đź“– 1. Mateus


O Evangelho segundo Mateus apresenta Jesus como o Messias prometido, o Filho de Davi e o Filho de Abraão. Desde a genealogia até a conclusão com a Grande Comissão, Mateus mostra que Jesus é o cumprimento das promessas de Deus no Antigo Testamento. Sua vinda inaugura o Reino dos Céus e revela o plano soberano de Deus para redimir Seu povo. Para o cristão presbiteriano, que crê na unidade progressiva das Escrituras e na soberania de Deus na história, este livro reforça a fidelidade divina que atravessa gerações. Reconhecemos essa fidelidade na narrativa de nossas próprias vidas?


O Sermão do Monte (capítulos 5–7) é um dos pontos altos do evangelho e redefine a ética do Reino. Jesus não apenas interpreta a Lei, mas revela sua essência espiritual: o coração é mais importante que a aparência externa. Ele chama os seus seguidores a uma justiça superior à dos escribas e fariseus, baseada na transformação interior. Isso desafia a todos nós a considerarmos se nossa obediência é fruto de fé verdadeira ou mera conformidade religiosa. Nossa prática cristã tem refletido a justiça do Reino ou o formalismo da religião?


Mateus também evidencia o ensino do Reino dos Céus como uma realidade presente, mas ainda por se consumar. Por meio de parábolas, Jesus mostra que o Reino cresce de forma silenciosa, mas irresistível. Ele valoriza o arrependimento, o serviço, a humildade e a vigilância. Essa tensão entre “já e ainda não” nos convida a viver com propósito neste mundo, aguardando com esperança a consumação do Reino. Como temos lidado com essa tensão: com fidelidade no presente ou escapismo espiritual?


Outro elemento notável é a maneira como Jesus confronta a hipocrisia religiosa. Ele denuncia com veemência os líderes que distorcem a Lei e exploram o povo. Seu ensino é marcado por autoridade e misericórdia, enquanto Sua prática denuncia a religiosidade vazia. Isso nos alerta sobre o perigo de usar a fé como mecanismo de controle, e não de serviço e amor. Em nossa prática eclesiástica e pessoal, estamos promovendo vida ou fardos sobre os ombros alheios?


Mateus revela um Jesus profundamente compassivo com os rejeitados: leprosos, publicanos, mulheres, crianças, estrangeiros. Ele toca, acolhe, perdoa e cura. Sua missão é para as ovelhas perdidas da casa de Israel, mas Seu alcance é universal. Para uma igreja que valoriza a teologia bíblica e a ortodoxia reformada, isso lembra que a doutrina precisa caminhar junto com a misericórdia. Temos nos compadecido dos que sofrem, ou nos refugiado no conforto da ortodoxia sem ação?


A paixão de Cristo é o clímax do evangelho. Ele entra em Jerusalém como Rei, é traído, julgado injustamente, crucificado e, finalmente, ressurge com poder. A cruz não é derrota, mas cumprimento. Jesus morre voluntariamente, segundo o plano do Pai, como o Cordeiro que tira o pecado do mundo. Para o presbiteriano, isso afirma o centro da fé: salvação pela graça mediante a fé, sem méritos humanos. A cruz tem moldado nossa visão de sucesso, poder e serviço?


No encerramento, Jesus ressurreto entrega à Igreja a Grande Comissão: fazer discípulos de todas as nações, batizando-os e ensinando-os a obedecer a tudo quanto Ele ordenou. Ele promete Sua presença até o fim. Essa comissão é o eixo da missão da Igreja. Como temos, como presbiterianos, respondido a esse chamado: com intencionalidade e compromisso ou com inércia e descuido?


O Evangelho de Mateus nos convida a ver Jesus como o Rei prometido, a viver como súditos do Reino com justiça e humildade, e a agir com autoridade derivada do Rei que venceu a morte. O cristão presbiteriano, firmemente plantado na Escritura, é chamado a viver uma fé que seja fiel à Palavra e frutífera no mundo. Temos sido súditos fiéis do Rei, ou observadores passivos do Reino?