Divulgação Científica
Distribuição de xaxins na Floresta Atlântica subtropical
No artigo desta semana, o trabalho liderado pela equipe do Herbário Dr. Roberto Miguel Klein analisou os possíveis efeitos das mudanças climáticas na distribuição e diversidade dos xaxins, espécies muito comuns nas florestas de Santa Catarina. Diferente do que esperávamos, mesmo as espécies que se beneficiam de locais mais quentes e úmidos podem sofrer no futuro reduções populacionais. Xaxins são conhecidos pela necessidade de água para reprodução, ou seja, o gameta masculino, chamado anterozoide, precisa nadar até a oosfera (gameta feminino). São plantas de crescimento lento, mas comuns e muito abundantes em algumas regiões da Floresta Atlântica, especialmente a Floresta Ombrófila Densa (ou Pluvial). Esperávamos que por ocorrerem em ambientes mais quentes, se comparados a Floresta de Araucária, estas espécies poderiam ser favorecidas. Contudo, não foi o que observamos.
Para elaborar este trabalho, dados de literatura, GBIF e do IFFSC foram utilizados. Ainda, oferecemos uma nova maneira de medir a incerteza dos modelos usando métricas estatísticas básicas, como diferenças médias e CI.
Os principais achados são:
• A maioria dos xaxins perderá áreas adequadas de ocorrência devido à mudança climática.
• Dicksonia sellowiana Hook. pode ficar ainda mais ameaçada como resultado de restrições em sua distribuição.
• Em todos os cenários, as assembléias de samambaias arbóreas subtropicais na Mata Atlântica se tornarão menos ricas.
• Negligenciar as incertezas decorrentes da escolha dos modelos de circulação global pode levar a conclusões imprecisas.
Este trabalho foi feito e recebeu suporte de muitos que direta ou indiretamente auxiliaram na sua realização. FUMDES, financiando um projeto de Iniciação científica; FAPESC que financiou a coleta de dados do IFFSC; CAPES que financiou(a) duas bolsas de mestrado; CNPq por uma bolsa de produtividade.
Foto: João Paulo Maçaneiro. Local: Faxinal do Bepe, PARNA Serra do Itajaí, Indaial/SC.
Morfoanatomia de Parablechnum sp.nov e Parablechnum cordatum, uma comparação entre a morfologia e anatomia das espécies
Em agosto de 2018, deu-se início o projeto que objetiva, através da comparação anatômica e morfológica, identificar uma possível nova espécie de samambaia. A pesquisa inicializou com intuito de explanar as diferenças encontradas na planta coletada em Florianópolis-SC com o propósito de averiguar ser de fato uma espécie nova de Parablechnum. As plantas coletadas se encontram na casa de vegetação da FURB. A partir destes exemplares em cultivo, realiza-se coletas de materiais biológicos a fim de elaborar comparações morfoanatômicas, que constituem-se de secções (cortes) dos órgãos: raiz, caule e folha para a comparação anatômica, visando as estruturas encontradas em cada órgão. Por exemplo a distribuição dos feixes vasculares - estruturas que atuam no transporte de seiva elaborada e bruta da planta. Observação do material coletado juntamente com análise da respectiva literatura para auxiliar na comparação morfológica.
Projeto orientado pelo prof. Dr. André Luís de Gasper
Executado pelos alunos: Michele Pradella e Lucas Gabriel Thom, do curso de Ciências Biológicas
Identificação de espécies de plantas avasculares do Parque Natural Municipal São Francisco de Assis
Apresentar uma lista das espécies ocorrentes no Parque Natural Municipal São Francisco de Assis, tentando fechar ou pelo menos reduzir a lacuna de coletas desse grupo de plantas para a região e para o Estado de Santa Catarina. Este é o objetivo da pesquisa “Fechando lacunas: a flora avascular do Parque Natural Municipal São Francisco de Assis, Blumenau, SC.”
Orientada pelo professor Dr. André Luís de Gasper e conduzida pelo acadêmico Fábio Leal Viana Bones, que tem Bolsa de pesquisa Pibic Furb, a pesquisa será dividida em duas partes: uma é a coleta de novos espécimes e outro na revisão de todas as espécies já coletadas e registradas em herbário. O local da coleta será o Parque Natural Municipal São Francisco de Assis, em Blumenau.
O Parque Natural Municipal São Francisco de Assis (PNMSFA) é uma importante área de floresta, localizada no Centro de Blumenau e tem servido desde sua criação como local de estudos para os acadêmicos do Curso de Ciências Biológicas da FURB. Sua flora e sua fauna vem sendo cada ano melhor conhecida. O Laboratório de Botânica (www.furb.br/botanica) e o Herbário (www.furb.br/herbario) já realizaram diversos estudos sobre a composição vegetal do PNMSFA, principalmente de suas samambaias e angiospermas (plantas com flores).
Agora, no que compreende as briófitas (popularmente conhecida como os musgos), pouco foi coletado e estudado. Essa situação se repete para todo o estado de Santa Catarina, que é considerado por muitos como uma lacuna de conhecimento no estudo das briófitas no Brasil.
Apesar de pequenas, as briófitas formam o segundo maior grupo de plantas, e tem papel importante na conservação das encostas, decomposição de rochas, fixação de nitrogênio e indicadores de poluição, por exemplo.
Aumentando o conhecimento das espécies de briófitas, podemos estabelecer meios de divulgação de informação sobre a diversidade de briófitas brasileiras contribuindo também para a formação de taxonomistas, e reforçamos a justificativa para criação e manutenção de unidades de conservação, como o PNMSFA.
Classificação (em estágios sucessionais) da Vegetação Secundária do Vale do Itajaí
Atualmente, em qualquer área de Floresta Atlântica dentro do território brasileiro, o corte da vegetação é mediado através de autorizações prévias fornecidas pelos órgãos ambientais competentes (municipais, estaduais ou federais). Por sua vez, a legislação ambiental determina o quanto desta vegetação poderá ser cortada e o quanto deverá ser mantida. Tais quantias são determinadas com base no estágio sucessional da vegetação em questão, regido por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) de 1994 para Santa Catarina.
Estágios sucessionais são uma forma de classificar a vegetação tendo como base as teorias de sucessão ecológica. Sucessão ecológica pode ser conceituado como o processo de substituições de espécies ao longo do tempo em uma determinada área. Por exemplo, após ser esgotado os nutrientes de um solo que suportou diversas rotações agrícolas, ocorre o abandono desta área, que por sua vez se tornou pouco produtiva. Caso haja condições adequadas, haverá estabelecimento e regeneração da vegetação nativa nesta área abandonada. A vegetação inicial geralmente se manifesta como gramas, ervas e arbustos, e ao passar do tempo começam a nascer indivíduos de árvores pioneiras, como o garapuvú (Schyzolobium parahyba), a capororoca (Myrsine coriacea) ou a embaúba (Cecropia glaziovii). Este surgimento subsequente de diferentes espécies é a sucessão ecológica, sendo possível identificar o estágio de desenvolvimento em que uma vegetação se apresenta, ou seja, qual seu estágio de sucessão.
A legislação da CONAMA estabelece três estágios de sucessão, sendo o inicial, o médio e o avançado, com cada estágio tendo diferentes implicações no corte da vegetação. Entretanto, esta classificação recebe diversas críticas da comunidade científica, não refletindo a realidade das florestas atuais. Dessa forma, esta pesquisa tem como principal objetivo desenvolver um novo sistema de classificação da vegetação do Vale do Itajaí, buscando explorar novos parâmetros que ajudem a definir com melhor clareza cada estágio sucessional das florestas desta região. O desenvolvimento da classificação é realizado através do banco de dados do Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina (IFFSC) e da dissertação de Arthur Vinícius Rodrigues (Banco de dados de atributos funcionais de espécies arbóreas do Vale do Itajaí), visando explorar relações entre estrutura, função e estágios de sucessão das florestas do Vale do Itajaí.
Fotos de Vegetação em estágio avançado e Vegetação em estágio inicial se estabelecendo em uma clareira.
Local da pesquisa: Vale do Itajaí.
Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal
Acadêmico: Fábio Fiamoncini Pastorio
Orientação: Dr. André Luís de Gasper
Avaliação da distribuição espacial, estrutura populacional e aspectos fenológicos em espécies de samambaias arborescentes no estado de Santa Catarina
Os xaxins ou samambaias-açu representam um importante componente das formações vegetais, uma vez que algumas espécies podem servir como suporte e habitat para plantas epífitas, inclusive para outras espécies de samambaias. O objetivo deste estudo é analisar alguns aspectos ecológicos das espécies de xaxim que ocorrem no estado de Santa Catarina, permitindo ampliar o conhecimento sobre a ecologia desse grupo de plantas e visar ações de conservação. Esse estudo compreende três partes: (1) descrição das características populacionais; (2) análise da influência das variáveis climáticas na distribuição atual e futura dessas espécies no estado; (3) acompanhamento dos eventos biológicos, como produção de frondes (folhas) e esporos.
Local da pesquisa: Estado de Santa Catarina
Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal
Acadêmico: Carlos Eduardo Schwartz
Orientação: Dr. André Luís de Gasper
Crescimento e produtividade de Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin em floresta secundária no estado de Santa Catarina.
Encerrando o ano e começando uma nova atividade, vamos dar início a divulgação científica dos projetos que envolvem os docentes e discentes da Botânica/FURB. Para começar, um projeto que visa entender o crescimento de uma espécie muito comum no Vale do Itajaí, o jacatirão.
As florestas de Santa Catarina são compostas por um grande número de espécies arbóreas com potencial madeireiro. Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin, conhecida popularmente como jacatirão é uma das espécies mais promissoras da Floresta Ombrófila Densa. A arquitetura das árvores da espécie, a rentabilidade do desdobro da madeira na serraria e o volume madeireiro disponível na floresta secundária são informações que fundamentam o interesse deste estudo. Assim, avaliamos as condições ambientais em que o jacatirão apresenta o melhor incremento médio anual em circunferência do tronco e a fisionomia vegetal potencial para o seu crescimento. Esse tipo de informação permite valorizar de maneira autêntica as florestas secundárias, reconhecendo a possibilidade de adotar formas sustentáveis de uso e manejo dos recursos das propriedades rurais.
Local da pesquisa: Divisa de Luiz Alves/Massaranduba
Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental
Acadêmica: Karina Amarante Cavalheiro
Orientação: Dr. Alexandre Uhlmann e Co-Orientação do Dr. André Luís de Gasper