Igreja Episcopal Protestante – algumas perguntas e respostas importantes
1. O que significa Episcopal?
Primeiramente EPISCOPAL se refere a uma forma de política eclesiástica, cuja figura central é o BISPO (Epíscopo, em grego). É a forma de governo mais antiga e mais comum na Cristianismo. O segundo sentido é uma forma de designar uma igreja que seja herdeira das tradições da Igreja da Inglaterra e igrejas assim, como nós, são chamadas de episcopais ou anglicanas.
2. O que significa Protestante?
Protestante é a designação que se dá à terceira maior família do Cristianismo, predominantemente ocidental, surgida a partir da Reforma Protestante de 1517, com Martinho Lutero, e com ela mantendo laços históricos e teológicos. Na Inglaterra, a Reforma foi liderada principalmente pelo Arcebispo Thomas Cranmer, de Canterbury. São protestantes ainda os Luteranos, os Reformados (Presbiterianos, Congregacionais e Batistas), os Menonitas, os Episcopais/Anglicanos e os Metodistas.
3. O que é uma Igreja Livre?
Uma igreja livre é uma igreja que não está vinculada ao Estado (igrejas estabelecidas ou Igrejas oficiais). É uma Igreja que prima pela separação entre Igreja e Estado e, predominantemente, defendem o Estado Laico.
4. Para ser Episcopal é necessário estar vinculado à Comunhão Anglicana de Canterbury?
A resposta é não. Primeiro, porque o Anglicanismo é anterior à formação da Comunhão Anglicana, que aconteceu na penúltima década do século XIX, tendo surgido na Reforma, no século XVI. Segundo, porque as Igrejas Episcopais/Anglicanas ao redor do mundo se constituem como igrejas nacionais e autônomas, sendo assim reconhecidas por manterem alguns vínculos, conhecidos como o Formulário Anglicano: O Livro de Oração Comum, o Ordinal Eduardino e os 39 artigos de religião.
5. Henrique VIII fundou a Igreja da Inglaterra na Reforma?
Acredita-se que o Anglicanismo chegou às Ilhas Britânicas ainda no século I, levado por comerciante e soldados romanos convertidos à nova Fé. Mas, tradicionalmente, esse fato é atribuído a José de Arimateia, discípulo que cuidou do corpo de Jesus após a deposição da Cruz, cedendo-lhe o túmulo, conforme os Evangelhos. Contam-se bispos ingleses no Concílio de Arles (314 d.C.), portanto antes do Concílio de Niceia. Desenvolveu-se, nas ilhas, um tipo de Cristianismo próprio, muito ligado aos mosteiros, à natureza e ao Culto da Santíssima Trindade, chamado de Cristianismo/Igreja Celta, autônomo e desvinculado de Roma até o século VII, quando através do trabalho de Agostinho de Canterbury, no Sínodo de Whitby, vinculou-se a Igreja Celta à Igreja Romana. Durante a pré-reforma (Lolardos, de John Wyclif) e na Reforma (Thomas Cranmer e os Soberanos Henrique VIII, Eduardo VI e Elizabeth I), restaurou-se a autonomia da Igreja Inglesa, e adotaram-se também princípios da Reforma. Nem Henrique VII, nem seus sucessores fundaram a Igreja da Inglaterra, pois ela já existia séculos antes deles.
6. O que é ser uma Igreja Litúrgica?
Uma Igreja Litúrgica é uma igreja que tem um culto organizado, com começo, meio e fim, cujo centro da adoração é Deus, e não o homem, com orações, cânticos, leituras das Escrituras e outros elementos, muitos deles dos primeiros séculos do Cristianismo, e que animam e avivam a vida comunitária. Na Tradição Episcopal/Anglicana, o manual do culto usado é o Livro de Oração Comum, desde a Reforma. Na nossa Igreja, a base para o culto cristão está nos LOC de 1662 (Inglaterra) e de 1928 (EUA), cuja doutrina sólida e salutar é a base para as nossas liturgias.
7. O que é ser Contemporânea e Afirmativa?
É necessário que os cristãos contemporâneos entendam que embora tenhamos uma forte ligação com os cristãos do passado, precisamos ser uma resposta de Graça e Vida para as gerações presentes. Assim sendo, temos que usar em nossos cultos uma linguagem culta, mas não antiquada; usar recursos, como a Internet e as Redes Sociais, como instrumentos de evangelização e ensino; ter como prioridades demandas como as questões relativas aos direitos das mulheres, a extinção de pautas e posturas racistas, a defesa dos direitos dos LGBTQIA+, a questão indígena, a defesa das crianças e dos idosos, enfim, pautas em que é necessário ter um verdadeiro testemunho cristão.
8. A IEP ordena mulheres? E LGBTQIA+?
Sim, pois não podemos ser hipócritas ao defender pautas humanitárias e deixar de fora aqueles a quem defendemos e pelos quais lutamos. Ordenamos mulheres e LGBTQUIA+ em todos os níveis de nossos ministérios.
9. Qual o posicionamento da Igreja em relação ao Ecumenismo e Diálogo Religioso?
Cremos que estas questões são para nós formas de testemunho. Em relação ao Ecumenismo, lutamos pela unidade da Igreja de Cristo, para que cristãos e cristãs demonstrem amor, diálogo e respeito, apesar de tradições diferentes. Da mesma forma, somos favoráveis à luta contra a intolerância religiosa e totalmente contrários a qualquer forma de proselitismo.
10. Como a IEP enxerga a pesquisa científica e a cultura?
Para nós, a Ciência e a Razão são dádivas de Deus e sendo usadas com bom senso e ética e com o princípio da justiça para todos, servem para o aprimoramento da pessoa humana e devem ser incentivados. Da mesma forma, a cultura popular e suas tradições devem ser preservados e respeitados como patrimônio imaterial.
11. Como devemos encarar as questões ambientais?
Como cristãos e cristãs cremos que Deus é o “Criador do Céus e da Terra e de todas as coisas visíveis e invisíveis”. Nossa tarefa como pessoas de fé é defender o meio ambiente e participar efetivamente de todo e qualquer movimento em prol da vida e da qualidade do ar, da água, a terra e pelo uso racional e sustentável dos recursos naturais.
12. Qual o papel da Teologia?
Teologia é para os clérigos uma cadeira obrigatória, para todos os candidatos ao diaconato e ao presbiterato, exigindo-se, sob a supervisão do bispo sinodal e de acordo com as Normas Gerais da Formação Teológica da Igreja Episcopal Protestante.
13. O que significa ser uma igreja progressista?
Uma Igreja Progressista é uma igreja voltada para questões mais amplas que apenas as suas doutrinas e liturgia, ou seja, é uma igreja engajada nas lutas populares, principalmente orientada pela Teologia da Libertação e pelo Movimento de Missão Integral da Igreja. Queremos incentivar membros de nossas comunidades a participar da vida política, sindical, de associações e movimentos que visem a luta por direitos e dignidade para todos.