Lucas 17.11-19
Ciclo do Tempo Comum
P. William Felipe Zacarias
Amados irmãos, amadas irmãs,
A estatística de Jesus comprova: 90% das pessoas esquecem de dar glória a Deus. De cada 10, apenas 1 retorna para se ajoelhar perante o Senhor e agradecer por todas as dádivas recebidas. E você, está em qual parte da estatística de Jesus?
1 O GRITO POR SOCORRO
Jesus está a caminho de Jerusalém. É no meio desse caminho, próximo à Samaria e Galileia, que Jesus encontrou uma aldeia com dez leprosos. Como não havia cura para a doença, a única maneira de evitar o contágio era isolando as pessoas infectadas do convívio social. Além de conviver com dores e feridas, os leprosos precisavam conviver com o fato de estarem distantes de seus familiares, amigos, vizinhos e conhecidos. Em meio à enfermidade, criam laços – uma aldeia onde todos eles partilham da mesma circunstância, do mesmo sofrimento.
A fama de Jesus já havia se espalhado por toda a Galileia. Quando os leprosos enxergam a Jesus, são tomados por uma nova esperança. Por causa da doença, eles não podem se aproximar de Jesus. Eles desistem? Não! Eles gritam: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” (Lucas 17.13). É importante lembrar que o autor desse relato é Lucas, o médico. Por isso há tantos detalhes acerca da condição da doença.
Eles gritaram. Jesus escutou. O Senhor vai ao encontro deles? Não. Mesmo sendo o Deus-Filho, Jesus respeita as restrições da doença – talvez para não colocar nenhum dos seus discípulos em risco. De longe, Jesus lhes diz para irem aos sacerdotes. Naquele tempo, os sacerdotes eram os responsáveis por olhar as feridas, o corpo e atestar se a pessoa estava curada e tinha permissão de voltar aos seus familiares. Quando os sacerdotes olharam aqueles dez homens, constataram a sua cura. Eles foram purificados – e seguiram o seu caminho.
2 O GRITO DE GLÓRIA A DEUS
Todos seguiram a sua vida – menos um. A estatística de Jesus comprova: 90% das pessoas esquecem de dar glória a Deus. Dos dez, apenas um retornou. Ao chegar a Jesus, ele se ajoelha dando glória a Deus em alta voz (cf. Lucas 17.16). Com o rosto em terra, ele agradece a Jesus por sua restauração. Deus transformou o seu grito de socorro em um grito de louvor. E ele era samaritano – povo desprezado pelos judeus desde o Antigo Testamento (cf. 1 Reis 11.41-43; 12.1-33; 2 Reis 17.3-41, 24.20-25.22; Esdras 1.1-11; Neemias 13.23-29). Aquele que é desprezado e descartado se tornou o único que voltou para agradecer a Jesus. Ele era um estrangeiro – um desconhecido. Jesus não se fecha ao desconhecido e estranho, mas se abre a ele.
E Jesus lhe disse: “Levanta-te e vai; a tua fé te salvou” (Lucas 17.19). Assim, Jesus deixa claro que a Salvação é pela fé e não pelo sangue que corre nas veias. O seu próprio povo esqueceu que Abraão foi chamado a ser pai de um povo que tinha como missão abençoar todas as famílias da terra (cf. Gênesis 12.1-3). Eles se fecharam em si mesmos e, inclusive, rejeitaram Jesus, o próprio Filho de Deus (cf. João 1.11-12). Mas, agora, pela fé, qualquer pessoa pode fazer parte do povo de Deus – não por seus méritos, mas pela graça de Deus.
Amados irmãos, amadas irmãs,
Deus é capaz de transformar o grito por socorro em um grito de glória a ele. Mas, quem voltará para louvar ao Senhor? Quem voltará para dar glória a Deus pelos seus feitos? Diariamente recebemos tantas bênçãos de Deus: família, lar, trabalho, educação, proteção. Todos recebem. Através da Criação, Deus dá suas dádivas a todas as pessoas, sem distinguir entre justos e injustos. Quantos retornam para agradecer? Quantos erguem a voz em louvor ao Senhor?
Nem sempre Deus nos dá o milagre que queremos. Mas Deus sempre nos dá o milagre que precisamos. Muitas vezes Deus faz algo diferente daquilo que era a nossa vontade – porque enquanto temos uma interpretação limitada da realidade, Deus a conhece na sua totalidade. Assim como os pais não dão tudo o que seus filhos querem, da mesma forma Deus age com cuidado ao não nos dar tudo que queremos.
Horatio G. Spafford (1828–1888) passou por uma difícil sequência de tragédias em sua vida. Em 1871, um Grande Incêndio em Chicago (EUA) arruinou os seus investimentos; depois, em 1873, o navio em que viajavam sua esposa Anna e suas quatro filhas naufragou no Atlântico. Apenas suas esposa Anna sobreviveu e telegrafou do País de Gales para os Estados Unidos: “Salva, sozinha”. Ao receber a mensagem, Horatio logo iniciou sua viagem para encontrar a sua esposa. Enquanto atravessava o oceano, versos de um poema vieram à sua mente:
Se paz a mais doce eu puder desfrutar;
se dor a mais forte eu sofrer.
Oh, seja o que for tu me fazer saber
que feliz com Jesus sempre sou.
Mais tarde, Philip P. Bliss (1838–1876) escreveu a melodia para os versos. Vamos cantar esse hino?
Horatio foi capaz de dar glória a Deus mesmo não recebendo o que era da sua vontade. Mesmo perdendo seus negócios e suas quatro filhas, ele testemunhou que é feliz com Jesus. O mundo diria que ele é um louco. O Evangelho diz que Deus transformou seu grito por socorro em um grito de glória ao Senhor.
Onde você precisa de socorro? Em qual área da sua vida você precisa gritar “Jesus, Mestre, tem compaixão de mim”? Qual parte da sua vida está quebrada? Jesus escuta o seu clamor. Seja qual for a resposta do Senhor, não esqueça de voltar para dar glória a Deus. Amém.