regido por causas e leis, cujo princípio denominamos Deus.
Cabe à Ciência determinar essas causas e leis, o que ela faz evolutivamente (Vide papel das Ciências em [2], Cap. IV).
b) Outro postulado, colocado pelos Espíritos, é o de que: — Os Espíritos, seres criados por Deus, CO-CRIAM.
Isto é, participam da criação dos mundos e da organização da vida, exercendo atividades que constituem a razão de ser de sua EVOLUÇÃO — princípio fundamental a que estão submetidos.
Postulado este cada vez mais comprovado pelo próprio Evolucionismo, pela História e outros ramos do conhecimento.
c) Devido à LEI DA EVOLUÇÃO, os Espíritos dos mais diversos graus evolutivos, com as atribuições as mais variadas, segundo uma escala que é dada em ([4], Livro Segundo, Cap.1); e, pela qual, os que se situam em posições as mais avançadas, presidem à construção dos mundos em serviço de Co-Criacão em Plano Maior ([3], l.ª Parte, Cap. l). Outro dado revelado pelos Espíritos, sem consequências contradit6rias.
1.2 — Nosso universo
a) Diz-nos a Astronomia que o Universo é constituído de estrelas (corpos de massa completamente gasosa e geralmente de forma esférica, cujos gases, mantidos por forças gravitacionais, mas atuantes, por sua pressão e radiações, as dilatam), que se formam ou explodem, dentro de certo período de duração, e que podem atingir dimensões de até 500 vezes o tamanho do Sol (as supergigantes) ([7], Cap. 2).
Por sua vez, as estrelas aparecem reunidas em agrupamentos aos bilhões, a distâncias, entre si, superiores a quatro anos-luz, junto a nuvens de matéria interestelar.
De galáxias, acessíveis a nosso telescópios, estima-se existirem 10 bilhões, separadas entre si por distâncias da ordem de 1 milhão de anos-luz.
Dentre elas, em uma — a Via Láctea, com 80.000 anos-luz de diâmetro e contendo de 150 a 200 bilhões de estrelas, está o Sol com seu sistema planetário. O Sol gira ao redor do centro da galáxia a uma distância de 25.000 a 30.000 anos-luz.
As galáxias têm várias formas e diferentes desenvolvimentos e podem ser membros de um cúmulo de galáxias, talvez pertencentes a agregações ainda maiores, constituindo, quem sabe, diferentes Universos.
Pois bem, todo este imenso existir de corpos celestes, que escapa totalmente à nossa compreensão, é criado por Deus, a cujo influxo operam Inteligências Divinas a Ele agregadas.... em serviço de Co-Criação... na construção dos sistemas da Imensidade ([3], Cap. 1).
b) Para a direção de nosso sistema planetário, segundo Emmanuel ([5], Cap. 1), existe uma comunidade de Espíritos Puros e Eleitos em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras de todas as coletividades planetárias, da qual Jesus faz parte.
A Jesus foi entregue a direção do planeta a partir do instante inicial de sua individualização, quando se desprendia da nebulosa solar.
1.3. — Cosmogonia
a) O Espiritismo, na Gênese planetária, compatibiliza-se com a Ciência, entendendo que o procedimento científico é a forma pela qual ele pode construir o conhecimento, com o acréscimo apenas de certos dados de ordem espiritual, uma vez que todos os acontecimentos são planejados, iniciados e guiados no plano extraterreno.
Kardec (em [2], Cap. VI) expõe a teoria com a utilização dos conhecimentos da época. Hoje teríamos dados novos a introduzir, em virtude do enorme progresso feito pela Astronomia, seus meios de observação, e das ciências em geral.
b) A existência de outros planetas e outras humanidades, subordinados às leis de evolução e progresso semelhantes às terrenas, é afirmada em toda a literatura ditada pelos espíritos ([2], Cap. VI; [4], livro 2.0, Cap. IV; [6], Cap. III).
Cientificamente, entretanto, o único conjunto de planetas de que se tem conhecimento seguro é o sistema solar. Não temos, ainda, com os meios de observação disponíveis, possibilidade de descobrir outros. Entretanto há vários indícios indiretos e muitas indicações teóricas de que os há ([7], Cap. III).
Quanto à formação dos planetas, há várias teorias, antigas e modernas, constituindo a Cosmogonia, ciência que trata da origem e evolução do Universo.
Com segurança, ninguém sabe ao certo a origem do sistema solar. Provavelmente se formou a partir de um único material básico, em que materiais sólidos, primeiro, passaram a agregar-se, para depois, pelo movimento angular do Sol, desprender-se, constituindo os planetas.
Que outros sistemas solares e planetas possam existir pode ser argumentado de várias maneiras.
1.º — Há inúmeras estrelas como o Sol, em características e velocidade.
2.º — Em 1963 foi descoberto por Peter Van de Kamp um planeta que gira ao redor da es- trela de Barnard.
3.º — Há estrelas em formação, ainda hoje.
Estes e outros fatos conhecidos pelos especialistas levam a considerar que, eventos como o da formação do sistema solar, tenham acontecido e ainda estejam acontecendo em todas as galáxias, o que, portanto, levaria à consideração não somente de alguns, mas provavelmente de centenas de bilhões de sistemas iguais ao nosso, onde a vida ou não existe, ou se inicia, ou está desenvolvida como a nossa, ou a supera enormemente; ou, ainda, está em vias de extinção.
1.4. No princípio era o verbo
a) Segundo Emmanuel, portanto, ([5], Cap. 1) Jesus recebeu o orbe terrestre, desde o momento em que este se desprendia da massa solar e, junto a uma legião de trabalhadores, presidiu à formação da lua, à solidificação do orbe, à formação dos oceanos, da atmosfera e à estruturação do globo nos seus aspectos básicos, estatuindo os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhe o equilíbrio futuro na base dos corpos simples da matéria... Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao homem...; estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera e da estratosfera... e edificou as usinas de ozone a 40 e 60 km de altitude, para que filtrassem convenientemente os raios solares... Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura... ([5], Cap. 1).
b) Diz, ainda, Emmanuel em ([5], Cap. 1) que o amor de Jesus foi o verbo da criação do princípio, o idealizador da morada que haveria de acolher a vida organizada e seu construtor. (É neste sentido que Emmanuel interpreta os versículos de 1 a 4 do Cap. I do Evangelho de João).
Atingido o momento, Jesus reuniu nas alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em repouso. Daí a algum tempo... podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra... nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens ([5], Cap. 1).
1.5. O aparecimento da vida
a) André Luiz, em ([3], Cap. III), também diz que os Ministros Evangélicos da Sabedoria Divina, com a supervisão do Cristo de Deus, lançaram os fundamentos da vida no corpo ciclópico do Planeta...
A imensa fornalha atômica estava habilitada a receber as sementes da vida e, sob o impulso dos Gênios Construtores... vemos o seio da Terra recoberto de mares mornos, invadido por gigantesca massa viscosa a espraiar-se no colo da paisagem primitiva.
Dessa geleia cósmica, verte o princípio inteligente, em suas primeiras manifestações.
b) Kardec em ([4], Livro Primeiro, Cap. III) afirma que A Terra continha os germes que esperavam o momento favorável para desenvolver-se... Os germes permaneceram em estado latente e inerte até o momento propício à eclosão de cada espécie.
Enfim, os espíritos transmitem a Kardec a ideia da geração espontânea, que hoje não mais se daria na Terra, uma vez que os homens, no seu desenvolvimento, teriam absorvido os elementos em si mesmos para transmiti-los segundo as leis da reprodução, o mesmo tendo acontecido com as demais espécies de seres vivos ([4], Livro 1.°, Cap. III).
a) Bibliografia
[1] — Rino Curti — Espiritismo e Reforma Íntima
[2] — Allan Kardec — A Gênese
[3] — André Luiz — Evolução em Dois Mundos
[4] — Allan Kardec — O Livro dos Espíritos
[5] — Emmanuel — A Caminho da Luz
[6] — Allan Kardec — O Evangelho Segundo o Espiritismo.
[7] — Roger A. MacGowan e Frederick I. Ordway III — Inteligência no Universo
b) Leituras complementares
[2] — Cap. IV
[5] — Cap. I
[4] — Livro 1.º, Cap. III
[6] — Cap. III
c) Perguntas
1) Qual o papel das Ciências?
2) O que é Co-Criação?
3) Há fundamento em se supor existirem outros planetas habitados? Por quê?
4) Como se teria originado o planeta, segundo Emmanuel?
5) Como apareceram os primeiros elementos de vida na Terra?
6) Há geração espontânea hoje? Já houve? Explique.
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde.
Estudar e pôr em prática o Cap. 20.
2.1 — O surgimento da vida organizada
Segundo Emmanuel ([1], Cap. II), a vida organizada surgiu na Terra segundo planos e formas estudadas e previstas desde o início, por numerosas Assembleias de Operários Espirituais, sob a orientação do Cristo. Tudo foi adaptado às condições físicas do Planeta e as primeiras construções celulares obedeceram às leis do princípio e do desenvolvimento geral.
Como foi dito no capítulo anterior, com a formação da crosta, a camada gelatinosa envolveu o orbe, contendo as sementes da vida que, segundo Kardec, já nele existiriam em estado latente.
As primeiras formas teriam surgido com a intervenção de forças cósmicas cuja ação teria despertado a latência de tais sementes e dado início à evolução dos seres vivos.
Teriam surgido primeiramente as células albuminoides, as amebas, as organizações unicelulares isoladas e livres, que se teriam multiplicado vertiginosamente nas águas tépidas dos oceanos e pântanos, mesmo porque só aí teriam elas encontrado o oxigênio que escasseava na terra firme.
Tais seres apresentavam sensibilidade restrita ao tacto, sentido este do qual se desenvolveram todos os outros.
2.2. — A explicação científica
2.2.1. — Origem da Vida
Pouco se sabe acerca da origem da vida.
Há grande propensão em acreditar-se materialisticamente que a vida se originou em termos de uma evolução química: em reações químicas e agregações moleculares de complexidade gradualmente crescente.
Isto é, moléculas químicas simples participam de reações químicas que levam à formação de moléculas mais complexas, tais como as encontramos nos corpos vivos. O problema, entretanto, consiste em saber como uma molécula se torna capaz de cercar-se de matéria estrutural e reproduzir-se, isto é, como da evolução química se passa à evolução biológica.
Este é um ponto que ainda permanece insolúvel para a Ciência ([2], Cap. 5, ([3]).
2.2.2. — Vida Biológica
O que se entende por vida biológica é algo que possui vários atributos ([2], Cap. 5):
1.º — Consiste de agregações de diferentes moléculas com ácido DNA como agente genético;
2.° — Reproduz-se;
3.º — Mantém um envoltório estrutural;
4.º — Alimenta-se;
5.º — Utiliza energia externa;
6.º — Armazena energia química;
7.º — Elimina materiais gastos;
8.° — Percebe condições ambientais externas e a elas reage;
9.° — Cresce;
10.° — Morre.
Esta definição é adequada para quase todos os fins, mas não permite traçar o ponto em que primitivamente se possa ter processado a passagem do ser não-vivo ao vivo.
2.2.3. — A Vida Primordial
Ao se formar, a Terra deveria ter atmosfera com pouco oxigênio e alguns poucos compostos gasosos simples (hidrogênio, amônia, metano, vapor d'água), ponto de partida de todos os outros agregados moleculares existentes. Era um planeta primordial, com atmosfera primordial, como deve haver tantos outros, na ordem de bilhões.
O que deve ter acontecido é que moléculas simples, por reações químicas, começaram uma evolução gradativa na direção de agregados moleculares auto-reprodutores capazes de evoluir biologicamente.
Como, não se sabe.
2. 3. — Conceitos Espíritas
André Luiz ([4], Cap. III) e Emmanuel ([1], Cap. II) dizem do aparecimento de uma massa viscosa, após o resfriamento da crosta, da qual se teria iniciado o protoplasma e sobre o qual as mônadas celestes teriam iniciado a se destacar e a atuar quais centros microscópicos de força positiva. Kardec ([5], livro 1.0, Cap. III) diz que os seres vivos estavam em germe na massa do globo, em estado latente e inerte até o momento propício do despertamento.
O Espiritismo também não esclarece a origem da vida: Ela, até o momento, nos é infensa. Entretanto, compatibiliza-se com a ciência, com a diferença de que faz intervir a ação dos espíritos. Há geração espontânea, mas o desenvolvimento da vida é conduzido pelos operários espirituais. As mônadas trabalhadas pelos mesmos operários vão adquirindo possibilidades de expressão, que geram capacidade de atuar, num crescendo, à medida que se habilitam, assumindo as funções a elas relativas do conduzir.
Em assim sendo, o desenvolvimento não se dá por acaso, mas ocorre em base à condução dos espíritos encarregados, com a participação da mônada, cujo papel está limitado às suas aquisições.
2.4. — O DNA e a Reprodução
Toda vida, sobre a Terra, parece estar apoiada, fundamentalmente, em dois tipos de longas cadeias moleculares (os polímeros): os ácidos nucleicos os componentes do ácido DNA e do ácido RNA e as proteínas.
O DNA e o RNA, de pequena diferença, um originado do outro, são longas cadeias moleculares, constituídas de grupos menores, cuja disposição na molécula conteria as informações ou o plano pelo qual se desenvolveria todo organismo vivo. É esta disposição que determina a estrutura de todo organismo vivo na Terra.
As proteínas servem de material estrutural e como catalisadores químicos chamados enzimas (catalisador é uma substância química que acelera uma reação química, sem ser ela mesma consumida na reação). São cadeias longas (polímeros) formadas de unidades constitutivas de aminoácidos.
Tanto o DNA como as proteínas poderiam ter surgido por catálise a partir das unidades químicas mais simples, pela aplicação de espécies diferentes de energia disponíveis na natureza, é o que alguns supõem. Ter-se-iam originado na forma de sequências muito complexas de reações catalíticas, provocando a reprodução de outras, estando aí, dizem, o germe da sobrevivência, da reprodução e das restantes características que qualificam o processo vital.
As informações e o plano estariam concentrados nos cromossomas, corpúsculos densos constituídos de moléculas complexas de DNA, associadas com proteína, cujo número difere de espécie a espécie.
André Luiz ([4], Cap. III) atribui a reprodução à ação da mônada, estabelecendo a concepção de que já a célula é um ser vivo, constituído de matéria e princípio inteligente individualizado, que denomina mônada. A reprodução seria guiada por ele sobre o recurso fixado nos cromossomas, exercendo uma ação que se constituiria na sequência das reações catalíticas.
2.5. — Os Vírus
Pequenas moléculas de DNA envoltas num simples envoltório de proteína constituem os vírus. Os tipos menores são todos idênticos de modo que é difícil considerá-los seres vivos, ou vida celular. São antes parasitas da vida celular. Aderem às células, fazendo penetrar nelas suas moléculas de DNA que, utilizando os mecanismos de produção e os materiais das células vivas, reproduzem-se até preenchê-las, rompê-las e destruí-las.
Tipos maiores de vírus manifestam alguma variação estrutural, dando a impressão de uma sequência gradativa de seres não-vivos a vivos.
Disto pode-se formular a hipótese de que o vírus se desenvolve diretamente de agregados químicos muito primitivos.
André Luiz dá o aparecimento dos vírus como anterior ao das células, das quais a mônada teria dado origem às bactérias rudimentares, cujas espécies se teriam perdido, mas das quais se teriam originado as primeiras células do reino vegetal.
2.6. — A Vida em outros Planetas
A ideia de que a vida possa existir em uma miríade de planetas, cientificamente é reforçada pelo fato de que nossa química é universal, o que é revelado pela Astronomia; que ambiente químico primordial deve ter existido ou existe neles e que a origem e a evolução da vida deve ter acontecido e estar acontecendo, uma vez que isto seria o resultado das inevitáveis reações catalíticas, sob condições favoráveis do ambiente.
Kardec afirma que a vida existe em outros planetas e que o processo de geração espontânea continua nos planetas em formação da mesma maneira pela qual aqui se processou ([5], Livro 1.o, Cap. III).
Léon Denis, André Luiz e outros consideram a passagem do inorgânico ao ser vivo, de maneira contínua, entendendo que o princípio inteligente está sempre associado à matéria, já desde o mineral, evoluindo para os reinos vegetal, animal, hominal e prosseguindo além deste, não por acaso, mas em obediência a princípios governados pelos espíritos.
a) Bibliografia
[1] — Emmanuel — A Caminho da Luz
[2] — Roger A. MacGowan e Frederick I. Ordway III — Inteligência no Universo
[3] — Scientific American — Revista Número Especial de Setembro de 1978
[4] — André Luiz — Evolução em Dois Mundos
[5] — Allan Kardec — O Livro dos Espíritos.
b) Leituras complementares
Os capítulos da bibliografia citados no texto.
c) Perguntas
1) Como surgiu a vida no planeta?
2) O que são evolução química e evolução biológica?
3) O que caracteriza a vida?
4) A hipótese da vida surgida por evolução química está comprovada?
5) Existe vida em outros planetas?
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde.
Estudar e pôr em prática o Cap. 21.
3.1. — As eras planetárias
Atribui-se à Terra uma existência de 4,5 bilhões de anos, dividida em quatro eras principais:
PROTEROZÓICA — de há 4,5 bilhões a 600 milhões de anos;
PALEOZÓICA — de 600 a 220 milhões de anos;
MESOZÓICA — de 220 a 78 milhões de anos;
CENOZÓICA — de 78 milhões de anos a esta parte ([2], Cap. 6).
Cada uma com outras subdivisões.
3.2. — Os primeiros compostos orgânicos
a) Cientificamente há hipótese de que a vida, como já dissemos no capítulo anterior, se teria desenvolvido após a consolidação da matéria, o que teria ocupado os primeiros 500 milhões de anos da era proterozoica, após o que o planeta teria adquirido essencialmente a forma que hoje possui.
Nesta fase inicial não haveria oxigênio livre na atmosfera, existindo somente ao longo das águas nos oceanos e brejos. Não havendo oxigênio, não teria existido a camada de ozone, hoje a 40 e 60 km de altitude, cuja finalidade é filtrar os raios solares, manipulando-lhes a composição precisa à manutenção organizada no orbe ([1], Cap. 1). Sem esta camada, os raios ultravioleta ou outras radiações, atingindo a superfície do planeta, poderiam ter fornecido a energia para a síntese de muitos compostos orgânicos, a partir de moléculas de compostos químicos simples.
É uma hipótese.
b) Emmanuel, em ([1], Cap. 1), diz: Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em repouso.
Daí a algum tempo se podia observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra.
O oxigênio é um gás corrosivo e venenoso, contra o qual os organismos são protegidos por mecanismos químicos e físicos. A queima dos alimentos, por ele, possibilita maior armazenamento de energia. Pois bem, sem o oxigênio a destruir os primeiros compostos orgânicos, os primeiros oceanos, com eles teriam atingido a consistência de uma sopa diluída, diz Haldane ([3], págs. 62-63).
André Luiz, também em ([4], Cap. III), refere-se a esta massa viscosa inicial, após a qual aponta o surgimento dos vírus e das bactérias rudimentares, hoje desaparecidas.
3.3. — O aparecimento dos seres vivos monocelulares
a) Uma vez criada a vida, supõe-se que o conteúdo de oxigênio na atmosfera aumentou até que as condições originalmente favoráveis à vida primitiva se tornaram desfavoráveis. Formou-se, então, a camada de ozone bloqueando a luz ultravioleta para a superfície, entre 2 e 1,5 bilhões de anos passados, o que se constituiu em proteção para a vida existente.
Não houvesse essa camada, toda a vida do planeta seria extinta.
b) Uma questão se impõe de imediato: É possível, hoje, na Terra, verificar o surgimento da matéria viva a partir da matéria não-viva?
A resposta é não. A explicação é que, por processos de seleção natural, novas formas surgiram impedindo a formação de outras e a característica de sintetizar compostos orgânicos passou a ser prerrogativa da matéria viva, pela reprodução.
O que se tornou um impedimento para a criação de seres vivos, a partir do não-vivo, passou a constituir-se em garantia da evolução biológica dos seres vivos já constituídos, para os quais o oxigênio é indispensável.
c) Segundo Emmanuel e André Luiz, esta seleção é conduzida pelos Ministros Angélicos da Sabedoria Divina com a supervisão do Cristo de Deus ([4], Cap. III).
Diz Emmanuel em ([1], Cap. II) que os trabalhadores do Cristo estudaram a combinação das substâncias, analisando a combinação prodigiosa dos complexos celulares por eles delineada, aferindo valores, provando possibilidades e necessidades do porvir.
Segundo André Luiz ([4], Cap. III), inicialmente teriam aparecido os vírus e com eles o campo primacial da existência, formado por nucleoproteínas e globulinas, oferecendo clima adequado aos princípios inteligentes ou mônadas fundamentais, que se destacam da substância viva por centros microscópicos de força positiva, estimulando a divisão cariocinética.
Evidenciam-se então as bactérias rudimentares, `cujas espécies se perderam nos alicerces profundos da evolução, lavrando os minerais na construção do solo, dividindo-se por raças e grupos numerosos, plasmando pela reprodução assexuada as células primevas, que se responsabilizariam pelas eclosões do reino vegetal em seu início.
3.4. — O aparecimento dos seres pluricelulares
Das células primevas, através dos milênios, passa-se às algas, que, como seres monocelulares, já englobam a clorofila, pela qual o ser se nutre. Dotadas de mobilidade e sensibilidade táctil, dão origem a todas as outras formas na criação dos sentidos.
A seguir, sucedem-se as algas verdes em que se inaugura a reprodução sexuada, a morte, com metamorfoses contínuas, pelas quais a mônada passa desde os artrópodos aos animais superiores.
Diz André Luiz ([4]), Cap. III): Das cristalizações atômicas e dos minerais, dos vírus e do protoplasma, das bactérias e das amebas, das algas e dos vegetais do período pré-câmbrico (desde há 4,5 bilhões até 600 milhões de anos passados, época em que se inicia a era paleozoica, que começa com o período câmbrico) aos foraminíferos e radiolários dos terrenos silurianos, o princípio espiritual atingiu os espongiários e celenterados da era paleozoica, esboçando a estrutura esquelética.
3.5. — A evolução das espécies
a) Na reprodução assexuada, os cromossomos se reproduzem com exatidão; na reprodução sexual, as moléculas de DNA de dois indivíduos são misturadas e reagregadas de maneiras diversas. Disto se originariam complexos celulares, os mais diversos tipos múltiplos de vida primitiva e em locais diferentes. Com o tempo surgiram processos de seleção natural, aparecendo características dominantes, pelo que certas espécies sobreviveram, enquanto outras se extinguiram.
Desta forma as espécies se sucederam evolutivamente não em linha reta, mas com linhagens que se desenvolveram separadamente, de forma ramificada, em que certos ramos persistiram, outros terminaram.
Emmanuel ([1], Cap. II) atribui a seleção a ensaios efetuados pelos espíritos. Diz: Os trabalhadores do Cristo... analisaram... a combinação prodigiosa dos complexos celulares, cuja formação eles próprios haviam deliberado, executando, com as suas experiências, uma justa aferição de valores, prevendo todas as possibilidades do porvir.
Todas as arestas foram eliminadas... Os tipos adequados à Terra foram consumados em todos os reinos da Natureza, eliminando-se os frutos teratológicos e estranhos, do laboratório de suas perseverantes experiências.
b) Enfim, é no início da era Cenozoica (há 78 milhões de anos) que surgem os primeiros mamíferos e as primeiras manifestações da inteligência, em que o reino animal experimenta as mais estranhas transições sob a influência do meio e da seleção.
No Plioceno Inferior (período do Cenozoico compreendido entre 12 a 1 milhão de anos passados) surgem os antepassados experimentais do homem e ascendentes dos símios, de onde ambos se ramificam ([1], Cap. II). Diz Emmanuel: As forças espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a orientação do Cristo, estabeleceram uma linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio espiritual encontraria o processo do seu acrisolamento, em marcha para a racionalidade...
Os peixes, os répteis, os mamíferos tiveram suas linhagens fixas de desenvolvimento e o homem não escaparia a essa regra geral.
3.6. — O aparecimento do homem
a) As experiências se sucederam até fixarem-se, no primata, as características do homem futuro.
Muito depois, as hostes do invisível operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual, preexistente, dos homens primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações.
Surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos do porvir ([1], Cap. II).
E esta é a razão pela qual, na análise das formas não se detectam todos os elos da evolução. Porque o ser, no seu transformar-se e progredir, sofre transmutações que o habilitam a assumir cada vez mais a condução dos processos vitais, em um crescendo que atesta seu estágio evolutivo, nos dois planos: no físico e no extrafísico.
b) Diz André Luiz em ([4], Cap. III): É assim que dos organismos monocelulares aos organismos complexos, em que a inteligência disciplina as células (seres vivos constituídos, portanto, de matéria e princípio inteligente) colocando-as a seu serviço, o ser viaja no rumo de elevada destinação, que lhe foi traçada do Plano Superior, tecendo com os fios da experiência a túnica da própria exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo, dentro das leis da ação, reação e renovação em que mecanizam as próprias aquisições, desde o estímulo nervoso à defensiva imunológica...
Contudo, para alcançar a idade da razão, com o título de homem... o ser... despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária (de um milhão a dez mil anos passados), em que a civilização elementar do sílex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos. E entendendo-se que a Civilização aludida floresceu há mais ou menos duzentos mil anos, preparando o homem, com a bênção do Cristo, para a responsabilidade, somos induzidos a reconhecer o caráter recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar, na constituição fisiopsicossomática do espírito humano, as aquisições morais que lhe habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à consciência cósmica.
c) Enfim, o Espiritismo é Doutrina científica que se compatibiliza com a Ciência propriamente dita. Apenas, situa os fatos como decorrência de um plano, de uma coordenação e condução racional, planejada e executada pelos espíritos na sua atribuição de co-criar, portanto, dentro das leis inderrogáveis estabelecidas por Deus. E isto lhes dá sentido, mesmo porque, em atendo-se à exposição científica desconhecedora da existência do espírito, não há qualquer possibilidade de se aceitar que tudo isso resulte do acaso, embora considerando a existência de leis atuantes. É como se algum ser extraterreno observasse de fora o desenvolver-se das grandes obras aqui efetua- das. Não tardaria em atribuí-las a seres inteligentes.
a) Bibliografia
[1] — Emmanuel — A Caminho da Luz
[2] — RAGER A. MAC GOWAN e FREDERICK I ORDWAY III — Inteligência no Universo.
[3] — SCIENTIFIC AMERICAN — (Revista) Número especial de setembro de 1978.
[4] — ANDRÉ LUIZ — Evolução em Dois Mundos.
[5] — ALLAN KARDEC — O Livro dos Espíritos.
b) Leituras complementares
Ler os capítulos citados nos textos.
c) Perguntas
1) É possível verificar o surgimento espontâneo de vida hoje na Terra? E em outros planetas? Por quê?
2) Como se processou a evolução dos seres vivos?
3) Quais os antepassados do homem?
OBSERVAÇÃO: Estas duas últimas perguntas (2 e 3) poderiam ser transformadas em uma pequena pesquisa do aluno, a seu critério.
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde
Estudar e pôr em prática o Cap. 22.
4.1. — O espírito é o agente
a) Como vimos no capítulo 2.°, o conceito de evolução, embora apresentado com os mesmos fatos, o mesmo processo, difere entre a Ciência e o Espiritismo, porque este considera a vida planejada e conduzida pelos operários espirituais. As mônadas, trabalhadas pelos mesmos operários, vão adquirindo possibilidades de expressão que geram capacidade de atuar como agentes num crescendo, à medida que se habilitam, assumindo gradativamente funções relativas ao seu próprio conduzir e que, em consequência, deixam de ser efetuadas por seus condutores.
Segundo André Luiz em [1], Emmanuel em [4] e Kardec em [3], o princípio espiritual teria existido em estado latente na matéria de que se constituiu o orbe, e teria despertado com suas manifestações no reino orgânico, a partir de uma massa gelatinosa, após a incidência de forças cósmicas, que teriam atuado enquanto não se formou a camada de ozone.
De forma análoga, como vimos, a Ciência supõe o aparecimento do ser vivo como evolução dos compostos macromoleculares neste período em que não havia atmosfera de oxigênio, por leis ou princípios desconhecidos.
4.2. — O desenvolvimento da mônada
a) As mônadas, previamente trabalhadas pelos operários espirituais, destacam-se quais centros microscópicos de força positiva, estimulando a divisão cariocinética. Isto é, assumem a individualidade e a reprodução que é assexuada.
A seguir o princípio inteligente nutre-se agora na clorofila, que revela um átomo de magnésio em cada molécula, precedendo a constituição do sangue de que se alimentará no reino animal ([1], Cap. III).
Isto é, assume a alimentação.
b) A seguir, assume a mobilidade e a sensibilidade nas algas nadadoras, nas quais a mônada, já mais evoluída, se ergue a estágio superior.
Continuando, a mônada passa a governar organizações pluricelulares, evolvendo nos domínios da sensação e do instinto embrionário, assumindo, pelas células com novo núcleo, a reprodução sexuada, e estabelecendo vigorosos embates nos quais a morte comparece, na esfera da luta, provocando metamorfoses contínuas, que perdurarão, no decurso das eras, em dinamismo profundo, mantendo a edificação das formas do porvir. ([1], Cap. III.)
Mais tarde, a mônada ingressa no domínio das diferentes espécies, até esboçar a estrutura esquelética para, ainda durante milênios, assumir as funções que lhe organizam a veste física, edificando o sistema vascular e nervoso, assumindo entre os dromatérios e anfitérios, os rudimentos das reações psicológicas superiores, incorporando as conquistas do instinto e da inteligência.
Até alcançar os pitecantropóides da era quaternária atravessou os mais rudes crivos da adaptação e seleção, assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória e do instinto, da sensibilidade, da percepção e da preservação própria, penetrando assim pelas vias da inteligência mais completas e laboriosamente adquiridas, nas faixas inaugurais da razão. ([1], Cap. III.)
4.3. — A Lei do Aprendizado
a) É desta forma que o princípio inteligente, ao assumir as funções que lhe são atribuídas pelas Potências Sublimes que lhe orientam a marcha, em degraus sucessivos, através de milhões de anos, coloca as células vivas, de natureza física e espiritual ([1], Cap. III), a seu serviço, agregando-as na formação do seu veículo de exteriorização, que aprendeu a desenvolver ao longo de todo esse tempo.
Este desenvolvimento se faz pela lei do aprendizado, que opera em base à repetição dos atos e à automatização do comportamento, na edificação de aptidões.
b) A mônada reage aos estímulos externos de forma a adaptar-se a novas situações, o que consegue após incessante repetição dos atos, especializando as células que se lhe submetem ao serviço, ao mesmo tempo que labora em benefício delas, amparando-as com os valores por ela conquistados, a fim de que a ascensão da vida não sofra qualquer solução de continuidade. ([1], Cap. IV.)
Em cada repetição de resposta aos estímulos, a mônada avalia a reação corrigindo-a sequencialmente, até habilitar-se a efetuar aquela que lhe define a adaptação, automatizando-a. Com isto, já adaptada, pela automatização, libera-se para efetuar novo aprendizado, incorporando desta forma, todos os cabedais que lhe edificarão o comportamento reflexo e instintivo, base das atividades reflexas do inconsciente, que se manifestará na inteligência futura.
c) Todos os órgãos do corpo espiritual e, consequentemente, do corpo físico, se desenvolveram desta maneira, bem como todas as faculdades: em base aos reflexos e ao automatismo edificados pela repetição incessante.
André Luiz em [1] detalha com maiores explicações, as conquistas dos vários sistemas do corpo espiritual, matriz do corpo físico e a conquista das diversas faculdades mentais.
4.4. — O ingresso do ser na fase humana
É na passagem de animal para ser humano, que a mônada, agora espírito, assume a comunicação, pela palavra, cujos mecanismos adquire em regiões do plano extrafísico, com a interferência dos Gênios Veneráveis que nos presidem à existência, e pela permuta de ideias, agora possibilitada pelo pensamento contínuo, outra conquista desta passagem.
O pensamento passa a produzir-se como um processo vitalista análogo ao da respiração, pelo qual a mente absorve matéria mental com as vibrações de que ela é portadora, e que nela atuam, como estímulos externos, na mente.
A mente responde a estas excitações por um processo que pode ser posto em analogia com a atividade reflexa e a automatização da resposta, após adaptada às novas circunstâncias. Isto é, pensando emitimos ideias que se propagam atingindo outras mentes que as captam ou não. A captação é que define a sintonia e que se realiza quando cultivamos ideias do mesmo teor, ou semelhantes. Tal como no aprendizado de uma lição: aprenderemos mais quanto mais saibamos acerca do assunto que nos é ensinado.
Precisemos alguns conceitos [2].
4.5. — Sintonia. Inconsciente
Entendemos por sintonia o fenômeno de captação de ideias pelo pensamento, que se realiza tanto mais quanto mais semelhança elas guardem com as nossas. Pela sintonia entramos em contato com as mentes que pensam como nós, estabelecendo, por isto, ligações benéficas, quando voltadas para o bem; desastrosas, quando eivadas de desajuste.
Por inconsciente entendemos todo o acervo de conquistas feitas com base em experiências vividas e consequente adaptação à vida, nos diversos estágios efetuados pelo espírito, diferente do conceito científico, que o entende como repositório de recalques, ocasionado pelos conflitos provocados por nossos desejos e as restrições sociais.
4.6. — Tendências — Desejos
-
Em função do inconsciente — o cabedal de aquisições de que somos portadores — se nos constituem forças no espírito, que nos regem as manifestações dirigidas a determinados objetivos. São as tendências que, tornadas conscientes, nos constituem os desejos, os interesses, transformáveis com base na lei do aprendizado, pela repetição e automatização.
É pela transformação incessante das tendências, em sentido espiritualizante, ou pela sublimação, que os instintos e as faculdades se nos transformarão nas qualidades angélicas.
4.7. — Emotividade
Pela sintonia captamos as ideias emitidas por outras mentes que atuam sobre a nossa como estímulos externos, a qual, por ação reflexa, plasma ideia resultante da combinação das próprias e das recebidas. Esta, por sua vez, determina o impulso que origina a força que nos conduz à ação, cuja intensidade é compatível com as tendências que nos tenha despertado.
Isto gera influências que atuam primeiramente e com maior intensidade em nós, e a seguir fora de nós, influências estas que o espírito avalia e que se exprimem nas manifestações que nos constituem a emotividade. Nesta distinguimos o SENTIMENTO, A EMOÇÃO E A PAIXÃO.
No SENTIMENTO, nossas reações permanecem organizadas, reguladas, controladas; na EMOÇÃO, já há descontrole; não conseguimos organizá-las ou regulá-las; na PAIXÃO, temos um sentimento superdesenvolvido às expensas de outros, exaltado ([2], perg. 908), que nos pode conduzir ou a grandes realizações ou a grandes quedas, segundo seu teor.
4.8. — Hábitos e automatismos
A resposta automática aos estímulos constitui o que denominamos de HÁBITO, que não é inato: adquire-se pela repetição, adaptação e automatização, pela lei do aprendizado. Por esta há um mecanismo que, a cada tentativa de adaptação, tende a corrigir erros, a vencer inabilidades, até que se alcance a completa adaptação e a consequente automatização.
A cada repetição reorganizam-se movimentos até que a tarefa ou a resposta se realize sem esforço, liberando a consciência para novas tarefas.
Tais hábitos e automatismos são construídos ao longo do tempo, pela colocação do ser frente a condições renovadas, sob a orientação do Plano Superior.
No homem a formação dos hábitos e dos automatismos passa a ser assumida por ele, pelo aparecimento do pensamento contínuo, da razão e da vontade.
4.9. — Intuição e razão
Pelo pensamento contínuo, o espírito passa a mentalizar e a influenciar pelas ideias que cultiva, e é influenciado pelas ideias afins que capta. Nesta mentalização se lhe manifesta a razão que as relaciona, associa, transforma, reestrutura em obediência a certas leis, o que constitui a assimilação. Por este processo repetido ela torna a ideia mais clara e a automatiza, de modo que, ao ser reevocada, o faz da forma total, sem mais requerer esforço, deixando a mente livre para a assimilação de outras na expansão das concepções e da cultura.
A automatização das ideias produz algo que poderíamos denominar, por analogia, de hábitos mentais, cuja totalidade perfaz a intuição intelectual, evolutiva, que se desenvolve com o mentalizar, meditar, estudar, relacionados às experiências e seus resultados a que somos submetidos ou nos submetemos nos em- bates da vida.
4.10. — A vontade
É pelo livre-arbítrio, enfim, que o homem passa a receber a incumbência de assumir a evolução dos hábitos e automatismos. A vontade surge como a faculdade que interpõe um hiato entre o impulso e a ação, um retardamento no qual a consciência e a reflexão, ao se fixarem em determinada ordem de ideias, que podemos eleger pelo discernimento, operam a transformação do impulso.
A causa inconsciente do agir cede lugar à idealização de ações, das quais uma é eleita por escolha nossa, em função de nossa escala de valores, pela qual se nos define o objetivo a atingir, escolha esta que, em passando à ação, nos torna responsáveis.
Pelo estudo, pelo trabalho, edificamos os valores que, se relativos ao bem geral, nos guiam à ação na produção do bem comum, no servir, que é o que nos faz progredir, com base na lei de que é dando que se recebe, com a assistência constante do Plano Maior.
Quando tivermos assimilado todo o conhecimento e automatizado todo o procedimento evangélico — diz André Luiz — aí cessará para nós o ciclo das reencarnações e ingressaremos em nova fase que, por falta de outra terminologia, se denomina de fase angélica.
a) Bibliografia
[1] — André Luiz — Evolução em Dois Mundos.
[2] — Denis Hisman e André Vergez — Compêndio Moderno de Filosofia.
[3] — Allan Kardec — O Livro dos Espíritos.
[4] — Emmanuel — A Caminho da Luz.
b) Leituras complementares
Os capítulos da bibliografia citados no texto.
c) Perguntas
1) O que se quer dizer com o espírito é o agente?
2) Explique o que se quer significar com o assumir das funções pela mônada?
3) Explique a lei do aprendizado, os reflexos e o automatismo.
4) Defina:
4.1. — a sintonia.
4.2. — o inconsciente.
4.3. — as tendências.
4.4. — os desejos.
4.5. — a emotividade.
4.6. — o sentimento, a emoção, a paixão, consultando [2] e [3].
4.7. — os hábitos.
4.8. — os automatismos.
4.9. — a intuição.
4.10. — a razão.
4.11. — a vontade.
5) Explicar de que forma é deixada ao homem a tarefa de desenvolver-se.
6) Como entende, nesta fase, a orientação do Plano Maior?
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde
Estudar e pôr em prática o Cap. 24.
OBSERVAÇÃO — Supõe-se que o Capítulo 23 foi dado na aula de recordação que deverá ter sido feita anteriormente a esta.
5.1. — O ingresso do espírito no ciclo das reencarnações
a) Nosso interesse primordial diz respeito à evolução espiritual do homem: o pensar, as crenças, o conhecimento, o destino, a moral, aos quais nos ateremos, acima de tudo.
Assim sendo, lembraremos que o espírito, ao ingressar na fase humana, já desenvolveu um corpo espiritual o perispírito ([1] Cap. II), pelo qual o espírito domina as células vivas, de natureza física e espiritual, como que empalmando-as a seu próprio serviço, de modo a senhorear possibilidades mais amplas de expansão e progresso [([2], Cap. IV), com um patrimônio de incalculáveis conquistas.
Ao atingir o limiar da fase humana, o espírito já assimilou elevadas características do ser vivo, tais como o automatismo fisiológico; a transmissão das características físicas na reprodução pelo sexo e em obediência às leis da hereditariedade, desenvolvimento maior daquele princípio instituído de que só ser vivo dá origem a ser vivo; sistema nervoso; cérebro; tudo subordinado ao comando da mente com a consolidação de várias e avançadas funções mentais, tais como: a percepção, a seleção, a atenção, a escolha, os reflexos e os instintos.
b) O ingresso do ser no ciclo das reencarnações humanas caracteriza-se pela aquisição da palavra, do pensamento contínuo, com o aparecimento da razão e do livre-arbítrio, edificados sob a assistência dos Instrutores do Espírito, em regiões especiais ([2], Cap. X).
O exercício incessante e fácil da palavra propicia o desenvolvimento da energia mental que acarreta a expansão do pensamento e o estabelecimento de todo um oceano de energia sutil em que as consciências encarnadas se refletem, sem dificuldade, umas às outras ([2], Cap. X).
Com isto, o homem primitivo se inicia na meditação passando a mentalizar e a exteriorizar as próprias ideias, além de que, no sono, facilita o desprendimento do corpo espiritual, que afrouxa os laços com o corpo físico e permite melhor contato com os Benfeitores Espirituais que o instruem.
5.2. — A lei do trabalho
a) Destituído de maiores recursos, ainda na infância da fase humana, o homem primitivo é colocado em condições ambientais e ecológicas, pelas quais obtém o de que necessita, para a sua subsistência, pelo simples colher. É a fase da caça e da pesca, porém adequada às suas forças para a luta pela sobrevivência. Situa-se num habitat, como assim estão situados os animais que nele vivem; fora dele, sucumbem e se extinguem. É o que hoje se passou a entender, com o progredir da Ecologia, e pela qual se levanta a grita para a proteção do meio ambiente e dos povos de baixo nível de civilização.
Foi pela incompreensão das leis por ela descoberta que a humanidade perpetrou crimes inqualificáveis contra a flora, a fauna e os indígenas das regiões virgens, levando-os quase à extinção.
b) Na busca, para obter do meio que o circunda o de que necessita, é que se manifesta, no selvático, aquele princípio divino que está observando, gravando, rememorando, automatizando impulsos e respostas, desenvolvendo o seu raciocinar.
Por exemplo, ao colher frutos das árvores, percebe que umas os dão mais, outras menos. Que as primeiras revelam estar sempre mais bem situadas no que concerne ao solo, a fatores climatéricos, insetos e doenças destruidoras, fatores estes sobre os quais ele pode influir, limpando, regando, adubando.
c) Começa por oferecer-se-lhe ao entendimento que, influindo no meio, de modo a provocar circunstâncias favoráveis, atua nas causas do desenvolvimento, e sua obtenção é favorecida em quantidades cada vez maio- res, tanto maiores quanto o forem as benfeitorias que ele possa produzir.
Inicia a descobrir que NELE PRÓPRIO está a possibilidade de transformar-se na PRINCIPAL CAUSA para que a natureza lhe atenda às solicitações PEDIR, ou melhor, que a FORMA MAIS FECUNDA E ATENDÍVEL DO PEDIR É APRENDER A TRABALHAR EM BENEFÍCIO DA VIDA.
5.3. — O despontar da ideia moral
a) O homem selvático, erguido da animalidade e governado exclusivamente pelos instintos, com a violência de uma fera matando para sobreviver, impelido a aceitar os princípios da renovação e progresso, como que a buscar a solidariedade possível dos semelhantes na selva que o desafia [[2], Cap. X), apega-se à prole, mentaliza a constituição da família, padece na defesa do lar, principia a desenvolver o amor.
b) O pensamento contínuo que o inicia na meditação, a razão e a vontade incipientes, se lhe constituem quais ferramentas para a modificação dos instintos.
O instinto, essencialmente, consiste das tendências edificadas com o acervo de experiências e conquistas efetuadas até esse estágio e da resposta automática, construída sobre os reflexos, que ele dá aos estímulos que as excitam. A vontade, entretanto, é faculdade que lhe permite refrear a resposta, permitindo-lhe, entre a excitação da tendência e a ação, um intervalo de reflexão, no qual sua razão opera, avalia em relação a valores que se fixam e renovam, transformando a resposta, do que resulta, em consequência, uma ação subordinada ao seu pensar. E isto o torna RESPONSÁVEL por ela.
A repetição de atos, modificados pela ação conjunta da vontade e da reflexão, em relação aos impulsos ou reflexos pertinentes aos instintos, atua como realimentação. Isto lhe permite avaliar os desvios de comportamento em relação aos valores que adota, pelo que se dispõe a adaptar-se-lhes, com consequente transformação do campo íntimo e do instinto, resulta- do, enfim, da atividade refletida, base da inteligência no conhecimento adquirido por recapitulação e transmissão incessantes.
c) O amor que se lhe desenvolve pela família, fá-lo instituir a propriedade e traçar, para si próprio, regras de conduta para que não imponha aos semelhantes prejuízos que não deseja receber.
Nasce, desse modo, para ele, a NOÇÃO DE DIREITO, sobre o alicerce das obrigações respeitadas.
PRINCIPIA, PARA ELE, A EVOLUÇÃO DO PONTO DE VISTA MORAL.
d) Na morte, a vida se lhe apresenta em continuação, colocando-lhe novos problemas que, de início, não entende. Desencarnado, continua em estágio educativo, no qual soma as experiências vividas e incorpora a colheita da sementeira praticada no corpo físico.
Para o selvagem, entretanto, a vida no plano espiritual é incompreensível. Desperta nela qual menino aterrado; permanece junto aos seres do plano carnal, em vários processos de simbiose e não tem outro pensamento, senão voltar ([2], Cap. XII).
5.4. — Pródromos da mediunidade
Em virtude do pensamento contínuo a criatura, pela mente, absorve e emite matéria mental (a matéria em estado de condensação diferente daquele conhecido por nós ([3], Cap. XIV; [4], Cap. IV), em processo vitalista semelhante respiração, absorvendo energia e transubstanciando-a sob a própria responsabilidade para influenciar na criação, a partir de si mesmo. ([2], Cap. XIII.)
Isto é, há transformação. A matéria mental absorvida é modificada nas suas características para adquirir outras que lhes são imprimidas pela mente, no processo de pensar, segundo a natureza intrínseca de seus pensamentos, e por ela excitada, do que resulta emissão de radiações, revestindo a pessoa de um halo energético, atmosfera mental típica e característica, que se denomina AURA.
São estas irradiações que, ao se propagarem no espaço, induzem em outras mentes que se lhe sintonizem pela afinidade de ideias, as características, as peculiaridades do pensamento que as originou e os estados d'alma a ele associados.
É por esta couraça vibratória que começaram todos os serviços da mediunidade na terra, considerando-se a mediunidade como atributo do homem encarnado para corresponder-se com os homens liberados do corpo físico ([2], Cap. XVII).
É então pelo intercâmbio de ideias (pela reflexão), que a mente primitiva passa a absorver, em baixa dosagem (limitada e nascitura que é), as ideias renovadoras que lhe são sugeridas no Plano Superior, especialmente durante o sono, em que entra em contato com os desencarnados que o orientam e lhe transfundem, pela mudança de valores no campo mental, sentimentos e ideias.
É desta maneira, pela reflexão possível que aparece entre os homens, mal saídos da selva, a inteligência artesanal, instalando no mundo a indústria elementar do utensílio. É pelo fluido mental com qualidades magnéticas da indução que o progresso se faz notavelmente acelerado. ([2], Cap. XIII.)
É neste período que se desenvolve a assim chamada civilização do sílex, do qual o silvícola (homo sapiens neanderthalensis, já considerado de nossa espécie) se tornou fabricante de ferramentas ([6], Cap. III).
Diz, ainda, André Luiz em ([2], Cap. XIII) — Pela troca de pensamentos de cultura e beleza, em dinâmica expansão, os grandes princípios da Religião e da Ciência, da Virtude e da Educação, da Indústria e da Arte, descem das Esferas Sublimes e impressionam a mente do homem, traçando-lhe profunda renovação ao corpo espiritual, a refletir-se no veículo físico que, gradativamente se acomoda a novos hábitos.
É, então, pela reflexão de ideias que se inicia o intercâmbio entre os dois planos. E a intuição, esta capacidade de captar ideias, sem a intervenção do raciocínio, esta capacidade de sintonização com outras mentes é a sua primeira forma, a forma da mediunidade inicial.
a) Bibliografia
[1] — Rino Curti — Espiritismo e Reforma Intima.
[2] — André Luiz —Evolução em dois Mundos.
[3] — Allan Kardec — A Gênese.
[4] — André Luiz — Mecanismos da Mediunidade.
b) Leituras complementares
[3] — Capítulos XI e XIV
c) Perguntas
1) O que caracteriza o ser humano dos outros seres, iniciando o ciclo das reencarnações?
2) De que forma o homem pode melhorar as circunstâncias que lhe influem o viver? Explique.
3) Como o homem se torna responsável por seus atos?
4) Como se inicia a evolução moral?
5) O que é a aura?
6) Qual a primeira forma de mediunidade? Conceitue-a.
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde.
Estudar e pôr em prática o Cap. 25.
6.1. — Introdução
Como dissemos, a mônada, ao desenvolver-se ao longo do tempo, nos estágios constituídos pelas diversas espécies, o faz sob a orientação do plano espiritual que a conduz e a habilita, pela experiência repetida e em sucessão contínua, a realizar processos necessários ao seu progresso.
É assim que ela assume, primeiro, a reprodução: e, a seguir, a alimentação, os automatismos, os reflexos, etc..., com base na lei do aprendizado, que a envolve no ciclo: nascimento — experiência — morte — experiência — renascimento, ciclo este no qual:
— pela LEI DA HERANÇA, recapitula todas as aquisições feitas, mantendo o estágio alcançado; — pelo PRINCÍPIO DE REPETIÇÃO, aumenta o próprio cabedal.
Além disso, como princípio inteligente, aumenta sua capacidade de adaptação ao meio e estrutura implementos novos na sua organização física, constituída de células que se amoldam às funções que ele próprio lhes determina.
6.2. — Adaptação
a) Mas enquanto animal, a mônada, diante dos estímulos externos, age por reflexos e instintos. Sua resposta é comportamento automático, resultado da adaptação. Seu progresso, sua evolução consiste de continuadas adaptações a situações novas que lhe são apresentadas de forma planejada e pela experiência repetida. Isto é, em determinada fase, ELA É COLOCADA DIANTE DE NOVAS CIRCUNSTÂNCIAS que lhe EXIGEM ESFORÇO DE AJUSTAMENTO. Os ESTÍMULOS provocados por uma SITUAÇÃO NOVA lhe provocam uma RESPOSTA que não se efetua, de imediato de FORMA ADEQUADA, mas sim de forma aproximada, tanto mais aproximada quanto mais a situação se repete até à acomodação final. Alcançada esta, a resposta se automatiza, passa a ser realizada sem sacrifício, liberando a mônada para a realização de novo aprendizado, não havendo mais necessidade de esforço de adaptação.
PARA PROGREDIR, A MÔNADA É COLOCADA DIANTE DE SITUAÇÕES NOVAS PARA QUE SE LHE DESENVOLVAM NOVAS FACULDADES OU SE LHE FORTALEÇAM AS EXISTENTES NÃO AINDA CONSOLIDADAS, COM BASE NAS LEIS DA ADAPTAÇÃO E DO APRENDIZADO.
b) Antes de ingressar no reino hominal, no reino do espírito, ela já é possuidora de vasto cabedal de conquistas mentais e fisiológicas, fruto desta ADAPTAÇÃO ÀS CIRCUNSTÂNCIAS QUE LHE SÃO COLOCADAS DOSADAMENTE PELOS ORIENTADORES ESPIRITUAIS VISANDO AO SEU PROGRESSO, conquistas estas que constituem suas tendências e que se traduzem nos reflexos, nos automatismos, nos instintos. Diante dos estímulos, a mente desencadeia a resposta, a ação: NA AÇÃO INSTINTIVA O REFLEXO DETERMINA A ATITUDE.
6.3. — Conhecimento
a) Ao ingressar no reino humano a mônada, agora espírito, adquire a possibilidade de comunicar-se pela palavra estruturada no pensamento contínuo, na razão e na vontade.
Com a aquisição do pensamento contínuo a ação já não é resposta por reflexo. Entre ambos se estabelece um elemento intermediário: a IDEIA, segundo um mecanismo que Emmanuel explica desta forma ([1], n° 1):
O reflexo esboça a emotividade;
a emotividade plasma a ideia;
a ideia determina a atitude e a palavra, que comandam as ações.
A corrente mental, no homem, já não se exprime tão só à maneira de impulso necessário à sustentação dos circuitos orgânicos, com base na intuição e reprodução. É pensamento contínuo, fluxo energético incessante, revestido de poder criador inimaginável [[2], Cap. X).
b) Pela continuidade do pensamento as tendências assomam à consciência na forma de desejos e sentimentos, que se lhe traduzem em ideias, objetivos a alcançar, que fundamentam o agir consequente. Mas, ao idealizar, ao mentalizar, o pensamento, pelo fenômeno da indução, entra em combinação espontânea com a onda de outras criaturas desencarnadas ou encarnadas que se lhe afinem com as inclinações e desejos, atitudes e obras, no quimismo inelutável do pensamento [[2], Cap. XI). Pela razão, pelo intelecto, associa, coordena, reformula, sintetiza as ideias permutadas, modificando o próprio conteúdo mental de modo que a ação consequente já não é resposta de suas tendências, mas é resposta que, embora fundamentada nelas, é resultado das ideias fruto desta transformação que elas sofrem com a permuta de ideias afins, portadoras de novos valores, transformação esta efetuada pelo intelecto e que se denomina CONHECIMENTO.
6.4. — Responsabilidade
a) A lei da herança e o princípio de repetição passam a atuar, agora, neste novo modo ampliado de proceder da mente. Pela lei da herança, o conhecimento alcançado passa a constituir, junto às outras conquistas de caráter fisiopsicossomático, patrimônio inalienável do indivíduo, que se traduz na intuição (faculdade também evolutiva, ao contrário do que se afirma em certas correntes panteístas), pela qual, uma vez adquirido, se manifesta automaticamente, deixando à consciência o campo livre para novas conquistas.
b) A repetição que possibilita o progresso e o aprendizado, já não é mais conduzida pelos Orientadores Espirituais que, embora continuem a proporcionar circunstâncias novas de progresso, a entregam ao livre- arbítrio do homem. É a este que, pelo LIVRE-ARBÍTRIO, sob a PRÓPRIA RESPONSABILIDADE, cabe ASSUMI-LA.
Colocado, dosadamente e na medida de sua capacidade de aprender e com a constante renovação de valores proporcionada pela Revelação, diante de novas circunstâncias, é compelido a esforço de ajustamento. Diante de nova situação, desejos e sentimentos, frutos de suas tendências, despertam-lhe o conhecimento que, pela intervenção da vontade, é submetido ao reflexionar do intelecto, enriquecendo-se de novos aspectos pelo intercâmbio com outras mentes afins.
c) Configurada a ideia de ação, passa a agir de uma forma que, de imediato não é a mais adequada, mas que ele pode avaliar. Em consequência passa a reestruturar sua mentalização num processo repetitivo, até que o conhecimento renovado lhe conduza a ação à forma requerida de adaptação e desenvolvimento, momento em que o conhecimento se lhe automatiza, traduzindo-se em novo nível intuitivo substrato, de aptidões e virtudes aumentadas.
6.5. — Evolução e livre-arbítrio
a) Enfim na fase humana, o espírito é ENTREGUE AO COMANDO DA PRÓPRIA VONTADE ([3], Cap. VII) e seu comportamento resulta de uma escolha — a nossa escolha — em função de uma escala de valores que adotamos e sugerida PROGRESSIVAMENTE pela Revelação, através das Religiões, escolha esta pela qual NOS TORNAMOS RESPONSÁVEIS. E, à medida que o conhecimento se alteia no homem, mais o processo de desenvolvimento passa a depender dele.
Diz André Luiz em ([3], Cap. VIII): — Nas épocas remotas os Semeadores Divinos guiavam a elaboração das formas, traçando diretrizes ao mundo celular...; todavia, à medida que se lhe alteia o conhecimento, passa a responsabilizar-se por si mesmo, pavimentando o caminho que o investirá na posse da Herança Celestial no regaço da Consciência Cósmica.
b) Por ser voluntária, a ação do aperfeiçoamento nem sempre encontra efetivação pelo homem, uma vez que Ele mesmo opera a retração da onda mental que o personaliza, repelindo as vibrações que o inclinem ao burilamento sempre difícil e à expansão sempre laboriosa, para deter-se no reino afetivo das vibrações que o atraem, onde encontra os mesmos tipos de onda dos que se lhe assemelham, capazes de entreter-lhe a egolatria, no gregarismo das longas simbioses, em repetidas reencarnações de aprendizagem.
A civilização, porém, chega sempre.
O progresso impõe novos métodos e a dor estilhaça envoltórios.
As modificações da escolha acompanham a ascensão do conhecimento.
A vontade de prazer e a vontade de domínio, no curso de longos séculos, convertem-se em prazer de aperfeiçoar e servir, acompanhados de autodomínio. ([2], Cap. XI.)
6.6. — Progresso moral e intelectual
A este respeito lemos também em KARDEC [4]:
Pergunta 780 — O progresso moral segue sempre o progresso intelectual?
— É sua consequência, mas não o segue sempre imediatamente.
Pergunta 780a — Como o progresso intelectual pode conduzir ao progresso moral?
— Dando a compreensão do bem e do mal, pois então o homem pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio segue-se ao desenvolvimento da inteligência e aumenta a responsabilidade pelos seus atos.
O conhecimento se realiza com o pensar pelo desenvolvimento das ideias, a partir das tendências de cada um, com a reflexão, o raciocínio e o livre-arbítrio, todos eles, por sua vez, faculdades que evoluem. É possível que o indivíduo desenvolva o intelecto, sem a consequente ação, no isolamento da vida meditativa, com conhecimento de toda a espécie e que acalente desejos não condizentes com o bem comum.
Não ultrapassará, porém, sua faixa evolutiva. Enveredará pelas sendas da fantasia, das irrealidades, estacionando no campo moral, sem desenvolver aptidões e virtudes e correrá o risco de envolver-se em atitudes não condizentes com a realidade.
Entretanto, se se afeiçoa aos ditames do bem comum, nas suas realizações, com a repetição dos atos se lhe sublimam as tendências, que se traduzem nos desejos e sentimentos de amor, automatizando-lhe o comportamento na prática das virtudes: a bondade, a misericórdia, a humildade, a caridade,... no desenvolvimento da moralidade.
A moralidade é posterior ao conhecimento porque ela se constitui de desejos e sentimentos resultantes da sublimação das tendências realizadas pela repetição dos atos consequentes das ideias, que o espírito, pela vontade e pelo intelecto, elege por livre escolha.
Não é pelo que o homem diz que se lhe conhecem as qualidades; mas é pelo agir e pelas obras!
O progresso só se realiza com a automatização do bem em nosso comportamento. Por isto, Emmanuel diz que a sabedoria e o amor são as duas asas que nos conduzirão ao progresso. E é pelo mesmo motivo que André Luiz afirma terminar para nós o ciclo das reencarnações, quando tenhamos automatizado o comportamento evangélico.
a) Bibliografia
[1] — EMMANUEL — Pensamento e Vida
[2] — ANDRÉ LUIZ — Mecanismos da Mediunidade
[3] — ANDRÉ LUIZ — Evolução em Dois Mundos
[4] — ALLAN KARDEC — O Livro dos Espíritos
b) Leituras complementares
Os capítulos da bibliografia citados no texto.
[5] — Irmão X — Luz Acima — Cap. 18.
c) Perguntas
1) O que se entende por Lei da Herança e Princípio de Repetição?
2) Em que consiste a adaptação da mônada às várias circunstâncias?
3) De que forma, na fase humana, o comportamento depende do conhecimento? Explique-o.
4) De que forma a evolução é entregue à responsabilidade do homem?
5) Como se processa a escolha de nosso comportamento?
6) Qual a relação entre conhecimento moral e intelectual?
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde
Estudar e pôr em prática o Cap. 26.
7.1. — Introdução
Verificado como se formam as faculdades humanas, estudemos agora como se desenvolve a religião. a) Pouco sabemos a respeito das primitivas crenças. Temos, entretanto, entre os povos selvagens da atualidade, os remanescentes dos povos que viveram o estágio dos primeiros homens e as correspondentes ideias.
Do ponto de vista científico, o que sabemos a este respeito nos fornecido pela História, a Arqueologia e os documentos antigos. Mas, principalmente, nos é esclarecido pelos testemunhos vivos dos representantes ainda existentes: as tribos mais selvagens da Austrália, da África, do Brasil Central.
Não fora o estudo entre estas tribos selvagens, pouco se saberia a respeito. O que se sabe, deve-se essencialmente ao esforço de alguns estudiosos, a missionários que entre eles viveram. As descrições, entretanto, são todas eivadas de interpretações materialistas ou religiosas dogmáticas, que pretendem desconhecer a mediunidade e o caráter progressivo da Revelação.
b) Do ponto de vista espírita, também não há um estudo mais profundo, o que dificulta o entendimento. Entretanto, necessário se faz penetrar-lhes o significado para neles poder evidenciar o princípio evolutivo que governa o desenvolvimento das Religiões, poder explicar a evolução de seus conceitos, desde as formas mais primitivas às formas mais recentes: o Espiritismo. Disto ressaltará também o valor positivo da participação das Religiões na evolução do homem, constituindo-se num dos pilares para a edificação de seu progresso, feita de qualidades e virtudes, de fatores que impulsionam para rumos mais altos e que, a cada uma, confere valor, grandeza, nobreza, considerando como fatores secundários e inevitáveis os aspectos negativos, representados pelo fanatismo intolerante, crendices e superstições.
7.2. — O Totemismo
a) As formas de religião mais primitivas são as encontradas no paleolítico, no qual o homem vive o estágio da caça e da pesca e a sociedade está fundamentada nos laços do parentesco, dos ancestrais comuns, denominados Totens. Daí a palavra Totemismo. Seus representantes atuais, como dissemos, são as tribos de selvagens hoje existentes.
Os primeiros problemas que se põem diante da mente primitiva, a sugerir-lhe a ideia da alma, de vida além da morte, são os sonhos, o sono, a morte, bem como as reminiscências que ele guarda da vida espiritual e do contato que, no sono ou em vigília, mantém com os desencarnados, pelo fenômeno da reflexão de ideias, pelo qual os homens melhores atraem os Espíritos adiantados que os auxiliam; enquanto que os revoltados e rebeldes se envolvem com entidades da mesma classe, enovelando-se nos crimes, obsessões e enfermidades mentais.
Embora, em seu entendimento nascituro, não se faça uma ideia melhor da vida espiritual, a ponto de não fazer muita distinção entre a vida em sonho e em vigília, entende que nela a alma se separa do corpo e que pode continuar a ele relacionada ou reencarnar em outras pessoas, animais ou plantas, ou mesmo desaparecer definitivamente. É a crença na Metempsicose.
b) A alma, entende ele, participa de tudo que diz respeito ao corpo: dos pelos, excreções, lágrimas, suor etc... Atuar sobre estes elementos é atuar sobre ela e, portanto, sobre os indivíduos. Ela mesmo pode ser roubada, comida, substituída. Por isso considera ser necessário precaver-se, para que nada possa cair nas mãos de mal intencionados. E que, ainda, embora separada do corpo, necessite de alimentos, bebidas, honrarias, etc..., o que aliás é reforçado pelos contatos com os desencarnados que buscam, em processos de simbiose, auferir de fluidos que os encarnados lhes podem oferecer.
Acredita na existência de um princípio — o maná — pelo qual todos os seres podem influenciar-se mutuamente, por si mesmos ou por suas ações. Um princípio que fortalece e proporciona a aquisição de qualidades, pelo qual objetos e seres emitem ou recebem forças, virtudes e qualidades de outros seres e objetos que com ele possam relacionar-se. Por isto se considera parente dos animais ou plantas mais abundantes da região, por comê-los ou com eles conviver.
c) Crê ainda que os mortos, ao subsistir-lhes a alma, adquirem poderes sobrenaturais tornando-se a causa livre e independente dos fenômenos naturais, de tudo aquilo que não compreendem, relacionando a eles a garantia da subsistência, do bem-estar e da prosperidade. Daí considerá-los como seres sagrados, objeto de culto a quem devem manter como amigos, parentes protetores naturais.
7.3. — Cultos e ritos
a) O primitivo dedica culto aos mortos no intuito de garantir-lhes a sobrevivência, que considera indispensável à vida coletiva e que, por isto, se deve constituir em preocupação primordial. Entre os que se destacam em vida, mais adiantados, assimilando correntes mentais dos Espíritos mais avançados, deixam orientação: são os portadores de revelação, os que estabelecem regras de comportamento coletivo. Por isto, passam a ser considerados mais poderosos, quando mortos, atribuindo-se-lhes a causa dos astros, dos raios, do trovão e da origem das coisas.
b) Destas ideias surgem os ritos e as práticas religiosas; a distinção entre sagrado e profano, a noção de tabu, que eles emolduram de fantasias, com a imaginação própria de suas concepções limitadas.
Sagrado passa a ser tudo que se relaciona aos mortos; profano, o resto, inclusive o trabalho, porque estabelece contato somente com as coisas vulgares da vida.
Tabu é toda sorte de proibições tendentes a evitar se maculem as coisas sagradas com as profanas, o que dá margem à existência de abstenções, privações, sacrifícios que devem constituir-se num tributo à manutenção da solidariedade e do auxílio entre os membros de um totem, tais como: não matar ou comer o animal totêmico, a não ser em determinadas cerimônias que se constituem em verdadeiras comunhões; não falar durante as cerimônias sagradas; e outras.
c) Lidar com as coisas sagradas confere dignidade religiosa, que não é difundida igualmente. Os velhos a possuem mais que os moços; os homens mais que as mulheres. Os jovens, para adquiri-la, têm de submeter-se a uma severa iniciação — um novo nasci- mento, após o qual e depois de um certo período de práticas, podem entrar em relação com as coisas sagradas.
O selvagem acredita poder influir com gestos e palavras nos acontecimentos. Gestos e palavras são forças: imitando um evento, ele acontecerá. Assim, derramando água de certa forma, choverá; meneios com a emissão de sons, imitando certa espécie de animal, garantirão reprodução abundante. Diante das inúmeras situações, os ritos se diversificam, cada qual especificamente dirigido para cada caso ou ocasião.
7.4. — O Animismo
a) O Animismo se apresenta como evolução do Totemismo, consequência do progresso do indivíduo que, saindo dos estágios mais rudimentares da pesca e da caça, avança para as primeiras formas sedentárias da vida social, ao iniciar-se no cultivo da Terra.
Passa-se a considerar a Metempsicose com mais amplitude pela qual os espíritos, entende-se, povoam tudo: rios, mares, montanhas, objetos, além de encarnarem em animais e plantas.
A crença no poder dos mortos se transforma na concepção de divindades que o possuem umas mais que outras, atribuindo-se às maiores a origem do mundo e dos seres.
b) A ideia de maná também se amplia para entendê-lo como força que anima a natureza e cuja obtenção merece todos os esforços. Sobre ela se instituem a magia e a feitiçaria, pelas quais se supõe que, atuando sobre pertences ou miragens, ou procedendo por gestos, provocar o desencadear de acontecimentos benfazejos ou malfazejos.
Nesta ideia de maná e das concepções a ele relativas, se situam também as primeiras experiências concernentes ao magnetismo humano, pelo qual as criaturas se influenciam reciprocamente, notadamente pelo passe. As concepções que sobre ele se elaboram, sem dúvida refletem a primitividade das mentes que o emolduram de crendices e superstições, principalmente porque, até o surgimento do Espiritismo e das ciências psíquicas modernas, tais fatos jamais foram estudados e sempre foram negados. Hoje, entretanto, entende-se que tais fatos constituem o vasto campo da mediunidade, que já não podem deixar de ser estudados, impedidos pelo preconceito e as proibições de caráter dogmático.
c) A magia e a feitiçaria, em sua essência, constituem o desenvolvimento das ideias e práticas pelas quais se supõe que as palavras ditas de certa forma são forças; que, imitando acontecimentos, eles ocorrem; que, quebrando-se imagens, ferem-se ou destroem-se os indivíduos que elas representam; que se pode conferir poder mágico a objetos, o que permitiria evitar desgraças, produzir felicidade, dando margem ao surgimento de toda espécie de superstições, amuletos, feitiços e talismãs.
7.5. — Mediunidade espontânea
Diz André Luiz (em [2], Cap. XVII) que o homem, no sono, começa a aprender o desprendimento parcial do corpo espiritual, que permanece ligado ao corpo físico por laços fluídico-magnéticos.
Uma vez que o pensamento flui com continuidade, a mente, aliviando o controle sobre o corpo físico, ensimesma-se em seus próprios pensamentos, plasmando as imagens motivadas por seus próprios desejos ou intenções do que almeja concretizar. Ou então sofre as consequências de seus excessos ou do remorso por faltas cometidas, cujos reflexos se estruturam em suas próprias lembranças.
Em ambas as situações, ela atrai, pelas irradiações que emite de sua aura, as entidades que se lhe afinam ao modo de pensar; que o auxiliam quando voltada à ascensão moral; lhe sugam energias e lhe alimentam os propósitos infelizes, quando entregues à ociosidade ou às intenções malignas que os envolvem nas situações deprimentes e obsessivas.
Além disso, pelo desprendimento parcial, desloca-se, acompanhando o impulso da corrente mental para os objetos de seu interesse. Deste modo, o lavrador retorna ao campo em contato com as entidades que amparam a natureza; o escultor, ao bloco de mármore; o seareiro do bem, à leira do serviço em que se lhe desenvolve a virtude; o culpado, ao lugar do crime, cada qual recebendo dos espíritos afins os estímulos elevados ou desagradáveis de que se fazem merecedores. ([2], Cap. XVII.)
b) Consolidadas tais relações com o plano espiritual, pela hipnose, as pessoas, que tinham ligações menos estreitas entre o corpo espiritual e o corpo físico, em certas partes do corpo somático, passaram a ter, em vigília, as mesmas observações que tinham durante o sono, que se foram acentuando, segundo o grau de cultura que foram desenvolvendo, configurando a mediunidade espontânea ([2], Cap. XVII).
Se fossem os órgãos da visão a possuírem esta relação menos estreita, manifestava-se a clarividência; se os órgãos da audição, a clariaudiência; e analogamente várias outras modalidades, entre as quais os fenômenos de materialização, fundamentados na emissão de ectoplasma, condensação de princípios obtidos dos recursos periféricos do citoplasma.
c) E assim como o homem, do paleolítico inferior evolui para os estágios mais avançados do paleolítico superior, em que a inteligência artesanal se amplia, proporcionando o início de atividades como a cerâmica, a carpintaria, a tecelagem, a construção de habitações, o uso do fogo e de metais, a iniciação nas artes do desenho, pintura, escultura nas rochas, também as peculiaridades mediúnicas se ampliam, se diversificam, contribuindo ao desenvolvimento das tarefas, da cultura, das práticas religiosas, pelo correio que se estabelece entre os dois planos.
Entretanto, diz André Luiz, os médiuns, pela ignorância, não puderam realizar mais que a fascinação recíproca ou a magia elementar, em que os desencarnados, igualmente inferiores, eram aproveitados por via hipnótica, na execução de atividades materialistas, sem qualquer alicerce na sublimação pessoal.
7.6. — A origem da mitologia
No fim do Paleolítico Superior (de 50.000 a 5.000 anos A. C., dependendo das regiões) em que o homem se adentra mais no estágio agrícola, certos espíritos passam a ser considerados mais importantes que outros, mesmo porque certos homens deixam a passagem por este plano de forma a mais marcante. É o aparecimento dos deuses.
Com isto, os fenômenos passam a ser entendidos como o resultado de dramas ocultos entre estas entidades, cujas explicações vão constituir os mitos, que se tendem a configurar nas explicações teóricas dos acontecimentos, dos quais, inclusive, o homem tende a inferir aplicações práticas dirigidas ao sucesso, bem-estar e felicidade dos vivos.
Entende-se que tudo se originaria da vontade dos deuses, em obediência única e exclusiva de suas preferências e caprichos. Cultuá-los e dirigir-lhes oferendas constituir-se-ia em fator capaz de alterar-lhes as disposições, em favor daqueles que lhes dirigissem homenagens.
Esta é uma das principais razões pelas quais os cultos e ritos enriqueceram tais crenças, fazendo com que suas influências se estendam até nossos dias, sustentadas pelas religiões que delas ainda não se desvencilharam.
Basta dizer que até bem pouco tempo a cultura se constituía em grande parte do seu estudo, pelo grande número de anos que os escolares tinham de devotar ao estudo do latim e do grego, as duas línguas que veiculavam as formas mitológicas mais avançadas que se conheceu.
a) Bibliografia
[1] — André Luiz — Nosso Lar.
[2] — André Luiz — Evolução em Dois Mundos
b) Leituras complementares
Francis Celória — Arqueologia (Coleção Prisma-Melhoramentos).
Felicien Challaye — Pequena História das Grandes Religiões.
Darcy Ribeiro — Os Índios e a Civilização.
c) Perguntas
1) O que é Totemismo?
2) De que surge, para o selvático, a ideia de alma e da sobrevivência?
3) Qual o significado dos cultos e dos ritos?
4) O que é o animismo?
5) O que é a magia?
6) O que é a mediunidade espontânea?
7) O que são os mitos?
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde.
Estudar e pôr em prática o Cap. 27.
8.1. — Introdução
a) A passagem que o ser espiritual efetua do estágio animal para o estágio hominal, se faz, essencial- mente, pela aquisição do pensamento contínuo, da razão e do livre-arbítrio. Entretanto, ele tem um passa- do, conquistas, tendências, que se traduzem em ideias e comportamentos, quando atuadas pelos estímulos do meio em que se situa.
Recapitulando, o pensamento contínuo, nos períodos de inação, suscita a meditação pela qual a mente exterioriza suas ideias, capta as que lhe são afins, as coordena e as relaciona entre si pelo intelecto que se The desperta, constituindo, pela mediunidade, na sua forma inicial intuitiva, o intercâmbio com a vida que nos rodeia, através da qual somos vistos e examinados pelas Inteligências Superiores, sentidos e reconhecidos pelos nossos afins, e temidos e hostilizados ou amados e auxiliados pelos irmãos que caminham em posição inferior à nossa. ([1], Cap. XVII.)
Inicialmente dotado de instintos, com base nos quais o comportamento se lhe resulta resposta automática aos estímulos, segundo suas próprias tendências, pela meditação vê-se-lhe acrescer o campo mental que, com a participação da vontade, o habilita a preparar a ação sobre a ideia pré-elaborada.
Inicia-se-lhe a modificação dos instintos, com a substituição gradativa dos impulsos pela ação refleti- da, sob sua responsabilidade.
Com o desprendimento do corpo espiritual, que aprende a realizar durante o sono, estabelece melhor contato com o Plano Superior e, com o raciocinar, instado pelos Instrutores Amigos, começa a indagar quanto às questões que enfrenta e reconhece que, atuando, pode influir para obter mais.
b) No campo moral, impelido a aceitar os princípios de renovação e progresso pelo amor à prole, a instituição da família e da prosperidade, a noção de direito sobre o alicerce das obrigações respeitadas, pela qual se impõem regras de conduta para não impor ao semelhante o que não deseja para si, inicia a evolução do ponto de vista moral.
Na morte, a vida se lhe apresenta em continuação, colocando-lhe novos problemas que, de início, não entende.
Desencarnado, continua em estágio educativo, no qual soma as experiências vividas e incorpora a sementeira praticada no campo físico.
8.2. — A cultura primitiva
a) Diz André Luiz ([1], Cap. XII) que, para o selvagem, a vida no plano espiritual é incompreensível. Desperta nela qual menino aterrado, permanece junto aos seres do plano carnal, em vários processos de simbiose, e não tem outro pensamento senão voltar.
Como desencarnado ou encarnado, sua mente começa a absorver, em baixa dosagem, as ideias renovadoras que lhe são sugeridas no Plano Superior. Desponta a inteligência artesanal, instalando a indústria elementar do utensílio... Inicia a estabelecer contato com os grandes princípios da Religião e da Ciência, da Virtude e da Educação, da Indústria e da Arte, que descem das Esferas Sublimes, impressionando-lhe a mente e traçando-lhe profunda renovação ao corpo espiritual, a refletir-se no veículo físico que, gradativamente, se acomoda a novos hábitos.
b) Por indução, os homens melhores, nas primeiras manifestações da mediunidade, assimilam as correntes mentais dos Espíritos mais avançados, gerando trabalho e progresso, nos meandros do bem, enquanto outros, rebeldes e revoltados, permanecem atados às malhas da ignorância, gerando ondas de dor e sofrimento nos processos do mal.
As concepções acerca da vida, da morte, do sono, dos sonhos, da alma, se lhes desenvolvem com as limitações de sua mente nascitura e limitada, elaborando as ideias de metempsicose, parentesco com animais, etc., que constituem a cultura primitiva.
8.3. — A desencarnação
A morte é explicada por André Luiz como uma metamorfose, que podemos entender análoga à metamorfose dos insetos.
A larva com o tempo se torna pupa, se imobiliza e se transforma em crisálida, num casulo feito com a secreção de suas vibrações psicossomáticas, destrói seus órgãos, ao mesmo tempo que constrói outros novos. Realizada a metamorfose, ressurge renovada como borboleta, modificada, mas o mesmo indivíduo, somando em si as experiências de todos os estágios já vividos.
Da mesma forma, o ser humano, na morte, cessa os movimentos, encasulado no cadáver. Nesta fase, ensimesmado nos próprios pensamentos — secreções de sua mente — recapitula, em retrospecto e automaticamente, todas as experiências, os fatos, os acontecimentos vividos, liberando energias afins à natureza destes pensamentos, que lhe destroem os órgãos, ao mesmo tempo que imprimem, magneticamente, às células, diretrizes para a formação de outros órgãos para o novo ciclo de evolução em que ingressam, como indivíduo renovado, mas sempre o mesmo.
Isto fá-lo ressurgir no plano espiritual com peso específico, resultante do corpo que elaborou, e com materiais mais ou menos grosseiros, segundo a natureza dos próprios pensamentos, continuando, além-túmulo, a caminhada educativa, somando as experiências das fases vividas e recebendo a orientação e o influxo das Inteligências Superiores em sua marcha laboriosa para mais elevadas aquisições [1].
b) Como já dissemos em ([4], Cap. 7), no plano extrafísico encontra a matéria em diferentes formas de condensação, e se situa no solo que corresponde à 4 densidade do seu espírito, junto a outros, formando comunidades mais ou menos felizes, segundo a natureza dos próprios pensamentos. [[1], Cap. XIII.)
Nesse novo Plano, a consciência desencarnada, neste estágio já relativamente responsável, vai conhecer o resultado de suas próprias criações na passagem pelo campo carnal, através dos reflexos respectivos em seu pensamento — o fluido em que se lhe imprimem os mais íntimos sentimentos e que lhe define os mais íntimos desejos. ([1], Cap. XIII.)
8.4. — A simbiose espiritual ([4], Cap. 7)
a) O ser espiritual precisa adaptar-se à nova vida nos dois planos, no físico e no extrafísico, desenvolver recursos de sustentação, frente às novas condições vibratórias que o mesmo Plano lhe impõe.
Não o fará de imediato. Arrebatado aos que mais ama e ainda incapaz de entender a transformação da paisagem doméstica de que foi alijado, revolta-se comumente contra as novas lições da vida a que é convocado, em plano diferente, e permanece fluidicamente algemado aos que se lhe afinam com o sangue e com os desejos, comungando-lhes a experiência vulgar. ([1], Cap. XIV.)
A fixação do pensamento em voltar imobiliza-o, atrofia-lhe os órgãos do corpo espiritual, e o pensamento fixo-depressivo faz com que seu corpo espiritual se reduza a uma forma ovoide que, ao calor do vaso genésico da mulher, ressurge segundo as leis da reencarnação em novo corpo físico, recapitulando, no processo reencarnatório, todos os lances de sua evolução filogenética.
b) André Luiz estabelece analogia com a simbiose entre o cogumelo e a alga, no âmbito dos líquens.
O cogumelo intromete filamentos nas células da alga; suga-lhe matérias orgânicas por ela elaboradas por meio da fotossíntese. Reciprocamente, a alga se serve dele contra a perda d'água e lhe recolhe, por absorção permanente, água, sais minerais, gás carbônico e elementos azotados, motivo pelo qual os líquens conseguem superar as maiores dificuldades do meio.
Sem essa simbiose cada componente teria vida frágil e precária.
Analogamente, o primitivo amedrontado perante o desconhecido, vale-se da receptividade dos que lhe choram a perda e demora-se colado aos que mais ama. Com isto, lança as emanações do seu corpo espiritual para a intimidade dos tecidos fisiopsicossomáticos daqueles que o asilam, subtraindo-lhes a vitalidade, elaborada por eles na biossíntese. [[1], Cap. XIV.)
A mente encarnada entrega-se inconscientemente ao desencarnado que lhe controla a existência, sofrendo-lhe domínio parcial, mas em troca, em face da sensibilidade excessiva de que se reveste, passa a viver necessariamente protegida contra o assalto de forças ocultas ainda mais deprimentes.
c) Em tais processos simbióticos, o desencarnado subjuga a mente do encarnado e, refletindo-se mutuamente, passam a viver desta forma, até que a vida, pela dificuldade, pela dor, lhes imponha a alteração rumo ao progresso e a novos estágios de evolução.
É nesta conjugação de mentes que se formam as concepções do mundo primitivo. O Plano Superior comunica ao desencarnado, este ao encarnado.
Mentes mais voltadas para o bem, mutuamente apoiadas, colhem do Plano Superior, através do desencarnado, noções de elevação moral, de orientação para o desenvolvimento de atividades de caráter artesanal, que beneficiam o meio em que se vinculam. Por eles instituem-se as noções primeiras que fundamentam a cultura no estágio em que se encontram, as primeiras concepções de bem, de mal, de sagrado, de profano, etc., que se emolduram das interpretações e simbolismos que suas mentes infantis elaboram, segundo os parcos recursos de sua imaginação. É o que acontece conosco. Entidades de menor porte espiritual comunicam-se conosco, muitas vezes, como intermediários do Plano Maior, pela maior facilidade que encontram, ao estabelecer o intercâmbio.
Mentes entregues à revolta, ao medo, ao ódio, aos impulsos gerados por tais sentimentos, patrocinam as manifestações do mal, pelas quais geram, em consequência de suas faltas, reencarnações reparadoras e de reajustamento, pela dor e sofrimento.
d) Em outras circunstâncias, ainda, o desencarnado, eivado de ódio e perversidade, atua sobre as próprias vítimas, inoculando-lhes fluidos letais, se não impondo-lhes a própria morte.
Desta forma, a simbiose espiritual existe entre os homens encarnados e desencarnados, nas mais variadas formas de mediunismo consciente ou inconsciente, pelas quais os desencarnados, por ignorância ou por fraqueza, sugam a vitalidade dos encarnados até que estes, com a força do seu próprio trabalho, no estudo edificante e nas virtudes vividas, lhes ofereçam material para mais amplas meditações, pelas quais se habilitem à necessária transformação com que se adaptem a novos caminhos e aceitem encargos novos, à frente da evolução deles mesmos no rumo das esferas mais elevadas. ([1], Cap. XIV.)
a) Bibliografia
[1] — André Luiz — Evolução em Dois Mundos
[2] — André Luiz — Missionários da Luz
[3] — André Luiz — Os Mensageiros
[4] — Rino Curti — Espiritismo e Reforma Intima.
b) Leituras complementares
[1] — Capítulo XIV
[2] — Capítulos VIII e XIII, XIV e XV
[3] — Capítulos 37 a 42.
c) Perguntas
1) Quais consequências acarreta o pensamento contínuo, na criatura?
2) Como se inicia a vida espiritual para o primitivo?
3) Como é explicada a desencarnação por André Luiz?
4) Como resulta situado o desencarnado no Plano Extrafísico? Por quê?
5) O que é forma ovoide?
6) O que é simbiose espiritual? É útil? É duradoura? Como termina?
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde.
Estudar e pôr em prática o Cap. 29.
9.1. — Vampirismo e obsessão
a) Assim como há formas úteis de associação, como nas simbioses, há também formas prejudiciais, tais como as micorrizas das orquidáceas, em que o cogumelo invade a raiz da planta, provocando-lhe, às vezes, até a morte.
Em geral, nessas associações, uma das partes, após insinuar-se, cria vantagens para si, em prejuízo da outra, podendo estabelecer situação exploradora de longo curso, por adaptação progressiva entre o hospedeiro e o parasita, que atua até a produção de sérios embaraços nas funções dos órgãos do hospedeiro. [[1], Cap. XV.)
b) Nos indivíduos, as associações prejudiciais se encontram nas ligações de obsessão e vampirismo, existentes desde os primórdios da fase humana. Rebelando-se, em grande maioria, contra as sagradas convocações, e livres de escolher o próprio caminho, os desencarnados, em grande número, continuam a oprimir os encarnados, disputando afeições e riquezas com os que ficam na carne, ou tentando empreitadas de vingança e delinquência, quando desencarnados em circunstâncias delituosas.
As vítimas de homicídio, brutalidade e perseguição, fora do vaso físico, entram na faixa dos ofensores e, em vez de perdoar, lançam-se a vinditas atrozes, implantando, para eles e para si, extensa cadeia de trevas.
Outros, obstinados a fazer justiça por si mesmos, envolvem os que visam e, auto-hipnotizados por imagens em que se fixam, sofrem transformações morfológicas no campo espiritual, cujos órgãos, por falta de uso, se atrofiam e assumem forma ovoide, permanecendo vinculados às próprias vítimas que, mecanicamente, a eles permanecem ligadas, por afinidade de pensamentos, de ódio, de egoísmo ou de viciação. ([2], Cap. 7.)
O obsessor absorve as forças psíquicas do obsidiado, numa situação que, por vezes, se prolonga além da morte física, até que, pela reencarnação, ambos encontrem o caminho da reconciliação.
9.2. — Castigo, dor e sofrimento
a) Dor, sofrimento, provas, permanecem relacionados aos imperativos da lei da ação e reação, em que a noção de castigo adquire expressão nova.
A noção habitual de castigo, em outras crenças, está imbuída de conotações relacionadas à noção de pecado, como ofensa a Deus, de castigo ministrado por Ele, de uma condenação que pode ser eterna, em virtude da ofensa que é infinita porque proporcional ao grau do ofendido.
b) A noção de justiça, entretanto — diz André Luiz — permanece relacionada à repressão da sociedade contra as causas que lhe introduzam desordem e harmonia e, portanto, exercida pelos espíritos, no plano extrafísico, tal como ela é exercida aqui no plano físico. ([1], 2. Parte, Cap. VI.)
E ela é efetuada no meio em que o espírito se situa. Nas regiões de sofrimento — o Umbral — ela é exercida por espíritos da mesma faixa vibratória que a do culpado e pode assumir feições bastante duras e rudes [5]. Nos meios mais evoluídos, ela é exercida com maior propriedade, por magistrados de maior envergadura de Espíritos integrados no conhecimento do Direito, com dilatadas noções de culpa e resgate, erro e corrigenda, psicologia humana e ciências sociais, a fim de que as sentenças ou informações proferidas se atenham à precisa harmonia, perante a Divina Providência, consubstanciada no amor que ilumina e na sabedoria que sustenta. ([1], 2.a Parte, Cap. VI.)
c) Quanto à dor e ao sofrimento, em geral, dizem respeito aos desajustes provocados por comportamentos que nos desconcertam em relação à ordem e à harmonia com o meio e o semelhante, e que é necessário restabelecer.
Para isto, em geral, o espírito muitas vezes escolhe a própria oportunidade de restauração. O que não significa que devamos, em idênticas condições, passar pelas mesmas coisas que provocamos. Basta que nos devotemos ao bem para que, atraindo forças benéficas, possamos transformar as circunstâncias e criar condições aptas a nos favorecer, com a intercessão de espíritos amigos que, em nos vendo modificados, podem interceder com as mais variadas for- mas de auxílio. ([1], Cap. XV.)
9.3. — Remorso e arrependimento
Se no pensamento reside a força criadora pela qual as almas desenvolvem suas faculdades e o seu aprimoramento, mutuamente relacionadas por afinidade, nele também residem os meios pelos quais as mentes transviadas são automaticamente detidas em sua marcha e reconduzidas ao pensar equilibrado e à atividade remissora.
Diz André Luiz em [1]: É da Lei Divina que o homem receba, em si mesmo, o fruto da plantação que realizou, visto que, nos órgãos de sua manifestação, recolhe as maiores concessões do Criador, para que efetive o seu aperfeiçoamento na Criação.
Pois bem, a mente controla o corpo através das ligações dos centros de força com o corpo, pelo que se estabelece a ação resultante de nossa escolha. Tais ligações trazem de volta sua essência à mente, a fim de que se ajuíze o acerto ou o desacerto de nossas decisões.
Sempre que o acontecido provoque desarmonia ou desordem, produz-se um estado de turvação, de conturbação da mente, pelo qual, automaticamente, ela se fixa nos quadros relacionados às culpas contraídas, sem poder desviar deles a contemplação e sem poder fixar-se em outros... Escutará exclusivamente vozes acusadoras que lhe apontem os compromissos inconfessáveis; ... recordará apenas os acontecimentos que se lhe refiram aos padecimentos morais, com absoluto olvido dos outros... num monoideísmo que as isola nas recordações ou emoções,... no qual, o pensamento, em circuito fechado, e por ficar reforçado pelos pensamentos de outros afins, materializa pesadelos fantásticos em conexão com as lembranças que albergam [[1], Cap. XVI).
9.4. — Resgate
a) Resumindo, as criaturas culpadas, pelo remorso e pelo arrependimento, se fixam nos quadros das más ações cometidas e, os ofendidos, sequiosos de vingança ou criminalidade, atendo-se aos mesmos quadros, estabelecem ligações de provação e sofrimento.
Os estados de conturbação provocados pelo pro- ceder contrário ao bem comum, em função das forças que se estabelecem pela revolta, pelo remorso, pelo arrependimento, pelas acusações dos que se sentiram prejudicados, atuam sobre os núcleos energéticos da alma para detê-la nos quadros terríficos que lhe digam respeito às culpas contraídas, sem capacidade para observar paisagens de outra espécie; escutará exclusivamente vozes acusadoras que lhe testemunharam os compromissos inconfessáveis, sem possibilidade de ouvir quaisquer outros valores sônicos, tanto quanto poderá recordar acontecimentos que se The refiram aos padecimentos morais, com absoluto olvido de fatos outros, até mesmo daqueles que se relacionem com a sua personalidade ([1], Cap. XVI).
E, dessa forma, até que se esgotem os motivos que alimentam tais estados, vive o espírito torturado pelas imagens, frutos de suas culpas. E por ser o pensamento o veículo de forças que atuam na matéria, tal qual se apresenta no mundo extrafísico, tais imagens, se forçadas por outras do mesmo teor, plasmam paisagens regenerativas, regiões em que a consciência culpada expia as consequências de seus atos, de seus delitos, lugares, retendo a associação de centenas de milhares de transviados, se transformam em verdadeiros continentes de angústia, filtros de aflição e de dor, em que a loucura e a crueldade, juguladas pelo sofrimento que geram de si mesmas, se rendem lentamente ao raciocínio equilibrado, para a readmissão indispensável ao trabalho remissor ([1], Cap. XVI).
9.5. — Zonas Purgatoriais
São as regiões e quadros que, oferecendo-se aos videntes, dão margem às ideias de inferno, de zonas purgatórias, citadas em muitos credos religiosos e que não são meras concepções fantasiosas, mas sim realidades que o espírito culpado enfrenta e das quais não pode libertar-se em pouco tempo [3], [5].
Com eles, os Agentes do Amor Divino intervêm caridosamente no sentido de subtraí-los às penas e à aflição, tal qual o médico cura as doenças sem julgar, buscando apenas socorrer a necessidade. Mas assim como o médico pouco ou nada poderá fazer se o doente não se dispuser à reação, assim os Missionários do Bem nada sofrerão enquanto não se desfizerem, nos socorridos, as influências das aflições, das criações mentais em que se envolveram.
Isto não significa que no Plano Extrafísico não haja justiça, tribunais, como já citamos, nem defesas. Lá, como cá, trata-se de uma sociedade organizada e, portanto, com todos os instrumentos e instituições aptas a garantir o equilíbrio, a paz e o desenvolvimento da sociedade.
André Luiz (em [2], Cap. XX) narra das Defesas contra o mal, em que descreve fortificações e armas contra as organizações do mal que, continuando suas operações no além-túmulo, uma vez que a morte não modifica ninguém, ameaçam a paz e a harmonia.
Em [7], André Luiz narra também do Umbral e das providências enérgicas que se fizeram necessárias, quando em Nosso Lar se tratou de resolver problemas de alimentação ([7], Cap. IX).
9.6. — A oportunidade renovada
A reencarnação sempre se oferece como nova oportunidade para o retorno ao aprendizado prático das lições em que a alma faliu.
No espírito encarnado, o pensamento espraia pela alma as radiações mentais que produz, nas quais se refletem as imagens que o espírito cultua, irradiando-as e exteriorizando-as. Por isto, os homens melhores atraem a companhia dos espíritos melhorados, ocasionando núcleos de progresso que geram trabalhos edificantes e educativos; enquanto os rebeldes alicerçam a companhia de entidades da mesma classe.
No sono tornam-se mais suscetíveis à influenciação dos desencarnados, beneficiando-se, os primeiros, em orientação e auxílio, tornando-se vítimas, os segundos, de uma atuação que lhes suga energias e lhes assopra sugestões infelizes.
É, como dissemos, o início da mediunidade.
A ignorância faz com que alguns não ultrapassem os limites das relações com espíritos atrasados, estabelecendo a magia negra, enquanto outros, em contato com os espíritos mais avançados, veiculam a Religião em forma de Mitologia, em que orientadores familiares são levados à conta de deuses. O conflito entre o Bem e o Mal se estabelece com a participação dos dois Planos de uma forma que está longe ainda de terminar.
a) Bibliografia
[1] — André Luiz — Evolução em Dois Mundos.
[2] — André Luiz — Os Mensageiros
[3] — Allan Kardec — O Céu e o Inferno
[4] — Ivone Pereira — Memórias de Um Suicida
[5] — André Luiz — Libertação
[6] — André Luiz — Ação e Reação
[7] — André Luiz — Nosso Lar.
b) Leituras complementares
As dos capítulos da bibliografia citados no texto.
c) Perguntas
1) Explicar o Vampirismo.
2) Explicar a Obsessão
3) Explicar as situações familiares de prova
4) Qual a função da dor?
5) Como se realiza a reconciliação com inimigos? Sempre da mesma forma ou há vários caminhos?
6) Explique o remorso
7) O resgate de provas é castigo ou queda? Como se processa?
8) Como atua o Plano Espiritual em relação aos culpados?
9) A reencarnação é castigo ou oportunidade? Explique.
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde.
Estudar e pôr em prática o Cap. 30.
Introdução — A Mentossíntese
a) Como já dissemos, a mônada, ao despertar no mundo orgânico, inicia sua caminhada evolutiva, assimilando e assumindo, gradativamente, funções indispensáveis ao próprio crescimento. No plano do sustento próprio, para a execução dos processos que a vida lhe impõe e na salvaguarda do equilíbrio, desenvolve meios de permuta de elementos com o meio ambiente, que lhe garantem a própria segurança do ponto de vista material e energético.
No mundo das plantas ela se serve da fotossíntese; no domínio de certas bactérias, da quimiossíntese. Entre os seres superiores, utiliza a biossíntese, pela qual as manifestações se lhe estruturam na metamorfose contínua das forças que lhe alcançam a máquina fisiológica, através dos alimentos necessários à restauração constante das células e ao equilíbrio dos reguladores orgânicos. ([1], Cap. XIV.)
b) Na fase humana, pelo pensamento contínuo, razão e livre-arbítrio, processos mentais e comportamento assumem aspectos novos, relacionados à interposição, entre ambos, das ideias.
As tendências, que antes se traduziam em impulsos de interesse acidental, provocados pelo caráter intermitente das necessidades orgânicas, assumem agora a forma de desejos constantes, configurados em ideias e imagens, constituindo forças que impelem à consecução de determinados objetivos, como estímulos permanentes à experiência, ao mesmo tempo que prefigura-se-lhe n'alma a excelsitude do amor encravado no egoísmo, como o diamante em formação no carbono escuro. ([1], Cap. XIV.)
c) Tais forças atuam em duas direções: uma, estabelecendo intercâmbio indutivo com outras mentes encarnadas e desencarnadas, na construção do conhecimento, pelo qual tais forças se modificam, se transformam nos fenômenos da associação de ideias e do raciocinar, modificando o comportamento do indivíduo outra, governando seu próprio cosmo fisiopsicossomático, cujo equilíbrio e desenvolvimento, agora, fica na dependência da natureza de pensamentos que cultiva.
Lemos em ([1], Cap. XIII): É pelo fluido mental com qualidades magnéticas de indução que o progresso se faz notavelmente acelerado.
Pela troca de pensamentos de cultura e de beleza, em dinâmica expansão, os grandes princípios da Religião e da Ciência, da Virtude e da Educação, da Indústria e da Arte descem das Esferas Sublimes e impressionam a mente do homem, traçando-lhe profunda renovação ao corpo espiritual, a refletir-se no veículo físico que, gradativamente, se acomoda a no- vos hábitos.
... Com a difusão do plasma criador oriundo da mente, em circuitos contínuos, consolida-se a reflexão avançada entre o Céu e a Terra, e os fluidos mentais, ou pensamentos atuantes, no reino da alma, imprimem radicais transformações no veículo fisiopsicossomático em que o homem, herdeiro da animalidade instintiva, continua, até hoje, no trabalho progressivo de sua própria elevação aos verdadeiros atributos da Humanidade.
Assim sendo, com a aquisição acrescida do livre-arbítrio, assume o espírito a direção do próprio desenvolvimento, fundamentado agora nestas operações baseadas na troca de fluidos multiformes, através dos quais emite as próprias ideias e radiações, assimilando as radiações e ideias alheias. [[1], Cap. XIV), num processo que, por analogia com a fotossíntese e biossíntese, André Luiz denomina de MENTOS- SÍNTESE.
d) Com o nascer, morrer e renascer, pela lei da responsabilidade, se lhe oferecem os meios de avaliação de sua conduta, que se traduzem nos bens e nos males, alegrias e dores da caminhada; pela lei da hereditariedade e da repetição se lhe renovam as oportunidades de aprendizado nas quais deve compreender por si o caminho ([2], n.º 100) em que se conduzirá para a Glória Divina [1]; e pela lei do progresso e da renovação, descobre gradativamente que o amor é a potencialidade que, em lhe sublimando as tendências nas realizações do bem comum, lhe sustenta a marcha neste mesmo caminho.
10.1. — Instinto sexual
a) O instinto sexual, cujos fundamentos se perdem no bojo das leis da atratividade, tem seus primeiros aspectos no campo da vida, evidenciados pela faculdade que faz a mônada assumir a reprodução. É a primeira manifestação da faculdade criadora — de Co-Criação — que o ser vivo apresenta.
Com o passar dos milênios e a realização de conquistas, o princípio inteligente se defronta, pelas exigências da reencarnação e para a manutenção de suas conquistas, com fenômenos relacionados ao nascer e renascer, cada vez mais complexos, que a mente governa por meio de implementos orgânicos específicos, as glândulas sexuais, os hormônios e os órgãos de reprodução, em base a permutas de ordem física e psíquica, entre pessoas de sexos opostos.
Esta capacidade crescente de governar tais fatos é desenvolvimento da faculdade criadora ou amor em expansão.
b) Nos domínios da Humanidade, o instinto sexual — o anseio genésico instintivo que se lhe sobrepunha à vida normal, em períodos certos, converteu-se em atração afetiva constante ([1], Cap. XIV) que, de um lado, faz a mente influenciar e ser influenciada; de outro, estabelece determinados padrões de comportamento.
O instinto sexual gera cargas magnéticas em todos os seres... que se caracterizam com potenciais nítidos de atração no sistema psíquico de cada um e que, em se acumulando, invadem todos os campos sensíveis da alma. ([1], Cap. XVIII.)
Simultaneamente, a faculdade criadora se apresenta ampliada, com novos aspectos, pelos quais o homem resulta capacitado a co-criar em outros tipos de realização, no campo das atividades: da Indústria, da Ciência, da Arte, etc., cujas obras são outros tantos serviços relacionados à Criação.
10.2. — Fecundações físicas e psíquicas
a) Na união física unem-se as qualidades passivas e positivas ([3], Cap. VIII) para a fecundação física, no serviço da procriação, por meio das disposições da forma; no intercâmbio mental, para a execução das outras tarefas criativas, há união de qualidades psíquicas, por meio das quais se processam fecundações psíquicas que, em se desenvolvendo nos recessos da alma receptora, conduzem às realizações da genialidade ou da santidade, na vastidão da co-criação.
Essa união de qualidades, entre os astros, chama-se magnetismo planetário da atração, entre as almas denomina-se amor, entre os elementos químicos é conhecido por afinidade... Quando nos referimos ao amor do Onipotente, quando sentimos sede da Divindade, nossos espíritos não procuram outra coisa senão a troca de qualidades com as esferas sublimes do Universo, sequiosos do Eterno Princípio Fecundante ([4], Cap. XIII).
b) Nas uniões físicas, as cargas magnéticas que se distribuem por todos os campos sensíveis da alma exercem forças que encontram compensação plena somente com outra força igual. Por isto a monogamia é o clima espontâneo do ser humano [1], porque somente dentro da plena afinidade o instinto sexual encontra alegria completa.
Os que se fixam nas próprias impressões, limitadamente ao âmbito das sensações, hipertrofiam-se psiquicamente no prazer de si mesmos [1], lesando outros, uma vez que o instinto sexual, como energia criadora que é, não só é agente de reprodução... mas é reconstituinte das forças espirituais pelo qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na permuta de raios psicomagnéticos que lhes são necessários ao progresso ([1], Cap. XVIII). E como não há ninguém que, cogitando exclusivamente do próprio prazer, não termine por lesar os outros, acaba por adquirir dívidas a lhe exigirem duras lições nos processos de reeducação, recebendo por filhos ou parentes todos aqueles que se tornaram credores do nosso amor e da nossa renúncia, atravessando, muitas vezes, padecimentos inomináveis para assegurar-lhes o refazimento preciso [[1], Cap. XIV).
10.3. — Reencarnação
a) André Luiz em Missionários da Luz descreve em 4 capítulos a problemática da Reencarnação em 2 casos essenciais: um caso normal e outro em que os obstáculos surgem de toda a espécie.
No primeiro, um casal prepara-se para receber como filho, em situação de reajuste, antigo companheiro com que se envolveram tristemente num caso passional. Para a reencarnação descreve atividades no plano espiritual que revelam intenso e laborioso trabalho de estudo e planejamento, constituindo verdadeiros projetos para futuras habitações carnais [4], pelos quais grande percentagem... se processa em moldes padronizados para todos... enquanto que... elevando-se a alma em cultura e conhecimento, e consequentemente, em responsabilidade, o processo reencarnacionista individual é mais complexo... Em vista disso, as colônias espirituais mais elevadas mantêm serviços especiais para a reencarnação de trabalhadores e missionários — os completistas" ([4], Cap. 12).
Diante da relutância renovada do esposo em concretizar o compromisso assumido, desenvolve-se intensa atuação dos amigos espirituais no sentido de soerguer os ânimos e restabelecer a aceitação, sem que pudessem forçar situações em respeito ao livre-arbítrio, mas porque não podiam dispensar-lhe as boas disposições para a tarefa.
b) Cada homem, como cada espírito é um mundo por si mesmo e cada mente como um céu... Do firmamento descem raios de sol e chuvas benéficas..., mas também... pelo atrito de elementos atmosféricos, desse mesmo céu procedem faixas destruidoras. Assim a mente humana... quando perturbada, emite raios magnéticos de alto poder destrutivo para as comunidades celulares que a servem... O pensamento envenenado de Adelino destruía a substância da hereditariedade intoxicando a cromatina da própria bolsa seminal... não atingiria os objetivos sagrados da Criação porque, pelas disposições lamentáveis de sua vida íntima, estava aniquilando as células criadoras... intoxicava os genes do caráter, dificultando a ação... Daí a necessidade desse trabalho intenso para despertar-lhe os valores afetivos. Somente o amor proporciona vida, alegria e equilíbrio... E quando ensinamos a prática do amor, não procedemos obedientes a meros princípios de essência religiosa, mas atendendo a imperativos da própria vida ([4], Cap. XIII).
O desbaratamento da energia sexual não somente nos impede à elevação em que se aprendem a trocar valores ou qualidades espirituais, mas nos impede também a boa coparticipação no delicado processo da procriação, obrigando o plano espiritual a atuações dificultosas com a utilização de recursos especiais.
c) Enquanto os desequilíbrios se localizam na esfera paternal, ou procedem da influência de entidades malignas, simplesmente há recursos a interpor; no entanto, se a desarmonia parte do campo materno, é. muito difícil estabelecer proteção eficiente ([4], Cap. XV).
E para ilustrar esta afirmação narra, no segundo caso, ocorrência em que a intercessão se torna inútil, numa situação em que, infeliz criatura, tendo já abortado por duas vezes sucessivas, de forma inconsciente por excesso de leviandades, mantém-se no mesmo padrão, provocando um terceiro, situando-se, ela mesma, em precaríssimas condições de vida, como consequência
10.4. — Conclusão
a) Concluindo, dissemos, com André Luiz que sexo é qualidade emissora e receptora da alma, pela qual o ser exerce o poder de criatividade, de que é dotado para o exercício das atividades da Co-Criação. Enquanto permaneçamos narcisados na consecução de prazeres, não colhemos senão sensações, em prejuízo da ordem, da harmonia e de nossa própria participação nas tarefas edificadoras do progresso, o que, principalmente, reverte contra nós mesmos, envolvendo-nos em longos processos de retificação.
Entretanto, se compromissados com os sagrados desígnios da Providência, expandimos nossa criatividade rumo às realizações do bem comum, colheremos as sagradas comoções de força, conhecimento, alegria e poder de que todo ato criador está cheio, como decantado pelos virtuosos que atingiram o êxtase espiritual.
b) Quem foge ao bem é defrontado pelo crime; quem foge à ordem, cai no desequilíbrio...
Não há criação sem fecundação. As formas físicas descendem das uniões físicas. As construções espirituais procedem das uniões espirituais. A obra do Universo é filha de Deus. O sexo como qualidade positiva ou passiva dos princípios e dos seres, é manifestação cósmica em todos os círculos evolutivos, até que venhamos a atingir o campo da Harmonia Perfeita, onde essas qualidades se equilibram no seio da Divindade ([4], Cap. XIII).
a) Bibliografia
[1] — André Luiz — Evolução em Dois Mundos
[2] — Emmanuel — Caminho, Verdade e Vida
[3] — Rino Curti — Espiritismo e Reforma Íntima
[4] — André Luiz — Missionários da Luz.
b) Leituras complementares
Capítulos 12, 13, 14 e 15
1) Capítulo XIX
3) Capítulos 12, 13, 14, 15
4) EMMANUEL — Vida e Sexo — Caps. 5, 14, 15, 19, 20
5) ALLAN KARDEC — O Livro dos Espíritos — Itens 200 — 217; 686 — 701; 773 — 775.
6) ALLAN KARDEC — O Evangelho Segundo o Espiritismo — Cap. IV
7) FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER e FERNANDO WORM — Janela para a Vida — Cap. V.
c) Perguntas
1) Explique a analogia entre permutas físicas e psíquicas entre seres.
2) Como se processa a evolução na fase humana?
3) O que é MENTOSSÍNTESE?
4) O que é a faculdade criadora?
5) O que entende por fecundação psíquica?
6 Por que o instinto sexual encontra alegria completa somente dentro da plena afinidade?
7) Discorra sobre a complexidade das tarefas que envolvem a reencarnação.
8) Qual o papel do amor, na concepção?
9) Quais as consequências da fixação na busca de prazer?
d) Prática de renovação íntima
ANDRÉ LUIZ — Sinal Verde
Estudar e pôr em prática o capítulo 31.
Introdução
a) Dissemos em 10.4 que na fase humana, o espírito é entregue ao comando da própria vontade e seu comportamento resulta de uma escolha — a nossa escolha — em função de uma escala de valores que adotamos e sugerida progressivamente pela Revelação, através das Religiões...
Até o paleolítico, entretanto, as Inteligências Divinas teriam atuado sobre o espírito até que se lhe estruturasse o veículo físico, dotando-o com preciosas reservas para o futuro imenso ([1], Cap. XX).
Com a aquisição da responsabilidade foi-lhe conferido o dever de conservar e aprimorar o patrimônio recebido e, investindo-a na riqueza do pensamento contínuo, entregaram-lhe a obrigação de atender ao aperfeiçoamento do seu corpo espiritual. [1]
b) A primeira conquista de caráter espiritual é o princípio de justiça, pelo qual o homem começa a examinar em si mesmo o efeito das próprias ações. Desperta-se-lhe então a necessidade de satisfazer as indagações e, ao mesmo tempo, elucidar-se.
É, porém, na riqueza de plasmagem da ideia, que se amplia com o reflexionar e com a permuta de pensamentos entrementes, que a inteligência comanda por estímulos interiores sua própria veste, aprimorando-a e aprimorando-se.
Diz André Luiz (em [1], Cap. XX), que a inteligência humana, conduzindo-se de maneira racional, experimentou profundas transformações.
Percebe... que, além das operações vulgares da nutrição e da reprodução, da vigília e do repouso, estímulos interiores, inelutáveis, trabalham-lhe o âmago do ser, plasmando-lhe o caráter e o senso moral, em que a intuição se amplia, segundo as aquisições de conhecimento, e em que a afetividade se converte em amor, com capacidade de sacrifício, atingindo a renúncia completa.
c) Para poder altear-lhe o pensamento, a fim de enobrecer-lhe os estímulos interiores, capazes de assegurar-lhe o transformismo anímico, revesti-lo de luminosidade e beleza e apurar-lhe os princípios para que, além do augusto círculo humano, pudesse retratar a glória dos planos superiores [1], nasce a atividade religiosa por instinto de higiene da alma, que, em The propiciando a assimilação dos valores do Espírito, despoja-a da espessa sedimentação de animalidade que lhe prendia os impulsos, conduzindo-a ao necessário burilamento.
11.1. — Os capelinos
a) Simultaneamente, a vinda de grande massa de espíritos de Capela ([2], Cap. III), na formação das raças adâmicas, atua qual enxerto revitalizador no impulsionamento para o progresso acelerado das populações inferiores terrenas, pelo qual, as falanges do Cristo operam as últimas experiências para o aperfeiçoamento dos caracteres biológicos das raças humanas.
Os novos habitantes foram recebidos por Jesus que os exortou à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmos, prometendo-lhes colaboração cotidiana e a sua vinda no porvir.
Estabeleceram-se na Ásia, de onde passaram para o Egito e para a Atlântida.
b) As tradições do paraíso perdido passaram de geração a geração, ficando por fim gravadas na Bíblia. Deram origem a quatro grandes grupos: os árias, do qual descende a maioria dos indo-europeus, os egípcios, os judeus e os brâmanes, formando os pródromos de toda a organização das civilizações futuras, introduzindo os mais largos benefícios no seio da raça amarela e da raça negra que já existiam [2].
Guardaram as reminiscências das palavras do Mestre e receberam-lhe periodicamente os emissários. Eis por que as epopeias do Evangelho foram previstas e cantadas alguns milênios antes da vinda do Sublime Emissário...
Não obstante as lições recebidas da palavra sábia e mansa do Cristo, os homens brancos olvidaram os seus sagrados compromissos. Alguns voltaram depois de muitos séculos de sofrimentos expiatórios; outros, porém, ainda permanecem na Terra, em virtude do seu elevado passivo de débitos clamorosos.
11.2. — Religião do Egito
a) Depois de longos e porfiados milênios de luta espiritual... surgem... civilizações... nas quais a religião assume aspecto enobrecido como ciência moral de aperfeiçoamento ([1], Cap. XX).
No Egito, os limites da compreensão das populações primitivas mantêm a crença nas concepções mitológicas, o que obriga o sacerdócio a manter em segredo as manifestações exotéricas dos templos.
Guardavam as reminiscências do planeta de origem e ansiavam a ele retornar, o que lhes fazia ver, na morte, esta possibilidade, uma vez que acreditavam na existência do espírito e da continuidade da vida no Plano Extrafísico. Ritos e cerimônias constituíam-se em uma solenização do regresso das pessoas à pátria espiritual.
No Livro dos Mortos prenunciavam-se as dificuldades que os defuntos encontrariam no outro mundo, constituindo-se um código de conduta moral para a vida e para a morte, uma vez que o homem seria julgado por um tribunal divino. Por isto a conduta moral se revestia de caráter religioso.
Diz Emmanuel [2]: — O destino e a comunicação dos mortos e a pluralidade das existências e dos mundos eram para eles problemas solucionados e conhecidos.
b) Tinham o faraó como filho de Deus, cujo principal dever era fazer reinar a verdade, o equilíbrio e a justiça.
Com a unificação do país instauram o monoteísmo com um Deus primordial gerador de tudo, dos outros deuses inclusive, por isto, a serem considerados secundários, cujos atributos são a vontade sábia e poderosa, a liberdade, a grandeza, a magnanimidade incansável, o amor infinito e a imortalidade [1].
Da vida intelectual dos meios sacerdotais beneficiam-se outras atividades, realizando obras de grande vulto. Desenvolveram a Geometria, a Astronomia. Criaram o calendário universal. Desenvolveram ampla organização social e belas ideias morais, que registram nos livros de Hermes, o Pimandro, o Asclepsios e na Tábua das Esmeraldas.
No Pimandro ensina-se a renúncia aos bens materiais, para encetar a conquista dos bens do espírito. Combate-se a ignorância, a tristeza, a intemperança, a concupiscência, a injustiça, a avareza, o erro, a inveja, a malícia, a cólera, a temeridade, e a maldade. São regras morais não tornar infeliz o próximo, não fazer mal a ninguém, não criar sofrimento em derredor. Muitos de seus iniciados voltaram a Capela, outros ainda permanecem para o desempenho de abençoadas missões.
11.3. — Religiões da Índia
11.3.1. — O Vedismo
Na Índia as tribos indo-europeu-arianas teriam introduzido e desenvolvido o Vedismo, representado pelo livro dos Vedas, que contém fórmulas mágicas e exorcismos. É ainda politeísmo. Pedem-se bens materiais aos deuses e grande parte de suas práticas é dirigida ao sacrifício em oferendas postas no fogo, segundo fórmulas mágicas conhecidas somente pelos sacerdotes aos brâmanes.
Com isto profissionaliza-se o sacerdócio e, pela caracterização da sociedade pelas profissões, formam-se castas das quais a primeira é constituída pelos brâmanes ([3], Cap. VI).
11.3.2. — O Bramanismo
Com o desenvolvimento das concepções, é tendência natural do novo modo de pensar reduzir o conhecimento a poucos princípios, a uma tese fundamental, ou a uma concepção única.
Com o tempo, esta tendência se estrutura como atividade e passa a constituir, primeiramente, as filosofias associadas a cada religião. E, mais tarde, a própria Filosofia.
Desta forma, os sacerdotes, do estudo e da dedicação às coisas sagradas, passam a conceber a existência de um único Deus, no Bramanismo que surge entre os séculos (IX e VIII a.C.).
Ao Bramanismo associa-se uma filosofia que afirma existir no Universo um princípio fundamental — Braman; no homem, outro, Atman, que porém se identificam. Atman é emanação de Braman.
A diversidade aparente se dá pela reencarnação que é provocada pelos desejos de Atman sobre a matéria e é continuada como consequência dos atos por ele praticados.
O mal reside nesta diversidade das coisas existentes, enquanto o homem não se apercebe da identidade entre Atman e Braman, mantém seu desejo ligado ao mundo das aparências, das coisas, e sua vida está sujeita à Lei do Carma; cada existência é a consequência dos atos praticados em existências anteriores, e pode se realizar pela encarnação em ser humano, ou vegetal, ou animal. A reencarnação é entendida como Metempsicose, nela ausente a ideia de evolução.
Renascer é sofrer, é viver no mundo da dor, provocado pelos interesses das coisas materiais, ao contrário do que se afirma no Espiritismo, pelo qual a vida é uma bênção, uma oportunidade de progresso e desenvolvimento.
Como esta vida é considerada um mal, concebem que o ciclo das reencarnações terminará quando se extinguirem os desejos, o que redundará na perfeição e em tornar-se sábio. Aí Atman unir-se-á a Braman, em profunda paz, cessando para ele a submissão à Lei do Carma.
11.3.3. — A Ioga
a) Fundamentados nesta concepção panteísta da realidade, e entendendo que o mal é constituído pelos desejos, instituem, em sua filosofia, uma técnica capaz de eliminá-los. É a Ioga, em suas diversas formas, que sustenta, em primeiro lugar, ser o homem responsável, tudo sendo consequência de seus atos. Em segundo lugar, que são diferentes e, por isto, que o melhor caminho será aquele que possa parecer mais atraente ao temperamento e à disposição geral de cada um.
Distinguem-se três veredas principais:
b) A Raja Ioga, dedicada ao desenvolvimento dos poderes latentes no homem, à aquisição do controle das faculdades mentais pela vontade, à conquista do domínio do eu interior, ao desenvolvimento da mente.
c) A Carma Ioga — a ioga da ação; a senda dos que se interessam pelas obras, fundamentada na ideia de que hoje somos o resultado daquilo que fizemos em vidas passadas.
d) Observação — A palavra Carma foi introduzida pelas correntes panteístas no Espiritismo, embora seja utilizada com acepção diferente. Neste ela designa a atuação da Lei de ação e reação, relacionada à lei da evolução, o que faz com que se diferencie totalmente daquela, no seu significado.
e) Gnani Ioga — É a ioga da Sabedoria. É o caminho dos eruditos.
Outros, em lugar da Raja-Ioga, apontam a Bhakti Ioga — como senda que conduz à obtenção do conhecimento e da união com o Absoluto, pelo poder do amor.
Enfim, trata-se de uma doutrina panteísta contrastante com o caráter da Doutrina Espírita, principalmente porque é um sistema que pretende, a partir de intuições intelectuais, abarcar o absoluto ([4] itens 14-16); ([5], Cap. II). Há que reconhecer, entretanto, ter ela atingido expressões da mais alta espiritualidade, em seu desenvolvimento, o que a tornou uma das maiores formas de religiosidade de todos os tempos.
11.3.4. — O Budismo
a) No século VI a.C. o Bramanismo é contestado por duas heresias: Jainismo e o Budismo. Em função disto os brâmanes intentam tornar acessível e aproximar sua doutrina das crenças populares. Sob este aspecto é designado por Hinduísmo, a atual religião da Índia.
O Budismo foi fundado por Buda, príncipe que se teria dedicado às atividades religiosas após ter-se defrontado com os problemas da velhice, da doença, da morte e da contemplação.
Sua doutrina fundamenta-se também nesta concepção panteísta da vida:
aa) a dor está na variabilidade das coisas;
ab) sua origem é a afeição e o desejo das coisas materiais, cuja satisfação é causa que produz efeitos, consequências, renascimento pela Lei do Carma;
ac) a supressão da dor consiste na supressão do desejo relativo à existência. Extinguindo-se este, terminaremos com ela.
ad) quando o ser alcançar o desinteresse total das coisas do mundo, entra no Nirvana, mundo caracterizado por esta ausência de desejos. Para alcançá-lo, entretanto, terá que seguir por oito vias: fé pura, vontade pura, palavra pura, ação pura, meios de existência puros, atenção pura, memória pura, meditação pura, pelas quais o desejo não é reprimido, mas é sublimado.
b) prega a retidão por cinco preceitos:
1) não matar (mesmo os animais);
2) não furtar;
3) não tomar a mulher do próximo;
4) não mentir;
5) não beber licor embriagador.
Recomenda a resignação, a benevolência, a piedade, o perdão das ofensas, o sacrifício por outrem, o dar de si.
c) Como doutrina, exerce a mais benéfica ação sobre a vida moral, social e estética entre os países em que se difundiu, mesmo porque em sua mensagem esclarece que a dor do homem provém do seu egoísmo, uma das mais profundas verdades de caráter psicológico e moral. Soma
Supõe-se que Buda teria tido uma visão da evolução das espécies, a partir da animalidade até a Espiritualidade Superior. Mas não teria tido a possibilidade de transmiti-la.
A diferença com o Bramanismo reside justamente nesse fato de que a salvação não está no anulamento dos impulsos vitais, mas na superação dos desejos das coisas ligadas ao plano material, pela sublimação dos impulsos na renúncia, no exercício e na prática do bem, na benevolência enfim.
a) Bibliografia
[1] — André Luiz — Evolução em Dois Mundos
[2] — Emmanuel — A Caminho da Luz
[3] — Rino Curti — O Divulgador Espírita — Vol. II
[4] — Allan Kardec — O Livro dos Espíritos
[5] — Rino Curti — Espiritismo e Reforma Íntima
b) Leituras complementares
As dos capítulos da bibliografia citados no texto.
c) Perguntas
1) Com que finalidade surge a religião?
2) Quem são os capelinos?
3) De onde provêm as tradições do paraíso perdido?
4) Como os egípcios instauraram o monoteísmo?
5) O que é o Bramanismo?
6) O que é a Ioga?
7) O que é o Budismo?
8) Qual a diferença entre Hinduísmo e Budismo?
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde
Estudar e pôr em prática o Capítulo 32.
12.1. — Mazdeísmo
a) O Mazdeísmo, religião da Pérsia, hoje Irã, foi estabelecido por Zoroastro ou Zaratustra, após a invasão do Irã pelos Árias.
Zoroastro é um profeta portador de nova revelação, que orienta para o monoteísmo; é atribuída ao Deus Supremo, Ahura Mazda, de quem provêm todos os valores, o dom da vida e da imortalidade, criador, boníssimo, sapientíssimo, etc... assistido por semideuses ou santos.
Sua filosofia estabelece a distinção entre dois princípios: o do bem e o do mal, aspectos da substância de Mazda que se opõem.
O primeiro é o pensamento benéfico, criador da vida; o segundo é a dúvida, geradora da morte. Esta separa-se daquele e constitui o demônio: ANGRA MANIÚ, ser destinado a desaparecer, mas que no momento detém certo poder criador das trevas e da morte, senhor de tudo quanto é impuro. Também é secundado por semideuses do mal e todos lutam querendo disputar a Mazda o reino dos céus.
b) A Terra, na origem, teria sido um lugar de delícias, mas o demônio introduziria, nela, o inverno, o granizo, as feras, os insetos, a destruição, a desolação, a morte; nas almas humanas a incredulidade e os maus instintos.
Zoroastro, porém, é um duro golpe para o demônio. A cada milênio, aparecerá novo Zoroastro de uma virgem e de uma semente do primeiro, a fim de completar a destruição do demônio. No terceiro milênio ressuscitará os mortos. Um meteoro descerá dos céus, fundirá metais ocultos na montanha, e tais metais em fusão constituir-se-ão para os fiéis em beberagem salvadora que lhes propiciará imortalidade, enquanto eliminará perversos e demônios. O último Zoroastro ou mesmo o primeiro, celebrará uma missa cantada, e o mundo, livre da corrupção, será eternamente feliz.
c) Enfim, para Zoroastro, o mundo obedece a um plano em que se trava uma luta entre forças opostas, da qual resultará o estado perfeito. A ninguém é dado subtrair-se: todos devem participar dela e o resultado será o triunfo do bem.
A moral, então, fundamenta-se na religião. É bom tudo que serve à causa de Mazda; é mau tudo aquilo que se lhe opõe à vitória.
Os deveres são: — piedade, sinceridade, trabalho...
Condena a calúnia, a difamação, o roubo, a contração de dívidas, porque conduzem à mentira a fim de evitar o pagamento.
Cultua-se a justiça, a retidão e o cumprimento das promessas.
Proíbe-se toda a piedade com os sectários do demônio.
A ideia de salvação muda: passa a constituir-se como o resultado do cumprimento de leis morais, e não o prêmio a oferendas e sacrifícios.
d) No Mazdeísmo, portanto, configuram-se símbolos representativos de ideias que se desenvolveram bem mais tarde.
Assim, a noção de virgindade, símbolo de pureza em relação ao sexo, cuja finalidade precípua é a de procriar, estabelece uma primeira diferenciação entre sexo e amor.
A luta entre forças opostas, simbolizando a luta pelo aperfeiçoamento, evolutivamente, insere o germe da ideia de evolução, indicado pela passagem de um estágio inferior a outro superior.
Também, a falta de piedade para com os faltosos, estabelecendo a noção de justiça, enquanto não se pudesse ter amor.
e) Zoroastro prega a defesa da criação do gado, cuidado a dispensar às pastagens, à vida sedentária, ao estudo e à paz. O verdadeiro crente deve ser camponês zeloso, bom criador de gado. Deve cuidar do seu corpo e alimentá-lo bem, casar com mulher de boa raça; ser fiel à Religião e ter filhos para aumentar o número de criaturas de Mazda.
A vida ideal deve constituir-se de trabalho agrícola e de união familiar. Após a morte, a alma é julgada, punida ou recompensada. O culto principal é o do fogo, símbolo do Ser Supremo: Deus da Luz.
É do Mazdeísmo que deriva o dualismo que opõe Satã a Deus, a crença nos anjos, a imortalidade e a ressurreição das almas. É nele que se situa, pela primeira vez, o problema da confrontação entre o bem e o mal, estabelecendo a noção de que superação do mal pelo bem significa a suplantação do privilégio pela justiça, da guerra pela paz, o que, para o homem, se constitui numa conquista.
O Mazdeísmo foi expulso, no século VII, pelos árabes muçulmanos. Seus fiéis refugiaram-se na Índia, onde hoje existem apenas alguns sequazes denominados PARSIS, na região de Bombaim.
12.2. — Religiões da China
Emmanuel aponta a China como a árvore mais antiga das civilizações terrestres com uma organização já regular, quando do advento dos Capelinos. Mesmo antes destes, haviam recebido muitos emissários do Cristo e muitos ensinamentos do plano espiritual.
A forma religiosa mais antiga que nela se conhece é o SINISMO, oriundo de crenças totêmicas e no qual há culto aos ancestrais. Num primeiro tempo, no matriarcado, venerava-se a terra-mãe, com sacrifícios cruentos; num segundo tempo, no patriarcado, passou-se a venerar o céu, que é masculino e que, luminoso e piedoso que é, requer somente oferendas incruentas.
Afirma-se a existência de um princípio de ordem, o TAO, que aproxima todos os seres. Tal ordem é assegurada pela existência de dois princípios: o YANG e o YIN, masculino e feminino, respectivamente, e pela sua união. Instaura-se a ideia de que Deus e os seres luminosos querem somente o bem. Base fundamental da sabedoria do governo era o princípio: antes nutra-se o povo para, em seguida, instrui-lo. A educação do povo dependia do exemplo do governante; se o povo pecava, dele era a responsabilidade.
12.2.1. — O Confucionismo
a) Como consequência destas ideias, governo e culto não eram separados. O rei era, ao mesmo tempo, sacerdote e príncipe; e os funcionários, oficiais de Estado e mestres do povo. Antes e depois do trabalho deviam instruir nas escolas e pontos de reunião, sobre religião, rituais, etc... Todo pai de família presidia em sua casa ao culto dos antepassados.
Confúcio tornou-se alto funcionário já aos 20, tornando-se depois, ministro da justiça. Deposto aos 57 anos, dedicou os últimos anos de sua vida ao ensino e à redação dos livros sagrados de sua nação.
Confúcio, em sua doutrina, exclui toda especulação metafísica e não se ocupa dos mortos. Só se ocupa do homem e das coisas humanas. Prega o raciocinar e o expressar-se bem, numa moral que leve o homem a viver bem. O fundamento da sociedade está na máxima perfeição possível atingida pelos indivíduos e, de modo especialíssimo, pelo príncipe.
A reforma da sociedade, deve, portanto, começar da reforma dos indivíduos. Cria que, na antiguidade, reis e sábios teriam existido perfeitos, o que já não se verificava. O homem poderia elevar-se à sua altura, uma vez que, por natureza, ele é bom.
b) As virtudes principais são a retidão e a sinceridade, que adquiridas suscitam outras: a ciência, o senso de fidelidade ao dever e o valor. Para alcançar aperfeiçoamento sempre maior deve-se cultivar o amor ao aprender o cumprimento integral do dever, a firmeza de caráter, a prática de envergonhar-se do mal. O homem de bem é um sábio formado pelo estudo.
É necessário excluir toda preocupação vaidosa e toda mesquinha perseguição do interesse material; o homem honrado não procura sobrepujar-se senão a si mesmo, respeitar a lei e os bons costumes.
Além da perfeição ética, se lhe exige o aperfeiçoamento nas aparências, essencial para que o homem se torne capaz de cumprir justamente os únicos deveres fundamentais que lhe são requeridos como homem e como cidadão: o respeito aos pais, o respeito aos superiores, ao príncipe e à esposa.
c) A primeira regra moral é o respeito aos antepassados, que os pais representam e devem obter, por isto, dos filhos e netos, obediência total, devotamento sem limites.
O maior dever é a piedade filial. Conta-se por exemplo da filha do mandarim, Adorable, cujo pai recebeu ordem de fundir para o soberano um sino perfeito. Após duas tentativas infrutíferas, o pai é ameaçado de morte, caso fracasse novamente. Adorable fica sabendo por um adivinho que, ao metal em fusão deverá ser misturada carne humana e joga-se no braseiro.
É por esta comparação da piedade filial que devem ser concebidos todos os outros deveres; dever do caçula para com o primogênito, da esposa para com o esposo, do súdito para com o soberano. Se o cumprimento dos deveres é geral, e o será se o príncipe preceder aos outros com o seu bom exemplo, fica assim estabelecida a base para a harmonia, a tranquilidade e a elevação de todo o reino.
d) Ampliou o modo de pensar e elevou os objetivos das crenças anteriores. Assim, exige a educação e um contínuo exame de si mesmo: — quem muito pede a si mesmo e pouco aos outros, estará isento de desgostos. Também aprofundou o conceito de amizade e diz: — não tenhas amigos que não te sejam iguais, visando àquele sentido de perfeição que exprimia em outro preceito, no qual afirmava: — Se vires homens: dignos, procura imitá-los; se vires homens de caráter oposto ao bem, recolhe-te em ti mesmo e examina-te. Em relação aos preceitos antigos institui um novo: o da reciprocidade que, ao lado da retidão, é o elemento que prevalece em toda a sua doutrina. Ele o exprime dizendo: — Não faças aos outros, aquilo que não desejas para ti.
Anterior ao Confucionismo é o Taoísmo fundado por Lao Tzé, entretanto aquele exerceu maior influência, embora não se constituindo em uma metafísica, mas sim em uma doutrina que pretende estabelecer regras de bem viver e de bom comportamento.
12.3. — O Judaísmo
a) O Judaísmo é uma religião implantada por tribos semitas, nômades, vivendo sob tendas e criadores de gado, que instauraram na Palestina ou Terra de Canaã, como se dizia antes de sua fixação, por volta do século XIV, antes da era cristã.
Viveram o matriarcado antes, o patriarcado, depois
Neste, o homem se torna senhor da mulher, por compra ao pai e aos irmãos; adquire direito absoluto sobre os filhos e genros, podendo até dispor de suas vidas. A aptidão de um rapaz ao casamento era inicialmente consagrada pela circuncisão. Com o tempo, esta passa a ser uma marca distintiva nacional e religiosa; é considerada ordenada por Javé e praticada na infância.
A religião primitiva apresenta características totêmicas. Há magia. Acreditam na sobrevivência dos mortos, em poderes sobrenaturais, a que chamam Eloins.
b) Antes de entrar em Canaã, os hebreus teriam sido levados por Abraão ao Egito, onde os naturais cultuavam complexas aplicações do magnetismo, traçavam disciplinas à vida íntima e comunicavam-se com os desencarnados de modo iniludível, consagrando- -lhes reverência especial.
Nesse campo de conhecimento mais nobre, reencarna-se Moisés como missionário da renovação, para dar à mente do povo a concepção do Deus único.
Desde essa hora, o conhecimento religioso, baseado na Justiça Cósmica, generaliza-se no ânimo das nações, porquanto, através da mensagem de Moisés, informa-se o homem comum de que, perante Deus, o Senhor do Universo e da Vida, é obrigado a respeitar o direito dos semelhantes, para que seja igualmente respeitado, reconhecendo que ele e o próximo são irmãos entre si, filhos de um Pai único.
A religião passa desse modo, a atuar, em sentido direto, no acrisolamento do corpo espiritual para a Vida Maior, através da educação dos hábitos humanos a se depurarem no caminho dos séculos, preparando a chegada do Cristo, o Governador Espiritual da Terra. [[1], Cap. XX.)
12.3.1. — Os Dez Mandamentos
Mais tarde, os israelitas escravizados fugiram guiados por Moisés, que, no Sinai, recebe o Decálogo.
Interessante é reproduzir os dez mandamentos na forma apresentada por André Luiz, em Evolução em Dois Mundos, posta em termos atuais e relacionada às novas concepções da Doutrina Espírita.
1. Consagra amor supremo ao Pai de Bondade eterna, n'Ele reconhecendo a tua divina origem.
2. Precata-te contra os enganos do antropomorfismo, porque padronizar os atributos divinos absolutos pelos acanhados atributos humanos é cair em perigosas armadilhas da vaidade e do orgulho.
3. Abstém-te de envolver o Julgamento Divino na estreiteza dos teus julgamentos.
4. Recorda o impositivo da meditação em teu favor e em benefício daqueles que te atendem na esfera do trabalho, para que possas assimilar com segurança os valores da experiência.
5. Lembra-te de que a dívida para com teus pais terrestres é sempre insolvável por sua natureza sublime.
6. Responsabilizar-te-ás pelas vidas que deliberadamente extinguires.
7. Foge de obscurecer ou conturbar o sentimento alheio, porque o cálculo delituoso emite ondas de força desorientada, que voltarão sobre ti mesmo.
8. Evita a apropriação indébita, para que não agraves as próprias dívidas.
9. Destrói de teus lábios toda palavra dolosa a fim de que se não transforme, um dia, em tropeço para os teus pés.
10. Acautela-te contra a inveja e o despeito, a inconformação e o crime, aprendendo a conquistar alegria e tranquilidade, ao preço do esforço próprio, porque os teus pensamentos te precedem os passos, plasmando-te hoje o caminho de amanhã." ([1], Cap. XX).
12.3.2. — O Monoteísmo
a) Moisés unificara as tribos fazendo-as adotar o eloim de Sinai — Javé, que se torna o Deus nacional, antropomórfico, protetor dos israelitas contra os estrangeiros, como um Deus guerreiro. Estabelece o Pentateuco, o início da mais elevada ciência religiosa de todos os tempos.
A partir do século VII a.C. o templo de Jerusalém, construído por Salomão, passa a ser o centro da religião nacional e as crenças, pela ação dos juízes e profetas, se encaminhavam para o Monoteísmo.
b) No século VI a.C. o 2. Isaías, proclama que o Deus de Israel deve tornar-se o Deus da humanidade. Os povos não devem ter mais que um só Deus, cujo templo é o Universo e a quem se venera pela justiça. O papel de Israel, o povo-profeta, é o de revelar às outras nações o Deus único.
c) A explicação da existência do bem e do mal toma também entre os judeus forma mística. Antes de tudo explicam eles é preciso que nos curvemos ante a vontade de Deus, mesmo que não o compreendamos. Um dia surgirá, entretanto, o dia de Javé, em que Deus dará ao seu povo grandeza e felicidade. E esta será possibilitada pelo aparecimento de um Messias, um grande rei, um chefe poderoso que assegurará o triunfo político e material ao povo judeu.
d) Essa condição, entretanto, é estendida a toda a humanidade pelos profetas, especialmente pelos dois Isaías.
Lemos em Isaías LXV, 17 o seguinte: — Porque eu vou criar céus novos e uma terra nova, e não persistirão na memória as antigas calamidades, nem voltarão mais ao espírito... Não se ouvirá mais a voz do choro... Não haverá mais criança que viva poucos dias, nem velho que não encha seus dias... Não lhes sucederá edificarem eles casa, e ser outro quem as habite; nem plantarem para que outro coma... Os eleitos consumirão o fruto do seu trabalho.
O mundo ideal que haveria de sobrevir, segundo Isaías, se daria inicialmente, com o advento de um Messias espiritual, o servidor de Javé — que seria homem de dor, desprezado, humilhado e esmagado e que se ofereceria como vítima expiatória.
Diz André Luiz [1]: as ideias da justiça e da solidariedade, dos deveres coletivos e individuais com a higiene do corpo e da mente atingem ampla divulgação.
a) Bibliografia
[1] — André Luiz — Evolução em Dois Mundos
b) Leituras complementares
[2] — Rino Curti — O Divulgador Espírita. Vol. II — Caps. IV a VII.
[3] — Felicien Challaye — Pequena História das Grandes Religiões — Caps. III a V e IX.
[4] — ABRIL CULTURAL As Grandes Religiões.
c) Perguntas
1) Qual a distinção entre o bem e o mal no Mazdeísmo?
2) Qual a ideia de salvação no Mazdeísmo?
3) Em que consiste a crença na ressurreição das almas?
4) Que tipo de doutrina é a de Confúcio?
5) Qual o maior dever no Confucionismo? Citar outras características.
6) Comentar os dez mandamentos.
7) Como surge o monoteísmo entre os judeus?
8) Qual a concepção do bem e do mal?
9) Qual o mundo ideal concebido pelos judeus?
d) Prática de renovação íntima
André Luiz — Sinal Verde
Estudar e pôr em prática o Capítulo 34.
Com o Cristianismo, a Religião atinge a excelsitude como sistema educativo e depurador da alma. Inicia-se para a Humanidade a maioridade espiritual com o recebimento, através de Jesus, e por Ele exemplificado, do código da paternidade e do amor.
A ideia de salvação, reelaborada pela doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão assenta-se definitivamente na de verdade e do amor.
— E conhecereis a verdade, João 8:32, e a verdade vos libertará.
Para concluir, porém, cedamos a palavra a André Luiz (Evol. em Dois Mundos — Cap. XX):
EP. 1 — Jesus e a Religião
Com Jesus, no entanto, a religião, como sistema educativo, alcança eminência inimaginável.
Nem templos de pedra, nem rituais.
Nem hierarquias efêmeras, nem avanço ao poder humano.
O Mestre desaferrolha as arcas do conhecimento enobrecido e distribui-lhe os tesouros. Dirige-se aos homens simples de coração, curvados para a gleba do sofrimento e ergue-lhes a cabeça trêmula para o Céu. Aproxima-se de quantos desconhecem a sublimidade dos próprios destinos e assopra-lhes a verdade, vazada em amor, para que o sol da esperança lhes renasça no ser. Abraça os deserdados e fala-lhes da Providência Infinita. Reúne em torno de sua glória, que a humildade escondia, os velhos e os doentes, os cansados e os tristes, os pobres e os oprimidos, as mães sofredoras e as crianças abandonadas, e entrega-lhes as bem-aventuranças celestes. Ensina que a felicidade não pode nascer das posses efêmeras que se transferem de mão em mão, e sim da caridade e do entendimento, da modéstia e do trabalho, da tolerância e do perdão. Afirma-lhes que a Casa de Deus está constituída por muitas moradas, nos mundos que enxameiam o firmamento, e que o homem deve nascer de novo para progredir na direção da Sabedoria Divina. Proclama que a morte não existe e que a Criação é beleza e segurança, alegria e vitória em plena imortalidade.
Pelas revelações com que vence a superstição e o crime, a violência e a perversidade, paga na cruz o imposto de extremo sacrifício aos preconceitos humanos, que lhe não perdoam a soberana grandeza, mas, reaparecendo redivivo, para a mesma Humanidade que o escarnecera e crucificara, desvenda-lhe, em novo cântico de humildade, a excelsitude da vida eterna."
EP. 2 — Revivescência do Cristianismo
Erige-se, desde então, o Evangelho em código de harmonia, inspirando o devotamento ao bem de todos até o sacrifício voluntário, a fraternidade viva, o serviço infatigável aos semelhantes e o perdão sem limites.
Iniciam-se em todo o orbe imensas alterações. A crueldade metódica cede lugar à compaixão. Os troféus sanguinolentos da guerra desertam dos santuários. A escravidão dos homens livres é sacudida nos fundamentos, para que se anule de vez. Levanta-se a mulher da condição de alimária para a dignidade humana. A filosofia e a ciência admitem a caridade no governo dos povos. O ideal da solidariedade pura começa a fulgir sobre a fronte do mundo.
Moisés instalara o princípio da justiça, coordenando a vida e influenciando-a de fora para dentro.
Jesus inaugurou na Terra o princípio do amor, a exteriorizar-se do coração, de dentro para fora, traçando-lhe a rota para Deus.
E eis que o Cristianismo grandioso e simples ressurge agora no Espiritismo, induzindo-nos à sublimação da vida íntima, para que nossa alma se liberte da sombra que a densifica, encaminhando-se, renovada, para as culminâncias da Luz."