IET - INSTITUTO EPISCOPAL DE TEOLOGIA
"DOM RICHARD ARTHUR PALMER"
O estudo da Teologia é uma exigência que as Igrejas "sérias" fazem aos seus candidatos às Ordens Sagradas, ou seja, um dos requisitos para ser ordenado diácono ou diácona, presbítero ou presbítera é o estudo da Teologia. Por muito tempo considerada como a Rainha das Ciências, a Teologia veio perdendo prestígio no decorrer dos anos, principalmente, por causa da secularização, do afastamento de grande parte da sociedade da vivência religiosa.
No entanto, perder prestígio não é sinônimo de perder relevância. Infelizmente, hoje, a disseminação de seitas é um dos resultados nefastos da pouca importância que se dá a esta área do conhecimento. Refletir com seriedade sobre questões de Fé é uma necessidade urgente, principalmente para líderes religiosos, os quais lidam com vidas, liberdade, questões psicológicas e sociais.
Mas estudar teologia não basta. Para isso, muita leitura seria o suficiente. As Escolas de Teologia não formam teólogos, formam Bacharéis em Teologia. Teologia se constrói, na prática, através da reflexão, produção de textos, sermões, palestras e, infelizmente, relegada a segundo plano, com MUITA oração. O fazer teológico demanda, evidentemente, uma racionalização do conhecimento religioso, mas deve estar em sintonia e em equilíbrio com uma saudável vida espiritual, de contato com o Criador, que é a fonte e o fim desta disciplina. Muitas vezes na História percebe-se que havia muito conhecimento e produção teológica, mas resultados nefastos na prática, porque Deus era relegado a um segundo plano, dando-se mais valor à disputas doutrinárias do que a Ele ou às pessoas, alvos de seu amor e graça.
Além disso, a Teologia não pode estar apartada da vida cotidiana. Karl Barth, um dos maiores teólogos do século XX, dizia que a preparação de um bom sermão era feita com a Bíblia em uma mão e o jornal na outra. Desvincular o fazer teológico do dia a dia é como tocar um sino sem badalo, ou seja, não surte um resultado efetivo, real. Se um teólogo se divorcia da vida das pessoas e da própria História, seu discurso fica inócuo e vazio.
O estudo sério da Teologia também é uma prevenção às possibilidades do fundamentalismo. Hoje em dia, leituras literais das Escrituras tem dado margem à violência e ao preconceito generalizado, pois quem pensa diferente é tido como "herege", como inimigo da fé. Uma mente aberta é um salutar remédio para que não se tente produzir uma pseudoteologia mascarada de ódio, racismo, homofobia, aporofobia e tantas outras doenças intelectuais que só aumentam o ranço das pessoas pelo discurso religioso.
No Anglicanismo, tradicionalmente, a Teologia possui três fontes primárias. A primeira delas e essencial são as Escrituras. Ler, meditar, pregar a Palavra de Deus é um exercício teológico que deve ser tomado com a máxima prioridade por todos, mas principalmente pelos membros do Clero. O Arcebispo Thomas Cranmer, ao conceber a Liturgia Anglicana no Livro da Oração em Comum queria que todas as pessoas, mas principalmente o Clero, lessem as Escrituras durante o ano, na Oração Matutina e na Oração Vespertina, como forma de evitar as velhas e tenebrosas superstições medievais e abrir às almas a uma fé verdadeira.
Logo após, vem a Tradição, extremamente desprezada por muitos grupos protestantes e evangélicos. Chamamos de Tradição a produção, a reflexão da Igreja no decorrer dos séculos (lembrando que a Igreja NÃO surgiu na Reforma religiosa do século XVI!). Centenas de homens e mulheres, desde o século II tem escrito e refletido sobre aquilo que consideramos como o depósito da fé, o consenso dos fiéis, como presença viva e atuante do Espírito Santo na História da Igreja. A Patrística e a Escolástica, por exemplo, nos fornecem importantes informações sobre a vida e pensamento da Igreja Cristã no decorrer dos séculos. Desprezar esta fonte teológica é uma prova de cegueira intelectual e espiritual.
A terceira fonte é a Razão. Deus nos dotou com esta dádiva para que saibamos diferenciar as coisas, organizá-las, corrigi-las, adaptá-las ao nosso modo e tempo. Se mantivermos, por exemplo, exatamente o mesmo discurso do século XVIII, não seremos teólogos relevantes diante das demandas do século XXI. A razão é importante para que a Bíblia e a Tradição sejam contextualizadas às realidades do nosso tempo.
Contudo, gostaria que o leitor pensasse numa quarta fonte, importante e tão necessária como as demais. Falo da Experiência, da vivência da Teologia. Por exemplo, posso ler textos clássicos sobre Oração e Liturgia, mas se não oro e não participo do Culto Comunitário, esse estudo permanece como mero conhecimento, vazio, sem uma verdadeira alma. Trazer o pensamento teológico para as ruas, casas, fábricas, porões faz com que a Teologia adquira e produza, de fato, Vida.
O sábio ministro anglicano do século XVIII, Rev. John Wesley, afirmava que um clérigo deveria ler, pelo menos, cinco horas por dia! Evidente que diante da vida corrida do século XXI isso pode ser tornar complicado, mas nenhum clérigo deve negligenciar o estudo e reflexão teológica. Ter uma boa biblioteca (inclusive de forma eletrônica) é uma boa ferramenta para um ministério de sucesso. Tirar a Teologia dos livros e trazê-la para a vida é algo que todos os ministros e ministras deveriam fazer, para bem educar o povo em práticas salutares e libertadoras da fé cristã, sendo assim instrumentos eficazes para o estabelecimento do Reino de Deus.
Por isso, o Instituto Episcopal de Teologia - IET - quer formar homens e mulheres para o trabalho da Igreja no Brasil e no exterior. Nosso objetivo não é formar bacharéis em Teologia, primeiramente, mas sim complementar os estudos de Faculdades de Teologia e Seminários, oferecendo os seguintes cursos:
I. Módulo de Anglicanismo - História, Formação e Teologia.
II. Módulo de Liturgia Anglicana/Episcopal - estudo sobre o Livro da Oração em Comum.
III. Módulo de Administração Eclesiástica - Legislação e práticas de governança no sistema episcopal/representativo.
IV. Módulo de Direitos Humanos - História, Questões e o papel da Igreja num mundo pós-cristão.
A formação nestas áreas de conhecimento, sob a supervisão do Colégio Episcopal, é essencial para quem quer se tornar Reverendo ou Reverenda na Igreja Episcopal Protestante.
QUEM É O NOSSO PATRONO?
RICHARD ARTHUR PALMER NASCEU a 29 de janeiro de 1946 (29.01.46). Feito diácono em 1974, Presbítero em 1975, consagrado Bispo em Londres, em 1997. Educado na The House of the Sacred Mission, Kelham, Nottinghamshire, King Alfred's College, Winchester, Universidades de Southampton e Winchester. Lecionou e deu palestras em Hampshire, Inglaterra. Capelão da Royal British Legion, presidente da St. John Ambulance, membro da Royal Overseas League em Londres, conduziu cultos nas Igrejas Unitaristas e Cristãs Livres, na Igreja Reformada Unida. Membro do Conselho Consultivo Permanente para Educação Religiosa em Hampshire, Reino Unido.
A formação espiritual do Bispo Richard Palmer começou no Exército de Salvação. Ele entregou sua vida a Cristo quando era um menino de sete anos em uma reunião do Junior Corps, e nunca mais foi o mesmo! Ele dirigiu um Centro Juvenil para o Exército de Salvação e participou plenamente de seu trabalho. Embora tenha sido batizado quando criança na Igreja da Inglaterra, qualquer envolvimento no Anglicanismo só começou após a Confirmação. Seu chamado ao Ministério ocorreu quando era estudante na Casa da Sagrada Missão (Kelham Theological College). Somente depois de se interessar pela espiritualidade mística ele abraçou o Antigo Catolicismo sob a Igreja Católica Liberal. Ele se juntou a ex-clérigos anglicanos na resolução de abraçar um maior senso de autenticidade no sacramentalismo. Seu ministério durou muitas décadas, culminando em sua consagração episcopal em 1997. Ele co-fundou uma série de organizações cristãs, incluindo a Igreja Episcopal Aberta e a Sociedade para o Ministério Cristão Independente, sendo apaixonado pela necessidade de inclusão completa no serviço cristão. Ele descobriu que a Comunhão Episcopal Livre resume tudo o que é saudável em uma compreensão livre, inclusiva e sacramental do que é fazer parte da igreja universal de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Richard Arthur Palmer é Arcebispo Primus Emérito da TFPEC-WC