Geografia do Algarve

O Algarve confina a norte com a região do Alentejo (sub-regiões do Alentejo Litoral e Baixo Alentejo), a sul e oeste com o oceano Atlântico, e a leste o Rio Guadiana marca a fronteira com Espanha. O ponto mais alto situa-se na serra de Monchique, com uma altitude máxima de 902 m (Pico da Foia).

Além de Faro, têm também categoria de cidade os aglomerados populacionais de Albufeira, Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão, Portimão, Quarteira, Silves, Tavira e Vila Real de Santo António. Destas, todas são sede de concelho à excepção de Quarteira.

A zona ocidental do Algarve é designada por Barlavento e a oriental por Sotavento. A designação deve-se com certeza ao vento predominante na costa sul do Algarve, sendo a origem histórica desta divisão incerta e bastante remota. Na Antiguidade, os Romanos consideravam no sudoeste da Península Ibérica a região do cabo Cúneo — que ia desde Mértola por Vila Real de Santo António até à enseada de Armação de Pêra — e a região do Promontório Sacro — que abrangia o restante do Algarve.

Internamente, a região é subdividida em duas zonas, uma a Ocidente (o Barlavento) e outra a Leste (o Sotavento). Com esta divisão podemos registar um claro efeito de espelho entre as duas zonas. Cada uma destas zonas tem 8 municípios e uma cidade dita principal: Faro está para o Sotavento como Portimão está para o Barlavento. De igual modo possui cada uma delas uma serra importante (a Foia, no Barlavento, e o Caldeirão, no Sotavento). Rios com semelhante importância (o Arade no Barlavento e o Guadiana no Sotavento).

Um hospital principal em cada uma das zonas garante os cuidados de saúde em todo o Algarve. Em termos de infraestruturas, o Aeroporto Internacional está numa zona e o Autódromo Internacional noutra. Finalmente, a nível desportivo, os históricos do futebol algarvio Sporting Clube Olhanense (representante do Sotavento) e o Portimonense Sporting Clube (representante do Barlavento) encontram-se regularmente na Primeira Liga do futebol português. A equipa do Olhanense ascendeu à 1.ª Liga em 2009, enquanto que por sua vez a equipa de Portimão ascendeu um ano depois, em 2010.

Clima

Costa do barlavento algarvio

Vila de Aljezur. As casas de cor branca são muito comuns em várias partes do Algarve, pois ajudam a refrigeração das habitações, irradiando o calor

Um dos principais traços distintivos da região algarvia constitui o seu clima. As condições climáticas que o senso-comum atribui geralmente ao clima algarvio podem ser encontradas em todo o seu esplendor no barrocal e no litoral sul, especialmente na região central e no sotavento algarvio. Um conjunto de características base resumem o clima da região, em especial do barrocal e do litoral sul: verões longos e quentes, invernos amenos e curtos, precipitação concentrada no Outono e no Inverno, reduzido número anual de dias com precipitação e elevado número de horas de sol por ano. A temperatura média anual do litoral do sotavento e da região central do Algarve é mais elevada de Portugal Continental e uma das mais elevadas da Península Ibérica, rondando os 18 °C, atendendo às normais climatológicas 1961/90. A precipitação encontra-se essencialmente concentrada entre Outubro e Fevereiro, e assume com frequência um carácter torrencial. As médias anuais são inferiores a 600 mm em grande parte do litoral e no vale do Guadiana, e superam os 800 mm na serra do Caldeirão e os 1 000 mm na serra de Monchique. Na região litoral existem 5 meses secos, e entre Junho e Setembro a queda de precipitação é muito pouco frequente.

O clima do Algarve, segundo a classificação de Köppen, divide-se em duas regiões: uma de clima temperado com inverno chuvoso e verão seco e quente (Csa) e outra de clima temperado com inverno chuvoso e verão seco e pouco quente (Csb). Com excepção da Costa Vicentina e das serras de Monchique e de Espinhaço de Cão, toda a região algarvia possui um clima temperado mediterrânico do tipo Csa. No litoral do sotavento algarvio as noites tropicais (noites com temperatura mínima igual ou superior a 20 °C) são frequentes durante o período estival. De facto, a temperatura mínima mais alta de sempre registada em Portugal pertence à estação meteorológica de Faro: 32,2 °C, a 26 de Julho de 2004. A queda de neve na região algarvia é muito rara e é mais susceptível de ocorrer na Foia. A última vez que ocorreu queda de neve no litoral algarvio foi em fevereiro de 1954. Na madrugada de 1 de Fevereiro de 2006 nevou na serra do Caldeirão, e na manhã de 10 de Janeiro de 2009 nevou na serra de Monchique.

A primavera algarvia é uma estação inconstante: alguns anos é fugaz, curta, noutros mais longa, roubando espaço ao Estio ou ao Inverno; por vezes chuvosa e fresca, ou então quente e seca, ou ainda soalheira, mas ventosa. Em Março e Abril as temperaturas sobem lentamente, transitando para os valores estivais; durante o dia estas oscilam entre os 9/12 °C e os 19/22 °C. Em ambas os meses a precipitação média ronda os 40 mm, num total para ambos os meses de cerca de 20 dias com precipitação igual ou superior a 0,1 mm.

Praia da Rocha em Portimão. Devido ao seu bom clima, o Algarve transformou-se no maior destino turístico do país

Uma das características climáticas de referência da região algarvia é a existência de verões longos, quentes e secos. A partir de meados de Maio, a queda de precipitação no litoral e barrocal sul começa a ser um evento raro, e as temperaturas máximas e mínimas abandonam a amenidade primaveril para atingirem valores estivais. Junho é um mês seco, com precipitações médias inferiores a 10 mm e temperaturas médias que oscilam entre os 16 °C e os 26 °C. Julho e Agosto são os dois meses mais quentes e secos do ano. A queda de precipitação é um evento pouco frequente, podendo suceder-se vários anos sem que ocorra queda de precipitação durante estes dois meses. As temperaturas médias oscilam entre os 17/19 °C e os 28/30 °C. A temperatura mais alta registada no Verão é de 44,3 °C na estação Faro/Aeroporto no dia 26 de Julho de 2004. Setembro ainda apresenta características estivais bem marcadas. As temperaturas oscilam entre os 16/18 °C e os 26/29 °C. Por vezes, as primeiras chuvas de Outono podem ocorrer no final de Setembro; por esse motivo, a precipitação média deste mês ronda os 15 mm.

As primeiras chuvas após o verão, que ocorrem regularmente durante o mês de Outubro, caracterizam o início do outono. Após a queda das primeiras chuvas, os dias ainda poderão permanecer quentes, mas as noites começam gradualmente a ficar mais frescas. Por vezes, sucedem-se semanas de dias soalheiros, banhados por uma luz doce e inconfundível: é o chamado Verão de São Martinho. Ocasionalmente, as condições estivais prolongam-se durante parte do mês de Outubro. Em Outubro, as temperaturas oscilam entre os 13/16 °C e os 23/25 °C. As chuvas que caem durante este mês assumem com frequência um carácter torrencial: durante apenas um dia pode ser acumulada uma parte substancial da precipitação total do mês, seguindo-se vários dias de sol e céu limpo. A precipitação média de Outubro ronda os 45/70 mm. Novembro é o segundo mês mais chuvoso do ano, com uma precipitação média que ronda os 75/90 mm, concentrada geralmente num reduzido número de dias. As temperaturas baixam ligeiramente durante este mês, variando entre os 10/12 °C e os 18/21 °C.

O inconfundível inverno algarvio pode ser resumidamente caracterizado por três adjetivos: curto, chuvoso e suave. Dezembro é o mês mais chuvoso do ano. Dias tempestuosos, marcados pela chuva intensa e trovoada alternam com dias amenos, soalheiros e de céu limpo, óptimos para a prática de atividades ao ar livre. A precipitação média ronda os 90 a 120 mm, e as temperaturas médias oscilam entre os 8/10 °C e os 16/18 °C. Janeiro é o mês com temperaturas menos altas do ano: regra geral, estas variam entre os 6/8 °C e os 15/17 °C. A precipitação média ronda os 70/80 mm. Já em Fevereiro, as temperaturas começam paulatinamente a subir, e no final deste mês as condições primaveris começam a fazer-se sentir. As temperaturas oscilam os 7/9 °C e os 16/18 °C, e a precipitação média ronda os 45 a 70 mm. Ocasionalmente, durante o inverno a região algarvia é assolada por curtos períodos mais frios, nos quais as temperaturas mínimas atingem valores próximos dos 0 °C e as máximas não ultrapassam os 10 °C. Contudo, estes eventos meteorológicos são raros.

Fauna e flora

Medronhos, fruto do medronheiro, encontrados abundantemente pelo Algarve, constituem uma importante base alimentar para muitas espécies de aves

O cabo de São Vicente está situado numa rota de migração de aves, permitindo a observação sazonal de variedade de avifauna. A vegetação predominante no barrocal Algarvio é o matagal mediterrânico, caracterizado pela abundância de plantas resistentes à falta de água.

O subsolo do Algarve é habitado por várias espécies endémicas, únicas do Algarve, algumas delas descobertas recentemente.[23][24][25] As espécies mais emblemáticas da fauna subterrânea do Algarve são o pseudoescorpião gigante das grutas do Algarve (Titanobochica magna)[23] e o maior inseto cavernícola terrestre da Europa, a Squamatinia algharbica.[26]

Outras espécies de plantas, endémicas rigorosas ou não, levam o nome do Algarveː[27]

Pinheiros-bravos perto da Barragem de Odeáxere. Embora não tão comum quanto o Pinheiro-manso, esta espécie de pinheiro ocorre naturalmente em algumas partes do Algarve

Cistus algarvensis Sims, Bot. Mag. 17: t. 627 (1803).

Helianthemum algarvense Dunal, Prodr. [A. P. de Candolle] 1: 268 (1824).

Herniaria algarvica Chaudhri, Rev. Paronychiinae 346 (1968).

Limonium algarvense Erben, Mitt. Bot. Staatssamml. München 14: 503 (1978).

Linaria algarviana Chav., Monogr. Antirrh. 142 (1833).

Ophrys algarvensis D.Tyteca, Benito & M.Walravens, J. Eur. Orch. 35(1): 65 (2003). Syn.: O. omegaifera subsp. algarvensis (D.Tyteca, Benito & M.Walravens) Kreutz, Kompend. Eur. Orchid. 110 (2004).

Rhododendron algarvense Page, Prod. Southhampt. Gard. 38.

Sideritis algarviensis D.Rivera & Obón, Anales Jard. Bot. Madrid 47(2): 500 (1990).

Stegitris algarviensis Raf., Sylva Tellur. 132 (1838).