Campanha do agasalho em São Borja: município e instituições de ensino promovem campanhas para doações de roupas

Por Cassiano Battisti e Giovanna Vitória Rodrigues  

         A campanha do agasalho é realizada todos os anos, principalmente em estados do sul e sudeste. Esse tipo de campanha teve seu início em 1947 pelo Fundo Social de São Paulo (FUSSP), com o intuito de ajudar as pessoas em situação de vulnerabilidade econômica no período de frio intenso. Em São Borja, a campanha se tornou anual com a iniciativa de quatro contêineres disponíveis na Praça XV, Praça da Lagoa, Fórum da Comarca de São Borja e na Câmara de Vereadores. 

         Em uma parceria público-privada com a empresa Pirahy Alimentos, os containers tiveram adesão da comunidade e é o principal meio de doação do município. Segundo a secretária de Desenvolvimento Social, Luciane Bidinoto, o problema que a campanha está enfrentando este ano é a falta de doação de roupas de inverno, "A gente faz uma orientação para a comunidade no geral para que nessa época do inverno sejam destinados apenas agasalhos de inverno, que é o que a gente mais precisa. Hoje, 70% do que nós recebemos é descarte, não são roupas em condições de uso nem calçados em condições de uso", afirma Bidinoto. 


Contêiner da campanha na Praça XV. Foto: Cassiano Battisti.


Contêiner perto da Câmara de Vereadores de São Borja. Foto: Cassiano Battisti.



Contêiner localizado em frente ao Fórum da Comarca de São Borja. Foto: Cassiano Battisti. 



                 Pontos dos contêineres em vermelho no mapa. Fonte: Google Maps. 

       As instituições estudantis da cidade também desenvolvem campanha do agasalho, é o caso da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e do Instituto Federal Farroupilha (IFFAR), ambas instituições têm campanhas internas para a doação de itens de inverno. No IFFAR, a campanha "Varal Solidário", iniciou em 2018 e tem como conduta a troca de itens, com o lema “doe o que puder e pegue o que precisar” é coordenado pela assistente social, Nitiele Farias, que realiza a triagem das doações. "As doações podem ser entregues direto na Assistência estudantil, nós recebemos essas doações e fazemos uma triagem para separar aquilo que pode ser colocado para doação daquilo que não dá pra ser colocado para uso e também nós temos uma caixa de coleta próximo onde montamos o varal que o aluno pode deixar direto ali, aí durante o nosso expediente damos uma olhada na caixa", explica.

       A troca também pode ser realizada por servidores da instituição, mas o principal público-alvo são os alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, "nós resolvemos fazer nessa modalidade de pegar o que precisa, do próprio aluno ter essa liberdade, se sentir mais à vontade de escolher aquilo que ele gosta, aquilo que ele precisa, porque ele pode escolher peças tanto para ele como pra os familiares dele, ficando assim mais acessível para o aluno." reforça Nitiele.   

        A campanha "Varal do Pampa", iniciou em 2014, por um incentivo da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (PRAEC) da Unipampa, e tem como público alvo os estudantes da instituição. “A preferência é dos alunos, depois que a gente arrecada a gente doa para os alunos e no final do semestre quando já passou o inverno a gente tem sempre as sobras, que acabamos doando para alguma instituição da cidade, como CRAS, como alguma instituição da prefeitura, alguma ONG”, ressalta o assistente social da Unipampa, William Bernardes. Segundo o assistente social, foram arrecadados cerca de 200 itens nesse início da campanha, que se estende até o dia 1° do mês de julho. 

        Toda doação no município é direcionada ao Centro de Referência da Assistência Social, mais conhecido como CRAS, pois, é a instituição que mais se comunica com as famílias em situação de vulnerabilidade. Algumas instituições são beneficiadas com as doações, é o caso do Presídio Estadual, a Pastoral da Criança e a Fazenda Terapêutica. 

        A cidade de São Borja, conta com um abrigo disponível para a permanência temporária de três dias, com a capacidade máxima de dez pessoas, Luciane Bidinoto conta como é a dinâmica do abrigo "a entrada é às 19h e saída às 07h da manhã, a pessoa tem direito a banho, janta e café da manhã" ressalta. 


        Confira a reportagem complementar sobre a campanha do agasalho na cidade: 



A Feirinha da Unipampa está de volta após ser interrompida por causa da pandemia

Foto: Maicon Schlosser

A tradicional feira de orgânicos, doces e salgados caseiros da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), campus São Borja, está de volta e ocorrerá todas as terças e quintas, a partir das 14h, no quiosque do campus I. 

O projeto foi criado em 2012, recebendo o nome de “Educação Popular do Campo”, pela professora da Unipampa, Merli Leal Silva, em parceria com famílias de assentamentos do interior do município. As famílias cultivam verduras e hortaliças de maneira totalmente orgânica, além de produzirem salgados e doces caseiros, que são vendidos na feirinha, que embora ocorra dentro da Universidade, também é aberta para a comunidade local. Em 2020, o projeto acabou integrando o Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica (NEA) e foi contemplado com auxílio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A feira não ocorria desde o fim de 2019, em decorrência da pandemia de Covid-19, que interrompeu as atividades acadêmicas presenciais e impôs diversos desafios às famílias do assentamento. “Foi difícil para a gente, mas graças a Deus passou e estamos de volta”, conta Ivani Dobler de Lima, moradora do assentamento Cristo Redentor e que participa da iniciativa desde seu começo. Conhecida pela venda de verduras e hortaliças, Ivani diz que além de conseguir aumentar sua renda com as vendas feitas na feira, também aprendeu muito com os alunos durante todos os anos que participou do projeto, que proporciona a ela a oportunidade de sair de casa, no interior, e vir para a cidade, conhecer e interagir com pessoas novas.

Já Fernanda Lima da Silva, também moradora do assentamento Cristo Redentor, participa do projeto desde 2017, vendendo cucas, doces e salgados, e se diz feliz com o retorno, mas também se mostra um tanto receosa: “Temos que ver como vai ser, se vamos conseguir tirar tudo que investimos”, diz ela, que apesar disso, se mostrou contente com as vendas da quinta-feira (14/07), que mesmo com tempo nublado e chuvoso, atraiu um bom número de compradores. Fernanda relata que esse é um momento de testar, para saber o que mais vende e assim organizar a produção para evitar desperdícios: “Na terça-feira saiu bastante enroladinho, cueca virada, pão de queijo e bolo de milho”.

Foto: Maicon Schlosser

Uma das novidades do retorno da feira é que além do pagamento em dinheiro, que era a forma padrão em anos anteriores, agora também é possível efetuar a compra com PIX. “O que é muito melhor, porque antigamente não tínhamos como aceitar pagamento em cartão, pois não tínhamos a máquina”, explica Fernanda.

Ivani ressalta que todas as verduras são orgânicas, sem nenhum uso de agrotóxico, ou veneno, o que ocasiona um cultivo mais demorado. Porém, o resultado final vale a pena: “Essas têm sabor”, afirma ela, que ressalta que ao comprar em supermercados, não há como saber que tipo de agrotóxicos foram usados, além de o sabor não se comparar a uma verdura ou legume que foi plantado de maneira orgânica. 

Merli, a professora idealizadora do projeto, diz que a ideia é gerar renda aos assentamentos e para as famílias chefiadas por mulheres. Além disso, ressalta a importância da feira, ao contribuir com a comunidade e aprender com ela: “Para os alunos é uma experiência linda ir para o campo, vivenciar a realidade e usar o conhecimento da sala de aula para agregar valor aos produtos das agricultoras”. A expectativa para o retorno, segundo ela, é conseguir apoio externo dos órgãos públicos e assim garantir que o projeto se perpetue.

Escolas realizam ações para recuperar alunos prejudicados pelo ensino remoto

Secretaria da Educação de São Borja está desenvolvendo estratégias para suprir a defasagem escolar, considerada significativa para aqueles que estudaram à distância nos primeiros anos da pandemia.

Guilherme precisou se dedicar aos estudos em casa, contando somente com a ajuda da avó, durante o período remoto. Foto: arquivo pessoal.

Por Juliana Alves, Larissa Vasconcelos, Jorge Pacheco e Andressa da Cruz

O ano letivo para crianças, jovens e adultos de São Borja, que teve início em fevereiro, vem sendo marcado por adaptações e cuidados. Pensando em suprir as lacunas e dificuldades causadas pela pandemia de Covid-19, a Secretaria de Educação do município vem implementando ações para facilitar a retomada da aprendizagem. Segundo o Secretário de Educação, João Carlos Reolon, “aqueles pais que mandaram sem a obrigatoriedade da presença exigida, neste caso, esses alunos, hoje, estão um passo à frente dos outros. Esse retorno antecipado fez muita diferença”; ele ainda enfatiza que a presença do professor em sala de aula, o contato direto com o aluno, é algo insubstituível.

Em primeiro momento, durante o isolamento social no início da pandemia, as escolas prepararam atividades para os alunos realizarem em casa com a ajuda dos familiares, como foi o caso de Guilherme e Dona Márcia. Porém, com algumas medidas sanitárias sendo modificadas, algumas escolas reabriram durante o período e começaram com o ensino híbrido, mas sem a obrigatoriedade de presença dos alunos. 

A Secretaria de Educação implementou como medida, para esse ano letivo, auxiliares de alfabetização nas turmas do 1º e 2º anos, que acompanham o professor titular, amparando aqueles alunos que apresentam maiores dificuldades de compreensão do que está sendo lecionado. Além disso, para o segundo semestre, será implementado o contraturno, com aulas de reforço aos alunos que possuírem dificuldades em acompanhar o conteúdo, ou defasagem na aprendizagem.

“As aulas ministradas ou trabalhadas de maneira online ficaram bem distantes de atingir o seu objetivo. Faltou aquele face a face, aquele toque de humanismo, aquela emoção, que é na presença que a gente constrói. (…) isso fez com que os alunos retornassem com algumas defasagens, do ponto de vista de interação com os outros colegas, emocionalmente também um tanto irritados”, comenta o secretário de Educação. Reolon também afirma que a alimentação é uma das grandes preocupações da Secretaria e que buscou produtores familiares para oferecer um produto mais saudável e natural para os alunos da rede pública.

Para valorizar os professores, que tiveram tanta dificuldade quanto os alunos durante o período remoto, a Secretaria de Educação está promovendo o projeto “O Valor do Professor”, que conta com a leitura de três livros do autor Gabriel Perissé. A cada leitura, será realizada uma oficina de debate com o autor, com o intuito de cuidar e valorizar o professor, para que o ensino em sala de aula seja feito da melhor forma possível.


Dificuldades dos alunos são observadas em todas as esferas

Na rede particular, o cenário não é muito diferente. A professora das turmas do 5º do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio da escola Sagrado Coração de Jesus, Brenda Figueiredo, afirma que observou grande defasagem na aprendizagem e no comportamento dos alunos em sala de aula. “Acredito que, para recuperar todo o ensino perdido, ainda levaremos alguns anos. O que faço, atualmente, é sempre retomar os conteúdos necessários antes de ensinar um novo”, comenta a professora.

O Secretário de Educação comentou que a secretaria tem realizado um pré-diagnóstico acompanhando em qual nível os alunos se encontram. Ao todo, 9,98% dos alunos estão em um nível pré-silábico, no qual a criança percebe que a escrita representa o que é falado, mas ainda não sabe relacionar as letras. Já no nível silábico, são 12,65%, onde a criança passa a entender que existe uma correspondência entre as letras e o que é falado. No nível silábico-alfabético, momento em que já é possível identificar as sílabas e formar as palavras, mesmo que com erros, são 16,08%. O nível alfabético, que apresenta uma circunstância ideal, é caracterizado pela total correspondência entre emissão sonora e escrita, são compostos por 61,28% dos alunos.

Essa identificação dos níveis de alfabetização de cada aluno tem o intuito de não só acompanhar o desenvolvimento dos estudantes, mas de auxiliar na implementação de medidas reparadoras aos danos causados pelo ensino remoto. Dona Márcia Trindade comenta que seu neto, Guilherme, de 13 anos, teve muita dificuldade durante o período de aulas online. “Eu vejo que ele foi afetado, principalmente na parte da pronúncia das palavras. Ele também tem bastante dificuldade na leitura ainda e essas partes mais de número, sabe?” , comenta a aposentada. Ela afirma ter sido um grande desafio auxiliar o neto com os trabalhos durante o período da pandemia, pois ela mesma não completou o ensino fundamental.

i4 fecha parceria com agência especializada em checagens

A i4 Plataforma de Notícias fechou uma parceria com a agência Lupa, especializada em checagens de fatos, para divulgação de conteúdos de checagem sobre o período eleitoral de 2020. Os conteúdos verificados pelos jornalistas da Lupa, com relação às eleições deste ano, serão divulgados nos perfis da i4.

Essa divulgação faz parte do projeto Democracia Digital, que é uma iniciativa da agência Lupa, do Instituto de Tecnologia & Equidade (IT&E) e do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, com apoio do WhastApp e dos Tribunais Regionais Eleitorais de todo o país.